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O último vergonhoso 10 Junho de Marcelo

20 Junho, 2025

Marcelo tinha de manchar as comemorações do 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades Portuguesas, na sua despedida da Presidência, que, sinceramente, na minha opinião, já durou demais. Não satisfeito com os recadinhos que, aqui e ali, foi dando durante o seu mandato aos “populistas” (que nem ele sabe, na realidade, o que são porque não passa de um boneco ventríloquo Bilderberg), resolveu abrir este dia com um discurso fracturante, um insulto descarado à nossa Nação lusa.

Se, ao longo do seu mandato, já nos tinha envergonhado inúmeras vezes — quer pelas suas declarações, quer pelos seus comportamentos, quer pelas infinitas viagens inúteis à conta dos contribuintes —, na sua saída ofendeu toda a Nação lusa não fosse ele um pupilo submisso do Clube Bilderberg.

Neste dia celebram-se a história, a cultura, a língua e a soberania de Portugal. É uma data que representa o orgulho nacional e o sentido de pertença a uma pátria com séculos de existência, desde a fundação do Reino de Portugal, em 1143. O 10 de Junho assinala também a morte de Luís de Camões, em 1580, e é celebrado como símbolo da língua portuguesa e da literatura nacional. Autor de Os Lusíadas — epopeia que exalta os feitos portugueses nos Descobrimentos — Camões encarna a alma cultural e histórica de Portugal. Portanto, festeja-se orgulhosamente a Alma Lusa.

Desde 1978, este dia passou igualmente a homenagear os milhões de portugueses e lusodescendentes espalhados pelo mundo, reconhecendo a emigração e a forte ligação afectiva e cultural que muitos mantêm com Portugal, apesar da distância. É uma data de memória, orgulho e pertença colectiva.

E o que fez Marcelo? Colocou Lídia Jorge que é amplamente reconhecida como uma escritora de orientação ideológica de esquerda, a dizer aquilo que ele próprio não teve coragem de afirmar — mas que, evidentemente, subscreve. Porque foi um discurso encomendado, claro. É preciso repetir a mesma mensagem centenas de vezes, mesmo que distorcida, para que os portugueses acabem por interiorizar o que a agenda Kalergi da União Europeia exige aos seus pupilos do Clube de Roma e do Bilderberg: somos todos miscelândia, por isso, venham mais para miscelenar.

O que disse, então, a “senhora escritora socialista” na abertura destas comemorações em Lagos? Analisemos as frases do discurso:

Frase 1 – “Dizia-se que os reis de Portugal, Espanha e Inglaterra lutavam pelo domínio do globo terrestre, competindo para ver quem penduraria a Terra ao pescoço como um berloque.”

Aqui temos a primeira alfinetada nos Descobrimentos Portugueses, como se se tratasse de um mal. Subtilmente, procura-se incutir a ideia de que foi, não um período glorioso, mas sim sombrio na História de Portugal.

Frase 2“(…)Os três autores perceberam bem que, em dado momento, é possível que figuras enlouquecidas, emergidas do campo da psicopatologia, assaltem o poder e subvertam todas as regras da boa convivência.”

Aqui, mais uma alfinetada política indirecta (dirigida àqueles que chamam de “extrema-direita”, mas que, na verdade, são apenas direita conservadora), onde se pretende criar uma analogia com o presente e com uma pitada de mentirinha ao insinuar “assaltos ao poder de figuras enlouquecidas” para deixar subentendido o “perigo” desta direita.

Frase 3 – “Falo com o sentido justo da reposição da verdade e do remorso pelo facto de se ter inaugurado o tráfico negreiro intercontinental em larga escala, com polos de abastecimento nas costas de África, e de, assim, se ter oferecido um novo modelo de exploração de seres humanos que viria a ser replicado e generalizado por outros países europeus até ao final do século XIX.”

Por que motivo, mesmo após Portugal ter reconhecido essa culpa no passado distante e corrigido esse erro, se escolhe justamente o Dia de Portugal — um momento de orgulho nacional — para rebaixar a nossa Nação?

Frase 4“Lagos expõe a memória desse remorso. Mostra como, num dia de agosto de calor tórrido, em 1444, desembarcaram aqui 235 indivíduos raptados nas costas da Mauritânia e como foram repartidos — e por quem.”

Ou seja, escolhe-se este local para as comemorações com o objectivo de incutir culpa na Nação. Por que não se fez o mesmo, neste dia, lembrando Viriato e a ocupação forçada do povo lusitano? Sim, porque muitos lusitanos foram escravizados pelos romanos após a ocupação da Lusitânia — especialmente durante e após as Guerras Lusitanas (155–139 a.C.), quando Roma consolidou o seu domínio sobre a região que hoje corresponde a grande parte do território de Portugal.

Frase 5Alguém que muito prezamos encontrava-se em cima de um cavalo e aceitou o seu quinhão de 46 cabeças. Esse cavaleiro era nada mais, nada menos, do que o próprio Infante D. Henrique.”

Ora, e por que não, em vez de mancharem a memória de D. Afonso Henriques — o primeiro rei de Portugal, que desempenhou um papel decisivo na reconquista cristã da Península Ibérica ao expulsar progressivamente os muçulmanos dos territórios que viriam a formar o Reino de Portugal —, não se deu igual ênfase à tragédia sofrida pelos lusitanos? Estes resistiram ferozmente à ocupação romana durante quase duas décadas e, após o assassinato por traição de Viriato, em 139 a.C., os romanos intensificaram a repressão. Tribos inteiras foram derrotadas e deportadas. Muitos lusitanos foram vendidos como escravos ou usados como mão de obra nas províncias romanas, inclusive fora da Península Ibérica. Crianças, mulheres e homens eram enviados para trabalhos agrícolas em latifúndios, explorados em minas — tanto na Hispânia como em outras regiões —, usados em tarefas domésticas e até como gladiadores. Embora alguns poucos pudessem vir a ser libertados, muitos passavam a vida inteira como propriedade de outrem. Por que razão, já agora, o Dia de Portugal não serviu para exigirmos um pedido público de desculpas à Itália? Fica a sugestão.

Frase 6“Lagos também mostra o local onde, depois, sucessivas levas de escravos foram mercadejadas. E, mais recentemente, relata-se como eram atirados ao lixo quando morriam, sem um pano a envolver os corpos. Até agora, foram retirados desse monturo de Lagos os restos mortais de 158 indivíduos de etnia banta.”

Aqui também se podia ter falado do povo lusitano (que propositadamente ignoram como se nunca tivesse existido), de quem descendemos, e que sofreu brutalmente às mãos dos escravizadores romanos. Se um escravizado morria nas minas (como as de ouro na Galécia), nos latifúndios rurais ou em grandes obras públicas (estradas, aquedutos), o mais comum era o descarte dos corpos sem qualquer cerimónia; enterros anónimos em valas comuns; e em tempos de guerra ou crise, corpos eram deixados a céu aberto em locais remotos.

Podia-se ter mencionado, também, que a população total lusitana era estimada entre 200.000 e 300.000 pessoas no século II a.C. e que após as guerras e repressões, muitos morreram em combate ou fugiram e por essa razão e pressupõe-se que entre 60.000 e 100.000 lusitanos tenham ficado directamente submetidos ao controlo romano na década seguinte à morte de Viriato.

Frase 7 – Lagos mostra esse passado ao mundo para que nunca mais se repita. Talvez por isso estejamos aqui, no dia de hoje.”

Não poderiam ter escolhido, antes, Monte Hermínio (provavelmente na Serra da Estrela, em Portugal)? Foi lá que ocorreram os primeiros confrontos defensivos. Um local sagrado para os lusitanos, onde Viriato usava a geografia montanhosa a seu favor. Viriato foi traído por três dos seus próprios companheiros lusitanos, corrompidos pelos romanos, o que levou directamente à sua morte — um dos episódios mais trágicos e emblemáticos da resistência lusitana. Esse acontecimento marcou o fim da liderança mais eficaz contra a ocupação romana na Península Ibérica. Não seria mais apropriado enaltecer este feito no Dia da Nação Portuguesa em memória dos nossos antepassados lusitanos escravizados?

Frase 8 – “Aliás, a UNESCO criou a Rota do Escravo e inscreveu Lagos na Rota da Escravatura, para que saibamos como os seres humanos procedem uns com os outros, mesmo quando se fundamentam em religiões fundadas sob os princípios do amor e sob a lei dos direitos humanos.”

Aqui temos mais uma indirecta — desta vez ao cristianismo. Usa-se este organismo globalista (UNESCO) para validar uma narrativa parcial, na qual os portugueses são apresentados como protagonistas exclusivos do mal, como se à época outros povos não praticassem exactamente o mesmo. Sim, a escravatura foi uma prática comum, sistemática e aceite em praticamente todas as grandes civilizações da História, desde a Antiguidade até ao século XIX — e, em alguns casos, ainda persiste de forma ilegal nos dias de hoje. Exemplos:

  • Mesopotâmia (Sumérios, Babilónios, Assírios): Escravatura regulamentada por códigos como o de Hamurábi (séc. XVIII a.C.).
  • Egipto Antigo: Escravos eram utilizados em construções, agricultura e servidão doméstica (muitos trabalhadores, embora obrigados, não eram tecnicamente escravos).
  • China Antiga: A escravatura existia desde a dinastia Shang (séc. XVI a.C.).
  • Índia: A prática de escravatura coexistia com o rígido sistema de castas.
  • Grécia Clássica: Escravos eram essenciais — em Atenas, cerca de 1 em cada 3 habitantes era escravo.
  • Roma Antiga: Um dos sistemas escravistas mais organizados e cruéis; milhões de escravos, muitos capturados em guerras.
  • África pré-colonial: Havia escravidão interna e entre reinos africanos muito antes da chegada dos europeus. Algumas sociedades usavam escravos como moeda ou tributo.
  • Europa cristã: Embora a escravatura tenha evoluído para a servidão feudal, práticas escravistas clássicas ainda persistiram em partes da Península Ibérica até o século XV.
  • Mundo islâmico: Desde o século VII, milhões de africanos, europeus e asiáticos foram escravizados e levados para o Norte de África, Médio Oriente e Ásia.

Na Idade Moderna, com o tráfico transatlântico, a escravatura atinge escala industrial e intercontinental. Envolveram-se: portugueses, espanhóis, holandeses, britânicos, franceses e, posteriormente, os norte-americanos. Não foram apenas os portugueses.

Milhões de africanos foram levados para as Américas — Brasil, Caraíbas, EUA. A abolição da escravatura ocorreu lentamente:

  • Início: final do século XVIII, com os movimentos abolicionistas.
  • Primeiros a abolir: Haiti (1804), Reino Unido (1807, tráfico / 1833, posse), Portugal (abolições parciais entre 1761 e 1869), EUA (1865, com a 13ª Emenda).
  • Últimos países: Brasil (1888), Etiópia (1936), Mauritânia (1981 — criminalizada apenas em 2007).

Ou seja, Portugal iniciou formalmente o processo de abolição antes de qualquer outro Estado-nação europeu, ainda que tenha demorado mais tempo a concluí-lo por completo, especialmente nas colónias. Em 1761, durante o reinado de D. José I e sob influência do Marquês de Pombal, foi promulgada uma lei que proibia a entrada de novos escravizados vindos da África para o território de Portugal continental (embora não para as colónias). Isso faz de Portugal um pioneiro no início do processo formal de abolição da escravatura.

Portanto, tentar isolar a culpa histórica em Portugal é não só desonesto do ponto de vista histórico, mas também perigoso do ponto de vista educativo. O estudo da História exige contexto, equilíbrio e honestidade — não doutrinações enviesadas com fins ideológicos.

Frase 9 – “A cena é nossa contemporânea. Passa-se no mar. Num navio enorme, aparelhado com armas defensivas, no alto da torre, está um tripulante que avista ao longe uma barca frágil, rasa, carregada de migrantes. O tripulante da grande embarcação pergunta: ‘De onde vêm vocês?’ Da lancha, apinhada, alguém responde: ‘Vimos da terra.’ Sugiro que os jovens portugueses, descendentes de cavadores braçais, marujos, marinheiros, netos de emigrantes que partiram descalços à procura de trabalho, imprimam este cartoon nas camisas quando vão ao mar.”

Que bela analogia (até estou emocionada) para incutir mais culpa nos portugueses que se recusam a aceitar uma invasão descontrolada de migrantes vindos do Médio Oriente e Ásia.

A migração massiva, sem controlo, tem custos sérios — sociais, económicos e políticos. E sim, há razões mais complexas (algumas pouco claras ou mal explicadas publicamente) pelas quais muitos governos europeus mantêm políticas de fronteiras flexíveis, apesar das consequências visíveis para as populações nativas. A política migratória actual não é apenas humanitária. Ela resulta de uma mistura de interesses demográficos, económicos, ideológicos e estratégicos — nem sempre debatidos com clareza ou transparência.

Frase 10 – “Consta que em pleno século XVII, 10% da população portuguesa teria origem africana (…) Essa população não nos tinha invadido. Os portugueses os tinham trazido arrastados até aqui. E nos miscigenámos. O que significa que por aqui ninguém tem sangue puro. A falácia da ascendência única não tem correspondência com a realidade. Cada um de nós é uma soma.”

Seria verdade se não fosse uma meia verdade. As nossas origens remontam ao povo lusitano. Falavam uma língua celto-ibérica, embora com muitos traços próprios (a língua lusitana ainda hoje é mal compreendida). Entre os séculos VI e III a.C. os lusitanos eram um dos vários povos pré-romanos da Península Ibérica, de origem indo-europeia, com traços celtas e autóctones. Tinham uma cultura guerreira e viviam em castros (aldeias fortificadas). Os lusitanos ficaram conhecidos na história quando começaram a resistir à conquista romana. O líder mais famoso foi Viriato, que liderou a resistência contra Roma. Foram definitivamente dominados pelos romanos sob o imperador Augusto. A região dos lusitanos incluía grande parte da atual Beira Interior, Estremadura, Ribatejo, Alentejo norte e o sul da Galiza e Leão (atual Espanha). O povo lusitano formou-se entre os séculos VI e III a.C. Eram uma tribo guerreira pré-romana da Península Ibérica, com forte identidade cultural e linguística. A área dos lusitanos ficava, grosso modo, entre os rios Douro (norte) e Tejo (sul) Atlântico (oeste) e a serra da Estrela, estendendo-se até oeste de Espanha. Investigações genéticas recentes têm revelado traços únicos e distintivos na população actual da Península Ibérica, especialmente em Portugal e nas regiões ligadas à antiga Lusitânia, que podem reflectir heranças genéticas de povos antigos como os lusitanos. A população da Península Ibérica (incluindo Portugal) mostra um complexo mosaico genético de contribuições: romanos, suevos, visigodos, mouros, judeus sefarditas. O que a genética demonstra? A frequência única do haplogrupo R1b-M269. Portugal e o País Basco apresentam algumas das maiores concentrações do mundo, sugerindo uma preservação genética mais antiga. Em Portugal, especialmente no Centro e Norte, há uma alta prevalência do haplogrupo Y-DNA R1b-M269. Este marcador genético está associado à expansão indo-europeia, e é frequentíssimo entre povos celtas. Estudos genéticos identificaram uma “assinatura atlântica” ou ibérica ocidental em pessoas de origem portuguesa. Em parte, pode corresponder a resquícios dos antigos lusitanos e outros povos célticos da península devido à alta persistência genética em relação a populações pré-romanas. Esta assinatura é distinta das de outras regiões europeias. Um estudo de 2023 liderado pelo Instituto de Biologia Evolutiva (Espanha) analisou ADN antigo em toda a Ibéria e confirmou a permanência de genes célticos locais após a romanização. Outros estudos mostraram que os portugueses são, em média, mais geneticamente “autóctones” do que outras populações europeias — ou seja, preservaram traços de povos antigos como os lusitanos mais fortemente.

Em resumo: estudos genéticos modernos mostram traços únicos na população portuguesa, com fortes indícios de continuidade com povos antigos como os lusitanos. Embora não exista um “gene lusitano” isolado, há assinaturas genéticas distintivas que fazem de Portugal uma das populações europeias com maior persistência genética pré-romana. Fui investigar e eis o que encontrei:

Principais descobertas genéticas recentes

1. Haplogrupo Y‑DNA R1b‑M269 e subclade R1b‑DF27

2. Haplótipo modal atlântico (R1b-STR)

  • Um haplótipo do cromossoma Y‑STR, conhecido como haplótipo modal atlântico, aparece sobretudo na Costa Atlântica, com frequência entre 70 % em Portugal e até 90 % na Galiza e noroeste português pt.wikipedia.org+1en.wikipedia.org+1.
  • Representa persistência genética profunda de populações neolíticas/bronzenas.

3. ADN antigo revela influxos durante a Idade do Bronze

  • Estudos com ADN antigo (e.g., 14 indivíduos portugueses do Neolítico até à Idade do Bronze) mostraram:
    • Substituição masculina massiva (~100 %) da linhagem local por linhagens de origem ‘estepe’ (associadas à cultura de Vaso Campaniforme) pt.wikipedia.orgen.wikipedia.org+3pmc.ncbi.nlm.nih.gov+3tcd.ie+3.
    • No entanto, o impacto patrimonial foi menor no ADN genómico geral, sugerindo fluxos migratórios que não deslocaram totalmente as populações locais .

4. Camadas genéticas e continuidade ibérica

  • A população ibérica actual reflecte um mosaico genético: agricultores neolíticos, caçadores-coletores antigos, povos das estepes, posteriores influências romanas, germânicas, árabes e judaico‑sefarditas .
  • Ainda assim, há forte persistência dos haplogrupos antigos — sobretudo os patrilineares — o que pode reflectir a continuidade dos antigos grupos como os lusitanos.

1. Haplogrupo Y-DNA R1b‑DF27: a “assinatura genética” da Ibéria

O haplogrupo terá se originado no nordeste ibérico, possivelmente na Catalunha ou Aragão. Foi reforçado e difundido durante a Idade do Bronze, associado à cultura de Bell Beaker e outras tradições do início do Bronze en.wikipedia.org+6indo-european.eu+6eupedia.com+6.

“Y haplogroup R‑DF27 is a marker for some of the Indo‑European migrants who populated Western Europe over 4000 years ago.” pubmed.ncbi.nlm.nih.gov+15reddit.com+15pubmed.ncbi.nlm.nih.gov+15

“The oldest individuals with R‑DF27 are Bell Beaker people from Iberia … Today it reaches its peak among the Basque people.” adnaera.com+5reddit.com+5en.wikipedia.org+5

Frase 11 – “A consciência dessa aventura antropológica talvez mitigue a fúria revisionista que nos assalta pelos extremos nos dias de hoje, um pouco por toda a parte.”

Novamente, uma mensagem política onde se insinua que os “extremos” — aqui, veladamente, referindo-se à direita “extremista” (que nada mais é do que direita conservadora) — são os culpados pela “fúria revisionista” sobre as nossas origens, quando, na verdade, é a esquerda radical que, desde 1974, reescreve a História e a valida nas escolas e universidades. A direita conservadora apenas quer repor a verdade que foi suprimida.

Frase 12 – “Mas, entretanto, no século XIX, o direito à proteção beneficiada pelo Estado começou a emergir. Criaram-se documentos essenciais tendo em vista o respeito pelos cidadãos. Depois das duas guerras mundiais do século XX, foi redigida e aprovada a Carta dos Direitos Humanos e, durante algumas décadas, tentou-se implantá-la como código de referência um pouco por todo o mundo. Só que, ultimamente, regride-se a cada dia.”

Mais uma mensagem política velada direcionada à “extrema direita”, que é acusada de querer acabar com o Estado Social e com os Direitos Humanos — por defender um Estado minoritário, mais eficiente e mais justo e por se opor às ideologias de doutrinação LGBTQ+ (e tantas outras). Isto é claramente um discurso político.

Frase 13 – “Um Chefe de Estado de uma grande potência, durante um comício, pôde dizer: ‘Adoro-vos, adoro os pouco instruídos.’ E os pouco instruídos aplaudiram.”

Mais uma mensagem de caráter político, porém com informação enviesada (oh, como estou surpreendida!) — contra quem? Trump, claro! Em 24 de Fevereiro de 2016, Trump declarou no palco: “We won the evangelicals. We won with young. We won with old. We won with highly educated. We won with poorly educated — I love the poorly educated!”. Trump listou vários grupos demográficos que o apoiavam, incluindo “jovens” e “pouco instruídos”. Ao dizer “I love the poorly educated”, expressou gratidão e uma postura populista, reforçando a ideia de que apreciava o apoio daqueles que se sentiam excluídos das elites. O discurso visava fortalecer sua ligação com eleitores marginalizados pelo establishment político.

Frase 14 – “Nós, portugueses, não somos ricos. Somos pobres e injustos. Mas, ainda assim, derrubámos uma longuíssima ditadura, terminámos com a opressão que mantínhamos sobre diversos povos, estabelecemos novas alianças e criámos uma comunidade de países de língua portuguesa. Fomos capazes de instaurar uma democracia e aderir a uma união de países livres e prósperos que desejam a paz.”

Outra vez a crítica à Nação, afirmando que, além de pobres, somos injustos (mas que raio???); mas, vá lá, ao menos soubemos derrubar uma longa ditadura e a opressão sobre outros povos. Afinal, não somos tão maus quanto isso. Que rica mensagem no dia do orgulho nacional, não haja dúvida.

Frase 15 – “É preciso sempre sublinhar, para não se deturpar a realidade, que a escravatura é um processo de dominação cruel, tão antigo quanto a humanidade.”

Sempre a “martelar” insistentemente na mesma tecla da escravatura, sempre a castigar os portugueses por um passado do qual já se redimiram há mais de dois séculos!

E por último deixa este recado aos portugueses:

“Mas existe uma outra perspectiva, como é sabido, e hoje em dia o discurso público que prevalece é, sem dúvida, sobre o pecado dos Descobrimentos e não sobre a dimensão da sua grandeza transformadora.”

Ou seja, mais uma vez, incutindo culpa num discurso feito no dia do orgulho nacional. O Pecado dos Descobrimentos é o que deve prevalecer nos discursos, minha senhora? Eis uma lista de “pecados”:

  1. Introdução de novas tecnologias
    • Ferramentas agrícolas, técnicas de construção naval e instrumentos de navegação foram partilhados com povos africanos, asiáticos e americanos.
  2. Troca de culturas e conhecimentos
    • Houve um intercâmbio linguístico, culinário, artístico e religioso entre portugueses e povos locais, criando influências mútuas visíveis até hoje (ex: Brasil, Goa, Angola, Timor-Leste).
  3. Criação de cidades e infraestruturas
    • Os portugueses fundaram cidades, portos e estradas em vários territórios, muitas das quais são hoje capitais nacionais (ex: Luanda, Maputo, São Tomé).
  4. Difusão de línguas e alfabetização
    • A língua portuguesa tornou-se uma ferramenta de unificação nacional em várias ex-colónias, permitindo comunicação e desenvolvimento institucional (ex: Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau).
  5. Introdução de sistemas jurídicos e administrativos
    • Foram implantadas estruturas legais que, embora inicialmente coloniais, serviram de base para a organização estatal após a independência de vários países.
  6. Intercâmbio agrícola e alimentar
    • Introdução de produtos úteis como o milho, a cana-de-açúcar, o arroz asiático, o trigo e o café em diversas regiões, que enriqueceram dietas e economias locais.
  7. Criação de redes comerciais intercontinentais
    • As rotas comerciais portuguesas ligaram o Atlântico, o Índico e o Pacífico, permitindo acesso a novos bens, metais preciosos, especiarias e tecidos.
  8. Influência na medicina e ciência
    • Houve trocas de práticas médicas tradicionais e farmacológicas, algumas das quais foram estudadas e integradas em tradições europeias.
  9. Missões religiosas e educativas
    • As ordens missionárias (jesuítas, franciscanos, etc.) fundaram escolas, universidades e centros de ensino que perduraram após a independência (ex: colégios jesuítas na Índia e Brasil).
  10. Criação da Comunidade Lusófona: apesar da colonização, os laços culturais e históricos entre países de língua portuguesa deram origem à CPLP — Comunidade dos Países de Língua Portuguesa —, baseada em cooperação internacional.

Curioso como esse “maior pecado” da nossa história resultou, afinal, num fenómeno contraditório: hoje, muitos dos antigos colonizados — agora apresentados como “traumatizados” — procuram em massa a cidadania portuguesa e escolhem viver justamente no país dos seus antigos colonizadores. Que ironia…

Depois desta desgraça a que chamaram de “discurso” (que nada mais é do que propaganda política socialista) de Lídia Jorge, fomos agraciados pelas últimas palavras (graças a Deus!) — neste contexto do 10 de Junho — de Marcelo, com frases que reforçaram do princípio ao fim a mensagem clara e explícita de Lídia Jorge: o pecado dos Descobrimentos e a miscelânea portuguesa.

Perante tamanho desrespeito pelo nosso povo lusitano, que o Presidente Marcelo nos faça um grande favor: vá pela sombra e não regresse. A sua presidência foi uma nódoa na história desta magnífica Nação, orgulhosamente chamada Portugal — uma pátria que não soube honrar.

7 comentários leave one →
  1. Manuel Peleteiro's avatar
    Manuel Peleteiro permalink
    20 Junho, 2025 11:08

    Bom dia D Cristina,

    Só acho que está a dar importância a mais à personagem (já que seria indelicado chamar-lhe o que penso que é).

    A personagem só faz estas figurinhas não porque acredite no que diz, mas para ser falado.

    É só um triste com pouca noção do ridículo.

    Manuel

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  2. NN's avatar
    20 Junho, 2025 13:07

    Uma nação milenar e o resultado é este???????

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  3. JgMenos's avatar
    JgMenos permalink
    20 Junho, 2025 13:55

    Cambada de idiotas!

    Já alguém cuidou de saber onde do remorso dos povos do norte de África que durante séculos faziam razias na costa portuguesa – continente e ilhas – aprisionando gente para as venderem como escravos na sua terra?

    Sabem os cretinos que a expansão, iniciada em Ceuta, teve por principal objectivo defender a nossa gente dessas razias, e que já no reinado do nosso primeiro rei havia um almirante a tal tarefa dedicado?

    Sabem os paspalhos, arvorados em boas almas, que não só não inventamos a escravatura como pouco a distingue do que se passa nos fluxos imigratórios que hoje tanto consentem?

    Estupida Doutrina dos Coitadinhos que tudo reduz a lamúrias que lhes disfarcem a inação e incompetência no exercício dos cargos de poder que ocupam!

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  4. Marques Aarão's avatar
    Marques Aarão permalink
    21 Junho, 2025 16:35

    Este Marcelo sendo um animal especial tem sangue tão puro e nobre que até deu para fugir à tropa.

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  5. anónimo's avatar
    anónimo permalink
    22 Junho, 2025 01:55

    Olá D. Cristina. A si nada se lhe escapa. Mas gosto de aprender. Entretanto.

    Declaro que nem votei no comentador para Presidente, nem tive qualquer influêcia na escolha daquela Sra. Dra. para botar faladura naquela específica data. Culpa por culpa essa culpa não é minha. E mais declaro que nunca comprei ninguém, nem nunca vendi ninguém a niguém. Juro que também não fui na nau com Vasco da Gama, nem noutras naus, de negreiros ou não. Ah!, e sou “português” e “branco” (quer queira quer não) porque foi aqui e assim que outros me trouxeram a este mundo. E viagei muito pelo estrangeiro. Por onde viagei e vivi, a identificação era: ou portuga, ou Eusébio apesar do tom de pele, ou Ronaldo apesar de ele ser muito alto. Também nunca me chamaram esclavagista ou semelhante coisa, mas isso a Dra. lá saberá o porquê e certamente não resiste e vai um dia deste, doutamente, explicar.

    D. Cristina, os meus respeitos

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  6. Desalinhado's avatar
    23 Junho, 2025 15:27

    O famoso cantor norte-americano Michael Jackson, na sua curta e excêntrica existência, fez trinta por uma linha, através de sucessivas cirurgias plásticas, tudo o que estava ao seu alcance para renegar e eliminar, de uma vez por todas, o tom negro da sua pele, até se tornar branquinho como a cal, bem diferente de todos dos seus outros irmãos de sangue.
    Também hoje, infelizmente, um pouco por todo o mundo, mas sobretudo nesta Europa capturada e cada vez mais irreconhecível nos seus valores, culturas e tradições, há para aí muitos brancos que adoravam ser negros, e se ainda não o são na pele, todavia já o são nas mentes perversas e demagógicas, onde se guardam em gavetas confusas e desarrumadas o wokismo estúpido-encefálico.
    Nas comemorações do último 10 de Junho, Dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, os discursos combinados do presidente Marcelo Rebelo de Sousa e da escritora Lídia Jorge, trouxeram de novo à baila, como agora parece ser moda em tempo de saldos e ideologias, a questão polémica e repisada das descobertas marítimas e do vasto império que os nossos bravos navegadores alargaram para além do desconhecido, e da escravatura que dele resultou, havendo para aí muita gentinha, tal como estas duas pardacentas figuras, que não se sentem bem na sua própria pele – qual purismo qual quê, antes uma miscigenação de misturas e mixórdias – com o único propósito de ofenderem a nossa raça, pátria e história comuns, e vejam lá como são coisas, descobriram agora, estes arautos e sábios das desgraças e das tragédias, que somos descendentes de escravos negros – como diz o rosário da infidelidade e traição, somos sempre os últimos a saber, vejam lá o nosso azar – dito por alguém, ironia das ironias, que viveu em África e certamente rodeados de mil mordomias e de uma catrefada de criados/escravos negros. Tanta hipocrisia…

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  7. Octávio dos Santos's avatar
    23 Junho, 2025 18:45

    Outro aspecto degradante desta «celebração» do 10 de Junho em Lagos, e que não vi ser referido por outros, é que, considerando os discursos de Lídia Jorge de Marcelo Rebelo de Sousa, aquela cidade algarvia foi escolhida deliberadamente para ser pública e historicamente apontada, criticada e «castigada» pelo seu alegado «pioneirismo» na escravatura em Portugal. Ser a sede da comemoração, desta vez, não representou uma honra, um elogio, mas sim um insulto, um opróbrio. Não seria, pois, exagerado nem injusto que a Câmara Municipal de Lagos declarasse tanto a «escritora» como o «presidente» persona non grata.

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