Greve Geral: a chantagem das corporações.
É extraordinária a facilidade com que um punhado de dirigentes sindicais decide parar um país inteiro com uma greve geral. Não foram eleitos pelos portugueses, não respondem perante a população, mas comportam-se como se detivessem um direito divino de «desligar» o país sempre que lhes convém.
É curioso, pois quando um sector privado tenta impor condições ao país inteiro, trata-se de abuso de poder. Mas quando são as centrais sindicais, é a democracia a funcionar.
Quem mais sofre com uma greve geral são pequenos negócios, classes médias e baixas, trabalhadores independentes e famílias sem poupança. Porém os sindicatos dizem estar a defender o interesse público, apesar de nada numa greve geral criar riqueza, condição indispensável para permitir aumentos salariais.
A verdade é que a greve nada tem a ver com “condições de trabalho”, mas sim com o poder excessivo das cúpulas sindicais. Decretam greve sem qualquer pudor, porque sabem que um Governo de políticos fracos não só permite a chantagem, como até candidatos presidenciais a legitimam.
Os sindicatos representam cada vez menos trabalhadores. São máquinas corporativas envelhecidas, sustentadas por uma minoria ruidosa que fala em nome de uma maioria que nunca a mandatou. A “concertação social” é assim uma farsa pífia onde se finge negociar, sabendo perfeitamente que a parte mais frágil nem sequer tem assento à mesa: falo do país que produz.
A Constituição da República permite a arrogância de quem se acha dono do país e quer impor sacrifícios a todos em nome de muito poucos. Permite-o porque é antiquada. Mas ao cristalizar um conjunto de privilégios sindicais, transforma o direito individual de não trabalhar numa arma colectiva para quebrar contratos, bloquear serviços e prejudicar milhões de pessoas que nada têm a ver com o conflito.
Talvez esteja na altura de admitir que certas disposições constitucionais envelheceram muito mal. Porque, sejamos honestos: a greve geral é a única situação em que a suspensão unilateral de compromissos é tratada como virtude. Noutras circunstâncias quem ousasse suspender obrigações laborais desta forma enfrentaria tribunais, multas e indemnizações.
É uma inversão moral tão grotesca que só se mantém porque o país continua a pagar a conta e finge que serviços essenciais parados, famílias presas, doentes prejudicados, empresas sufocadas é algo normal em democracia.
Mas é abuso! E torna os portugueses reféns de agendas partidárias.
Num país a sério, a generalidade dos cidadãos não seria convocada para figurantes em teatros politico-partidários e muito menos ficaria refém de corporações que confundem influência com legitimidade para parar a vida dos outros e lhes retirar liberdade.
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

O Camilo está completamente equivocado. Quem faz greve são os trabalhadores. Não são os sindicatos. Os trabalhadores é que decidem, voluntariamente, se deixam de trabalhar durante um dia – e perdem o respetivo salário – ou não. Os sindicatos somente marcam a greve – os trabalhadores podem aderir a ela, ou não.
Não vale a pena o Camilo estar a dizer mal dos sindicatos. Se quiser dizer mal de alguém, diga-o dos trabalhadores. Do João, da Maria.
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E isso um facto, pelo que a responsabilidade dos sindicatos é preciso ir buscá-la mais atrás:
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Os dirigentes sindicais são eleitos pelos membros do sindicato.
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Aí estão, mais uma vez, os profissionais da paralisação. Estes sindicalistas, que nunca gostaram de trabalhar, nem sabem o que isso é, a única prova de vida que têm sempre à mão é a decretação de greves.
Organizam excursões para engrossarem as manifestações, pintam cartazes e estandartes com dizeres ridículos e apalermados, gritam e repetem slogans de cartilha e frases feitas em obediência ao mandador de megafone, colocam a escumalha de esquerda à frente, para todos os verem, ali firmes, determinados, para mais uma jornada de luta.
Os sindicatos e os sindicalistas são hoje o cancro das sociedades modernas. Ficaram presos a um passado distante, e de lá não querem sair, usando sempre a velha e gasta máxima da luta entre patrões e trabalhadores, proclamando abusivamente mais direitos que deveres, que são de tal monta, que qualquer dia um trabalhador quase não necessita de trabalhar para receber o seu salário e não se importaria nada, certamente, que lho levassem lá a casa.
Os portugueses vão sentir, na pele e no bolso, no próximo dia 11 de Dezembro, a irresponsabilidade e leviandade de duas centrais sindicais, que se juntaram à esquina, a tocar concertina e a dançar o solidó, estando-se marimbando para o povo, que teria nesse dia marcada uma consulta médica que vai ser desmarcada, uma intervenção cirúrgica que vai ter que ser adiada, um tratamento hospitalar fundamental que vai ser cancelado, uma vida perturbada e alterada durante 24 horas, mas tudo isso que se lixe, porque o que interessa, a estes profissionais da paralisação, é saberem qual vai ser a aderência à greve (80%, 90%?), e quanto mais carregada ela for melhor para estes empecilhos da luta sindical, que vão dormir mais descansados sobre um qualquer travesseiro sem mácula de arrependimento de um dever por eles cumprido.
Ide mas é trabalhar, lambões de uma figa!
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Greves
Quem fizer greve não ganha o dia.
Quem não fizer ganha a sua parte mais a parte dos que fizeram greve.
E os ratos até chiam.
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