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Estou farto da conversa inconsequente sobre “crescimento e emprego”

25 Maio, 2012
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Hoje, no Público, sobre a discussão política que faz tremer o Ocidente. No final também há uma nota sobre o caso que faz tremer Portugal, o do Relvas:

Às vezes não sei se os políticos gostam de se enganar a eles mesmos ou se só pretendem enganar os cidadãos. Ou iludi-los, para ser mais gentil. É que não sei que pensar quando assisto, incrédulo, à viragem retórica a favor de “políticas de crescimento de emprego” sem que se explique, minimamente, como se poderá chegar a esse crescimento e emprego. Isto é válido para Portugal, é válido para a Europa e é válido para a cimeira do G8.

É compreensível que os dirigentes políticos, tendo de enfrentar eleitorados descontentes – quando não furiosos -, procurem retóricas novas. Admito até que seja necessário falar mais da luz ao fundo do túnel e menos do túnel. Mas não se devem vender ilusões: no estado em que está Portugal, no estado em que está boa parte da Europa, supor que é possível regressar a curto prazo ao “crescimento e emprego” ou abandonar as chamadas políticas de austeridade não tem suporte na realidade. Aliás convém ter presente que, apesar de toda esta dita austeridade, os gastos públicos no conjunto da zona euro cresceram sete por cento (excluindo a inflação) entre 2008 e 2011.

Comecemos porém por tentar perceber de que crescimento falamos quando falamos de crescimento. Como não sou economista, vou recorrer a uma distinção feita por Pedro Pita Barros, da Faculdade de Economia da Universidade Nova, no seu blogue Momentos Económicos. Ele distingue o crescimento de curto prazo, no imediato, que “só pode ser feito aproveitando capacidade produtiva disponível e não utilizada”. É este crescimento que a austeridade afecta, mas trata-se de um crescimento baseado num consumo que, no nosso caso concreto, agravaria ainda mais a balança comercial, pois não beneficiaria apenas as empresas portugueses, também implicaria o aumento das importações. Mais: o “crescimento de curto prazo, por aumento da despesa – investimento – pública, resultaria em expansão (ou menor contracção) dos sectores favoritos, mas findo o período de expansão ter-se-ia novamente a questão de como obter crescimento de forma mais permanente”. Ou seja, teríamos mais défices e dívidas sem garantias de ter, depois, crescimento sustentável.

Já para termos crescimento de longo prazo “tem que ocorrer com novo investimento produtivo, o que demora tempo e exige fundos para esse investimento”. Este crescimento não é incompatível com a austeridade, pelo contrário: “A expectativa é que esta permita novo investimento produtivo privado, com mobilidade de trabalhadores (via desemprego, infelizmente) de uns sectores de actividade (em contracção) para outros (em expansão)”. Ou seja, após um período doloroso, abre-se a possibilidade de empresas mais competitivas assegurarem um crescimento mais sustentado.

Durante as últimas décadas, sob sucessivos governos, Portugal tudo fez para assegurar o crescimento de curto prazo – muitas vezes indo ao ponto de subsidiar empresas inviáveis – e acabámos sem crescimento e cheios de dívidas. Há um ano começámos a tentar seguir um caminho diferente, por necessidade, talvez também por ideologia – e não acho nada mal que exista ideologia, é para isso que se fizeram os partidos -, e é ainda muito cedo para avaliar os resultados. Algo, no entanto, devíamos admitir: regressar a qualquer modelo de curto prazo em nome de uma renascida retórica “do crescimento e do emprego” não é alternativa. Gostemos ou não de o dizer com frontalidade, melhor crescimento no futuro passa por austeridade no presente, e se alguma coisa está longe de acontecer com as políticas do actual Governo é termos a garantia de que os cortes já efectuados são permanentes e que a despesa pública não regressa a galope mal se alivie o actual aperto.

Os portugueses estão fartos de políticas de austeridade que levam a novas políticas de austeridade. Andam nisso há mais de dez anos. E andam nisso porque houve sempre quem decidisse desapertar o cinto cedo de mais: Santana Lopes depois do rigor de Ferreira Leite, Sócrates à procura de reeleição em 2008/2009. O preço que estamos a pagar é elevadíssimo, querer repetir o erro quando ainda não chegámos a metade do período de ajustamento negociado com a troika é de quem não aprendeu nada com erros recentes.

Depois, é preciso não ter ilusões: não há nenhuma varinha mágica do crescimento na União Europeia, com ou sem Merkel, com ou sem Hollande. Por uma razão simples, transparente para quem leia a imprensa internacional: todos os programas que estão a ser discutidos não implicam dinheiro novo, porque este não existe e ninguém se quer endividar mais (sendo que muitos nem crédito têm). Ora sem ovos não se fazem omeletas.

Pretende-se, por exemplo, duplicar a capacidade de investimento do BEI. Óptimo. Mas isso significa que ela passará de 0,5 para um por cento do PIB europeu. Quase nada. Quer-se reafectar os fundos europeus não gastos. Óptimo também. Mas estamos a falar de montantes idênticos, isto é, igualmente muito reduzidos. (Dados de Charles Wyplosz, professor de Economia Internacional em Genebra, em VoxEU.org).

Por outro lado, se a Alemanha (a malvada Alemanha) aumentasse o seu défice público em um por cento do PIB (muitos reclamam que a sra. Merkel gaste mais), isso apenas acrescentaria, na melhor das hipóteses, 0,1 por cento ao PIB de países como a Irlanda ou a Grécia. Nada, portanto (cálculo de Amit Kara, economista no UBS, Wall Street Journal).

E fala-se, claro, de eurobonds. Pessoalmente não é um modelo que me agrade, pois penso que implicaria um nível de integração política insuportável numa União Europeia onde não existe (e eu não acredito que possa existir nas próximas décadas) uma democracia transnacional. No entanto, mesmo aceitando as eurobonds, estas, como ontem se explicava neste jornal, só seriam realmente efectivas em modelos que levarão vários anos a pôr no terreno. Não é por elas que virá o crescimento com que querem aliviar a austeridade.

Já aqui denunciei, há umas semanas, a vacuidade enganadora de promessas como as de “um novo Plano Marshall”, uma ideia que, felizmente, não reapareceu na cimeira informal da passada quarta-feira. Agora temos só agendas “para o crescimento” que talvez ajudem a ganhar eleições mas não ajudam muito a resolver os problemas reais da falta de competitividade de muitas economias europeias. Pior: em vez de se trabalhar para conseguir diminuir os impostos – a melhor maneira de promover um crescimento económico baseado na inovação e na competitividade -, não param as conversas sobre novos impostos. Basta pensar que esta semana o Parlamento Europeu aprovou a famosa taxa sobre as transacções financeiras que visa extorquir mais 57 mil milhões de euros aos contribuintes do Velho Continente. Assim não vamos longe. Não vamos mesmo a parte nenhuma.

PS1. Por razões óbvias (fui director deste jornal), e por não conhecer em detalhe o que se passou no interior do PÚBLICO, não comento o caso Relvas. Apenas digo que um ministro que, bem ou mal, com ou sem razão, se vê envolvido, devido a um comportamento impróprio, numa controvérsia como esta é um ministro que faz mal ao seu Governo e à sua maioria. Goste-se ou não, em política o que parece, é, e Relvas parece que esteve muito mal. Deve tirar as consequências.

PS2. Tenho visto acusar a proposta do CDS de introdução de taxas moderadoras nos abortos voluntários de ser “ideológica”. Eu gostava era de saber se também não é “ideológico” não cobrar taxas nesses abortos por escolha quando estas até existem para as cirurgias que os doentes não podem escolher fazer ou não fazer.

24 comentários leave one →
  1. simil's avatar
    simil permalink
    25 Maio, 2012 21:33

    e quem gosta desse ruído todo é o Relvas, amigo de gargantas fundas, sem caráter, intriguistas… e gajo que nunca pareceu sério, à vista disto também resiste a membro do governo, em Portugal, qual mafioso sem alma, camaleão e troca-tintas,
    que mais não seja terá procuradores à mão e assistentes a servir-lhes de tampões a tais aldrabões políticos .

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  2. Gonçalo's avatar
    25 Maio, 2012 22:27

    Bem escrito.
    Estamos a viver em democracias “sobre brasas”. E, naturalmente a empobrecer, enquanto a globalização não terminar o seu trabalho de equilibrar os desequilíbrios mundiais (muitos pobres dispostos a trabalhar por pouco e poucos – sim, somos nós – ricos a perder, todos os dias, trabalho para os chineses, indianos, etc). Ou melhor dito, enquanto o capitalismo não finalizar a agenda (falhada) do comunismo. Igualdade. Lembram-se?
    http://existenciasustentada.blogspot.com/

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  3. simil's avatar
    simil permalink
    25 Maio, 2012 23:28

    E entretanto diz a “Agência Financeira”
    http://www.agenciafinanceira.iol.pt/economia/riqueza-ricos-pobres-banco-de-portugal-sobreendividamento-desigualdades/1350976-1730.html
    “Em Portugal, 10% mais ricos ganham mais sete vezes que os pobres”, da assembleia aos gestores, aos banqueiros e aos boys dos partidos do governo .

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  4. JgMenos's avatar
    JgMenos permalink
    25 Maio, 2012 23:45

    Diz-se bem acima: ‘Enquanto o capitalismo não finalizar a agenda (falhada) do comunismo.’
    O novo Politburo é capitalista, financeiro e internacionalista e segue a agenda dos socialistas europeus/ proletários / internacionalistas dos anos 60, só que promove os proletários de outras paragens, que os europeus estão difíceis de aturar com tanto gosto pelo ócio e pelos direitos adquiridos.

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  5. Nuno's avatar
    Nuno permalink
    26 Maio, 2012 00:48

    .
    “Em Portugal, 10% mais ricos ganham mais sete vezes que os pobres”… Só sete vezes mais???
    .

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  6. tric's avatar
    tric permalink
    26 Maio, 2012 02:51

    “Tenho visto acusar a proposta do CDS de introdução de taxas moderadoras nos abortos voluntários de ser “ideológica”. Eu gostava era de saber se também não é “ideológico” não cobrar taxas nesses abortos por escolha quando estas até existem para as cirurgias que os doentes não podem escolher fazer ou não fazer ”
    .
    a proposta do CDS é muito fraquinha…não acaba com os Abortos nos Hospitais Publicos e com as Clinicas Privada que particam o Aborto em Portugal…a Vida Humana não tem timming nem estratégias politicas…e agora, o Estado vai impor aos abortista um imposto para matar…este estado é de loucos…actualmente, o Estado paga aos abortistas para matarem…agora, o Estado quer receber dos Abortistas por matarem…mas paga aos medicos para matarem…aliás, matar agora é sinónimo de “acto médico”… a eutanasia já está ai bater à porta de Portugal pela mão do CDS…o outro “acto médico”…o “CDS” é um partido muito pogressista em relação à definição de morte…o que está intimamente ligado à sua nova concepção de vida humana…a concepção judaica-maçónica! Abandonou, tal como todos os partidos do sistema partidário da III-Republica, a concepção cristã de tais factos existências…

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  7. Tiradentes's avatar
    Tiradentes permalink
    26 Maio, 2012 06:44

    Não foi mais que uma “agenda para o crescimento” os quase 50 mil milhões de fundos estruturais que desbaratamos em alcatrão e cimento levando ao crescimento miserável de menos de 1% em cerca de 20 anos e a encargos monstruosos até 2040.
    Essa mesma agenda “justificou” aos anteriores e actuais defensores dela o endividamento em mais 90.000 milhões de 2005 a 2011.
    Porque haveríamos agora de acreditar que as migalhas que restam e que a Europa, nomeadamente a Alemanha, ou quase exclusivamente, já não está disposta a dar mais, seria utilizada em investimento produtivo?

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  8. JDGF's avatar
    JDGF permalink
    26 Maio, 2012 08:38

    Na verdade, a chamada ‘agenda para o crecimento e emprego’ (tolerada ‘na letra’ pela maioria PSD/CDS) e colocada como adenda ao ‘pacto orçamental’ serviu, ontem na AR, para a maioria governamental solicitar o ‘consenso nacional’ sobre um DEO onde, mais medidas de austeridade, estão à espreita com todo o seu esplendor recessivo. E depois segue-se a estupefacção de um Governo à volta do aumento (pornográfico) das taxas de desemprego.
    É dificil definir estratégias neste momento. Aliás, nem toda a gente pode definir estratégias porque ‘isso’ pressupõe disponibilidade de meios. Todavia, aos demitirmo-nos da capacidade e da clarividência no avaliar dos resultados (já visíveis) poderá definitivamente atirarmo-nos para o abismo. O facto de não sabermos para aonde vamos não deve ser incompatível (não deve sobrepor-se) à noção (consciência) de sabermos ‘por onde não devemos (ou não podemos) ir’. E esta constatação não se refere concretamente a Portugal mas, antes, ao conjunto da UE. Começa a ser evidente que não existem ‘soluções nacionais’ (autónomas ou ‘impostas’) e, paralelamente, (re)nasce o velho conflito (europeu) Norte/Sul, perante o ruído surdo de concepções hegemónicas. E, por outro lado, os tempos actuais não suportam dogmas e ditakts pelo que os problemas nascerão como cogumelos com as primeiras chuvas.
    Sabemos que há cada vez menos crentes e os ‘serventuários’ são pouco risilientes (para usar um jargão do mundo financeiro) pelo que ganha terreno a noção de – perante uma crise profunda e douradoura – estarmos a ‘encanar a perna à rã’

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  9. aremandus's avatar
    aremandus permalink
    26 Maio, 2012 08:42

    está farto???
    sempre ouvi dizer que quem se farta são os burros.

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  10. aremandus's avatar
    aremandus permalink
    26 Maio, 2012 08:52

    pois, muito inteligente com tantas certezas, todos uns burros,os políticos uns asnos,impressionante!
    como pode um monhê ser tão superior de intelecto?
    um case study…
    admiro-me que este homem não sofra um colapso após escrever tal sentença tão apodíptica!

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  11. Contumaz's avatar
    Contumaz permalink
    26 Maio, 2012 09:33

    Zé, a falta que tu fazes no Público.
    Nada disto teria acontecido…

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  12. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    26 Maio, 2012 09:35

    “A fome boceja, a fartura arrota”
    Provérbio popular.

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  13. fado alexandrino's avatar
    26 Maio, 2012 10:40

    José Manuel Fernandes quando era director do Público nunca percebeu como é que funcionava o on-line PAGO.
    E agora continua na mesma ignorância colocando um link para uma página só visível a quem pagar.
    É altura de ir para os bancos da escola informática.

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  14. Francisco Colaço's avatar
    Francisco Colaço permalink
    26 Maio, 2012 10:53

    Aremandus,
    .
    como pode um monhê ser tão superior de intelecto?
    .
    Se está tão achegados aos estereótipos, lembro-lhe que os indianos são exactamente conhecidos por serem extremamente bons a matemática, física e outras ciências que necessitam um intelecto fino e apurado.
    .
    Os portugueses são conhecidos neste mundo fora por serem calões, pouco inteligentes e trapaceiros. Alguns porretugueses, lamento bastante, fazem jus a esse estereótipo, de todo em todo inverosímil, escudando-se nao mais primário racismo. Esta racismo, em tudo próprio do primário PNR e das noites de cristal, lembra-me o tipo que, com más prestações na cama, acusa todos os outros de não saberem dar uma queca.
    .
    Ora se calhar…

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  15. esmeralda's avatar
    esmeralda permalink
    26 Maio, 2012 11:21

    Ou é a política que é o retrato de como se vive o futebol neste país ou é o futebol que é o retrato de como se faz a política neste pais! Não há realmente gente que valha a pena e como diz Maria Filomena Mónica, acho que vou deixar de votar! O programa Contracorrente com António Barreto e Manuela Ferreira Leite desta semana foi, mais uma vez, a seriedade e a responsabilidade a falar! Na Comissão Parlamentar, finalmente, foi chamado o juíz que fala sem papas na língua das PPPs. Não sei porquê só agora!

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  16. PMP's avatar
    PMP permalink
    26 Maio, 2012 11:50

    O JMF é contra as eurobonds, contra os deficits, mas a favor das exportações.
    .
    Ora se todos os países estiverem em recessão devido à tal lengalenga da austeridade, não à crescimento das exportações , como é óbvio.
    .
    O crescimento tem de vir de dentro da U.E. e da E.Zone e para isso é necessário emitir eurobonds para financiar investimentos e emitir eurobonds para reduzir os juros na Espanha e Itália, de forma a evitar que esses dois países caiam numa recessão excessiva.
    .
    Portugal já teve acesso a eurobonds de FEF e agora recusa o mesmo aos outros ?
    .
    Só mesmo um PM ignorante é que poderia ter tido essa posição na U.E., em desfavor da Espanha e da Itália.

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  17. aremandus's avatar
    aremandus permalink
    26 Maio, 2012 11:52

    uma v ez conheci um monhê em mozambique que era mormon…
    incrível paroxismo!

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  18. António Joaquim's avatar
    António Joaquim permalink
    26 Maio, 2012 16:25

    Tradução: andar de cavalo para burro.

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  19. Joaquim Amado Lopes's avatar
    Joaquim Amado Lopes permalink
    26 Maio, 2012 17:20

    José Manuel Fernandes,
    Excelente artigo. Só não posso subscrever o PS1.
    “Goste-se ou não, em política o que parece, é” mas não devia ser e temos que fazer com que não seja. A menos que nos interesse que a política seja deixada aos intriguistas e interesseiros, apenas interessados em trocar favores e em se protegerem à custa do interesse público.
    Se Miguel Relvas teve um comportamento impróprio para um Ministro deve demitir-se ou ser demitido. Mas não deve demitir-se se apenas “parece” ou alguém (que, pelo seu registo, merece pouco crédito) disse que teve um comportamento impróprio para um Ministro.
    .
    Desde há demasiado tempo que vemos políticos serem queimados na praça pública por “escândalos” que apenas existem nos discursos inflamados dos que se indignam por tudo e por nada (mas apenas quando lhes interessa) e na boca de certa “comunicação social” que só quer manchetes “chocantes” independentemente de fazerem sentido ou não.
    É altura de sermos tão exigentes com os acusadores como o devemos ser com os acusados. E de começarmos a tratar certas publicações e “indignados profissionais” como o lixo que são.
    .
    .
    JDFG,
    O combate ao desemprego através da dívida pública (quando esta já atingiu níveis incomportáveis) é um erro tremendo porque compromete definitivamente o futuro para aliviar as dôres do presente.
    .
    As “políticas para o crescimento” que foram promovidas nas últimas décadas deram o resultado que estamos a ver. Vamos insistir nelas para quê?
    Não se cura um traumatismo craniano dando cabeçadas na parede.
    .
    .
    PMP,
    “Ora se todos os países estiverem em recessão devido à tal lengalenga da austeridade, não (há) crescimento das exportações, como é óbvio.
    O crescimento tem de vir de dentro da U.E. e da E.Zone e para isso é necessário emitir eurobonds para financiar investimentos e emitir eurobonds para reduzir os juros na Espanha e Itália, de forma a evitar que esses dois países caiam numa recessão excessiva.”
    Quem é que vai comprar as eurobonds se todo o mundo estiver em recessão? Compramo-las nós próprios?
    E as eurobonds mais não são do que os países que mais desbarataram dinheiro e se endividaram continuarem a desbatarar dinheiro mas agora à custa do endividamento dos outros.
    .
    Não existe apenas um país no mundo nem todos estão na mesma situação. Cada país (ou região económica) deve fazer o que fôr do seu interesse a médio-longo prazo, apostando no aumento da produção de riqueza e não no aumento do consumo.
    Se não conseguirmos vender mais do que produzimos devemos tentar produzir outras coisas, aumentar a produtividade e subir na escala de valor. Entretanto, a correcção do que está mal vai doer e quanto mais resistirmos a essa correcção e insistirmos no erro, mais longa e dolorosa será a “cura”.

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  20. Francisco Colaço's avatar
    Francisco Colaço permalink
    26 Maio, 2012 17:51

    De promessa de crescimento a promessa de crescimento até ao estoiro ou à irrelevância económica.
    .
    Legados socialistas.

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  21. JCA's avatar
    JCA permalink
    27 Maio, 2012 04:30

    .
    À margem;
    .
    = Pornography websites are NOT the most dangerous place on the web any more – more viruses are spread by blogs
    http://www.dailymail.co.uk/sciencetech/article-2149359/Pornography-websites-NOT-dangerous-place-web–viruses-spread-blogs.html#ixzz1w2KhTPOh
    .
    = German FM offers Iran help with N-technology: Report
    http://www.presstv.ir/detail/2012/05/25/243000/germany-offers-naid-to-iran/
    .
    = Schoolboy ‘genius’ solves puzzles posed by Sir Isaac Newton that have baffled mathematicians for 350 years
    ·
    Shouryya Ray put the historical breakthrough down to ‘schoolboy naivety’
    Modest Shouryya began solving complicated equations as a six year old but says he’s no genius
    .
    http://www.dailymail.co.uk/news/article-2150225/Shouryya-Ray-solves-puzzles-posed-Sir-Isaac-Newton-baffled-mathematicians-350-years.html#ixzz1w2LhBWUe
    .

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  22. JCA's avatar
    JCA permalink
    27 Maio, 2012 11:28

    .
    Parece que são paletes de leaks desde que inventadas no principio da Humanidade quando a coscuvilhice, a traição e a inveja infetaram o fruto. GrassLeaks, LapinLeaks, VatiLeaks, Pressleaks etc, eh pá é duma ponta à outra, nunca mais acaba. Outro exemplo, o VatiLeaks:
    .
    -Vatican denounces ‘criminal’ leaks
    .
    http://www.independent.co.uk/news/world/europe/vatican-denounces-criminal-leaks-7769389.html
    http://abcnews.go.com/International/wireStory/vatican-confirms-popes-butler-arrested-scandal-16435805

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