O voto Chega

Concordo com praticamente tudo, mas devo fazer uma ressalva, respeitante a esta passagem: «… A classe dirigente e as elites culturais e mediáticas, que se têm organizado de forma clandestina num aparelho de troca de favores e lealdades subterrâneas.» Pelo contrário, essa organização e essa troca de favores são frequentemente, habitualmente, «às claras», publicamente assumidas; um exemplo é o apoio directo em milhões de euros, disfarçado de compra de publicidade, de governos (tanto PS como PSD fizeram isto) a empresas de comunicação social que, de outra forma, enfrentariam sérios riscos de falência.

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Finalmente, os portugueses parecem querer acordar da longa letargia de 50 anos que os estupidificou, acreditando ingenuamente nas promessas levas-o-vento que PS e PSD engendraram nas nossas mentes como utopias vendáveis.

Os cravos fizeram dos portugueses escravos do seu tempo que ainda não viram a liberdade e a democracia tão prometidas bater-lhes à porta, no flagelo da vida sempre dura e difícil, enquanto os outros, os que se aproveitam do megafone da política e do cartão partidário, continuam a protagonizar arruadas só para inglês ver, onde prometem tudo, até baixar o tempo de gravidez nas mulheres e a idade de reforma nos homens, porque o défice há-de nos seguir sempre como a ameaça da morte.

A praga cigana, dizem os mais antigos, dura uma semana, mas a praga do Egipto arrasou com a esquerda, que sem saber como, tal e qual como o lince da Serra da Malcata, está em vias de extinção. Com rezas, benzeduras e assombrações à parte, o país parece que está a querer mudar.

O medo recalcado de nos afirmarmos tomou conta de nós como uma nacionalização ad-hoc, privatizámos os nossos sonhos e ambições, queremos ser disruptivos e subversivos, numa outra forma de estar na vida, para causar danos e sobressaltos aos partidos habituais do sistema que têm dividido entre si os quinhões do açambarcamento.

As ladainhas saídas do Largo do Rato ou da Soeira Pereira Gomes já não chegam ao céu, nem tão pouco encontram espaço fértil na terra para as suas profecias laico-marxistas.

O Chega chegou na hora, no exacto momento em que todos os outros parecem estar a definhar, comunicação social incluída, que vivem em bolhas de condomínios fechados, sem conhecer as ruas e os desabafos que delas imanam.

Eles andam preocupados porque nós incomodamos, eles andam cabisbaixos porque nós ousámos enfrentá-los, eles andam em pânico porque a mama vai-se-lhes mesmo acabar, eles queriam prolongar o prazo da demagogia mas vão ser todos encostados à parede. Sem piedade!

O PS vai-se reunir em conclave para saber qual o rato que vai para a ratoeira. O Manuel, que andava sempre alegre, mesmo no tempo do exílio, passou a Manuel triste.

O PCP já só tem três deputados. Passou a ser o partido do pim-pam-pum, qual dos três não vale nenhum.

No Bloco de Esquerda, a Mariana que era gémea, passou a ser filha única. Já só lhe resta o lenço da Palestina como herança. O Rosas, o Fazenda e o Louçã, regressaram ao Lar. Está na hora da caminha…

Segundo se consta, os desempregados do PCP e do Bloco já arranjaram trabalho num restaurante paquistanês, no Martim Moniz. Prometedor…

O Luís Montenegro, vai continuar como primeiro-ministro, mas a recibo verde, que é uma espécie de avença igual à do Solverde, porque nisto de casinos o melhor é apostar as fichas todas antes que alguma bola de golfe o atinja sem capacete.

E enquanto a Ucrânia resiste à Rússia de Putin, e Israel não pára enquanto não eliminar o Hamas, são guerras que estão para lavar e durar, e nem mesmo o novo Papa terá diplomacia suficiente e hóstias em quantidade para converter tantas almas perdidas.

E eu que sou do Benfica, ainda não percebi porque é que os socialistas ficaram com cara de Benfica e os Benfiquistas com cara de Pedro Nuno Santos. Este domingo, no Jamor, vou ver se percebo a piada, ou então, chegar à conclusão que até nem tiveram piada nenhuma.

Resumindo e concluindo: não acredites nas sondagens, acredita mais no teu coração, que isso das percentagens, são pequenas lavagens, que querem pôr à prova a tua razão.

Quem vota Chega tem sempre razão!

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