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responsabilidades

16 Outubro, 2012
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Perante um país falido a quem se pedem sacrifícios inauditos, só suportáveis em razão de um colapso geral iminente, como é possível que quem nos quer impor semelhante esforço não esteja em sintonia sobre o que nos está a pedir? Como pretende o governo convencer-nos da bondade de decisões que tanto nos vão afectar, se não consegue evidenciar a seriedade moral das suas convicções? O esforço violento que está a ser pedido aos portugueses não pode prescindir da absoluta unidade do governo, de uma sintonia de procedimentos uniforme e completa, e de razões claras, translucidas e inequívocas para as suas decisões. Ora, se a notícia que temos, no próprio dia da apresentação do orçamento mais fiscalmente violento da nossa história democrática, é a de que os dois partidos da coligação não se entendem sobre ele, ao ponto de um deles ameaçar com a ruptura, e que os seus principais protagonistas – o Ministro das Finanças e o líder do segundo partido da maioria – se entretêm a trocar acusações na praça pública e a enviar dardos envenenados reciprocamente, como se pode esperar que os portugueses aceitem os sacrifícios que lhes são pedidos? Como foi possível chegar-se a isto? Por que não houve sintonia na apresentação das medidas sobre a TSU? Por que não foram previstas no orçamento as medidas de redução da despesa pública que poderiam aliviar, ainda que ligeiramente, o aumento da carga fiscal? Para que serviu o Conselho de Ministros extraordinário para finalizar a proposta orçamental, que demorou mais de vinte horas? Quem cuida da ligação política entre os dois partidos da maioria? Onde está o chefe do governo, que parece ter sido definitivamente substituído pelo Ministro das Finanças? Como pode este governo pedir responsabilidades superlativas aos portugueses, se nem a normal responsabilidade de se governar a si próprio parece capaz de assumir?

13 comentários leave one →
  1. JDGF's avatar
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    16 Outubro, 2012 05:04

    Ontem, Marcelo, na sua homília dominical na TVI, ‘atirou’ estar convencido que as alterações da TSU apresentadas por PPC a 7 de Setembro, não tinham ido a conselho de ministros. Lá terá as suas fontes.
    Todos estes desenvolvimentos à volta do OE 2013 confirmam que durante a 5ª. avaliação da troika algo de grave se terá passado em termos políticos (que não terá sido revelado aos portugueses). A procura de causas imediatas leva a crer que a falta de coordenação política terá sido o primeiro detonador que justifica os desencontros no seio da coligação governamental. Mas existirão outros rastilhos que imediatamente se incendiaram.
    A pressa e a rapidez em cumprir já e a todo o custo os defices orçamentais não parece ser consensual no interior do Governo, embora a 1º. ministro a exiba pomposamente perante a AR e nos meios de comunicação social.
    A recente rábula de Pedro Passos Coelho afirmando que quer ver-se livre da troika quanto antes, não cola (completamente). Em 2011, durante a fase terminal do Governo Sócrates, declarou alto e em bom som que não se importava de governar com o FMI. Mas hoje não será essa a única verdade ou razão. É evidente de que ‘mais tempo’ vai ser cobrado nas urnas e as Legislativas de 2015 decorrerão – nessa hipótese – sob ‘intervenção externa’, o que não seria um grande trunfo eleitoral.
    Mas o que esta crise política larvar torna visível e notório é que a ‘renegociação do memorando’ começou a contaminar muito espaço político, algum dele no interior da coligação governamental. E partir daí, mais do que o OE 2013, foi o 1º. ministro que começou a perder espaço de manobra. Não remodelou a tempo, não arrepiou caminho, não ouviu os parceiros políticos, económicos e sociais, acabou ultrapassado por tudo e todos.
    De facto, manteve-se ‘surdo e cego’ perante o País e os indícios de dissociação política no seio da maioria. Agora, vai ter um OE de fachada. Isto é, sem suporte político ‘cego’. Os 3 subscritores do memorando – e não só o CDS e PSD – vão poder fazer a sua leitura e negociar a execução ponto por ponto, medida por medida, calendários, etc.
    O que até poderá ser benéfico para o País…
    Quem sabe?

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  2. XisPto's avatar
    XisPto permalink
    16 Outubro, 2012 08:30

    “Em 2011, durante a fase terminal do Governo Sócrates, declarou alto e em bom som que não se importava de governar com o FMI”
    .
    Em rigor e ao contrário,”… que não estava disponível para governar com o FMI…” embora fosse pura retórica, evidentemente.

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  3. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    16 Outubro, 2012 08:49

    Coelho & Relvas subestimaram Portas. Mais do que o ministro dos estrangeiros ele é Presidente do CDS.
    .
    É uma vergonha Relvas ainda andar a dar cartas.
    .
    VAI ESTUDAR RELVAS

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  4. Trinta e três's avatar
    Trinta e três permalink
    16 Outubro, 2012 09:25

    Já aqui escrevi que tudo levava a concluir que o governo quer arranjar um pretexto para sair. Para além de eventuais querelas com o CDS (que se está a esvaziar), o fundamental da tática pode passar por uma tentativa de empurrar o PS para um possível governo de “salvação nacional”, permitindo uma maior distribuição dos estragos. Na verdade, nada disso interessa aos cidadãos, porque nada de importante será resolvido sem uma alteração da nossa forma de estar na União Europeia.

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  5. BorNot2B's avatar
    16 Outubro, 2012 09:33

    O país está mais falido agora ou quando o Passos Coelho chumbou o PEC IV por ser muito “austeritário”?

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  6. lucklucky's avatar
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    16 Outubro, 2012 10:01

    Censura de volta.

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  7. pedro's avatar
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    16 Outubro, 2012 10:48

    RUI: e é admissível que todos os dias se conheçam excepções aos cortes nos vencimentos . Mas quem é afinal Passos? O que manda? em que país pensa que está? Reitero temos de ir a eleições e os programas eleitorais tem de ser reconhecidos no notário ,porque estou farto de mentirosos! Após aprovação do orçamento de estado, demissão imediata do governo ,ou o P.R. se assume ,ou só resta ao povo a rua e vem aí o inverno e a primavera árabe.

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  8. Tiro ao Alvo's avatar
    Tiro ao Alvo permalink
    16 Outubro, 2012 11:24

    Não sei se o País está mais falido agora do que quando o PEC IV foi reprovado pelos deputados, o que sei é que a dívida pública aumentou, e continuará a aumentar enquanto houver deficit. Isto é fácil de entender: o valor do deficit acresce à dívida, se houver quem empreste a “massa”. Percebeu?

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  9. Tiro ao Alvo's avatar
    Tiro ao Alvo permalink
    16 Outubro, 2012 12:35

    O comentário anterior era para o LuisFA.

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  10. BorNot2B's avatar
    16 Outubro, 2012 13:57

    @ Tiro ao Alvo — Quer isso dizer que a receita falhou?

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  11. povo's avatar
    povo permalink
    16 Outubro, 2012 14:37

    RESPONSABILIDADES ???
    Constitucionalmente (sempre a Constituição…) não é permitido fazer a apologia da Ditadura .
    Mas , em 1973 , segundo Alvaro S. Pereira os portugueses tinham um rendimento disponível superior à média europeia . E hoje ? Nos últimos 30 anos , o peso do Estado aumentou 16,3% , cabendo 12,1(75% !!!) ao PSD…A Despesa aumentou de 29 para 45% do PIB
    Obra de Cavaco Silva (o caça votos…) :
    Aumento do numero de funcionários; Aumento substancial das remunerações ; Promoções automáticas .
    E o contributo do PSD para a carga fiscal foi de cerca de 80% !!! CS como PM não foi o Pai do Monstro . Foi o Monstro. Um duvidoso perfil fica a cargo dos especialistas .
    Mas sempre se dirá que Cavaco como PM teve todas as condições para transforma Portugal num verdadeiro eldorado suiço . Pelo contrário , segundo M.Cadilhe , criou um Monstro .A propósito da insustentabilidade da Segurança Social , e referindo-se ao número de funcionários publicos que ele próprio na caça ao voto autorizou , em 2002 , diz o seguinte : “ Como nos vemos livres deles ? Reformá-los não resolve o problema porque deixam de descontar para a Caixa Geral de Aposentações .e portanto , diminui também a receita de IRS . Só resta esperar que acabem por morrer “ . É este o Pensamento Social de Cavaco Silva !!!…
    Depois de uma tentativa frustrada por Sampaio , não desiste porque toda a loucura é teimosa , volta à carga e surrealisticamente é eleito neste não menos surrealista Sistema Politico , digo com menos votos do que aqueles que votaram para ele não ser eleito .
    Perante este susto , tem necessidade de casar (e dançar…) com Sócrates , permitindo-lhe loucuras semelhantes, a fim de ser reeleito mas à tangente e com elevada abstenção . Tudo permitiu a Sócrates . Reeleito corre com Sócrates .
    Os custos de Cavaco Silva , como PM , como pai do Mostro e da Bancarrota , são elevados e ora insuportáveis (assim , o custo de funcionamento da Presidência da Republica , superior ao do Reino de Espanha , são afinal uns simples trocos…)
    P.S. Não obstante o Reitor AS afirmar que CS não percebia nada de nada , o professor doutor CS não tem desculpa : doutorou-se com a tese ” a Divida Publica e o Crescimento Económico” . A Divida Publica no fim do ultimo mandato de Cavaco era 3,5 vezes superior à que existia no inicio do seu primeiro mandato !… Mesmo corrigindo com a inflação , cresceu 5% por ano em 10 anos deste trágico Cavaco !!!…
    Divida que não conseguimos pagar nos proximos 20 anos …
    Post Scriptum . segundo V.P.V. a nossa maior tragédia dos últimos séculos …

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  12. Tiro ao Alvo's avatar
    Tiro ao Alvo permalink
    16 Outubro, 2012 15:51

    “@ Tiro ao Alvo — Quer isso dizer que a receita falhou?”
    LuísFA,
    Não foi isso que eu escrevi. Quer-me parecer que você não quer apreender, senão repare: o orçamento do Estado para 2012, do ano que está a correr, previa défice, o mesmo é dizer que previa o aumento da dívida pública. é o que vai acontecer.
    Foi recentemente acordado com a troica que, para 2013, o défice poderá atingir os 4,5%, logo, para o ano a dívida pública ainda vai aumentar mais. Percebeu agora?

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  13. BorNot2B's avatar
    16 Outubro, 2012 15:56

    @ Tiro ao Alvo — percebei, percebi…

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