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Verdades inconvenientes sobre as eleições 2025

2 Junho, 2025

O que se viveu nestas eleições legislativas — tanto em Portugal como na diáspora — foi um verdadeiro terramoto seguido de tsunami político. O impacto foi tão profundo e destructivo para o sistema instalado desde 1974 que deixou a comunicação social generalista sem chão, engolindo em seco. Alguns disfarçaram mal o rancor, outros deixaram transbordar o ódio por todos os poros, chegando ao ponto de exigir a extinção de partidos democraticamente eleitos e legalmente reconhecidos pelo Tribunal Constitucional. Uma reacção tão desproporcionada quanto reveladora do desespero de quem sempre se sentiu dono do regime.

Pela primeira vez, assistimos à verdadeira derrocada do socialismo em Portugal: a extrema-esquerda quase varrida do Parlamento, e os socialistas da chamada — e ilusória — esquerda moderada relegados para o terceiro lugar do pódio. Moderada, aliás, em nada: o socialismo sempre foi a antecâmara do comunismo, o caminho para um Estado cada vez mais controlador, invasivo e totalitário. Como foi possível chegarmos a este ponto?

A resposta a esta pergunta é simples, e tenho falado nisso desde que sou cronista aqui: políticas socialistas que promoveram o abandono total das populações trabalhadoras e cumpridoras dos seus deveres individuais e colectivos, em todos os segmentos da vida em sociedade.

Era evidente, pelo menos para mim, que décadas de políticas do “faz de conta que governamos enquanto enchemos os bolsos à conta dos contribuintes” teriam um preço elevado, mais dia, menos dia. Também avisei, em 2016, que aquele que um dia levantasse a voz contra estas más práticas, as denunciasse e prometesse combatê-las ferozmente, iria sobressair e fazer uma “revolução” ao sistema instituído. Para alguém atento, não era difícil adivinhar que, se esse indivíduo surgisse, nada ficaria como dantes.

Após a usurpação do poder por António Costa, derrotado nas eleições de 2015, ao aliar-se aos comunistas – também eles derrotados – para poder governar, abriu-se a Caixa de Pandora que viria a determinar o princípio do fim da era dourada do PS. Nenhum cidadão, da esquerda à direita, viu esta aliança com bons olhos. E com razão: foram os quatro anos mais destructivos (a seguir à bancarrota de Sócrates) para o nosso país. O que aconteceu durante a Geringonça?

  • Cativações orçamentais.
  • Precariedade e baixos salários.
  • Falhas no acesso e qualidade dos cuidados de saúde.
  • Falta de médicos de família e urgências encerradas.
  • Desvalorização da carreira médica e do SNS.
  • Saída em massa de profissionais de saúde.
  • Falta de políticas de longo prazo para integração social.
  • Crise habitacional agravada, com turismo a pressionar preços.
  • Programa “Mais Habitação” criticado por ser tardio e ineficaz.
  • Lentidão na execução do PRR (Plano de Recuperação e Resiliência).
  • Transportes públicos sobrecarregados e falta de investimento estrutural.
  • Infraestruturas envelhecidas e investimento baixo.
  • Fecho das centrais a carvão.
  • Apoio à mobilidade eléctrica e incentivos a energias renováveis.

Em resumo:

  • Cativações orçamentais significativas, especialmente em Saúde e Cultura, causaram sub-execução orçamental e dificultaram investimentos essenciais.
  • Apesar do aumento do orçamento, persistiram problemas estruturais: tempos de espera elevados, falta de médicos em zonas carenciadas, degradação de infraestruturas.
  • A crise da habitação agravou-se: falta de oferta no mercado de arrendamento; aumento dos preços da habitação; medidas como o Programa de Arrendamento Acessível chegaram tarde e com pouco impacto imediato.
  • Precariedade laboral: apesar da criação de emprego, muitos postos eram precários e com baixos salários.
  • Falta de reformas estruturais nas leis laborais.
  • Investimento público baixo: níveis mantiveram-se abaixo da média europeia durante quase todo o mandato; infraestruturas e serviços públicos ressentiram-se da falta de renovação e manutenção.

Mas houve mais prejuízos para a qualidade de vida dos portugueses. Apesar do discurso de reversão da austeridade, com a Geringonça (2015–2019) alguns impostos subiram ou foram criados:

  • Imposto sobre os combustíveis (ISP): aumentado várias vezes, mesmo com o preço do petróleo em baixa.
  • Imposto adicional sobre veículos.
  • IVA da eletricidade não foi reduzido, apesar de promessas.
  • Imposto sobre produtos com alto teor de sal e açúcar (como refrigerantes e batatas fritas).
  • Criação da taxa sobre alojamento local em algumas zonas urbanas.
  • Aumento de impostos indiretos (sobre tabaco, bebidas alcoólicas, etc.).

Com o PS em maioria relativa (2019–2023), houve aumentos fiscais ou manutenção de carga elevada:

  • Impostos indirectos continuaram altos (ISP, IVA, impostos sobre consumo).
  • IRS e IRC mantiveram-se com poucas alterações, apesar da inflação.
  • A “fiscalidade verde” (ambiental) aumentou com novas taxas e contribuições (ex.: plásticos descartáveis, aviação).

Sim, leu bem, houve aumento de impostos — sobretudo impostos indiretos e novas taxas. Apesar de alguma reversão das medidas da troika (sobretaxa de IRS, cortes salariais), a carga fiscal total aumentou — atingindo máximos históricos. A carga fiscal em 2022 foi a mais alta de sempre em Portugal: 36,4% do PIB, segundo o INE.

Como se não bastasse, foram ainda os pais da imigração descontrolada. No período da Geringonça deram início a políticas desastrosas neste sector:

  • Facilitação da regularização de imigrantes que comprovassem laços com o país (residência, trabalho, família).
  • Criação de “vias legais e seguras” de entrada com acordos bilaterais com países como Índia, Nepal, Marrocos e Brasil.
  • Abertura de vistos para procura de trabalho.
  • Validação de competências e formação para integração no mercado laboral.
  • Apoio a refugiados do conflito na Síria e reactivação da plataforma de reassentamento da UE.

O resultado?

  • Serviços de estrangeiros sobrecarregados (o SEF não tinha capacidade para responder à procura).
  • Integração desigual: dificuldades de acesso à habitação e aos serviços de saúde.
  • Falta de controlo eficaz sobre entrada irregular e exploração laboral.

No período seguinte, com a maioria relativa de António Costa, seguiram-se mais políticas ruinosas à imigração:

  • Criação da AIMA (Agência para a Imigração e Integração) em 2023, substituindo o SEF.
  • Extensão de direitos aos imigrantes com processos pendentes: acesso à saúde, NIF, segurança social.
  • Visto para procura de trabalho (até 120 dias, renovável por mais 60).
  • Simplificação de processos de regularização, especialmente para cidadãos da CPLP.
  • Protocolos com Brasil e outros países lusófonos para facilitar vistos.

Consequências:

  • Falta de controlo e planeamento estratégico: grande aumento da imigração sem investimento proporcional em serviços públicos.
  • Denúncias de exploração laboral e tráfico de pessoas.
  • Crise no SEF e transição conturbada para a AIMA: milhares de processos em atraso, pessoas sem documentos durante anos.
  • Aumento de tensões sociais em zonas urbanas com sobrecarga nos serviços.

Os prejuízos da imigração descontrolada ficaram por aqui? Não. Há cerca de 1,5 milhão de imigrantes com NISS mas sem registo activo de contribuições na Segurança Social. Isso não significa que todos vivem à custa do sistema, mas:

  • Muitos não trabalham legalmente (ainda).
  • Outros aguardam regularização.
  • Alguns estão em actividade informal.
  • Existem dependentes (filhos, cônjuges) sem obrigação de descontar.

A discrepância revela um modelo insustentável a longo prazo, se não houver políticas activas de integração laboral. Gera tensões sociais e percepções de injustiça fiscal entre os cidadãos nacionais. Pode colocar em risco a sustentabilidade da Segurança Social se o número de beneficiários passivos ultrapassar o de contribuintes activos.

Como se isto não fosse já o suficiente, fomos brindados, também, com escândalos e processos judiciais:

  1. Operação Influencer (2023)
    • Suspeitas de corrupção, tráfico de influências e prevaricação.
    • Envolveu António Costa (investigado), Costa Silva, Vítor Escária, João Galamba, Diogo Lacerda Machado.
    • Ligada a negócios do lítio, hidrogénio verde e centro de dados em Sines.
    • Levou à demissão de Costa em 7 de novembro de 2023.
  2. Caso TAP / Alexandra Reis (2022–2023)
    • Indemnização de 500 mil euros a Alexandra Reis.
    • Nomeada secretária de Estado do Tesouro.
    • Demissão de Pedro Nuno Santos.
    • Acusações de má gestão e falta de transparência.
  3. Caso Galamba (2023)
    • Reunião secreta com a CEO da TAP.
    • Frederico Pinheiro (ex-adjunto) alegou agressão.
    • Crise política; Costa recusou demissão, em conflito com o Presidente da República.
  4. Nepotismo e nomeações familiares
    • Mariana Vieira da Silva (filha de Vieira da Silva).
    • Outros governantes com laços familiares.
    • Acusações de clientelismo.
  5. Demissões em série (2022–2023)
    • Mais de 15 governantes afastados em 1 ano.
    • Motivos: suspeitas, incompatibilidades, escândalos.
  6. Caso Efacec / Isabel dos Santos
    • Nacionalização da Efacec.
    • Processo criticado por opacidade e risco para os cofres públicos.

Isto refere-se apenas aos últimos 8 anos de (des)governação de António Costa. E depois ainda há quem se espante com os resultados eleitorais de 2025, que deram um estalo de luva branca nos socialistas/comunistas. A sério?

É preciso um grau elevado de desonestidade intelectual para continuar a alinhar com o discurso desta comunicação social generalista, claramente comprometida. Uma imprensa que financia “jornalixos” e “comentadeiros” — sim, lixo informativo amplamente exposto — cuja missão é desinformar e moldar a opinião pública, alimentando a falsa ideia de que a vitória da direita conservadora se deve a discursos “radicais”. Chamam-lhe populista, extremista, racista, xenófoba (blá, blá, blá), apenas para afastar o eleitorado desses partidos. Se pôr fim ao regabofe em que se tornou o estado da nação é considerado extremismo, então que venha — e depressa — antes que deixemos de ter país. Não insultem a inteligência dos portugueses. Está mais do que provado: os jornalistas de hoje são meros fazedores de opinião, verdadeiras claques políticas, ao serviço de agendas bem definidas. Alguns cumprem ordens, outros fazem-no com entusiasmo. Mas estes resultados eleitorais também lhes pertencem — são o reflexo do descrédito gerado por um serviço público profundamente degradado.

Não foi por acaso que os nossos emigrantes votaram, de forma expressiva, pela mudança. Longe da propaganda dos media portugueses, não foram alvo da constante lavagem cerebral que por cá domina o espaço público. Sentem na pele as consequências das políticas que agora assolam o nosso país. Desejam um Portugal melhor, onde possam regressar sem sacrificar a qualidade de vida que conquistaram lá fora. Sonham com um país mais próximo da Suíça — e não de exemplos como a França. Conhecem bem os estragos que o socialismo causa à sociedade, porque viveram de perto a transformação de países como a Bélgica, a França, a Holanda e a Alemanha, para onde emigraram em busca de oportunidades. Têm a capacidade — mais do que ninguém — de comparar o antes e o depois.

As eleições de 2025 representaram o grito de ‘basta!’ de um povo que, finalmente, percebeu onde reside o verdadeiro poder para mudar o destino de Portugal. Um povo que exige estabilidade, responsabilidade e governação com sentido de missão. Este é o despertar colectivo em marcha — o início de uma mudança que os oligarcas deste país tentam travar, despejando milhões de euros nas mãos dos seus aliados institucionais. Mas não passarão. Portugal pertence ao seu povo — e a mais ninguém.

Estas eleições vieram apenas reforçar o recado claro deixado nas urnas em 2024: socialismo no governo, nunca mais! Aos senhores jornalistas, fica o apelo — respeitem a vontade do povo e deixem de se expor ao ridículo com narrativas forçadas e absurdas.

11 comentários leave one →
  1. freakonaleash's avatar
    freakonaleash permalink
    2 Junho, 2025 12:23

    É pena que a bolha dos media não faça eco do que aqui escreveu a Cristina!

    Oxalá o fim desses mercenários disfarçados de jornalistas esteja para breve!

    Liked by 2 people

  2. Desalinhado's avatar
    Desalinhado permalink
    3 Junho, 2025 08:43

    Não é por acaso que em Portugal se vendem mais jornalistas que jornais.

    Esta casta corporativa, formada e formatada nas madraças fanáticas do seguidismo, ainda não se deram conta do papel ridículo que afanosamente decoram e decalcam, dizendo e escrevendo banalidades com um ar muito académico, esquecendo que o desfasamento entre a imprensa e a sociedade, tal como entre a academia e a realidade, vão fortalecendo cada vez mais as ideias do Chega.

    Por isso e também por causa disso, a comunicação social está hoje totalmente desacreditada e representa interesses e agendas que não são de todo exportáveis para a maioria dos cidadãos.

    As televisões e os jornais estão inexoravelmente falidos, por muito que polígrafos e fact-chekings digam o seu contrário, e esta indesmentível realidade aliada à circunstância de um partido que eles tanto odeiam e criticam estar a conquistar, a pouco e pouco, Portugal e os portugueses, faz-lhes aumentar ainda mais a raiva e a azia, bem visíveis nas caras-de-pau com que ficaram após os resultados destas últimas eleições.

    Descobriram agora, estes experts da (des)informação, que Salazar tinha o monopólio da ditadura, mas nunca se deram conta que PSD e PS, ao longo de meio século, dividiram o duopólio dela.

    Que também, no tempo de Salazar, não podíamos sequer falar, esquecendo-se, estes arautos da liberdade, que mesmo que hoje o possamos fazer, todavia ninguém nos escuta ou ouve.

    Como eu entendo as mágoas e preocupações do Miguel Sousa Tavares, um morcão que trocou o seu norte por um monte alentejano a sul, precisamente uma região que começa a ser dominada pelo Chega.

    Como diz o André Ventura: tenham calma, que ainda não viram nada, pois o acerto de contas com a história é uma mera questão de tempo…

    Liked by 2 people

  3. Ausente52's avatar
    Ausente52 permalink
    3 Junho, 2025 09:42

    Respeitoso abraco (tenho 91 primaveras acumuladas) pelo seu trabalho. Sempre actualizado.

    Liked by 1 person

  4. passante's avatar
    passante permalink
    3 Junho, 2025 18:50

    Aos senhores jornalistas, fica o apelo

    Não vale a pena, enquanto lhes pagarem cantam o que lhes mandam.

    É baixar-lhes a audiência para não haver dinheiro, e esperar que vão fazer noutra coisa menos nociva, os que não forem criminosos empedernidos.

    Liked by 1 person

  5. anónimo's avatar
    anónimo permalink
    3 Junho, 2025 19:54

    Muito bom, Cristina. Felizmente ainda vamos tendo alguns óptimos exemplos na CS, como a Cristina, Vasco Rato, Nogueira Pinto, Nuno Rogeiro. Parabéns.

    Liked by 1 person

  6. freakoanleash's avatar
  7. Cunha's avatar
    Cunha permalink
    6 Junho, 2025 16:59

    O problema disto tudo o que o CH também não vale uma piça…

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