de protecção em protecção
A União Europeia apresentou hoje o seu mais recente plano proteccionista, este para “revitalizar” a siderugia na Europa, por sinal, um sector sobredimensionado e com a procura em queda. Esta é a visão que as autoridades da União Europeia têm actualmente da economia: criar condições artificiais de viabilidade económica para certas empresas, impedindo que o mercado se reajuste por si mesmo. Mais do que um verdadeiro plano de apoio à economia, trata-se de um acto desesperado de apoio aos políticos, que têm de enfrentar os erros que cometeram nos seus países e de que o desemprego é, infelizmente, a primeira parcela dessa pesada factura. Foi nisto que a União Europeia, inicialmente um projecto de mercado livre e de concorrência aberta, se transformou, sendo que os resultados estão bem à vista de todos: de protecção em protecção, até ao estouro total dos sectores “protegidos”. Nessa altura, graças à “protecção” de uns em detrimento de todos, não haverá quem se salve.

Caro Rui A.,
O “mercado” não se reajusta porque o mesmo se encontra distorcido à partido.
No caso das siderurgias, por exemplo, para além de sobrecustos existentes á produção de aço – muito por via da “mania” das energias renováveis, que veio artificializar o preço da electricidade e que é o principal custo no aço fora matéria-prima – existe, de facto, concorrência desleal com a India e a China, em que as respectivas indústrias siderúrgicas são fortemente subsidiadas e existe uma diferença alfandegária significativa.
Poder-me-á responder com a resposta-tipo “liberal” de que não-sei-o-quê depois compramos o aço mais barato à custa dos gajos (India e China). Claro, por uns tempos, até deixar de existir aço cá e depois como é? Vai-se a correr abrir siderurgias?
Existem algumas indústrias que são estrategicamente importantes para qualquer país e que ultrapassa a pura “lei do mercado” (ex. siderúrgica, eléctrica, petroquímica) e é preciso ter um bocado de cuidado com os “liberalismos acéfalos”.
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Carlos Duarte,
Fica por saber até que ponto se está a comprometer (à custa de cada vez mais impostos) todo o resto da economia para sustentar indústrias “estrategicamente importantes”.
É que, e suponho que seja esse o ponto do post do Rui, tão importante quanto ter cuidado com os “liberalismos acéfalos” é ter cuidado com os “socialismos acéfalos”.
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Caro Joaquim (se me permite),
Existe uma diferença entre proteger sectores e proteger empresas – infelizmente por cá misturam-se as duas. Se me perguntar se eu acho bem proteger a EDP, não acho. Acho que a empresa deveria ter sido desmembrada a tempo e horas e que, neste momento, o Governo devia revogar CMECs (já a garantia de potência é outra história, por motivos técnicos).
Porquê? Porque já existem outros electroprodutores e porque podiam existir mais. No caso da GALP (outro dos monopólios) nada me chocava que as refinarias tivessem donos diferentes ou que fosse construída uma terceira.
Agora, aqui não se fala nada disso. Fala-se de existir siderurgia (nacional ou europeia) ou não. E a EU não deve permitir que esta desapareça. Para depois não vir a pagar com juros más decisões políticas tendo por base um conceito de comércio livre “hippie”, em que somos todos amigos do Mercado. Por experiência, já não tenho pachorra (nem fé) em “kumbayas” económicas.
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Caro Carlos, (e permito, sim senhor, sem ironia)
Proteger um sector é proteger da concorrência e dos resultados da má gestão as empresas que operam nesse sector, à custa de dinheiro tirado a empresas que operam com sucesso noutros sectores.
O resultado é que as primeiras deixam de ter motivação para serem competitivas e bem geridas porque a sobrevivência está sempre assegurada. A gerência pode distribuir os prémios e benefícios que quiser e os sindicatos podem fazer as exigências (e greves) que quiserem sem temerem as consequências.
E as segundas acabarão por preferir deslocar-se para países onde os seus lucros não sejam pilhados para sustentar empresas que só se mantém com apoios estatais.
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O Carlos argumentará que não, que a protecção não é a empresas específicas mas a todo o sector, mas o resultado é o mesmo.
Se o sector é dinâmico, com muitas empresas de dimensão variada, a protecção estatal não faz sentido. Se é muito pequeno e estagnado, com poucas empresas e de grande dimensão, o Estado não pode deixar cair nenhuma.
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A siderurgia é de facto um sector estratégico mas não o são todos?
Concordo que, no limite, esse sector seja protegido através da integração da nacionalidade do fornecedor como factor de preferência nos concursos públicos. Naturalmente, não como factor de exclusão mas com um peso específico na avaliação global das propostas.
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o neo tontismo quando não é mera conversa para papagaios e mordomos que não o nosso próprio grupo e defesa dos seus próprios recursos é por definição acefalo e um gigantesco cornetto na testa
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Jorge Araujo,
Não me parece que responder ao “neo tontismo” com “estúpido socialismo” seja de louvar.
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Meu caro, tem a ideia da % das exportações nacionais que são realizadas pela Siderurgia Nacional? E sabe que 40% da electricidade consumida em Portugal é consumida pela Siderurgia Nacional?
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Claro que não têm, nem quer ter, tudo o que choque contra o neo tontismo utópico é melhor não saber
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“”Meu caro, tem a ideia da % das exportações nacionais que são realizadas pela Siderurgia Nacional? E sabe que 40% da electricidade consumida em Portugal é consumida pela Siderurgia Nacional?
E então?
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Não sabe, é isso?
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ah , a grande culpada pela dependência energética portuguesa é então a siderurgia 🙂 será que compensa com as exportações ? na volta dá soma nula.
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O aumento da produtividade foi tão grande nos últimos anos, em todos os setores, que não deve ser possível fazer recuar as taxas de desemprego. Pelo contrário, vão continuar a subir, mesmo que o PIB aumente.
Ninguém fala disto, andam todos a dormir?
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