Entre mortos e feridos…*
A situação do país, para mim e agora, depois de ter ouvido o Ministro das Finanças anunciar a proposta de Orçamento para 2013, assemelha-se a uma “estória” que, em tempos, me foi relatada por quem, de resto, a viveu (para mal dos seus pecados!). Um doente, com vários problemas oftalmológicos, era acompanhado por um médico que mantinha e intensificava o mesmo tratamento, desde há vários meses. Melhorias, contudo, não se detetavam. No entanto, o médico lá ia garantindo que, mais tarde ou mais cedo, elas chegariam. Optou-se, então e perante a falta de resultados daquela terapia, por radicalizar o tratamento: submeter o doente a uma determinada intervenção cirúrgica. Resultado, a miopia “tecnicamente” desapareceu. Porém, o olho intervencionado ficou completamente cego!
O risco que corremos é, na realidade, o de aniquilarmos a economia, o país e os seus cidadãos, para acudirmos ao crónico e histórico (mas ultimamente mais “monstruoso”) problema orçamental do Estado. Por muito que se diga que há sempre alternativas, elas – as alternativas viáveis e realisticamente operativas – não se vislumbram, clara e satisfatoriamente. Da parte da sociedade civil há, com efeito, uma reação natural de quem asfixia. Porém, também não se ouvem alternativas consistentes, ou mesmo, simplesmente realistas e fundamentadas. Na imprensa e na rua, multiplicam-se fóruns, debates e manifestações em busca das alternativas perdidas. No entanto, o resultado é sempre o mesmo: nada, absolutamente nada, a não ser uma espécie de catarse coletiva e um queixume recorrente contra o Governo, os políticos, todos e mais alguns. Enfim, um autentico “muro das lamentações”, compreensível pela situação desesperada de quem “não tem pão” (ou antevê que lho vão tirar) e, portanto, aparentemente “ralha sem razão”. Seria possível, com outro Governo, seguirem-se outras políticas, “boas e já”? Pessoalmente, duvido… Mas seria possível, sem dúvida, mais sentido de oportunidade política e mais competência comunicacional
Vítor Gaspar tem, até agora, falhado os objetivos orçamentais a que se propôs e que, de resto, bem ou mal, sobrevalorizou. Mas ainda que tais objetivos tivessem sido alcançados e os sacrifícios já suportados fossem sentidos como consequentes, o que é que nos esperaria? Uma redução do desequilíbrio orçamental… Para podermos ir, novamente, aos “mercados”, autonomamente e sem “troika”. Ou seja, para nos endividarmos sozinhos e para continuarmos a correr o risco de, daqui a alguns (poucos) anos, voltarmos ao mesmo. No fundo, todo este esforço será para continuarmos a sobreviver com o mesmo paradigma da dívida como instrumento normal de governação. E é isso que é preciso revolucionariamente mudar!
* GRANDE PORTO semanário, 19.10.2012.

Oh homem você já parece o Garcia Pereira com a conversa da dominação dos povos através da canga da divida soberana nas mãos da alta burguesia imperialista financeira.
.
Economia, o país e os seus cidadãos? Assim que acorrermos aos mercados pelo próprio pé eles até fazem bicha para emprestar a juro negativo. Vai ser melhor que o ouro do Brasil.
GostarGostar
Vítor Gaspar remete para um «Alves dos Reis» das finanças.
GostarGostar
Sugiro
http://notaslivres.blogspot.pt/2012/10/estamos-mal-precisamos-de-luz-ao-fundo.html
GostarGostar
Este escrito já tem uns anitos. Foi no tempo da picareta falante. Sem tirar nem pôr, e agora?
-Sociedade Portuguesa hoje
Analfabetismo funcional; in(cultura)/ignorância; apatia cívica/irresponsabilidade; ilusão/aparato/ostentação; irracionalidade/inversão de valores; indigência mental/anestesia colectiva; ensino postiço e inconsequente; autoridade tolhida e envergonhada; justiça sinuosa e selectiva; responsabilidades diluídas e baralhadas; mediocridades perfiladas e promovidas; capacidades trituradas e proscritas; sofisma institucionalizado.
-Quês e porquês
Maleita atávica e condicionamento manipulado pelos poderes instalados; negligência paralisante no dever de participação; vício embriagante na desculpa cómoda do dedo acusador sempre em riste. Culpar D. Sebastião, o padeiro da esquina ou dirigentes de ocasião é nossa mestria e sina nossa. Culpados somos todos nós, acomodados na obsessão estéril de celestiais direitos. Também é com a nossa apatia pelos valores de intervenção e cidadania, que somos conduzidos repetidamente para o conhecido pantanal. Os nossos governantes são o reflexo e extensão da gente que somos, mas valha a verdade em escala cujo grau de refinamento, incapacidade e subversão de interesses colectivos ultrapassa os limites da decência. Que qualquer governante em vez de esbracejar governe e em vez de iludir assente, invertendo essa carga em desequilíbrio e remetendo para as calendas a política de feirola de contrafeitos.
-Receituário extraviado
Cabe cultivar que ao cidadão comum não deve competir apenas votar ciclicamente em deputados acorrentados pela disciplina partidária. Na sociedade como nos bancos da escola, acautelar conceitos/aulas de civismo e cidadania, o que é liberdade, democracia, educação e compostura. A televisão pública como veículo que molda, não pode servir só para futebol, novelas e propaganda oficial. Não basta compor a rama, é preciso cavar a terra e aconchegar os tomates. Por hora o circo ameaça continuar, mas que o tempo (grande mestre) se encarregue de nos despertar enquanto é tempo. A nós, suporte colectivo de tragédias e façanhas, competirá sobretudo intervir responsável e interessadamente no que a todos diz respeito, não concedendo carta branca ao desbarato para o traçado do caminho, ao círculo restrito de políticos abengalados.
GostarGostar
Concordo consigo num ponto fulcral deste texto, quando formos aos mercados vamo-nos voltar a endividar. Então, era melhor não voltar aos mercados (ou impôr limites constitucionais à dívida pública). O Estado deve funcionar apenas com o dinheiro que tem, se pedir emprestado, que seja para algo que de momento não tem dinheiro, mas que saiba que vai ter rentabilidade ou que os impostos vão conseguir pagar no futuro.
Não me interprete mal porque eu até sou de esquerda (social democrata), mas ter o modelo de Estado que endividou o país ao longo dos anos é de mais. Com modelo não me refiro à social democracia, mas ao modelo criado por Cavaco Silva do Estado que gasta muito mais do que aquilo que tem ao mesmo tempo que destrói a agricultura, as pescas e a indústria (todos os setores que podiam render dinheiro em impostos). Assim, esse primeiro-ministro conseguiu colocar o país numa situação inevitável, que os governos socialistas não fizeram mais do que ignorar.
Voltando ao tema do texto, a solução passa precisamente pela limitação da dívida soberana. No entanto, a minha grande questão é se vamos conseguir pagar a dívida agora, mesmo com austeridade. Se conseguirmos, quantos de nós vão morrer pelo caminho? Eu não estou para ver ninguém a morrer (seja de fome, de frio, de falta de apoio médico, etc).
GostarGostar
O mito do “regresso aos mercados” é, de facto, a única meta apresentada pelo governo. Esconde-se que, a ser conseguido, mais não vai do que criar nova espiral de endividamento, porque nada foi feito para o evitar. Não é por deixar os meus filhos morrerem de fome, enquanto eu engordo e espero que me saia o Euromilhões, que crio condições para que, com o Euromilhões, eles deixem de passar fome. Pode ser que a coisa se resolva com um ataque cardíaco…
GostarGostar
ora bem, quando em mais ou menos, 180 mil milhões de euros, de orçamento que foi em 2012, ninguém encontra uns míseros x% para cortar,,,, a cegueira é total,,, carneirada….
eu cortava cegamente 20 %, e não era a rubrica salários que ia sofrer….
sejamos um bocadinho sérios, só um bocadinho.
está aqui, https://docs.google.com/file/d/0B4zf90CPhlxQNU5HUkN0RnloZFk/edit?pli=1
GostarGostar
A minha duvida é apenas uma: A continuar assim, a economia deixa de funcionar..deixando de funcionar o capital começa tambem ele a ser afectado. Sendo assim, alguem me consegue explicar devagarinho a que interesses estranhussimos beneficia esta crise???
A mim parece-me que não interessa a ninguem, perderam oi o controlo e agora este movimento vai desembucar numa guerra.
GostarGostar
Se isso de “aniquilar a Economia” é deixar falir todas as empresas que vivem dos gastos sobrefacturados do dinheiro dos contribuintes, assegurados por alguém dentro do aparelho do Estado, vamos a isso, aniquile-se!
Se uma Economia é de tipo parasitária, não há absolutamente nada a salvar.
Baixem-se os impostos das empresas que exportam ou criam emprego, reduza-se ao mínimo a burocracia para investidores, organizem-se as infraestruturas que facilitam as exportações (portos, aeroportos, ferrovia, etc) e sobretuda garanta-se que as condições são duradouras e não sujeitas a um Tó Zé qualquer mudar tudo um dia destes.
Paralelamente, do lado do Estado é continuar a cortar e a tentar ganhar eficiência até que não se gaste mais do que se cobra de impostos. Ser mais eficiente nos gastos com Polícia, Defesa, Justiça, Ordenamento do território, Educação, Saúde, etc.
O resto, a conversa dos “incentivos” e do “crescimento” é semântica e eufemismos de quem só concebe negócios e investimento com lucro garantido.
O objectivo de Gaspar de chegar ao défice primário zero é o mais importante de sempre sim senhor. Até lá mais de meio Portugal está a receber salários directamente dos credores do país e de nada adianta pedir coisas a um governo efectivamente não soberano. Será assim tão difícil de compreender isto?
Cumps
Buiça
GostarGostar
“Sendo assim, alguem me consegue explicar devagarinho a que interesses estranhussimos beneficia esta crise???”
Está começar a ir pelo bom caminho, só falta perceber que os ricos perderam e perderão muito mais que os pobres com a crise e que a principal razão para a existência do adeptos da teoria da conspiração é a insegurança. Sentem muito mais segurança se houver uma conspiração, significa que alguém controla alguma coisa…
.
“Se isso de “aniquilar a Economia” é deixar falir todas as empresas que vivem dos gastos sobrefacturados do dinheiro dos contribuintes, assegurados por alguém dentro do aparelho do Estado, vamos a isso, aniquile-se!”
.
Pois é… mas não querem.
Os Portugueses produzem para viver com 15000-17000 euros, não os 22000 que conseguiam com a dívida.
E a maioria ainda não percebeu – ou não quer -que para voltarmos a ganhar 22000 euros que só aconteceram com dívida temos de mudar. E mudar muito.
.
“No fundo, todo este esforço será para continuarmos a sobreviver com o mesmo paradigma da dívida como instrumento normal de governação. E é isso que é preciso revolucionariamente mudar!”
.
Ora aí está, mas como o regime é soci@lista-corporativo e as pessoas são na maioria ignorantes e facilmente compradas com promessas que 2 anos depois significam mais dívida e impostos, logo não há solução.
100 anos depois somos um país que não saíu da incompetência económica da ruínosa I Republica apesar das declarações sobre a “geração mais instruída”.
Sim mais instruída mas para querer coisas grátis – ou seja endividamento – pois é essa a ideologia soci@lista que representa o regime e que implantou na educação do Kremlin da 5 de Outubro.
GostarGostar
lucklucky
Tens de contar mais devagarinho porque alem de lento sou Alentejano.
Se é como dizes que são os ricos que perderam e perderão muito, como é que se ganha perdendo???
Continuo na minha, já perderam foi o controlo do descalabro ( FMI admite erros) e agora só nos resta uma escaramuça onde desapareçam uns milhares para que depois os que agora (perdem) voltarem a ganhar como sempre ganhram.
GostarGostar
Para lucklucky
Eu devia ser um português terrível. Tendo em conta que recebia 1200€ por mês e que tinha direito a 13º e 14 meses, mas pagava os impostos, tinha casa arrendada porque não quis contrair empréstimos, tinha um carro pessoal que foi pago a pronto, eu devo-me enquadrar naqueles portugueses que não merecem austeridade. Eu até nem ganhava 22000€ por ano, no entanto pagaria a crise como se ganhasse. O ministro das finanças é um homem que ignora que houve portugueses que contribuiram mais do que outros e que esses estão em classes mais altas do que eu. Só tenho uma coisa a dizer, ainda bem que vim para a Bélgica, aqui ganho mais e pago menos impostos (e ainda tenho condições de trabalho).
GostarGostar
Alguém já se interrogou porque a Ângela se chama Ângela e não Maria.
Ângela vem de anjo e todos sabem que Deus comunica com os profetas por meio de um Anjo. O Anjo comunica com os homens por meio de um profeta.
Deus semeia as sociedades e faz tudo para que elas sejam justas.
Se as sociedades não forem habitadas por homens sem pecado, Deus põe a salvo os homens de bem e destrói as sociedades pecadoras.
Assim aconteceu com Noé, assim aconteceu em Sodoma e Gomorra.
Assim aconteceu na Alemanha na década de quarenta em que Deus destruiu a sociedade alemã para formar a atual sociedade alemã. Exportadora, competitiva, e avalizadora de empréstimos aos mais carenciados.
Como Portugal é uma sociedade muito desigual, mas não pecadora, Deus não vai destruir Portugal. Vai é promover a igualdade entre os portugueses fazendo com que estes regressem à fé.
Fará com que todos façam votos de pobreza, e como instrumentos da sua decisão tomou o Anjo Ângela Merkel e como profeta Paços Coelho.
GostarGostar
O plural de «forum» não é fóruns. É «fora». Vamos lá corrigir isso, PMF, para re-prestigiar o Blasfémias.
GostarGostar
Também concordo com o que é preciso mudar revolucionariamente.
GostarGostar