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Francisco Louçã

25 Outubro, 2012
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Poucas terão sido as vezes em que estive de acordo com Francisco Louçã. Da ideologia política à mundividência, da ideia de liberdade ao modelo de sociedade, nos conceitos mais essenciais e nas coisas mais elementares, quase tudo nos divide.

Mas seria impróprio não reconhecer que hoje a Assembleia da República perdeu um dos deputados mais brilhantes que a nossa Democracia conheceu.

De uma inteligência provocadora e fulgurante, detentor de um verbo inusitadamente acutilante, sustentado numa cultura invulgarmente sólida, Francisco Louçã era um parlamentar temível que raramente vacilava fosse qual fosse o seu adversário. E enfrentou muitos, ao mais alto nível: Guterres, Barroso, Santana, Sócrates e Passos Coelho, entre tantos outros.

Quando escutava as suas intervenções políticas, sentia uma mistura de malquerença e de admiração, uma repulsa pelo conteúdo estranhamente embaralhada no respeito pela dimensão do parlamentar que sempre percebi muito acima da maioria dos seus pares.

Que ninguém o duvide – o Parlamento ficou muito mais pobre.