Impossível, para o que eles contam gastar
As condições apresentadas no prefácio do Cavaco Silva para se cumprir o Pacto Orçamental são as seguintes:
1- excedente primário anual de cerca de 3% do PIB
2- crescimento nominal de 4%
Cada uma destas condições têm sido quase unanimente considerada impossível de atingir.
Note-se que um superavit primário de 3% implica um défice de 1,5% no início do período de corte de dívida e de 3,75% quando a dívida atingir os 60%. Ou seja, o sonho desta malta toda continua a ser viver permanentemente com défices elevados. 1,5% não chega. Parece que nem 3% lhes chega. Quanto ao crescimento nominal de 4%, corresponde a um crescimento real de 2% se a inflação for próxima do valor de referência do BCE (2%). Também é impossível, claro, até porque eles não imaginam crescimento sem endividamento galopante.

Com a economia a caminho da deflação lá se vai o cenário idealista.
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Facto!
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“Andàmos” não sei quantos anos a construir uma divida estratosférica. Agora é que “nos preocupamos” porque não conseguimos pagá-la, e para resolver o problema “achamos” que os outros, os que nos emprestaram, é que se devem responsabilizar pelo seu pagamento. É brilhante, genial até, e temos de concordar, típicamente português.
Não quero ser chato, mas então e o resto? Portugal e os portugueses, ou seja, o estado as empresas e as famílias devem qualquer coisa como 720 000 milhões de euros (SETECENTOS E VINTE MIL MILHÕES DE EUROS), que representa 4,5 vezes o PIB. Isto não preocupa os 70 mais os apendices de última hora, que não assinaram, mas teriam assinado se os tivessem convidado. Mas devia…
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Pois, os portugueses devem uns mil milhões.
Acontece que sou português e não devo nada a ninguém.
Pior, foram-me ao bolso para ajudar a pagar as dívidas dos caloteiros.
Sem me pedirem opinião.
Paga e não bufa.
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É um sortudo o Piscoiso, vive apenas com aquilo que tem ou que ganha. Se Portugal fosse um país de Piscoisos, nem estàvamos aqui a discutir se as dividas são para pagar, ou para irem pró tecto. Um exemplo a seguir, o “nosso” Piscoiso…
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Não, meu caro. Não me tenho como exemplo.
Cada qual sabe de si.
O meu comentário resultou da sua generalização “portugueses”.
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De vez em quando acontecem-me estas coisas aqui no Blasfémias, e hoje o meu “fora da caixa” é estar de acordo com o Piscoiso.
Eu aceito que há uma divida brutal, não me sinto responsável porque nos meus votos não constaram apoios a partidos que quiseram fazer obras megalómanas, mas como vivo por cá e ainda por cima trabalho para o Estado tenho de ser solidário.
Até compreendo que para reduzir o défice e criar excedente primário se tenha de fazer alguma coisa.
O que já me custa a entender é que me tratem por “esta malta toda” como se fosse normal a redução necessária ser da ordem dos 10% (estou a simplificar, considerando com o défice Sócrates teve um máximo de 11), já me terem retirado 25% e continuarem a dizer que a solução passa por me tirar mais.
Quem é que anda por aí a contribuir com zero?
Se aquilo que me aumentaram de desconto para a ADSE tivesse sido aplicado a toda a SS, sobrava para aí dinheiro no OE para limpar o défice e comprar meia dúzia de flotilhas de submarinos.
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Churchill,
Um comentário e uma pista para uma resposta:
1. Quando refere que o défice de Sócrates foi no máximo de 11%, convém ter em atenção que o défice é calculado sobre o PIB e não sobre as receitas do Estado. Se fizer a correção, verifica que o défice de Sócrates estava próximo dos 25%, tendo em consideração que as receitas do Estado andam na casa dos 40% do PIB… Talvez isso explique um pouco melhor o corte de 25% (embora não o justifique).
2. Relativamente à sua pergunta de quem é que anda por aí a contribuir com zero, acho útil consultar a página 18 do Orçamento Cidadão: http://www.portugal.gov.pt/media/1348545/orcamento%20cidadao.pdf
É engraçado ver como a progressividade funciona para os contribuintes em Portugal. Pelo corte que diz ter tido calculo que pertença a um dos grupos entre os 13 e as 35 mil famílias que contribuem tanto como o conjunto de 3 milhões de famílias. É verdade que há uma enorme desigualdade de rendimentos, mas a contribuição relativa é incomparavelmente mais desigual.
Espero que ajude.
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Churchill, note que os défices são anuais, e a “somar”, digamos assim. Num ano 11%, noutro 8%, e por aí adiante. Tudo somado ascendem a mais de 120% do PIB.
Por outro lado a ADSE é uma vantagem que têm os funcionários públicos, vantagem que lhes deve sair do bolso, tal como sai do bolso das pessoas abrangidas por outros subsistemas, como é o caso do SAMS, para onde os bancários descontam 3%. Desde há muito.
Se aumentassem 3% a toda a gente que está inscrita na SS para comprar submarinos, seria um autentico “saque”. Por mim, o óptimo seria vender os submarinos. Isso é que era bom, ficaríamos todos melhor: menos gastos de manutenção com aqueles “luxos” e menos dívida pública, mesmo que fossem vendidos a preço de saldo…
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Pedro Carlos
Sim, eu percebo que o défice é sobre o PIB, mas olhar para as despesas do Estado (que paga para todos os contribuintes do PIB) e relacioná-las apenas com os salários dos funcionários e daí vir aos 25% que já perdi parece-me ver apenas o copo meio cheio. Uma coisa é uma prestação social que o Estado pagará em função das suas capacidades (e durante muito tempo julgou-se que eram infinitas), outra é o salário que paga aos trabalhadores de acordo com aquilo que produzem. Digo eu que só vejo o copo meio vazio!
O trabalhador que estava nos CTT públicos será o mesmo que estará hoje no privado. Porque é que antes era despesa (sendo que a empresa dá lucro) e agora não (com o lucro a remunerar acionistas e a pagar de impostos uma parte de IRC)?.
Nem tudo são Deputados da República e Bombeiros Sapadores, que evidentemente são despesa pública essencial.
Cortar em serviços que se sustentam com receitas próprias é perder dinheiro.
Sim, a progressividade é brutal.
Curiosamente os magotes que enchem as manifestações diárias da CGTP são em grande parte os que ainda não perderam quase nada. Estão mal mas já estavam antes e nem se percebe como ambicionavam estar melhor tendo em atenção as reduzidas competências e capacidades que possuem, na grande maioria dos casos, claro!
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Tiro ao Alvo
A ADSE é um seguro de saúde, sim, mas enquanto custo sempre saiu da rubrica “despesas de pessoal”.
A SS também é uma despesa, e se os FP saírem da ADSE vão para lá. Isso tem custo e parece que andam a esquecer-se!
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Agora não nos compare com o SAMS.
Quando os bancários pagam 4,5% isso já inclui a prestação para a reforma e saúde. Nós pagamos 11 (CGA)+3,5(ADSE)% (apesar do veto do PR mais mês menos mês vai ser isso), e da mesma CGA sai a pensão para todos, como compensação pela passagem do fundo de pensões de bancários e PT para a divida do Estado.
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Percebo no entanto que não queira ver o seu aumento de impostos para pagar submarinos, mas eu também não queria e foi o que me sucedeu, mas em vez de dividir a despesa por todos os cidadãos foi só pelos FP.
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O Churchill está a falar do que não sabe. Informe-se e depois apareça.
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Tiro ao Alvo
Se por “não sabe” entende a ADSE de que sou pagador há dezenas de anos, ou do SAMS de que sou cônjuge de uma pagadora há dezenas de anos, então vá lá dar lições ao Pai Natal!
Quem não sabe do que fala não sou eu certamente!
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Eu teria assinado mas evitei ser chamado “aquela gente” 🙂
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Quer dizer que podemos então concluir que o João Miranda acha exequível aquele cenário macroeconómico traçado por Cavaco.
É uma opinião.
Só não percebo porque acha tão grave que exista um conjunto de pessoas que tenha opinião diferente.
É tudo uma questão de convicção.
Se realmente for aceitável que se tenha como impraticável aquele cenário, então o mais honesto será declará-lo desde logo e procurar uma solução alternativa, seja ela qual for.
Doutra forma estaremos pura e simplesmente a enganar os credores.
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Com todo o respeito, mas essa de “enganar os credores” é para a gente se rir, não é?
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Longe vão os tempos em que os portugueses sabiam ler nas entrelinhas; agora se não lhes fizerem um desenho, a grande maioria não entende o que lhes põem à frente para ler.
Cavaco que acha que os portugueses são mais perspicazes do que são na realidade, pôs-se a fazer contas e a dizer que os tempos de somar dois mais dois e dar cinco ou seis acabou; daqui prá frente, dois mais dois terá que dar três, ou, com um bocadinho de sorte, dar apenas quatro.
Cavaco sabe melhor do que ninguém que os indices que apresentou não têm correspondência na vida prática; ele quiz apenas dizer que daqui prá frente, como de resto Soares já tinha dito há trinta anos atrás, temos de viver apenas com o que conseguirmos produzir: não há endividamentos para sustentar défices, ou que não sejam para investimentos produtivos.
Mas que querem, o Senhor Presidente não resiste a mostrar que conhece bem os números do nosso descontentamento; daí até setenta pândegos se terem posto a fazer contas de merceeiro para justificar o injustificável, foi um ai.
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Lá está, se o próprio “Cavaco sabe melhor do que ninguém que os indices que apresentou não têm correspondência na vida prática”, para quê andar-nos a enganar.
Mais vale assumir que é assim e procurar uma forma honesta e responsável de resolver o problema.
Os “setenta pândegos” apontaram um caminho, mas certamente haverá outros.
A não ser que estejamos tão viciados a conviver com as mentiras dos políticos que rejeitemos liminarmente a verdade com medo da ressaca.
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O caro Ze Gneiss também não percebeu; fui eu que me expliquei mal concerteza.
O caminho não é o que os 70 pândegos apontaram, esse é o mais fácil. O caminho é o outro, ou seja, gastarmos apenas o resultado da riqueza que formos capazes de produzir, irmos, de acordo com os credores, ajustando a divida às circunstâncias da nossa economia, porque eles querem receber o dinheiro que emprestaram.
Se quem emprestou, nomeadamente a troika, pensasse que Portugal teria de ter durante vinte anos crescimentos de 4% em média, e produzindo excedentes primários de 3% durante o mesmo periodo, nunca nos teriam emprestado um chavo, porque não é preciso ser economista para saber que isso é impossivel.
O que me parece pouco sério, esquizofrénico até, é depois de se ter criado durante 15 ou 20 anos uma divida desta dimensão, vir dizer que não a podemos pagar, porque não conseguimos criar riqueza para isso, portanto os credores que se lixem.
O caminho que os 70 pândegos apontam é o caminho para mais ninguém nos emprestar dinheiro. Para coisa nenhuma!
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Pergunta invconveniente: quando esta maltósia toda (ministrada e outra cambada) assumiu os compromissos que assumiu em nosso nome e representação não sabia o que estava a assinar? Os economistas (e outros vigaristas) acordaram agora?
Quer a malta queira, quer não, razão tem o Ulrich: ai aguenta, aguenta… Ou então saíamos do euro. Ficamos é a ver aéreos…
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JoaoMiranda,
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O prefácio do Cavaco Silva , foi escrito antes ou depois disto??? Ou seja, não é possível reduzir sustentadamente a dívida pública. A dívida é impagável na sua totalidade. Não é uma questão de se querer ou não pagar: é uma impossibilidade objectiva.
http://resistir.info/portugal/o_teixeira_17fev14.html
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Caramba o cobertor vai ficar todo roto com tanta gente a querer tapar pontas e depois vai ser necessário investir em agulhas, linha, pano para remendá-lo mas como não se pode gastar um tostão por causa do 1º endividamento na compra do cobertor.
É que se queremos participar na formula 1 vamos ter de gastar para conseguir um motor muito mais eficiente. Veja-se o historial
http://www.geralforum.com/board/934/440317/industria-automovel-portuguesa-automoveis-portugueses.html
Vamos então cortar nos salários para tentar produzir mais barato e mais rápido e melhor??? e a matéria prima? e a maquinaria? e a tecnologia? vamos poupar aonde??? na energia quando se pretende deixá-la de a subsidiar?
Façam as contas que entenderem criem as percentagens que quiserem, facto é que temos de produzir com muito mais valor acrescentado do que estamos a fazê-lo e insisto na pergunta: como é que perdemos cota de mercado de azeite na china para os espanhois, e como os italianos vendem azeite de super qualidade comprado em Portugal?
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Já reparou na falácia? Quanto aos automóveis, comparam-nos com países como E.U.A., França, Alemanha, etc. Tem ideia da dimensão dos respectivos mercados internos?
Quanto ao azeite, tem noção que valor acrescentado, qualidade e quota de mercado não se implicam necessariamente? Porque mistura tudo?
Ex: a diminuição de quota de mercado na China pode resultar de uma aposta na qualidade (DOP) que atinge um segmento mais pequeno quando analisado o mercado em toda a dimensão. É que querer comparar quotas de mercado na China em competição com a Espanha é como comparar condições endógenas de mercado para uma indústria automóvel com os países supra, um despropósito. Não basta querer, é preciso saber como. No seu exemplo do azeite para italianos: se o vendemos em bruto é uma coisa, se o vendemos como produto final devidamente engarrafado e rotulado, é outra (valor acrescentado). Acresce que nem sempre o custo de acesso a um mercado se paga em produções com a nossa dimensão. Se é para fazer equivalências pegue no exemplo do calçado Made in Portugal, só tem um defeito esse exemplo: só servirá para dizer bem da nossa evolução em produto mas também em práticas de gestão e conceptuais.
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Está a dizer que temos o defeito de nos localizarmos na periferia dos grandes mercados o que acarreta os custos do costume, como tem sido sublinhado por quase todos os ministros da economia, pelo que ao entrarmos na União Europeia foi para tentar combater esses desiquílibrios investindo em vias de comunicação mais eficientes só que nos esquecemos de outros factores para alcançar a produtividade europeia, mais ou menos como na área em que vivo em que os produtos são todos mais caros, a mão de obra bastante mais barata e não qualificada e daí até à a depressão em que se encontra mergulhada é um passo.
Esclarecedor sobe o azeite português foi uma entrevista do director de informação da RTP (Paulo Ferreira) ao director da Maria da Guarda em Serpa (João Cortez) em que este explicou o porquê de não criar uma marca própria dado os custos e tempo que isso acarreta.
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Ou seja, Fátima é ali prós lados das Caldas da Rainha, mesmo ao virar da esquina.
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É isso mesmo… Impossível para quem gosta de gastar o dinheiro dos outros como eles gostam. Se os cortes de despesa tivessem sido como deve ser, sem esta escumalha de penduras a decidir se é constitucional ou não, já o Estado estaria com as contas equilibradas. Valha-nos Santa Troika! Troika, não te vás embora sem mais… Por favor!
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