Cravos vermelhos contra rosas brancas
Em Portugal o grande drama político da semana foi uma guerra de flores.
O nosso Parlamento transformou-se numa espécie de feira agrícola ideológica, onde o combate político se faz com arranjos florais, como se o destino da democracia dependesse de um centro de mesa.
Conforme é habitual nas comemorações do 25 de Novembro também a Assembleia da República foi decorada com rosas brancas. Mas eis que a esquerda entra em palco com uma coreografia de guerra entre cravos vermelhos e rosas brancas.
Começa o PAN, seguido pela deputada Mortágua pousando cravos vermelhos no púlpito, como se estivessem a prestar homenagem não à democracia, mas a um santo padroeiro da horticultura revolucionária. As implausíveis deputadas declaram solenemente que flores brancas são uma tentativa de “reescrever a história”. Eis a história de um povo inteiro resumido a uma flor.
Depois chega Paulo Núncio, do CDS. Possidónio como sempre foi, retira uma rosa branca e coloca-a sobre os cravos vermelhos num silêncio dramático. As bancadas da direita aplaudem como se tivessem assistido a um acto heróico.
Seguiu-se o deputado do Livre, que num momento de lirismo estudantil, ergue um cravo que afirma ser “a única flor da liberdade”, depositando-o no altar improvisado do ridículo parlamentar.
Depois entra André Ventura. Desta vez o seu número consistiu em agarrar nos cravos da esquerda e, qual jardineiro que arranca ervas daninhas, proclamar em desafio que aquele era “o dia de rosas brancas”. A bancada amestrada do Chega explode em aplausos, o PS abandona a sala e a restante esquerda faz birras.
Mas o momento mais simbólico foi protagonizado por um deputado do PSD que põe um cravo vermelho no meio das rosas brancas e solene diz: “o dia é de todos”. Eis o tique moderno da «inclusividade», a conversa morna de boas intenções e frases neutras que não ofendem ninguém e apelam a um consenso sem conteúdo, precisamente porque não se acredita em nada.
É o culminar se uma sessão parlamentar que mais se assemelha a um recreio de crianças que descobriram o jogo da florzinha.
A actual classe política portuguesa não dá para mais. É infantil e patética.
Ignora completamente a memória histórica colectiva, não discute ideias e entretém-se com encenações pueris.
Melhor assim, do que a legislar!
A minha crónica-vídeo de hoje, aqui:

Nem sabia dessa história.
A esquerdalhada a buscar conforto nos arranjos florais!
A tal ponto chegaram…boa notícia.
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