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Quantos hectares fazem exactamente 3,14 latifúndios?

20 Dezembro, 2013

Como é que o argumento “é preciso respeitar as leis” se coaduna com “é preciso uma revolução”? Não coaduna, não encaixa, não faz qualquer sentido. Exigir o respeito por leis em qualquer circunstância significa aceitar qualquer ditadura, coisa que os adeptos da revolução não aceitam: só aceitam, claro, a ditadura por eles imposta com a tal revolução desejada.

As leis são artifícios semânticos que pretendem modelar os preceitos do funcionamento dinâmico do colectivo, e, por isso, falíveis até como aproximação grosseira. Se as leis não são dinâmicas, adaptadas consoante as circunstâncias e, sobretudo, mediante a vontade popular, então o respeito por estas é uma forma de devoção fechada, do tipo top-down, vulgarmente denominada por teocracia.

Não que isto seja particularmente relevante para as decisões do Tribunal Constitucional: à falta de uma lógica unívoca, esta substitui-se pela “interpretação do espírito” da coisa; ou seja, governar a reboque de decisões baseadas na interpretação pessoal do topo das instituições é uma forma interessante de reconhecer que a democracia portuguesa não é mais que a delegação das decisões do colectivo num grupo não-eleito de intérpretes do espírito dado a um documento elaborado num período pós-revolucionário de dança de cadeiras.

Continuo à espera de saber quantos hectares fazem um latifúndio. Decerto o espírito da constituição pode ser invocado pelos anciões de toga para me fornecer uma resposta cabal: aposto em 42.

25 comentários leave one →
  1. PiErre's avatar
    PiErre permalink
    20 Dezembro, 2013 19:55

    Esta coisa de ser apparatchik do regime em exercício parece não dar tréguas à imaginação. Deve ser uma canseira do caraças, não é verdade senhor Vitor Cunha?
    O que vale é que quem corre por gosto não cansa…

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  2. YHWH's avatar
    YHWH permalink
    20 Dezembro, 2013 19:59

    Com a experiência de ROUBO da maioria dos latifundiários, tais cálculos revelar-se-ão ardilosos…

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  3. Piscoiso's avatar
    20 Dezembro, 2013 20:13

    Um latifúndio não tem de ser necessariamente medido em hectares.
    Pode ser medido em hectolitros de vinho ou alqueires de trigo.

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  4. licas's avatar
    licas permalink
    20 Dezembro, 2013 21:04

    . . . Mas uma Piscovice, essa mede-se (inversamente) ao
    intervalo de tempo que um fulano muda 180 graus de opinião
    quando (para seu espanto, e miséria) o *patrão (Sócrates)
    revela *urbi et orbia* como se deve tratar um episódio: 3 DIAS MAL MEDIDOS.
    *Eleições Já . . .*
    ESTE GAJO tornouse o *apanhado* de 2013 . . .

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  5. licas's avatar
    licas permalink
    20 Dezembro, 2013 21:06

    . .
    __________tornou-se (sorry) . . .

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  6. zazie's avatar
    zazie permalink
    20 Dezembro, 2013 21:14

    Ó Vítor Cunha, não me diga que também ainda não sabe o que é realmente um latifúndio.

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    • fado alexandrino's avatar
      20 Dezembro, 2013 23:44

      LOL(ada), o homem não pode viver sem a mulher assim como a mulher não pode viver sem o homem. Ainda não havia gays nem LGBT nem Bloco de Esquerda. Onde é que andará este educador da classe operária? Num Banco? Numa Empresa Pública?

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    • vormit's avatar
      vormit permalink
      21 Dezembro, 2013 09:46

      dassseeee!!!! A minha Maria é um latifundio…

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  7. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    20 Dezembro, 2013 22:00

    Sobre este caso pode dizer-se que privilégios alcançados inconstitucionalmente são protegidos pela Constituição.

    Mas nem isso, como a Constituição está mal escrita e não faz sentido com normas contraditórias entre si o que se pode dizer é que qualquer decisão que saia do Tribunal Constitucional é ao mesmo tempo Constitucional em algumas normas e Inconstitucional noutras…

    Pior, há normas que nem sequer são respeitadas desde o nascimento da Constituição.

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  8. javitudo's avatar
    javitudo permalink
    20 Dezembro, 2013 22:34

    Os juízes do TC em breve serão mansos como cordeirinhos.
    Não é por causa do passos, tenham calma. O passos é outro cordeirinho.
    Com passos ou sem passos a questão é a mesma.
    Vai ser mais uma desilusão para os estalinistas de serviço, sempre no afã de encontrar mais um escolho. Não leram o que fidel disse mais ou menos, nos anos 60 do século XX: a revolução só terá sucesso se os apanharmos de um só golpe e com força.
    O arménio, o geróimo, a avoila, o nogueira, a moreira, a apolónia, todos juntos não vão lá das pernas. Atrasam o inevitável, alto preço para quem trabalha e paga impostos.
    Há tipos que ainda não perceberam onde estão, para onde nunca irão. Não fazem ideia de quem manda neles por interposta figura, má figura é certo. Haverá razão para pensar que outro faria melhor figura? É preciso se burro.
    O que vão os netos deles pensar da famiglia? Ainda bem que não lhes interessa senão pintavam a fuça de preto já que o vermelho desbotou.

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  9. Julio Ferreira Pinto's avatar
    Julio Ferreira Pinto permalink
    20 Dezembro, 2013 22:40

    De quando em vez passo por aqui. Algumas vezes o Vitor Cunha me baralhou. Mas hoje, e peço-lhe antecipadamente desculpa por isso, mostrou-me que afinal é apenas mais um pateta que anda aqui a exibir-se.
    O que seria de uma sociedade em que as leis fossem o que o VC acha que deveriam ser!

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    • Alexandre Carvalho da Silveira's avatar
      Alexandre Carvalho da Silveira permalink
      21 Dezembro, 2013 00:50

      A nossa sociedade é o espelho das sociedades onde existem muitas leis, mas para não ser cumpridas. Quem é que em Portugal cumpre a Lei?

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  10. tric0001's avatar
    tric0001 permalink
    20 Dezembro, 2013 23:22

    era mais que previsível que tal iria acontecer, tempo perdido…tal como a manutenção no Euro…
    .

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    • tric0001's avatar
      tric0001 permalink
      20 Dezembro, 2013 23:47

      o estado tem como função defender os portugueses era bom que começa-se a defender os endividados portugueses…se o Estado só pensa em como resolver o seu endividamento e esquece-se do endividamento das famílias é um Estado Judaico!! se apresenta Leis que combatem o endividamento deste…e combate as leis que visam a redução do endividamento das famílias em particular e das PME´s em geral, então este Estado é um estado Judaico!! ainda para mais quando actualmente o estado controla a Banca Portuguesa e protege os seus accionistas…o Sol quando nasce é para todos…e o Estado tem a obrigação de zelar que isso aconteça! veja-se o caso do ruinoso negócio da transferência do Fundo de Pensões da Banca para o Estado com o apoio da Europa!!!

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      • Tiradentes's avatar
        Tiradentes permalink
        21 Dezembro, 2013 09:56

        Se o estado COMEÇASSE a defender as dívidas das famílias seria um estado mais judaico. COMEÇA-SE na família que somos todos nós ou seja o estado.

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  11. @!@'s avatar
    @!@ permalink
    20 Dezembro, 2013 23:29

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  12. Rogerio Alves's avatar
    Rogerio Alves permalink
    20 Dezembro, 2013 23:37

    42 como reverência a Douglas Adams, suponho.

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  13. @!@'s avatar
    @!@ permalink
    20 Dezembro, 2013 23:40

    Para ajudar a resolver a equação

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  14. sergiomartins's avatar
    sergiomartins permalink
    21 Dezembro, 2013 12:01

    vitor cunha dixit “um grupo não-eleito”… passa-se o mesmo com as agências de rating e os mercados, ninguém os elegeu para dar ordens aos governos.

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    • vitorcunha's avatar
      vitorcunha permalink*
      21 Dezembro, 2013 12:03

      Ordens? É ao contrário: paga-se para que emitam uma opinião.

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      • André's avatar
        André permalink
        21 Dezembro, 2013 12:56

        Ora aí está uma despesa em que se pode cortar… O Vitor às vezes dá ótimas ideias.

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      • sergiomartins's avatar
        sergiomartins permalink
        23 Dezembro, 2013 19:45

        paga-se no caso dos mercados… paga-se a players que estão na jogada… é o mesmo que pedir a uma ladrão que seja o seu próprio juiz…

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  15. Trinta e três's avatar
    Trinta e três permalink
    21 Dezembro, 2013 23:30

    “Exigir o respeito por leis em qualquer circunstância significa aceitar qualquer ditadura, coisa que os adeptos da revolução não aceitam: só aceitam, claro, a ditadura por eles imposta com a tal revolução desejada”.
    .
    Não é verdade e é a própria constituição (a nossa) que lhe garante o direito de não ter que respeitar, “em qualquer circunstância”, uma ditadura. Claro que, numa ditadura, não teríamos a nossa constituição, com o direito à indignação e à revolta perante abusos de autoridade. Mas o seu problema é outro: pretende justificar as medidas anticonstitucionais do atual governo. Ora, aí a coisa complica-se porque, não tendo os partidos maioritários apresentado qualquer proposta para alterar a Constituição, o governo sabe (ou devia saber) que tem que governar respeitando-a. Ninguém os obrigou a ir para lá…

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