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É importante não esquecer algumas mudanças importantes com o 25 de Abril

25 Abril, 2013

É preciso crescimento, dirá… qualquer pessoa. É a panaceia para se manter a ideia do “espírito de Abril”, permitindo perpetuar a ideia vaga de existência de uma alternativa ao que grosseiramente se decidiu chamar “austeridade”. Austeridade, de acordo com o dicionário e com o uso comum fora do jargão contestatário, significa “com rigor, com rigidez, com pouca ou nenhuma flexibilidade”.

No jargão contesto-inconformado, o significado dado à palavra “austeridade”, é o de “constrangimento”, que de acordo com o dicionário, tem acepção como “violência que tira liberdade de acção”.

Reparando numa certa incongruência linguística entre acepções formais e acepções populares, e sendo hoje 25 de Abril, dia da liberdade, peguei em dados disponíveis a qualquer pessoa, via Pordata, e elaborei estes dois gráficos, que eventualmente poderão ser maçadores para quem prefere que “o povo é quem mais ordena” seja extensível ao dicionário da Língua Portuguesa, consoante o partido no poder.

Crescimento do PIB per capita (1961-1973)

Crescimento do PIB per capita (1974-2011)

Agora, sim; gostaria de falar sobre a semântica inerente à narrativa austeritária, o crescimento e a dívida; dívida que alguns considerarão irrelevante para tudo isto, eufemismo para “não a quero pagar”.

Não me interpretem mal: estamos melhor que em 1974; só não se percebe qual é o crescimento que nos salva do “constrangimento” da acepção contesto-inconformada de “austeridade”; e sobretudo, onde encaixa a patologia dos Órgãos de Soberania identificada por deputados da Nação em discussões sobre Abril.

31 comentários leave one →
  1. Fincapé's avatar
    Fincapé permalink
    26 Abril, 2013 00:24

    Finalmente, alguém prova, com gráficos e tudo, que é necessário voltar a crescer… significativamente.
    E tinha de ser eu a dizer isto. Eu a quem parece que não são possíveis crescimentos sem fim, num planeta com recursos tão limitados e já tão excessivamente maltratado.
    Às vezes, soltam-se-me palavras na zona reptiliana do cérebro e não as seguro, como se fosse um liberal puro e duro. 😉

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  2. Golp(ada)'s avatar
    Golp(ada) permalink
    26 Abril, 2013 00:25

    A meditar…
    http://www.youtube.com/watch?v=QiY8QB1fNAY&NR=1

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  3. Expatriado's avatar
    Expatriado permalink
    26 Abril, 2013 00:30

    “…….dívida que alguns considerarão irrelevante para tudo isto, eufemismo para “não a quero pagar”.”
    .
    Pronto, o jovem Vitor Cunha vai rapidamente descobrir que nao fala marciano…….

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  4. Portela Menos 1's avatar
    Portela Menos 1 permalink
    26 Abril, 2013 00:35

    ninguém avisou vitorcunha que no Blasfémias já existe JMiranda para nos dar música com gráficos 🙂
    agora a sério, o conceito de austeridade, politicamente falando, é EMPOBRECIMENTO, ou, para o jargão liberal, ajustamento ou desvalorização de salários/rendimentos de trabalho. Joao Miranda não é só conhecido por fazer mapas um bocado malucos; também é conhecido por ser defensor da desvalorização salarial; vitorcunha vem fazer equipa com JMiranda?

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    • neotonto's avatar
      neotonto permalink
      26 Abril, 2013 07:15

      O Cunha empezou muito bem desenvoltando e desempolvando o “seu” abril de 1974.
      Vamos ver lá que tal, com o capítulo proximo ou seguinte dia …26 de abril de 2013. 🙂

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  5. Expatriado's avatar
  6. rui a.'s avatar
    rui a. permalink
    26 Abril, 2013 02:44

    Bem-vindo, caro Vitor. Abç., RA

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  7. Incognitus's avatar
    26 Abril, 2013 03:42

    Se o principal problema era um desequilíbrio externo, e indo uma parte dos salários para comprar bens ao exterior, é óbvio que reduzir os salários não é um bug da solução, é sim uma feature.

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  8. Hawk's avatar
    Hawk permalink
    26 Abril, 2013 07:32

    A solução devia-se inspirar nas doutrinas sociais-democratas: a UE lança um imposto progressivo sobre os países mais ricos da UE e o produto será encaminhado para os países mais carecidos. Alguma dúvida de que é este o melhor caminho? A não ser que se chegue à conclusão de que os meios de pagamento em circulação (euro) pouco têm a ver com a produção o que então já seria um imposto geral. Alguma outra alternativa? A guerra!

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  9. Tiro ao Alvo's avatar
    Tiro ao Alvo permalink
    26 Abril, 2013 08:09

    Gráficos interessantes, sem dúvida. Mas seria também interessante que nos mostrasse, em gráfico ou não, a evolução do PIB per capita, a preços constantes, durante os mesmos períodos. E, se assim fizesse, poderíamos ver como esse valor duplicou durante a década de 60, mesmo com o esforço de guerra que então enfrentávamos.
    Estou em crer que os Portelas e os outros ficar-lhe.iam agradecidos.

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  10. Piscoiso's avatar
    26 Abril, 2013 08:58

    O que vem graficar, pretende provar que a liberdade é despíbica!
    Eu ainda vivi um tempito antes do 25A e não me lembro de ter menos pib.
    Lembro sim, que havia menos liberdade.
    Se calhar nem era autorizado a fazer esses grágicos com linhas vermelhas, por vermelhas serem, quiçá de comunista infeltrado.

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  11. kiitossakidila's avatar
    26 Abril, 2013 09:28

    Aprendo muito convosco!

    Obrigado!

    Pergunto além de lermos, reflectirmos e teclarmos o quê que em termos PRÁTICOS pode ser feito por pessoas educadas (polite), com conhecimento e com imaginação?

    Que soluções implementáveis existem?

    Aguardo as vossas propostas práticas!

    Por favor, nas soluções não incluam o 1% que manda!

    As soluções somos nós!

    The political machine triumphs because it is a UNITED minority acting against a DIVIDED majority.
    Will Durant
    http://www.brainyquote.com/quotes/authors/w/will_durant.html

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  12. Tiro ao Alvo's avatar
    Tiro ao Alvo permalink
    26 Abril, 2013 09:29

    O Piscoiso, com aquela do “despíbica”, quererá dizer-nos que não pode haver aumento do PIB em liberdade?

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  13. André's avatar
    André permalink
    26 Abril, 2013 09:29

    Sabe, quem pudesse contestar que o PIB não cresceu durante o Estado Novo seria parvo. Agora, não é por acaso que há um belíssimo cartoon relativo a Portugal antes da revolução onde aparece um velho analfabeto agarrado a um cofre. O cofre, cheio de barras de ouro não melhorava a vida desse velho, não o fazia mais feliz, mas ele tinha esse ouro.
    Se durante o Estado Novo tivessem melhorado a indústria nacional (em vez de terem medo do crescimento do proletariado), talvez os portugueses não tivessem de importar tantos produtos, evitando a fuga desses capitais para o estrangeiro. No fundo, o único motivo por que tínhamos um PIB maior nessa época não era por produzirmos mais, era por vivermos mal, muito mal. Ou, como diz o autor do post, “estamos melhor que em 1974”.
    .
    PS: repare-se no gráfico que até 2002 o PIB continua a crescer, mas seguindo a tendência da Europa Ocidental de ter um fraco crescimento. O nosso problema, é que nunca tivemos um crescimento forte. Repare-se também que desde 1971 o crescimento do PIB português estava a decrescer, sendo que no período de 72 a 73 há uma diminuição quase equivalente à do período seguinte. Repare-se também que é com as tão contestadas medidas do Sócrates que em 2009 voltamos a ter um grande crescimento do PIB.

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    • Tiro ao Alvo's avatar
      Tiro ao Alvo permalink
      26 Abril, 2013 09:35

      André, desculpa que te diga, mas tu não sabes o que é o PIB.

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      • André's avatar
        André permalink
        26 Abril, 2013 10:51

        Produto interno bruto – O produto interno bruto (PIB) representa a soma (em valores monetários) de todos os bens e serviços finais produzidos numa determinada região (quer sejam países, estados ou cidades), durante um período determinado (mês, trimestre, ano, etc). O PIB é um dos indicadores mais utilizados na macroeconomia com o objetivo de mensurar a atividade econômica de uma região. (Definição básica da wikipedia, não tive paciência para procurar mais)
        Sim, sei o que é. Simplesmente sabe tão bem como eu que a “produção” envolve os ativos bancários (de outro modo países como Luxemburgo ou Liechtenstein teriam um PIB baixíssimo). Falo dos ativos bancários por causa da poupança dos portugueses e das remessas dos emigrantes.

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    • Francisco Colaço's avatar
      Francisco Colaço permalink
      26 Abril, 2013 10:07

      André

      Em 73 houve a…

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      • André's avatar
        André permalink
        26 Abril, 2013 10:54

        Crise petrolífera, então admite que a economia estava completamente de rastos quando o 25 de abril, fazendo com que muita da produtividade nacional fosse afetada ainda por essa crise (mais os outros choques que se seguiram).

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  14. Nuno's avatar
    Nuno permalink
    26 Abril, 2013 09:51

    Gostava de ver o mesmo gráfico para a Alemanha entre 1933 e 1945 e depois de 1945 até 2013 😛

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  15. SM's avatar
    26 Abril, 2013 10:38

    E não terá nada a ver com a crescente instabilidade mundial desde o fim de Bretton Woods e a liberalização da circulação de capitais? E outros países comparáveis não cresceram mais até à década de 1970 e depois também não andaram aos soluções? E ponto de partida baixo de PT não dá taxas de crescimento maiores? E não terá nada a ver com incompetentes PPMM desde Soares a Passos?

    Não… A culpa é do 25 de Abril.

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  16. pobrecaprilles's avatar
    pobrecaprilles permalink
    26 Abril, 2013 10:57

    Excelso Francisco Colaço, vossa excelência ainda não patinou? Julgava-o a fazer tijolo…

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    • Francisco Colaço's avatar
      27 Abril, 2013 14:53

      Pobrecaprilles,

      Ainda não patinei. Estou mais ou menos ausente do Blasfémias, mais para o menos do que o mais.

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      • Francisco Colaço's avatar
        27 Abril, 2013 15:00

        Em 1975 e 1976 todo o resto do mundo tinha superado a primeira crise petrolífera. Esta retornou mais tarde, no meio da presidência de Jimmy Carter.

        Admita, André, os socialistas e os comunistas governaram muito mal a casa deles. Consegue dar-me uma razão para acreditar que eles podem governar a minha quando, nos países em que o socialismo foi implantado, miséria, prisão e faltas de tudo excepto de faltas.

        Veja o meu comentário sobre um estudo de Kowenhoven, baseado em estatísticas soviéticas sobre a produtividade da economia industrial soviética quando comparada com a da indústria americana desde 1936 até 1989.

        Obrigatória anedota soviética.

        — Quando é que se vai implantar o socialismo nos Estados Unidos?

        — Livrem-nos desse dia. De quem é que iríamos importar trigo?

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  17. vitorcunha's avatar
    vitorcunha permalink*
    26 Abril, 2013 11:40

    O PIB aumenta: o que os gráficos mostram não é a variação do PIB e sim a variação e tendência da sua taxa de crescimento. O ponto é: como se “fomenta o crescimento”? É possível “fomentar o crescimento”? Se é possível “fomentar o crescimento”, quem o fez? “Fomentar o crescimento” significaria uma linha de tendência plana (taxa de crescimento constante, se superior a zero) ou ascendente (aceleração).

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  18. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    26 Abril, 2013 12:00

    Vamos ver se percebi:
    O PIB era melhor na ditadura.
    Sendo assim, há que arranjar uma ditadura para melhorar o PIB.
    Ahh, mas não, não é preciso ditadura, basta austeridade.
    Vai-se então ao dicionário.
    Austeridade = Rigor. Severidade.
    Quanto ao rigor, basta uma folha do Excel.
    Severidade uma ova.

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    • Tiro ao Alvo's avatar
      Tiro ao Alvo permalink
      26 Abril, 2013 14:14

      Piscoiso, não era o PIB, era o crescimento do PIB, que são coisas diferentes, como as próprias palavras indicam.

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  19. André's avatar
    André permalink
    26 Abril, 2013 12:45

    “Não me interpretem mal: estamos melhor que em 1974″…a sério! Então o resto do post quer dizer exactamente o quê?

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    • vitorcunha's avatar
      vitorcunha permalink*
      26 Abril, 2013 13:07

      Quer dizer:

      “Quando dizem que é preciso fomentar o crescimento, estão a falar de quê? Aparentemente fomentaram mais o crescimento quando não planearam fomentar o crescimento”.

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  20. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    26 Abril, 2013 14:24

    @piscoiso

    Nah para Soci@listas Austeridade é má , Rigor é Bom

    Rigor foi a palavra Volte-Face do Mitterrand depois de ter colocado a França na bancarrota e começar os cortes…

    http://fresques.ina.fr/jalons/fiche-media/InaEdu00151/le-tournant-de-la-rigueur-sous-le-gouvernement-mauroy.html

    Jacques Delors
    “Nous ne pouvons pas continuer à consommer plus que nous produisons, à acheter plus que nous ne vendons à l’étranger. “

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  21. Expatriado's avatar
    Expatriado permalink
    26 Abril, 2013 15:51

    A proposito de França….. e para entreter extra-terrestres
    .

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