Os enfermeiros
O nosso prezado leitor Francisco Colaço justifica aqui o baixo salário dos enfermeiros com o interesse por parte do governo em estabelecer contratos com empresas de amigos. Decisões tendo em vista o enriquecimento de amigalhaços são infelizmente recorrentes nos nossos governos, embora poucos tenham tido a sofisticação de Sócrates que lhes dava sempre uma roupagem “estratégica e desenvolvimentista”. Não me custa pois a crer que esta lógica tenha prevalecido, sabendo-se que a “boyzada” do grande centrão é insaciável e está sempre pronta a facturar com as deficiências do sistema.
Mas abstraindo disso, vejo algum racional na subcontratação que o Francisco Colaço critica. Vejamos: de acordo com esta notícia, se um enfermeiro for admitido na função pública, entra a ganhar € 1.020. Se considerarmos 30% de encargos sociais – no mínimo (!!!) – ele custará ao Estado € 1.326. Se é verdade que o Estado paga aos outsourcers € 1.151 por cada enfermeiro, então estará a ganhar € 175 por cada contratado, diferencial que será certamente superior, se considerarmos as poupanças nos custos administrativos de contratação e gestão de pessoal, de significativa relevância na nossa Administração Pública.
Dir-se-á que seria mais justo o Estado pagar o valor de indiferença para os € 1.151, que equivaleria a um salário a rondar os 850 euros, claramente acima dos € 554 pagos pelos outsourcers. E é verdade, mas implicaria rever toda a contratação colectiva e estabelecer os despedimentos na função pública, pois a sub-contratação tem ainda a vantagem de permitir o imediato ajustamento do quadro de pessoal às necessidades.
Tal como a generalidade do sector não transacionável, a Administração Pública está sobredimensionada em múltiplas áreas, quase sempre por pressão das corporações beneficiárias que souberam ao longo dos anos criar um mercado cativo e a preços inflacionados. As causas eram sempre inatacáveis – neste caso a saúde, que “não tem preço” ou “paixões” como a educação – o que impedia qualquer limitação aos gastos. Quando se esgota o dinheiro fácil e se deixa funcionar minimamente a lei da oferta e da procura, verifica-se com surpresa (?) que a oferta em vários sectores é desmesurada e foi sendo criada em benefício de alguns sem nunca atender às reais necessidades.
Daí que as reformas na Administração Pública ainda têm um longo caminho a percorrer. Rever a contratação será inevitável – até para permitir um funcionamento mais fluido da lei da oferta e da procura – e admito que a utilização de empresas intermediárias ou outros expedientes do género, sejam passos para levar os sindicatos a aceitar as reformas. Isto é e vai ser doloroso, mas acabar com a zona de conforto dos não transaccionáveis faz parte do imprescindível ajustamento que a economia tem de fazer.


http://oinsurgente.org/2012/07/03/ha-destruicao-que-e-mesmo-so-destruicao/#comments
LR, não é muito relacionado com enfermagem, mas é relacionado com os dislates vindos de alguns acerca do tal ajustamento.O que é que me diz deste post da Maria João? Isto é: é da concorrência que se fecha, ou é da intromissão no estado no dinheiro das pessoas?
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Repito o comentário que enviei ao RR, com as contas feitas:
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Em contas: em 11 meses (dê férias aos enfermeiros), a 8,5€ por hora, o estado vai pagar c. 14400€/ano. Isso corresponde a um salário base bruto de 831,35 €/mês (em 14 prestações e com segurança social incluída pagam-se 17,32 salários por ano), ou um valor líquido de 5,3 €/h. Os enfermeiros neste caso teriam a parte do patrão da segurança social paga. Dos 5,3 €/h, terão de pagar 11% de desconto para a segurança social, ficando com cerca de 4,8 €/h, ao qual desconta IRS (nestes ordenados, é sempre pouco o que se desconta). Ainda assim, é meno do que um enfermeiro ganha em início de carreira (creio que ronda os 1100 €, mas posso estar errado).
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Assumo 7 horas por dia, 22 dias por mês, onze meses por ano, 23% de parte do patrão de segurança social e 14 prestações. Cada ano um profissional custa à empresa *directamente* 17,32 salários brutos, e qualquer contabilista poderá confirmá-lo.
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É de 2009, mas dá para fazer as contas: http://www.google.pt/url?sa=t&rct=j&q=tabela%20salarial%20dos%20enfermeiros&source=web&cd=1&ved=0CGUQFjAA&url=http%3A%2F%2Fintranet.uminho.pt%2Fuploads%2FTabelasSalariais%2FTabelaSalarial-Carreira_Enfermagem.pdf&ei=V03zT6axFoHZ0QXAtoiwCQ&usg=AFQjCNFx-2mAgMDA_Zkof42X8LH0Q5izfw&cad=rja
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rr,
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Já dei para esse peditório.
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Aceitando o salário de 1020€, o Estado paga 1020×12×1,23 = EUR 15055,2 anuais, o que está acima de EUR 6708,24 (o que o enfermeiro recebe em 11 meses nessas empr… chafaricas) ou os EUR 14400 anuais que o Estado paga por eles. O estado poupa 655 euros por ano, o enfermeiro não chega a ver 7000 euros os intermediários ficam com quase 8000, e não têm que esvaziar arrastadeiras nem que se arriscar a pegar uma doença contagiosa.
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LR, nem sempre estaremos de acordo. Imagino que dois portugueses terão sempre três opiniões, e não me levará a mal de ser nisto veemente. Estamos a falar aqui de uma contratação temporária desnecessária, visto que nem as empresas formam ou se esforçam por actualizar os enfermeiros, nem os centros de saúde necessitam deles apenas conjuntural ou temporariamente.
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Estamos a falar de uma pura rebaldaria. Fosse eu o responsável por averiguar esta situação, tinha já algum funcionário ou funcionários na minha lista de tratos de borguezins e polés mal provasse estupidez, conivência ou dolo. Já que se tem de começar por aliviar a função pública por algum lado, não me causa peias começar pela ARS de Lisboa.
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(Lá virão os do costume dizer que os funcionários «têm família». Mesmo os corruptos ou incompetentes.)
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O LR, para quem acredita tanto na teoria do Valor, e que tem as suas aplicações várias na Saúde, como qualquer pessoa com conhecimentos na área da Economia da Saúde lhe poderá explicar, está a esquecer tudo o que apregoou noutros posts e aludindo tantas vezes aos comentários do Anti-Comuna…
Começo a achar que de facto quem defende e ataca ideologias tão acerrimamente como o Comunismo e o Liberalismo acaba por ser exactamente igual aos que critica…
Também esperava mais dum comentador com tantas intervenções repletas de realismo e clarividência como o Francisco Colaço…
Aconselho verem esta entrevista do Bastonário da Ordem dos Enfermeiros, na SIC Notícias: http://www.ordemenfermeiros.pt/comunicacao/Paginas/BastonarionaSICNoticias.aspx
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LR, e isso quer dizer o que?
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Pelos vistos, uma das tais empresas contratantes assume-se chocada pelo modo como os enfermeiros eram tratados e aconselhava o ministério a anular o concurso: http://m.tsf.pt/m/newsArticle?contentId=2644604&page=1&related=yes
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Entretanto, acabo de ouvir que o concurso vai ser anulado.
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LR
Já agora quando mexerem mesmo na legislação laboral da função publica, aproveitem para deixar uma brecha para “despachar” os velhos em topo de carreira e que não fazem nada.
É que se antes saiam para a reforma mas davam lugar a novos com cérebro vivo, agora entopem, e nem comem nem saem de cima.
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Depois é sempre uma alegria saber que há tanto gestor que sabe tudo, que tem por definitivo que há muitos sectores sobredimensionados. Todos os dias nos aparece um Álvaro ou um LR com imensa sapiência de manual, mas chegando ao terreno quase todos ficam no charco.
É que em 75 nasceram milhares de funcionários vindos das ex-colónias (agradeçam ao Soares e aos comunistas), uns anos mais tarde até os de Macau vieram cá aterrar, e é fácil fazer benchmarking, difícil é resolver o assunto pessoas, e o Estado limpa-nos de impostos o mesmo ou mais que aos privados, mas não considera um cêntimo para fundo de desemprego (para esse peditório só damos).
E como já por aqui disse, nos ultimos 20 anos entraram cunhas de vários partidos, mas os restantes foram os que conseguiram ser melhores em concursos, porque era estável apesar de mal remunerado. Se quiser os alunos de 19 são supergestores, os de 17 e 18 estão no Estado, os outros ficaram por aí. E os alunos de 10, tipo Relvas, são politicos, articulistas ou comentadores de futebol.
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Aliás, indo ao caso Relvas, também era boa ideia os srs. jornalistas irem investigar as formações dos directores de jornais e televisões, como o Costa do Expresso, para verem quantos efetivamente terminaram cursos, e com que resultados.
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Mauro Germano,
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Arrogando-me aqui a falar pelo LR, seria de sobremaneira um benefício para mim e para o LR de sua parte ser mais específico em relação ao seu comentário anterior.
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Paulo,
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Mesmo falando como uma das pessoas que terminou com média que me coloca no percentil noventa e muitos e numa universidade de prestígio, considero injusto que se indexe a inteligência de uma pessoa à média do curso, ou até que se tente inferir o seu desempenho profissional a partir dela.
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Um dos meus amigos saiu com média de onze (é o mais baixo que se pode ter, pois média de dez é quase impossível) e no entanto é um excelente gestor, sumamente inteligente e com uma intuição de génio. Muitos com média de 14 ou 15 ou 16 não têm metade das capacidades dele, e isso não é de todo uma singularidade. Ele simplesmente não possui a minha capacidade de memorização e de formação de modelos funcionais; tem contudo a mesma intuição que eu colocado perante uma situação difícil, a capaidade de divisar uma estratégia de saída, é como eu um líder nato e os homens seguem-nos ao inferno, se for necessário.
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Gosto de ver alguma moderação na abordagem deste caso.
Não há nada como um escandalozinho para mostrar que nem sempre a feia realidade fica escondida, mesmo com a coloração artificial das pétalas, feita por especialistas formados no setor.
Temos mesmo de mudar o currículo do curso, LR. 🙂
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Já que essas empresas(?)/chafaricas de contratação recebem do estado a +/- 8 euros à hora e só deixam +/- 4 euros ao enfermeiro que dá o corpo ao manifesto e é quem trabalha, por que é que um enfermeiro não se pode oferecer ao estado por, digamos, 7,5 euros à hora? O estado não pouparia assim dinheiro?
E porque carga de água vai o intermediário receber mais de metade do que o estado realmente paga sem fazer nenhum? É que não contribui com rigorosamente nada para a formação de quem realmente trabalha.
Parasitismo puro…
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O ‘caso Relvas’, para usar um dichote muito em voga (‘vivemos acima das nossas possibilidades’) , mostra à saciedade que alguns xicos-espertos obtiveram (ou tiraram?) uma licenciatura acima das suas possiblidades (para não utilizar o termo capacidades)…
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tantas contas por causa dos enfermeiros despesas poupanças etc. quando a solução já existe e está aqui a prova
http://www.publico.pt/Local/ha-duas-enfermeiras-que-trabalham-a-troco-de-casa-comida-e-roupa-lavada-1547806
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Este ministro da saúde, o homem que inventou a coercividade (ou cobranças coercivas) para sacar dinheiro aos outros quando andava por outros lados, não vale nada como ministro. Não faz a mínima ideia do que anda a fazer (ou faz bem demais, mas não no sentido que pelo menos quem pensa como eu esperava). Mais uma completa desilusão.
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Caro Francisco Colaço,
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“LR, nem sempre estaremos de acordo. ”
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Não me parece que estejamos em grande desacordo. Acho é que o meu Amigo leu a posta na diagonal. Você dificilmente me verá a defender o outsourcing em Portugal, uma moda que muitas empresas importaram dos gringos e com a qual se deram na generalidade mal. O que eu equaciono, e esse é o meu ponto, é que isto pode ser uma forma de forçar os sindicatos / ordens a renegociarem os contratos. Mas conhecendo eu a nacional partidocracia, tb não me custa nada a crer que este esquema tenha aparecido apenas com o intuito de beneficiar os apparatchiks, como aliás começo por frisar.
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A disparidade de ordenados e direitos decididos por este e anteriores governos para certas profissões, é digna dum estudo sobre as reais capacidades e conhecimentos de ministros, secretários de estado e afins.
Por exemplo, um médico, um enfermeiro, é menos útil à sociedade do que um deputado “da nação” ? Um enfermeiro, um médico, têm obrigatoriamente conhecimentos específicos, cujo salário tem de ser condigno ; para se ser deputado é necessário que CV ? Por que massacram médicos e enfermeiros com parcos ordenados e não cortam na quantidade e no salário dos deputados ? Por que encerram hospitais e centros de saúde e não travam gastos exorbitantes na ARepública, nos ministérios, nas CCDR’s, ou reduzem a volumosa comparticipação do Estado (via nossos impostos !) para os partidos políticos ?
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JDGF,
O caso Relvas tal como outros na administração pública advém da salazarenta subserviência ao “sr. dr.”, ao “sr. engº”…
Certos cavalheiros e cavalheiras sentir-se-iam diminuídos nos seus gabinetes e na opinião pública se não fossem tratados por “dr” ou “engº”…
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É escandaloso e inadmissível que a contratação tenha que ser feita por empresas intermediárias e não possa ser feita directamente.
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MJRB,
Respondendo ás suas questões.
Enquanto nós (povo) quisermos e tolerarmos
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posso estar enganado mas para ser ministro é preciso ser licenciado.
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Colaço
Injusto ou não, a media de curso é um bom indicador para escolher estagiários.
Depois disso adquirem-se competências, é-se ou devia-se ser avaliado, e constrói-se um curriculum.
E não lhe digo que a nota num determinado momento seja um karma para a vida, mas tem de ser tratado de forma diferente um aluno de 19 que um de 11. E se não é assim na gestão, em que a intuição contará, para um cirugião eu prefiro mesmo um que seja muito competente, para projectar uma ponte prefiro um magnifico engenheiro a um aluno da Independente com o curso feito de equivalências e exames domingais.
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Mas retirando as possíveis excepções, nos concursos que nao foram por cunha entraram os melhores, para o Estado ou para as melhores empresas (compare a Microsoft com aquelas coisas manhosas de open source), e até melhor forma as notas serão um critério válido.
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Carlos Moreira,
Eu sou obrigado a “permitir” certos abusos porque não tenho meios para os cortar cerce e de vez.
Resta-me resmungar e votar ou não, nas legislativas e nas autárquicas.
E, de vez em quando, ignorar ou manifestar desagrado face-a-face com criaturas que sendo “governantes”, não respeito nem lhes reconheço capacidades. Basta um olhar ou um aperto de mão “mole”…
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CMoreira 21:53,
Não é obrigatório ser licenciado para governar um ministério ou o país.
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Parece que muitos ainda não entenderam que os out-sourcing derivam da resposta atamancada aos contratos colectivos, figuras míticas que já foram mais os amanhãs ensombrados pela queda do muro em 1989 lembram-se? Muitos dos tugas ainda não foram informados. Não se recomenda o liberalismo selvagem, mas o que sucede na Rússia e na China?
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MJRB
como o compreendo ou seja temos que levar com eles porque sozinho não posso fazer nada. dividir para reinar.
mas se nas eleições a abstensão for 70% aí acordam.
mas a “alternancia democratica” evita altissimas taxas de abstensão
mas quando aparece um referendo onde não está em causa a dita “alternancia” ui ui por isso tê medo de referendos
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Paulo,
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compare a Microsoft com aquelas coisas manhosas de open source
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Não deve entrar por aí. Algum código de Open Source que por aí anda é meu. Estou-lhe a escrever de um computador com Linux e escrevo com o código de teclado que eu próprio programei, há cerca de quinze anos. Quem usa Linux usa também código meu.
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Essa comparação disparatada é mais uma razão para dizer que eu, valedictorium e ainda não alcançado em média de curso desde que me licenciei (já havia tempo, caramba! já me licenciei em 1996! ;-)), posso bem ser ultrapassado em desempenho por um desses manhosos que afinal fazem tão bem ou melhor do que eu.
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E quer saber uma coisa? Não me tira o sono. Sei no que sou bom, sou reconhecido pelo que sou e pelo que sei fazem bem. Outros serão melhores do que eu em algumas coisas e eu serei melhor do que os outros em outras. Talvez não tenha recebido os dez talentos da parábola, mas creio ter recebido os cinco, e faço deles o melhor que posso. Devo isso a quem primeiramenete mos deu e depois a quem me os permitiu desenvolver: pais, professores, país.
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Se bem entendi, o autor do post defende o regresso da escravatura. Como há excesso até pode ser que trabalhem em troca de um prato de sopa. Já faltou mais…
Volta Guillotin, estás perdoado e a fazer falta.
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E eu acho que a Assembleia da República está bastante sobredimensionada. E como a oferta é imensa (é ver a guerra para entrarem nas listas) o ordenado pode baixar ao nível destes enfermeiros.
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Paulo,
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E se a dita mérdia (grafia intencional!) de curso é assim tão importante, diga-me lá porque é que a função pública é o descalabro que é. Força, seja imaginativo. Os seus chefes também tiveram as melhores mérdias, e assim vai acima na cadeia até que entra nos políticos.
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Das três escolha pelo menos uma:
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1) A média de curso apenas mede capacidade de um idiota diplomado ter conseguido memorizar as sebentas e despejar no exame, não sendo necessariamente um indicador de aptidão ou de valor;
2) Quando as pessoas entram na função pública, ficam de tal maneira soberbas que desligam o cérebro por completo, esquecendo as competências atestadas pela média, desde o momento em que picam o ponto até à idade da reforma;
3) A função pública é uma eficaz, eficiente e afinada máquina de imbecilidade, cuja substitui o cérebro apto dos funcionários que acabam de entrar por salcichas de carne de burro, com 85% de emulsão de gordura em água e alguma proteína, para dar a consistência gelificada ao composto cárneo e impedi-lo de resvalar pelas orelhas.
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Pode escolher uma e eu abdicarei das outras duas. Mas já lhe digo que pela minha experiência de professor da Universidade, vacilo entre o 2 e o 3.
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“Se bem entendi, o autor do post defende o regresso da escravatura.”
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E se você fosse aprender a ler?
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Paulo,
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Agora tréguas. Para mim a análise psicométrica é mais importante na escolha de profissionais que qualquer média de curso.
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Eu tive Summa cum laude, mas não falo contra mim.
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Você é mesmo mórmon, Francisco Colaço?
É que diz coisinhas tão feias em relação a toda uma classe de trabalhadores que eu não fico com a melhor das impressões sobre os princípios religiosos que diz professar.
Não leve a mal esta intromissão que, aliás, só faço porque é você quem o tem aqui comunicado!
Se fosse um católico, eu ficaria preocupado do mesmo modo, obviamente!
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Fincapé,
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O Fincapé defende de uma classe de encostados, indolentes e incompetentes que fico não fico com a melhor impressão dos princípios políticos que professa.
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É tudo relativo, meu caro.
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Colaço
Desculpe só responder agora, mas apesar de funcionário público estive pela noite a trabalhar, e sem receber horas extraordinárias.
Pois de ferramentas OS só tenho encontrado cópias de algo que outros inventaram. Algumas funcionam, mas a maioria dá tanto trabalho que mais vale ir pescar tainhas.
Sobre as notas que diz que teve é lá consigo, não fiquei decerto no percentil 95 de todos os cursos por onde passei, mas sempre acima do 80, e em alguns lá bem em cima. Não foi só por decorar sebentas, é que enquanto os Relvas da associação andavam na boa vida, eu trabalhava.
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Agora da função publica.
Primeiro nem tudo funciona mal, em centenas de milhar se tiver 5% de nódoas já são dezenas de milhar. E se estiver recordado das aulas de estatística chega rápido a que nenhuma população tem 100% de excelentes.
Depois some a isto uma sociedade destruída em 74, com inúteis, parasitas, sonhadores e muitos mais inexperientes, que de repente se viram no topo, e conseguiram destruir de uma maneira tal que vai levar muito tempo a corrigir. E quase 40 anos depois ainda temos muito poder executivo a ser exercido por boys.
Não se esqueça que muitos funcionários são apanhados no meio de experiências políticas, que às vezes querem pesca, depois já querem fazer comboios, depois afinal é agricultura, depois é paixão pela educação, ou incentivo à investigação, e a seguir o contrário. Muita capacidade de adaptação tem existido, por muito que isso lhe custe a admitir. Já para não falar nos Gaspar e Moedas, cujo lema é criar desconforto para ver se desaparecem e fica um Estado pequeno. (objetivo bom, mas que está a ser alcançado por caminhos perigosos).
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Até logo.
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LR,
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Eu não li a sua submissão na diagonal. Penso porém que está a defender o indefensável ao propor que a contratação dos enfermeiros serve um propósito maior ou mais convoluído. Não serve. Nem no turtuoso desgoverno do Sócrates serviria, destarte todas as justificações e justificacinhas, para mais do que dar mesada a alguém cujas ligações políticas superam os talentos pessoais.
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Há responsáveis. Pode ser na cúpula política (duvido, estas decisões tipicamente são locais!), ou na administração. Pode ser um artefacto arqueológico PS ou PSD-CDS. Pode até ser que não tenha havido intenção de favorecimento ou de dolo por parte de um funcionário qualquer. Estas coisas têm de ser apuradas e os respectivos funcionários castigados, no caso de favorecimento intencional (coisa difícil de provar, eu sei!), podendo chegar ao despedimento.
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Ora bem, tendo isto sido dito, se o Governo pretendeu usar as tais empresas para condicionar os sindicratos (grafia intencional!) então estamos perante uma decisão essencialmente política. O que, não descartando eu, tenho grandes dúvidas que seja. Uma tal decisão seria prova evidente de que estávamos a ser governados por perfeitos acéfalos, coisa que, de todo, rejeito. Nem o Paulo Macedo nem nenhum ministro da saúde até ao momento (mesmo no PS) provou falta de inteligência ou excesso de intelijumência (grafia intencional). Isso de acefalia crónica tipicamente sido preterido para as obras públicas, o ambiente e a cultura (onde aliás continua nos dois últimos casos a fazer grave mossa no país).
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Paulo,
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Leia o que sempre escrevi: há lugares de excelência dentro da função pública. Esse não é, alas, a norma dentro da função pública, mas há honrosas excepções. E estas confirmam a regra de encosto, mediocridade, indolência, incapacide, atitude defensiva, defesa grupal e frustração.
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Se quiser considere-se parte da excepção. Deixo à sua consciência saber se é parte da regra ou da excepção. Não tenho dados para o julgar, nem me arrogo a ser seu juiz. Gostaria que fosse parte da excepção, mas da sua vida sabe o Paulo.
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Paulo,
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E se estiver recordado das aulas de estatística chega rápido a que nenhuma população tem 100% de excelentes.
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Recorda-se o Paulo de qual era a avaliação (ironia!) dos funcionários públicos antes do estúpido e injusto (não estou a ser irónico!) sistema de quotas?
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Paulo,
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Tenho mais problemas a instalar e manter Windows funcional (já nem falo do malware) que Linux. Quase qualquer técnico minimamente competente lhe dirá o mesmo. Já agora, o Windows 7 foi uma cópia de segunda ordem do OSX e do KDE (o último corre no Linux). o Microsoft Windows 8 é o maior tiro no pé que a Microsoft está a dar, ao alienar quase todos os programadores presentes e quase todos os fabricantes de hardware. Já perdeu o servidor e creio que irá perder uma grande parte dos sistemas individuais, especialmente dos thin systems.
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E como isto não é um forum de Linux, não irei falar mais deste assunto.
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Ainda bem!
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Francisco Colaço,
Eu não disse nunca que defendo uma classe de encostados. O que eu digo é que espero que a administração pública continue a funcionar melhor do que a maioria do privado, tal como já funciona. E que os funcionários públicos são contratados para executar um serviço, tal como acontece no privado, e por isso não podem ser vilipendiados.
Agora, você diz destes trabalhadores o que o Maomé não disse do toucinho.
Concluindo, você diz que eu defendo princípios que efetivamente não defendo. Já você diz coisas sobre uma parte da população portuguesa que não lembram ao diabo. Só isso! 😉
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Fincapé,
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espero que a administração pública continue a funcionar melhor do que a maioria do privado, tal como já funciona.
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Está a gozar, não está? Vá aos armazéns das câmaras minicipais e veja quantos trabalhadores andam a coçar o estômago enquanto o serviço de construção anda a ser feito por empresas privadas manhosamente contratadas. Vá ver uma lista de compras de um hospital público para se rir um pouco. Vá ver como trabalha a maioria dos nossos professores (a nossa educação é um esmero, como todos sabemos!) e como um bom e esmerado profissional na FP é posto na linha pelos colegas porque «assim todos acabam por esperar tanto trabalho de nós todos».
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Quer mais exemplos? A função pública é, raras excepções, mas muito honradas, um exemplo textual de ineficiência, de desperdício e de incapacidade. E ainda para mais andam sempre a queixar-se dos políticos, como se isso os desculpasse. Mas asseguro-lhe que não são «os políticos» que estão na sala de aula e ensinam alunos; e há excelentes professores que contrastam com a mediania rasca. Basta haver UM professor excelente para cair por terra o falso argumento de que a culpa vem de cima e de que os pobres funcionários até são bons e inteligentes tipos, mas são cerceados e coitados!, não podem fazer nada de bom por culpa «deles» (se necessário, até de Deus e dos santos!). Asseguro-lhe, há mais que um professor excelente que faz serviço de excepção, e logo desmente e desmonta a sua defesa.
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Os políticos não fazem pensos, e há excelentes e rascos enfermeiros. Tem dos melhores serviços de urgência do mundo nos hospitais portugueses, seguido do que sabemos nas consultas de especialidade. Não são os políticos que estão a ministrar as consultas de especialidade nem a fazer penas duas cirurgias por semana; e há também excelentes médicos nessas consultas, a par da mediania esasperante. Os médicos espanhóis, dominicanos e cubanos andam a ser elogiados pela sua capacidade de trabalho, ao que me dizem. E têm os mesmos «políticos» por cima deles que os portugueses quando trabalham em Portugal.
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Os políticos não vão em manada ao café a meio da manhã (a ponto de certos serviços terem normas sobre isso, e bem!), deixando os utentes dos serviços à espera.
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Há melhorias na função pública com o tempo? Certamente! E como! Não são contudo suficientes para dizer que 90% dos funcionários são excelentes e apenas 5% rascas, como diz o Paulo. A verdade anda mais ao contrário. Talvez esteja a ser por demais generoso quando afirmo que 1/4 de serviços e de funcionários são de excelência e 3/4 de excrescência.
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Francisco Colaço,
sabe lá as tropelias que as pessoas sofrem no seu dia a dia por causa do mau funcionamento das empresas privadas! Ele é o carro que vai dez vezes à oficina e não vem arranjado, ele é a seguradora que se arma em surda para não indemnizar o cliente, ele é a carne no supermercado que já tem um cheirinho esquisito, ele é o cabelo que vem na refeição do restaurante, ele é o homem do gás que nuca mais chega e o almoço está para fazer, ele é a loja de roupa que não tem o número das calças que visto, porque é o que se vende mais…
Esta última é gira e foi uma vez contada na revista da Ordem dos Médicos (mostrada por um amigo), também a propósito do privado e do público.
É claro que me pode responder que numa situação dessas sempre se pode ir à loja do lado. A gaita é que a loja do lado não tem o produto que eu quero.
Como sabe, é facílimo de fora avaliar os outros todos. Um dia eu ia com uns amigos num carro de um deles. E íamos a falar da má condução dos outros. O meu amigo viu à frente umas lombas na estrada para obrigar a reduzir a velocidade e, para não estragar o carro que era recente, desviou-se delas, foi para a esquerda fazendo alguns 30 metros, e lá continuámos todos a falar da má condução dos outros.
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Colaço
De informática sou utilizador, uso o win 7 em rede e pessoal, e raramente me deixa mal. Os thin system que conheço são uma sucata, e qualquer pequeno problema de rede é suficiente para deixar o user entalado. Também uso Apple, com o iPad, e adoro. Linux só no Magalhães dos miúdos, e quase tudo o que corre lá tem aspecto arcaico. Se calhar até funciona, mas é como os híbridos da Toyota, feios como o destino.
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Não vou evidentemente falar de mim, mas posso dizer-lhe que tenho muitos colegas competentes, alguns excelentes, várias nódoas, encostados, e muitos que depois de 30 anos de competência não aceitam de animo leve serem tratados como os causadores de todos os males do país, e de pagarem muito mais que os concidadãos, muitos destes que fugiram aos impostos, via prémios, cartões, carros, telefones, casas pagas, colégios pagos, etc.
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Da avaliação anterior tem toda a razão, era uma vergonha. As cotas vieram melhorar, mas agora voltamos ao mesmo. Antes eram todos muito bons, agora são todos medianos (mesmo os excelentes). Antes havia promoções (aquela conversa das automáticas é treta, não era bem assim há pelo menos 20 anos), agora ninguem tem esperança nenhuma. Traga-me lá uma empresa que faça isto e tenha pessoas motivadas.
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Francisco Colaço:
Sendo engenheiro (pelo que percebi de comenta´rios anteriores), faz uma análise excessivamente emocional da função pública. Repare que lá existem serviços, incomparavelmente melhores do que no privado e a Saúde é um excelente exemplo. Foi ele (serviço público de saúde) que conseguiu reduzir os índices de mortalidade infantil para níveis comparados aos melhores do mundo; foi ele que a OMS avaliou como 12º melhor a nível mundial. Mas do que lhe queria falar era das tais situações em que (segundo disse) vê todos os funcionários com a barriga encostada, sem fazerem nenhum. Ora, se eu (empresa privada) vir uma coisa dessas- e apesar de todas as dificuldades que possa encontrar e encontro- o funcionário vai passar um mau bocado. Se um chefe de serviços (na fp) vir a mesma situação, faz o mesmo que eu ou deve fazer. Se não faz, é o dirigente que tem que ser responsabilizado.
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Nesta históra da FP criaram-se mitos para encontrar respostas simples para assuntos complexos. A FP não é má em si mesma e conheço (contacto) serviços muito bons (os meus filhos andam e andaram em escolas públicas, cujo trabalho só posso eleogiar). Agora, o que se passou é que foi politicamente usada para criar cargos inúteis para encostar amigos. Mas a esmagadora maioria dos funcionários não foi tido nem achado e não tem qualquer responsabilidade no processo.
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Fincapé, Paulo,
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Pronto, concordamos que 1) tem havido melhorias com o tempo na função pública e que 2) há nódoas e encostados e 3) há áreas de excelência. Aquilo em que discordamos é na percentagem das nódoas. Eu digo que cobre a nódoa cobre quase todo o tecido, e mostro que os frutos que provêm dessa árvore mostram o problema das raízes.
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Quando a PT era função pública, demorava seis meses a instalar um telefone. Hoje demora dois dias. O estado da nossa educação é prova suficiente de que tenho razão. Excelentes professores existem, e dão aulas, e motivam alunos, e desprovam totalmente que a acção dos políticos impeça a criatividade e a eficiência dos funcionários. Infelizmente, esse funcionário ganha tanto como a abébia que se limita a fingir que dá aulas e faz perder o tempo e os talentos dos alunos. A abébia é, contudo, a grande maioria. O professor excelente (caso sentido pessoalmente!) tem de preencher relatórios, ganha o mesmo que os outros e só pode sentir apoio na sua acção dos seus próprios alunos.
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Há excelentes médicos. O meu médico de família estará no percentil cento-e-um. Os colegas chama-lhe a «meia dose» porque resiste a pregar as pessoas com medicamentos inúteis, quando acha que o corpo é suficientemente robusto para vencer por si a doença. Outros médicos fazem os cambalachos que fazem com as farmacêuticas, e lixam no processo as famílias, as pessoas e o país.
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Como disse, e tenho conhecimento de causa, as urgências hospitalares em portugal estão ao nível ou acima do nível do melhor do Mundo. O nosso INEM é um mimo e se se atrasa é mais por chamadas falsas do que por outro qualquer assunto! O problema está no resto. Quando um cirurgião espanhol faz dezenas de operações numa semana, a Ordem dos Médicos indigna-se e ameaça o médico. Querem maior exemplo do que estou sempre a dizer? Tenho muitas histórias, cada uma mais escabrosa que a outra.
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Dou isto de barato: cada vez a situação está menos má. Há vinte anos ir a uma urgência era ver um cangalheiro esfregar as mãos, salvo raras excepções. Hoje admirar-me-ia se alguém apontasse alguma coisa ao atendimento na urgência (por vezes apontam, há quem pense que os médicos são omniscientes e infalíveis e que a ciência médica é uma ciência exacta). Isto são ilhas de excelência. Há outras ilhas, mas são poucas. O oceano é que é exasperante, imenso e está a engolir o país.
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Trinta e três,
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Mas a esmagadora maioria dos funcionários não foi tido nem achado e não tem qualquer responsabilidade no processo.
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Pois não tem. Mas encosta-se, desculpa-se com os «políticos» e faz o mínimo para sobreviver.
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E outros, excelentes, desmentem-nos e servem de bitola. O mau é estes rarearem e aqueles abundarem.
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Colaço
Começamos a próximas posições, o que é normal em pessoas civilizadas (tiro daqui que aquela coisa da concertação social devia ter aprender com estes exemplos, mesmo que pequenos).
Não iremos chegar a consenso, até porque não teremos o conhecimento global das coisas, eu pelo menos não tenho.
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Mas para a PT eu arranjo argumentos. São óptimos a montar equipamentos novos, mas para desligar é um cabo dos trabalhos, para mudar de tarifário são 3 meses e muita reclamação. E é conhecimento de causa, infelizmente.
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Mas já agora posso contrapor.
Há uns anos para fazer uma escritura era uma trabalheira, registos, conservatória, notários, finanças. No mês passado fui a uma conservatória, e em 15 minutos fizeram tudo.
O IRS obrigava a filas intermináveis, agora são minutos em casa, quando me dá jeito.
Para pedir um contador de água, na minha zona, colocam em menos de 3 dias, muitas vezes um, e avisam antes a hora a que vão (não tem de ficar o dia todo em casa!). Quando tem problemas de entupimento, trocam o contador em menos de 24 horas, e se for entupimento grave em 3 horas pelo piquete. Se acontece um rotura, em média reparam em 3 horas (dados oficiais).
O lixo antes ia acumulando num contador, agora temos expostos enterrados, não há mau cheiro.
As águas residuais iam para o rio, agora são todas tratadas, e as etar produzem energia, enviam resíduos para agricultura, e voltaram peixes que inham desaparecido.
As escolas têm lá vários problemas, até porque muitos professores tinham expectativas de se reformar cedo e agora têm de ficar mais 10 anos com turmas de índios e ciganos (que não foram escolhidos por eles). Mas muitos equipamentos estão excelentes (está bem, o parque escolar foi caríssimo), e os miúdos aprendem muito mais que os saudosistas da 4 a classe antiga. Se tem duvidas procure na net um exame da 4ª dos anos 60 com um do 4º ano actual. Não sabem reis e caminhos de ferro, mas têm muitíssimo mais competências e raciocínio. Também não estou a falar de cor, li mesmo.
E se quiser posso continuar.
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Por acaso, essa história da PT e do IRS dava outro debate. Um debate sobre a legitimidade dos serviços estarem organizados, cada vez mais, de modo a que seja o consumidor/cidadão a resolver os problemas.
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javitudo:
“Parece que muitos ainda não entenderam que os out-sourcing derivam da resposta atamancada aos contratos colectivos, figuras míticas que já foram mais os amanhãs ensombrados pela queda do muro em 1989”.
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Pelo contrário. Abusos como os que estamos a assistir, são o melhor argumento para quem defende a contratação coletiva.
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Trinta e Três,
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Há vantagens e desvantagens na contratação colectiva. É claro que as competências exigidas a uma empregada de limpeza, a um almeida ou a um fiel de armazém ou a um mecânico generalista não são de tal forma distintivas que exijam cabalmente uma diferenciação ou especilização da pessoa. A contratação colectiva é mais justo para estes casos de operários não especializados.
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O mesmo não se passa quando quer contratar um mecênico especialista, um gestor ou um professor. As competências individuais devem ser ponderadas e medidas e uma relação de retorno sobre o preço (custo/benefício, dizem) deve ser realizada. Repare que não me importo de pagar mil ou dois mil euros a mais a um cirurgião que me faz trinta operações bem sucedidas por semana, em comparação a outro que me faz duas ou três. Ele merece-as! Não me importo de pagar mil euros a mais a cada professor de uma equipa que agarre em turmas de índios e bárbaros e os motive e os transforme em alunos exemplares (e há-os!) Servirá de exemplo aos restantes.
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Eu sempre fiz discriminação positiva baseado em equipas pequenas (nunca no indivíduo, dá muito trabalho e é muito difícil), criando prémios para tudo o que fosse vantajoso para a empresa, seguindo a regra do dez para um: para cada euro (ou kwanza ou franco CFA) de benefício para a empresa adicional por causa da disponibilidade mais atempada dos equipamentos, dez por cento premeias as equipas.
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Acha que tive alguma dificuldade em realizar estes prémios ou em convencer as administrações da sua bondade? Acha que tinha alguma necessidade de pedinchar para levantar um dos meus homens da cama e o fazer vir à empresa numa emergência? Eles viviam melhor. A empres tinha mais equipamentos. E os critérios de avaliação eram, cuidado!, NUMÉRICA e CONTABILISTICAMENTE PROVADOS, não havendo lugar a graxa.
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O Paulo e o Trinta e Três conseguirão ver com certeza a diferença entre um sistema de avaliação baseado na contabilidade analítica (é difícil de conceber em vários casos, mas faz-se para todas as profissões, mesmo se imperfeitamente) e um sistema baseado na proximidade entre as mucosas bucais do funcionário e a cavidade anal do seu superior hierárquico.
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Paulo,
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Mas para a PT eu arranjo argumentos. São óptimos a montar equipamentos novos, mas para desligar é um cabo dos trabalhos, para mudar de tarifário são 3 meses e muita reclamação. E é conhecimento de causa, infelizmente.
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Isso não é mau trabalho. É política comercial turtuosa, comum a muitas empresas rendistas!
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Paulo,
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Mau trabalho é o exemplo já citado de o mecânico manhoso nos entregar o carro remendado ou o funcionário público se ausentar para o café na hora de trabalho e nos fazer esperar, ou o instalador da TV Cabo deixar a caixa destapada.
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Bom e mau trabalho (eficácia) existem em todos os lados, público e privado. Porém, no privado faz-se o mesmo bom (ou mau) trabalho com muito menos recursos, na generalidade, por causa da impunidade, indolência e ratice de grande parte dos funcionários públicos.
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Sonho que essa cultura de dolce fare niente possa morrer numa geração, mas deixei há muito de acreditar em sereias.
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Francisco Colaço… peço desculpa se interpretei mal as suas palavras, até porque os seus comentários seguintes seguiram na habitual postura a que já nos habituou… Portanto aquilo que afirmei está já desactualizado.
Porém, relativamente aos valores pagos à hora, independentemente de estes serem melhores se fossem os enfermeiros a negociarem directamente e não por intermédio destas “empresas”, cuja função se extingue no momento da contratação. deixando de parte qualquer preocupação com a melhoria contínua da qualidade, para não dizer da sua imoralidade em ficarem com um euro que seja… Remete-nos para uma discussão sobre o Valor…
Numa actividade que não raras vezes nada produz de tangível ou transaccionável, como é o caso da prestação de cuidados de saúde… como definir o valor?
Um tal de Michael Porter definiu Valor em Saúde como os ganhos/resultados que uma determinada pessoa/cliente/doente/utente obtém por dinheiro gasto, seja ele um euro ou um dólar ou o que bem entendermos… Neste caso: como se definiria o valor justo dum qualquer cuidado de saúde? O que define um salário justo nesta profissão, a de enfermeiro?
Deixo para leitura o tal artigo “desse” Michael Porter, numa revista de referência: a New England Journal of Medicina: http://www.nejm.org/doi/full/10.1056/NEJMp1011024
Peço desculpa pelo atraso na resposta.
Quanto ao LR… Está enganado quanto ao corporativismo da Ordem dos Enfermeiros: se fosse corporativista nunca teria deixado isto acontecer, não lhe parece? Consulte dados da OCDE ou OMS quanto ao suposto excesso de enfermeiros em Portugal.
Compare também o nível salarial dos Enfermeiros relativamente a outros licenciados da Função Pública e veja que o ponto de partida é totalmente diferente.
Compare também a produtividade dos mesmos, o nível de absentismo, pontualidade, o Valor que cada acção ou cuidado de Enfermagem traduz em termos de ganhos em saúde e verá que quanto muito o valor de 1020 euros é já ele mesmo um absurdo se comparado com idênticas responsabilidades noutros campos…
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Francisco Colaço:
O meu comentário sobre contratação colectiva destinava-se a desmontar uma afirmação do javitudo. Trabalho numa área onde esses contratos são, frequentemente, referências por baixo para discutir remunerações.
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Mauro Germano,
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Sejamos frios com os números e seremos geralmente justos e quando necessitarmos misericordiosos para com as pessoas. É exactamente porque o português não sabe fazer contas de sustentabilidade e de valor (bom, de coisa nenhuma!) que chegámos onde estamos. Aqueles que clamam «e as pessoas, cargo?» não sabem que o que não sustentamos hoje iremos pagar dobrado amanhã.
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Perguntou quanto vale a saúde. Afora sentimentalismos bacocos sobre o extremo valor da saúde, bem intangível e por si invalorável, pense nisto: quanto custa a doença?
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Imaginemos, e não me lixem por não ser especialista em saúde, que o hospital B tem para as mesmas patologias recuperações (válidas e confirmadas) em média 3 dias mais rápidos que o hospital A. Por simplificação, pensamos que são iguais e pequenos, e que atendem 1000 ocorrências com baixa superior a 3 dias por ano. Cada noite significa EUR 250,00 de custos no hospital e esses doentes assumem-se trabalhadores, com um salário médio de EUR 800,00 (portanto c. 1400 EUR para a empresa por mês).
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A 3 dias de trabalho, mil doentes significam 100 meses de trabalho, ou 140.000,00 € para a sociedade. Para o hospital, significa menos 3000 noites, ou 750.000 EUR de pagamento por parte do Estado. O hospital B poupa à sociedade EUR 890.000. Segundo a minha regra 10 para 1, 89.000 EUR deveriam ser distribuídos em prémios pelo pessoal que serve o internamento (por mim em partes iguais para os médicos, enfermeiros, auxiliares e pessoal administrativo).
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Imagino que com algum estudo e com ajuda de especialistas da saúde eu pudesse fazer um modelo mais apurado, e talvez diferenciado por urgência, internamento, consultas externas e serviços auxiliares. Ora, se eu posso porque é que outros não podem?
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Ganha o Estado porque paga menos ao hospital. Ganha a sociedade porque tem menos pessoas fora do circuito produtivo. Ganham os doentes (menos tempo alienado da família, melhor recuperação). Os médicos, enfermeiros, administrativos, pessoal auxiliar e corpo docente terão todos os estímulos para melhorar estes números, pois os seus salários diferenciam-se por eles. Acredite-me no entanto que o RECONHECIMENTO é superior ao ganho salarial, mesmo se atestado por este e neste materializado.
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Francisco Colaço… Agora foi o caro que me interpretou mal… O artigo a que aludi e do qual partilho a opinião, diz precisamente isso, que a saúde tem preço e não é baixo.
No entanto, e como deverá perceber, seria mais justo melhorar todos os processos passíveis de o serem, eliminar desperdício ( não necessariamente em recursos humanos) , até chegar ao ponto de despedir pessoas e reduzir salários.
Sou um dos primeiros a dizer ( obviamente uma figura de estilo ) que graças a esta ideação dogmática de que a Saúde não tem preço que tanto oportunista e tanto desperdício se gera no sector porém não menos verdade é que a atribuição de benefícios, salários e outras compensações pelo trabalho e valor do seu produto é também aproveitada para manter muitos salários baixos na área da Saúde relativamente a outras áreas da nossa actividade. À excepção duma minoria privilegiada ( Conselhos de administração e grupos de médicos que não correspondem À maioria), os salários, comparando com ouros sectores da Administração pública, tem o seu peso relativo mais baixo.
Quanto ao modelo de financiamento… Nós por cá, utilizamos um modelo de financiamento um pouco para o arcaico ( GDH’s) que só são devidamente aplicáveis em internamentos, deixando de fora Urgências e Consultas exterenas e só incluindo intervenções realizadas por médicos que grosso modo não correspondem à maioria das intervenções realizadas num doente, nem em quantidade nem em peso relativo da despesa.
E para que não me acuse de corporativismo… Andamos há anos (os enfermeiros), no meio da contestação salarial que é a que mais eco tem na comunicação social, a querer tentar prestar contas da nossa actividade, quer seja incluindo as despesas de cuidados de enfermagem e as intervenções inerentes no modelo de financiamento, quer garantindo a inclusão destas nos sistemas de informação ( para que assim possam ser usadas na gestão)… Porém até hoje ainda não tivemos sucesso.
Nós queremos transparência e prestar contas da nossa actividade, para que a realidade no sector da saúde seja mais justa e verdadeira… Assim… não sabendo nós em que gastamos o dinheiro, os resultados que se obtêm face a cada cuidado ou euro gasto… é impossível fazer reformas sem sermos injustos.
Mais uma vez… Peço-lhe que leia esse artigo do Michael Porter que ele explica bem melhor do que eu essa questão do “Valor em Saúde”.
Grato pela resposta
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Ah… e esqueci-me de lhe dizer… Essa proposta sua de repartir a poupança feita pelos funcionários seria brilhante se os decisores assim o fossem também e não pense que já não fizeram essa proposta mas alguém disse que essa poupança , esses incentivos só deveriam ser repartidos por alguns…
Agora imagine o que é que isso transparece a todos os outros que estão envolvidos nessa actividade e que foram e são desconsiderados…
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