Defesa com dinheiro emprestado e coragem alheia
O Ministro das Finanças defendeu a emissão de mais dívida europeia para financiar o investimento em Defesa. Dada a seriedade do tema, o local escolhido por Miranda Sarmento para proferir estas afirmações foi o ideal: a «Ovibeja da Internet», tecnicamente conhecida por Websummit.
O ministro embrulhou a ideia com léxico tecnocrata bruxelense e termos pomposos que brilham sempre bem numa feira de vaidades, mas significam quase nada. Sarmento entende ser estratégico reforçar o “complexo militar-industrial”. Acontece que nem Portugal nem a Europa, têm militares ou indústria. Assim, restam-nos os complexos e mais dívida. Uma fantochada.
Mas Portugal descobriu a solução mágica: a Europa emite mais dívida e os estrangeiros pagam. A nossa classe política acredita, portanto, que a soberania nacional se constrói com cartões de crédito alheios ou fazendo da Europa uma caixa multibanco, em que Portugal levanta dinheiro e os outros depositam.
Sucede que quando um Estado entende que precisa de reforçar a defesa, a resposta adulta seria rever prioridades, cortar no desperdício, reformar a máquina estatal, enfrentar corporações e reduzir burocracias. Ora, o governo prefere o oposto e a opção politicamente confortável é endividar o país.
Os políticos de hoje não têm coragem. Fogem constantemente a escolhas difíceis. São patéticos. Fogem ao confronto com a realidade como quem foge da verdade sobre si próprio. Portugal comporta-se como aquele amigo que aparece sempre à mesa quando há sobremesa, mas desaparece misteriosamente quando chega a conta para pagar.
Incapazes de fazer reformas estruturais, preferem hipotecar o futuro dos portugueses para gerar manchetes de ocasião e sensação de “grande visão estratégica”. O resultado é trágico: em vez de a soberania ser conquistada através de disciplina fiscal, liberdade económica e prioridades claras, é comprada prestações, com juros e dependência de credores estrangeiros.
Todos queremos segurança. Todos queremos soberania. O governo sabe disso e por isso usa a Defesa para manipular emocionalmente os cidadãos, encontrando o pretexto para disfarçar a sua preguiça e conseguir justificar mais dívida.
É a hipocrisia e a covardia políticas travestidas de estratégia nacional. Por isso a websummit foi o placo apropriado às declarações do Ministro das Finanças. Um local onde se vendem ilusões em cenário de néon e onde com entusiasmo se promete o futuro à custa do dinheiro dos contribuintes.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

Nada que não traduza o abrilesco pós entrega do Ultramar.
Balelas e chulice.
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Como o País já não tem património, há que gastar a crédito, se é que há ainda alguém que nos dê.
Esta rapaziada abrileira, que não passam de descendentes dos vigaristas da 1ª república recauchutados, já não têm bens (de todos nós) para empenhar, agora há que nos vender como escravos se quiserem ainda arranjar uns cobres.
Triste fim dos descendentes de D. Afonso Henriques.
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Caro Senhor
Chamar a “ovibeja da internet” à web summit tem imensa graça; vou trocar com outra que li por aí: “um micro-ondas ligado à wikipedia” ? É a IA.
A Defesa não é entendida como uma necessidade pelo votante; não lhe faz falta esse bem público. A Alemanha extravasou limites de déficit, a Europa só quer fornecer, com dinheiro dos impostos, camas de hospital, pensões, etc. O resto é com os Americanos! _Ai já não é?! Emite-se dívida que já não estarei cá quando vierem cobrar. Ou nem se lembram de mim: alguém acusa o ladrão de vale da preguiça/paris do nosso enorme passivo? …
Cumprimentos
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Avançar é deixar o PCP fazer a greve “Geral”que vai confirmar o avançado estado de decomposição do soviete .
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