O insustentável peso da mentira
Reparo, com a habitual bonomia suicida da politiquice nacional, um alívio pela saída de Vítor Gaspar, como se esta representasse o início de uma alternativa à aritmética. Habilmente disfarçada de consequência da “democracia de rua“, um paradoxo por natureza, os detractores da austeridade tomam os outros por papalvos – como aliás sempre fizeram – no típico jogo deslumbrado do sebastianismo quase-erótico da idolatria pelo facilitismo.
Tal como com a Grécia ou a com a França, nada me custaria observar, de fora, o trauliteirismo das cantigas ocas anti-austeritárias, uma espécie de recusa popular pela retórica política ainda incompreendida pelos partidos de poder, eventualmente em crescendo de contestação por promessas impossíveis de cumprir. Por outro lado, ao contrário da na Grécia ou na França, eu vivo em Portugal.
Adenda: para quem não entendeu, o endeusamento não é pela figura de Gaspar ou do próprio governo e sim pela Sagrada Constituição e as suas gárgulas em forma de tribunal que asseguram que os interesses se mantenham na despesa sectária que os contribuintes não conseguem pagar.

Em França apaga-se a luz1
“French public monuments, churches, stations, offices and billboards will be blacked out beginning at 1am.”
http://www.thelocal.fr/20130701/city-of-light-set-for-dark-nights-amid-energy-law
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Realmente, a saída de Gaspar não coincide com uma nova versão do Excel.
Mas ela chegará, mesmo sem D.Sebastião.
De resto, com a versão actual podem obter-se resultados diferentes com os mesmos valores inseridos. Basta mudar a página em que se inserem.
É a política, stupid.
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Para além de termos um governo e um PSD muito mais enfraquecido, não vamos ver qualquer alteração na política portuguesa. Isto não é uma mentira.
Ahhh, estava-me a esquecer, o CDS-PP vai iniciar a retomada política, isso vai-se ver já nas próximas sondagens.
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Essa tendência de endeusamento é a prova que a fé é mais utilizada que o raciocínio.
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não sabia que o endeusamento sebastianista era também uma das caracteristicas do neo tontismo mais fanático, estamos hoje, como antes na merda, não há para alguém minimanente lucido qualquer homem providencial que tenha alguma espécie de magia redentora, mas lê-se estes avisos e um tipo quase que pensa que o planeta parou por causa disto. Enfim, haja paciência para tanto orfão
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E não notou esse mesmo fenómeno há 2 anos atrás?!…
Que curioso…
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O endeusamento é pela Sagrada Constituição. Há dois anos era por um autocrata de nariz batatudo considerado sexy platina.
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eu também vou fumar umas ganzas!
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Repito:
Os motivos da demissão estão bem claros na carta, tal como na Grécia aqui ganhou o tribunal Constitucional, última linha de defesa dos “nobres princípios” que nos orientaram desde 1974 protegendo uma concepção do Estado insustentável e que falhou em todas as partes do mundo em que foi tentada nos últimos 100 anos. E protegendo sobretudo o “arco da governação” que vive à quase 40 anos no conforto da “alternância democrática” e que com raríssimas excepções fez questão de ao fim de 2 anos não fazer a mais pequena reforma do Estado através dos ministérios que controla. E ainda hoje ninguém lhes pergunta por uma reforma anunciada para Fevereiro…
Por mais planos que tivesse para manter um mínimo equilíbrio das contas públicas (aliás reconhecido por todos os avaliadores), com as constantes rasteiras do TC a missão tornou-se impossível e em qualquer caso só seria duradoura se cada um dos ministérios aceitasse reduzir-se, reformar-se, ganhar eficiência, despedir pessoas, baixar as regalias de quase todos, etc. E quase nenhum tomou essas medidas.
Perante a dimensão do Estado que o “arco” insiste em manter (pois dele se alimenta desde sempre) e a que o povo se habituou, Gaspar limitou-se a mostrar e explicar quanto custa esse Estado. Mas nada pode quando a última linha de defesa dos interesses de sempre ilegaliza a cobrança do preço real do Estado ao mesmo tempo que proíbe a redução do mesmo Estado.
E enquanto os portugueses não enfrentarem esse “monstro”, os mesmos de sempre safar-se-ão em teatrinhos políticos de alternância, enquanto todos os outros, reféns, continuarão a pagar com o seu suor ou a rastejar por uma esmola dos senhores políticos.
Nos tempos mais próximos tentarão convencer-nos que a nova ministra vai seguir o mesmo rumo, que foi professora de Passos e portanto não tem medo (?) dele, mas não se trata de uma independente, está alinhada com o partido, alguém a colocou na Refer, teve de reportar a alguém no ministério da Economia, no IGCP, terá as suas fidelidades, já não apenas para com a missão que o país precisa de ver cumprida.
E o primeiro sinal vamos vê-lo assim que for “aligeirada” a lei dos compromissos, a enorme rolha que impede quase todos de gastar o dinheiro que não temos. E assim que isso acontecer, apertem os cintos de segurança, o caminho para a bancarrota seguinte estará traçado.
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É o *arco* que te chateia?
*Alternância* que vês então?
O que há a fazer, nesta teia,
A malta em R´volução?
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“…um alívio pela saída de Vítor Gaspar, como se esta representasse o início de uma alternativa à aritmética.”
– Teria sido necessário que a aritmética do Gaspar resistisse à prova dos 9. Não resistiu.
Se o Vítor quer dizer que esta ministra é pior, tem toda a razão: é ainda pior!
Ou seja, Passos só consegue de mau para baixo. O que, sendo ele péssimo, até é se compreende. 😉
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O que não resiste à prova dos 9, Fincapé, é a insustentável não-leveza do pensionista.
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Está a chamar gordos aos pensionistas? Eu acho que muitos andam é inchados. 😉
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“Reparo, com a habitual bonomia suicida da politiquice nacional, um alívio pela saída de Vítor Gaspar”.
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Alívio? Com a substituta em causa, não me parece que haja motivo para tal.
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Leiam a carta de demissão do Gaspar e facilmente concluem que, ele próprio, há muito tempo, sabia ter perdido o controlo do barco. A culpa é do Tribunal Constitucional? Admitir isso, é admitir que se faça letra morta de qualquer constituição. Que me recorde, em tempo algum a atual maioria tentou mudá-la.
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Está enganado. Antes de eleições toda a gente ridicularizou Passos por pretender alterações constitucionais.
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Mas, Vítor, parece-me que dizê-lo antes das eleições não tem nada a ver com a posterior apresentação, ou não, de propostas na AR. E efetivamente a grande convicção de Passos terminou com a eleição. Aliás, terminou bastante antes das eleições.
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Uma revisão constitucional exige 2/3.
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Eu sei, Vítor. 😉
Ou seja, o PCP e o BE nunca deveriam apresentar propostas de Lei porque só representam 20% dos deputados?
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Porque é que, Fincapé, sabendo que estou de férias, me lembra dessa desgraça nacional que é a existência de dois partidos comunistas no parlamento?
Já nem me vai cair bem gastar dinheiro recebido em Portugal num país estrangeiro, acto que faço normalmente com o extremo gosto de saber que privei o estado de mais receita para despesa.
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Bom (des)argumento, Vítor. Peço desculpa, não lhe queria estragar as férias. Saí dez dias há emanas e não levei computador. Nem sabe o que sofri sem vir ao Blasfémias. 🙂
Mas pelo menos livrei-me das más notícias e lembranças durante oito dias. Algumas dadas por si, obviamente, que não gosto de lhe retirar os louros. 😉
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A constituição, como está, não serve para nada. Serve o imobilismo. O TC defende a ideia de que os “servidores do Estado” devem manter-se positivamente discriminados porque são melhores que os outros que, sendo, privados apenas são “servidores de si próprios”. Estes senhores podem reformar-se aliás com cerca de 10 anos de trabalho e isto a partir dos 40 anos. Estes srs. não aceitam diminuição dos salários e pensões da função pública favorecendo os despedimentos no seu seio. O TC é hoje absolutamente dispensável. Portugal precisa de uma bancarrota para as pessoas perceberem que podem perder muito mais do que aquilo que hoje choram que perderam.
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“…me lembra dessa desgraça nacional que é a existência de dois partidos comunistas no parlamento?” Sorte sua que é só no parlamento. Agora levar com o PSD, PS e CDS em sucessivos governos que só fizeram e fazem merda é o quê?
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É não ser governado pela junta militar, seu fascista.
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A estes que estão sempre a bater no *arco*
tenho um refrão: *cresçam e apareçam*.
ou melhor * A URSS (pró-contra) é a única coisa que *os* divide.
De resto quanto a *democracia em acção* tem-na, mas tão peculiar,
tão específica, que não caímos nela, sure?
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O Gaspar usava Excel 97, 2010 ou Excel Místico?…
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“Adenda: para quem não entendeu, o endeusamento não é pela figura de Gaspar ou do próprio governo e sim pela Sagrada Constituição e as suas gárgulas em forma de tribunal que asseguram que os interesses se mantenham na despesa sectária que os contribuintes não conseguem pagar.”
De facto, onde já se viu este desmedido respeito a uma Constituição? E como se atrevem esses malandros do Tribunal Constitucional a desempenhar as suas funções? Afinal de contas esta larga maioria de coligação tem um claro mandato dos Portugueses para atropelar a Constituição se julgar necessário. Não se pode exigir a um ministro das Finanças que governe em concordância com um documento que define os direitos e liberdades fundamentais dos seus cidadãos. Extravagâncias portuguesas e inteiramente inéditas noutros Estados democráticos que não deixam qualquer outra escolha senão a demissão de Gaspar. Especialmente quando o Tribunal Constitucional demonstra uma total insensibilidade à situação nacional e nem deixou que, em 2012, fossem retirados o subsídio de férias e de Natal aos funcionários públicos, apesar da medida estar visivelmente ferida de inconstitucionalidade.
Assim não se consegue trabalhar. O que é preciso é suspender a Constituição, neste ou qualquer outro momento de emergência nacional, porque é muito menos trabalhoso do que a manutenção dum Estado de direito democrático ou do que reunir os votos de 2/3 da Assembleia da República necessários à alteração da Constituição enquanto se hostiliza sistematicamente o maior partido da oposição
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Os viúvos do gaspar… e do passitos lambão… aí estão eles!
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