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Para manter a procura interna temos o keynesianismo

13 Junho, 2012

Neste post, a Maria João Marques escreve o seguinte:

Numa redução de despesa pública acompanhada de uma redução de impostos (que é o que defendo), não há qualquer contracção da procura interna […]. […] o dinheiro que o estado deixa de gastar em salários, contratos, etc. não desaparece por magia: antes fica nas mãos das empresas e das famílias, que o pouparão ou gastarão em bens de consumo de forma bem mais eficiente do que o estado.

(bold meu) Maria João Marques começa por dizer que numa redução de despesa pública acompanhada de uma redução de impostos não há contracção da procura interna para depois dizer que os privados gerem o dinheiro de forma diferente do Estado. Se gerem de forma diferente conclui-se que há uma alteração radical da estrutura da procura. Para isso a economia tem que se reestruturar e este tipo de reestruturações é acompanhada por uma contracção da procura, aquilo que a MJM diz que não acontece. No contexto actual de sobreendividamento a frase  “fica nas mãos das empresas e das famílias, que o pouparão …” é mortal para a tese da MJM. A poupança neste contexto económico é usada sobretudo para desalavancar, pagar dívidas e reforçar as finanças das famílias e das empresas (não é usada para sustentar a procura). É desejável que o processo de desalavancagem se faça o mais depressa possível, mas  durante esse processo a procura interna diminui. Em resumo, quem no actual contexto quer manter a procura interna no curto e mesmo no médio prazo deve aderir ao keynesianismo (mas deve evitar o cainesianismo). Em economias sobreendividadas e/ou com excesso de procura pública o liberalismo não oferece qualquer esperança a quem queira a manutenção da procura interna.

14 comentários leave one →
  1. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    13 Junho, 2012 11:27

    “Em economias sobreendividadas e/ou com excesso de procura pública o liberalismo não oferece qualquer esperança a quem queira a manutenção da procura interna.”
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    Tem, caro JM:
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    Exportações. Exportações. Exportações. Exportações. Exportações. ehheheehheh

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  2. tric's avatar
    tric permalink
    13 Junho, 2012 11:40

    Exportações. Exportações. Exportações. Exportações. Exportações. ehheheehheh
    .
    Espanha.Espanha.Espanha.Espanha.Espanha.Espanha….China.China.China.China.China…desemprego.desemprego.desemprego.desemprego.desemprego….união bancária.união bancária.união bancária….pronunciamento militar cristão. pronunciamento militar cristão. pronunciamento militar cristão….repovoamento. repovoamento. repovoamento.repovoamento…

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  3. anti-comuna's avatar
    anti-comuna permalink
    13 Junho, 2012 11:46

    Criação de empregos pelas exportadoras:
    .
    .
    “As part of the multi-year Growth Firms Project, the Small Business Policy Branch investigated the job creation performance of exporters in the most recent phase of work.
    .
    Results from tabulations covering 1993 to 2002 demonstrate that firms engaged in exporting were much more likely to be hyper or strong growth firms than those that did not export. In addition, exporters were found to contribute far more than their proportional share to job creation. Firms that exported in 2002 accounted for nearly 6 percent of continuing firms that operated over the 1993–2002 period, but were responsible for 47 percent of all jobs created by continuing firms between 1993 and 2002.”
    .
    in http://www.ic.gc.ca/eic/site/sbrp-rppe.nsf/vwapj/HighGrowthExporters_Eng.pdf/$FILE/HighGrowthExporters_Eng.pdf
    .
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    O que fez a Koreia do Sul antes de se tornar no que é hoje: uma das maiores potências económicas do mundo. Já ultrapassou a própria Inglaterra e já morde os calcanhares do… Japão.
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    Olhem que isto foi escrito há muitos anos atrás:
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    “Focus in this study is upon 1970, a year for which data are readily available. By 1970 the export-oriented growth strategy had been in effect for ten years. Real wages were rising rapidly, and the rapid accumulation of capital implied that Korean factor endowments were beginning to change.”
    .
    “In the early 1950s Korea was one of the poorest countries in the world, with a very high population density and a per capita income of only $240 measured in 1977 prices. There was little manufacturing activity, reflecting both the underdeveloped state of the economy and the aftereffects of the Korean War. Exports were almost nonexistent and
    consisted primarily of agricultural commodities.”
    .
    “The switch to an export promotion strategy was followed by rapid increases in exports: from 1962 to 1972, exports
    rose from 2 to 18 percent of GNP, while per capita income rose from $275 to $541 in 1977 prices. Per capita income growth has continued to be rapid and is estimated to have been $864 in 1977. Over the period
    1962 to 1977, per capita GNP rose at an average annual rate of nearly 8 percent. Government development programs and investment and credit policies were largely concentrated on export promotion, although that concentration necessarily implied attention to infrastructure for ports, transport, communications, and other facilities necessary for the success of the export promotion drive.”
    .
    .
    E a pedra de toque sul-koreana:
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    “The switch in incentives in the trade sector was accompanied in 1964-65 by a very significant set of monetary and fiscal reforms, which raised the nominal interest rate and lowered the inflation rate signifi-
    cantly.”
    .
    in http://www.nber.org/chapters/c8737.pdf
    .
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    Curiosamente, A Koreia do Sul, a China e o Japão estão a tentar construir uma Zona Económica Livre conjunta. 😉

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  4. tric's avatar
    tric permalink
    13 Junho, 2012 11:53

    então Liberais…como é !!?? união bancária e fiscal !!??

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  5. tric's avatar
    tric permalink
    13 Junho, 2012 11:56

    os liberais, são como os socialistas e afins…são uns fanaticos pelo Euro!!! a eles se deve quando do acordo com a troika, este não ter como objectivo a saida controlada de Portugal da zona euro…obrigado, Caines e hykes…por tamanha estupidez!!

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  6. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    13 Junho, 2012 12:42

    …há que elogiar a capacidade interpretativa de João Miranda: eu defendi nos meus posts a redução da acção estatal e João Miranda termina supondo que eu farei uso da acção estatal para o período de ajustamento (que é mais outro fetiche de João Miranda, não meu). ” – Maria João Marques.
    .
    Já andava desconfiado que J.M. usava fetiches.

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  7. Se cá nevasse's avatar
    Se cá nevasse permalink
    13 Junho, 2012 12:50

    “Produção industrial recua mais em Portugal”
    .
    Com jeitinho vai! Com batatas, pastéis de nata, cortiça ou atum: exportar, exportar, exportar, exportar!

    http://www.agenciafinanceira.iol.pt/empresas/producao-industrial-industria-zona-euro-europa-empresas/1354843-1728.html

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  8. Carlos's avatar
    Carlos permalink
    13 Junho, 2012 12:53

    O delírio começa a ser a palavra de ordem deste governo. Para quem se assume como liberal o programa de incentivos ao emprego jovem é uma machadada na sua lógica constiyutiva. O Hayek e o Mises devem estar aos saltos nos túmulos…

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  9. Manuel Graça's avatar
    13 Junho, 2012 13:00

    A Ana Gomes voltou a dizer umas coisas. De morrer a rir.

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  10. the lost horizon's avatar
    the lost horizon permalink
    13 Junho, 2012 13:15

    Esta discussão é muito interessante e é da discussão que nasce a Luz. Mas o homem deve estar sempre, no centro da discussão e para discutir, o homem precisa de funcionar, e para funcionar o homem precisa de pelo menos 16oo Kilocalorias, por dia. Ora todos sabemos que os bens são escassos; é das as batatas, das couves, das alfaces, da cereja do Fundão e de Resende, do vinho e do queijo alentejanos, da azeitona galega, da sardinha de Porto Covo é aí que o português vai buscar essa energia. Conclusão, dependemos em primeiro lugar dos bens comuns, e o que são eles? A água pura, o ar puro, a terra livre de pesticidas e dos venenos da ganância, a floresta, o mar; enfim é isto que devemos preservar para garantir ás gerações vindouras, aquilo que das antigas recebemos. Afinal somos uma geração civilizada, não somos?
    .

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  11. Fincapé's avatar
    Fincapé permalink
    13 Junho, 2012 14:30

    “… dependemos em primeiro lugar dos bens comuns, e o que são eles? A água pura, o ar puro, a terra livre de pesticidas e dos venenos da ganância, a floresta, o mar; enfim é isto que devemos preservar para garantir ás gerações vindouras, aquilo que das antigas recebemos. Afinal somos uma geração civilizada, não somos?”
    the lost horizon,
    por aqui não se apreciam por aí além estes princípios. Já os apregoei, de uma maneira ou de outra, e o pessoal não gosta muito. Acha que o planeta é uma espécie de árvore das patacas em grande: está sempre a dar! E sempre para o mesmo lado!

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  12. Manuel Graça's avatar
  13. J. Madeira's avatar
    J. Madeira permalink
    13 Junho, 2012 20:28

    A nossa salvação não está nos economistas que, tendem a ser meros diletantes, citando os teóricos!
    Precisamos de bons industriais, políticos sérios e competentes nada desses usurpadores do poder que,
    nem sabem qual é a mão direita! Combater sériamente a evasão fiscal (+20% do PIB), acabar com
    a corrupção e tachismo, ir decididamente às “gorduras” e mordomias excessivas à pala do Estado!!!

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