Manifestações na era digital
4 Julho, 2013
As manifestações que tomaram as ruas do Brasil representam um fenômeno complexo, que pegou quase todos de surpresa, e que demanda explicações variadas. Um dos nomes muito citados, como especialista no assunto, foi o de Manuel Castells, sociólogo catalão. Gosto de ir na fonte, e li Networks of Outrage and Hope: Social Movements in the Internet Age, a fim de conhecer melhor seus pontos. Confesso que fiquei decepcionado.
Há pontos importantes levantados pelo autor, sem dúvida. Mas, em linhas gerais, fiquei com a impressão de estar diante de um Sartre em Maio de 68. Castells não esconde seu profundo entusiasmo com essa “nova” forma de se fazer política, de substituir uma democracia representativa repleta de falhas por uma democracia mais “direta”. A inclinação do autor à esquerda é evidente o tempo todo.
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“O indivíduo não está mais sozinho; ele participa de uma rede gigantesca que lhe dá força para lutar por um “mundo melhor”.”
– O indivíduo nunca esteve sozinho, Constantino. É da história. Os pequenos grupo sociais, como a família, os clãs, as tribos, as organizações, enfim, a sociedade. Há alguns animais que caçam sozinhos, como os felinos e as cobras. Mas muitos vivem em sociedades. Você pensava que sim?
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Castells, que não trata muito bem das origens dos problemas econômicos desses países, ou quando o faz aponta para os culpados errados (modelo capitalista financeiro em vez de estado de bem-estar social),
– Trata bem trata, Constantino. O capitalismo financeiro improdutivo, muito dele que resultou de empórios industriais, mas que agora prefere parasitar em vez de trabalhar, é o maior cancro do planeta. Tem um enorme potencial destrutivo do ambiente e dos recursos, em nome dos lucros infindos e cada vez maiores. Esconde-se atrás das participações em empresas, mudam o capital de um lado para o outro, provocando oscilações injustificadas no suposto valor das empresas e vivem de cara mais ou menos escondida. Formaram uma espécie de casino planetário e nem sequer pensam que só temos um planeta. Ao , livrarem-se do contacto com trabalhadores os esqueceram-se da relação humana e, por isso, o preço do trabalho não é estabelecido em função do seu real valor, mas de um mercado desumano. É o preço do leilão como no tempo dos escravos. À moda da Maria Antonieta “não têm pão, como brioches”.
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“Com o tempo, muitos movimentos foram se esvaziando,”
– Eu acho que isto se diz desde os gregos. E, afinal, quando é necessário aí estão. Foi assim que se conquistou o bem-estar social que o ultraliberalismo agora quer destruir. As 4o horas de trabalho, os cinco dias por semana, as férias, a estabilidade no trabalho, a educação, a saúde, a reforma…
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“a natureza humana é complicada.”
– Pois é, Constantino. Os liberais é que acham que os mercados, resultantes da ação da natureza humana, são racionais. E por isso basta deixá-los funcionar. Muito me alegra que tenha aprendido esta. 😉
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