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Carros eléctricos chineses

19 Junho, 2024

O recente episódio da guerra aberta entre a União Europeia e a China a pretexto da indústria de automóveis eléctricos é um manancial infindável da ignorância e falácias de toda a espécie sobre comércio internacional, propaladas por políticos, dirigentes e economistas.

No breve espaço desta crónica não tem cabimento desconstruir todas as palermices que se vão ouvindo por aí sobre conceitos como o de «comércio justo», «reciprocidade comercial», «defesa da indústria local» e outros lirismos vários. Apenas chamarei a atenção para três historietas normalmente utilizadas por quem é a favor ou contemporiza com a imposição de restrições à importação para a Europa de veículos eléctricos com origem na China, nomeadamente impondo tarifas e impostos adicionais que podem chegar a representar mais de metade do preço destes carros.

Desde logo, não existem carros «alemães» nem carros «chineses». As cadeias de produção estão integradas a nível mundial e por isso a origem das componentes de um carro é tão diversa e a incorporação de valor num automóvel tão geograficamente diversificada que ignorar estes factos seria compreensível num homem das cavernas, mas é suspeito vindo de quem sabe ler e escrever.

A Comissão Europeia da santinha Von der Leyen grita e protesta contra os supostos subsídios que o governo Chinês oferece aos seus construtores permitindo-lhes praticarem preços baixos. “Alto e para o baile que isso é uma injustiça para a Europa!”, dizem os burocratas europeus que omitem que a própria Europa subsidia a indústria local, cheios de vontadinha de fazer praticar as mesmas manigâncias de que acusam os chineses. Mas, pior do que isso, os dirigentes da União Europeia ficam tristes por os consumidores europeus terem acesso a produtos mais baratos à custa do dinheiro dos contribuintes chineses. Ou seja: os chineses pagam para os europeus gastarem menos dinheiro, e a Dona Ursula acha isso um desaforo…

A classe dirigente tem investido milhares de milhões de euros a tentar impor aos cidadãos a parva e histérica narrativa da emergência climática e da absoluta necessidade de uma transição energética. Ora, quando marcas automóveis chinesas colocam no mercado produtos que servem esse propósito, a Comissão Europeia faz flic-flac à retaguarda nas suas intenções de salvar o mundo do apocalipse climático e evidencia que os seus propósitos são afinal outros bem diferentes, aliás idênticos aos da mais antiga profissão do mundo.

A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

3 comentários leave one →
  1. JgMenos permalink
    20 Junho, 2024 02:59

    Simplificar raramente anda longe de disparatar.

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  2. freakonaleash permalink
    20 Junho, 2024 12:08

    A IL percebe tanto de indústria automóvel e do caso particular chinês como eu percebo de cultivo de cogumelos.

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  3. 20 Junho, 2024 18:46

    Quando é que os mercados não funcionam nos USA?

    Quando existe um grupo de pressão que impede que os mercados funcionem.

    O carro eléctrico tem mais de 100 anos.

    Não proliferou porque não havia baterias capazes nem interesse por elas.

    A indústria de informática californiana desenvolveu baterias para PC portátil e resolveu fabricar as mesmas na China.

    A GENERAL MOTORES aparece com um carro revolucionário o chevy volt um carro eléctrico com extensor de autonomia e o mercado ignora.

    OS chineses descobrem um falha de mercado e lançam um cavalo de Tróia. O Elon Musk. A Tesla o carro americano com baterias chinesas.

    O carro elétrico surge como o Santo Graal da Humanidade.

    A China tem carros eletricos para vender a todos em 2025 bons e baratos.

    O Xeque Mate que a indústria chinesa infligiu se deve ao facto do mercado livre da América não funcionar por influência da malta do Petróleo.

    A loira pintada que manda na Europa, que nada percebe de geografia e pensa num mercado de 500 milhões (Quando o chineses já trabalham para um mercado de 3000 milhões) resolveu correr atrás do prejuízo e resolveu taxar os elétricos chineses.

    Os chineses ok a nós taxamos o carros de combustão alemães.

    É pena que o mercado livre não funcione nos EUA.

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