Gasparzinho, o fantasma camarada
Os portugueses estão sofrendo com as medidas de austeridade, não resta a menor dúvida, e é compreensível a revolta popular. Dito isso, a solução não está em relaxar o aperto e partir para novas rodadas de aumento de gastos públicos, justamente a razão do problema. Gaspar virou símbolo de tudo que há de terrível na economia, incorporando a bandeira da austeridade, vista como pecado atualmente. Mas tal como o Gasparzinho do desenho animado, ele é um fantasma camarada: parece assustador, mas no fundo é seu amigo.
Recomendo aos patrícios a leitura do livro “Portugal na Hora da Verdade”, de Álvaro Santos Pereira. O economista e Ministro da Economia e Trabalho coloca o dedo na ferida, quando diz:
Lamentavelmente, os nossos défices orçamentais são crônicos, persistindo quer em períodos de forte crescimento econômico, quer inclusivamente após a nossa adesão ao euro. Qual é o problema? O problema é que os défices têm de ser financiados e, mais cedo ou mais tarde, pagos. Por isso, uma das conseqüências dos défices orçamentais é fazer crescer a dívida pública de um país. No fundo, tudo se passa como num orçamento familiar: se continuarmos a gastar acima dos nossos rendimentos, a única maneira de mantermos os nossos gastos e hábitos de consumo é pedir emprestado. O mesmo acontece com o Estado: quando as receitas estatais (os impostos, etc.) são menores do que os gastos (isto é, quando há défice orçamental), o Estado tem de se endividar para suprimir a diferença. Ou seja, a dívida pública é a irmã gêmea dos défices orçamentais. E é exatamente isso que tem acontecido em Portugal: nos últimos anos, os défices orçamentais crônicos e crescentes têm feito aumentar substancialmente a dívida pública nacional.
Leia mais aqui.

Constantino,
Repare que nem todos os críticos de Gaspar são contra a austeridade. O que transcreve de Álvaro Santos Pereira é o óbvio. Não deverá haver défices, nem no orçamento das famílias, nem no dos governos. Quando houver necessidade de os criar, deverão ser sustentáveis. Mas não é isso que está em causa. Passos Coelho chumbou o PEC IV de Sócrates porque o achava muito doloroso para os portugueses. No entanto, foi muito mais austeritário, incumprindo sistematicamente as promessas feitas. Além do mais, apenas depois de ganhar as eleições começou a anunciar que o país deveria empobrecer.
Ora, ao fim de dois anos de austeridade, não houve qualquer medida visível em relação à economia, anunciando-se apenas agora a necessidade de investimento.
É o próprio Gaspar que o diz na carta a Passos Coelho.
Concluindo: não foi a austeridade que tramou Gaspar. Foi o facto de ele não ter acertado uma única previsão, tendo crescido muito acima do previsto os défices, a dívida (logicamente), o desemprego.
Não acredite apenas no que lhe dizem os ultraliberais. Em mim pode acreditar. Aliás, sou a favor do cumprimento dos mandatos dos governos. 😉
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E que sabe o Constantino acerca de PECs (I,II,III,IV)?
Sospeito que menos que da NSA porque naquele outro assunto ainda coincidiu estando em umas ferias com um tal Edward Snowdem e lhe fiz umas pequeñas intimidadecitas e tal…:)
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Há uma relação directa entre a demissão de Gaspar e os chumbos do TC aos Orçamentos por si propostos. Lendo a sua carta de demissão (e para lá da referência às diferentes correntes de opinião dentro do Governo) é possível concluir que para Gaspar existe uma incompatibilidade entre a “cura” de que o País carece e a Constituição portuguesa.
Curiosamente (ou talvez não…), nenhum debate, nem comentador de serviço, explora este ângulo. O futuro dirá se “o ministro que falha todas as previsões” tinha razão…
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/04/haraquiri-de-passos.html
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Reporto ao priimeiro parágrafo só para rebater a tese maniqueísta (muito propagada pela direita que nos governa) de que “relaxar o aperto” é entrar em novas “rodadas de aumentos de gastos públicos”. Esta é tese de tontos ou demagogos.
Quanto ao Álvaro, ficou-se pelas banalidades
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“…a única maneira de mantermos os nossos gastos e hábitos de consumo é pedir emprestado“.
Bem, existe outra. Passar a ganhar mais. Mas isso não interessa.
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” A receita proposta é a típica liberal ”
.
Tem a certeza?
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GOLPADA : PAULO PORTAS PEDIU A DEMISSÃO !!
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Até que enfim . Toma lá o monte de porcaria sr P.R.. Segurou ao colo o “engenheiro” e o “Passos” e estes fizeram-lhe uma borrada no regaço!
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Para não haver défices, não basta não gastar. É preciso produzir. Se não o fizerem os défices são inevitáveis.Não ter compreendido isto, foi o grande falhanço do governo.
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Fantástico! Este gajo é um génio.
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