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Aí vamos nós “montados a cavalo” numa bicicleta*

14 Maio, 2008

Se a senhora viesse montada no carro a mais o seu marido nada disto lhe tinha acontecido!” – era noite. Eu tinha perdido de vista o outro carro em que seguia parte da família. Os telemóveis eram então uma espécie de tijolo de luxo e a maravilha da técnica que dava pelo nome de bip não funcionava já nem sei porquê naquelas terras alentejanas supostamente pré-desérticas mas que por alturas da Primavera se obstinam em assemelhar à Escócia, não apenas no verde dos campos mas também nos nevoeiros que impedem que se veja o próprio nariz quanto mais o carro que segue à nossa frente.
Pela idade que aparentava aquando do nosso inesquecível encontro presumi que esta alma de fortes convicções sexo-rodoviárias deveria ter entrado entretanto no gozo da sua reforma. Contudo, após ler a “Resposta Portuguesa ao Livro Verde – Para uma nova cultura da mobilidade urbana”, sou levada a acreditar que ou ele colaborou na dita “Resposta Portuguesa” ou deixou seguidores que lhe herdaram aquele propósito de fazer de cada deslocação humana o pretexto para teorizar sobre o desarranjo do mundo e impor-lhe uma nova ordem. E nessa nova ordem a bicicleta ocupa um espaço moral que é uma espécie de sucedâneo dos casais acertadamente “montados no mesmo carro” invocados por aquele bendito agente da GNR. Segundo a Comissão Europeia, a bicicleta é o meio de transporte que se deve contrapor ao automóvel para que todos vivamos saudáveis num mundo também ele muito harmonioso. Portugal pôs prontamente alguns técnicos do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres, tutelado pelo Ministério das Obras Públicas, a interrogar-se sobre “Quais as medidas a adoptar para promover as deslocações a pé e de bicicleta como verdadeiras alternativas ao automóvel?
Desconsolados concluíram os mesmos técnicos que Portugal pertence “ao grupo de países sem cultura de utilização da bicicleta nas deslocações diárias em meio urbano”.
Mas nada que não se possa mudar pela força da lei e império do fisco.
Assim, das medidas propostas pelos ditos técnicos as mais importantes e provavelmente as únicas que veremos ser aplicadas legitimam mais uma vez o agravamento fiscal do uso do automóvel: mais impostos sobre as viaturas das empresas e mais multas resultantes da também defendida diminuição da oferta de estacionamento nas cidades vão continuar a fazer do automóvel o melhor mealheiro dos cofres públicos.
E a bicicleta, o que faz no meio disto? A bicicleta em si mesma não faz nada. Nós é que fazemos figura de parvos. Não é por acaso que Portugal pertence “ao grupo de países sem cultura de utilização da bicicleta nas deslocações diárias em meio urbano”. Há diferenças óbvias em andar de bicicleta em Amsterdão ou Lisboa. Bruxelas ou Portalegre. E essas diferenças não são apenas de relevo – embora nesta matéria eu espere atentamente uma exemplificação prática dos técnicos do Instituto da Mobilidade e dos Transportes Terrestres sobre a promoção da cultura da bicicleta para quem vive na Rua das Pretas e trabalha no Campo dos Mártires da Pátria. Mas para lá deste óbvio ululante do relevo convém também não esquecer que em Portugal os termómetros atingem temperaturas que Bruxelas só viveria por aproximação caso os eurocratas tivessem ido a tempo de fazer uma directiva sobre o Inferno. Mas dado que tal abrasado espaço foi extinto por João Paulo II, a Comissão Europeia privou-se desse exercício. Talvez por vingança quer agora pôr-nos a pedalar, em Julho, algures numa cidade alentejana. E no fim ainda é suposto que não digamos o que nos vai na alma quando, à semelhança do guarda daquele posto perdido, nos repetem, com termos técnicos, que a nossa qualidade de vida passa por irmos para o trabalho como deve ser. Ou seja agora montados a cavalo numas bicicletas. Dantes com as mulheres ao lado dos maridos.

*PÚBLICO, 13 de Maio

79 comentários leave one →
  1. 14 Maio, 2008 09:32

    E aqui na minha terra (Beja), que como se sabe faz parte da orla desértica, a autarquia gasta milhares e milhares a construir ciclovias, porque é in, é ecológico, é democrático. Esquecem-se que as ruas acompanham o mercúrio dos termómetros.
    Por isso, temos ciclovias, mas não temos ciclistas.
    Boa crónica.

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  2. 14 Maio, 2008 09:40

    O texto começa por uma frase dita por alguém, que só 22 linhas abaixo se sabe quem é.
    É um suspense terrível, para quem começa a ler, saber quem teria proferido uma tal frase cheia de pressupostos vergonhosos, como ter um marido que a guarde.
    Ah mas é por causa das bicicletas montadas a cavalo.

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  3. Luís Lavoura permalink
    14 Maio, 2008 09:54

    Uma pessoa depois de ler este texto fica aterrorizada ao pensar como seria a vida em Lisboa, ou nas cidades alentejanas, quando elas foram construídas, tempo em que… não havia automóveis.

    Devia ser um horror. As pessoas que moravam na Rua das Pretas e trabalhavam no Campo dos Mártires da Pátria tinham que subir aquela escosta, ao calor escaladante do sol, a pé!!! Que tortura infernal!!!

    E as que moravam nas escadinhas da Senhora do Monte, que nem de automóvel nem de bicicleta podem ser escaladas? E moravam ali!

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  4. Luís Lavoura permalink
    14 Maio, 2008 09:55

    E aquele tempo em que os padeiros distribuíam o pão, de porta em porta, montados em bicicletas que nem sequer mudanças tinham, por esta Lisboa fora? Ai que horror!

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  5. Helena Matos permalink
    14 Maio, 2008 10:01

    Realmente acho que devia ser um horror distribuir pão de bicicleta em certas zonas de Lisboa

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  6. 14 Maio, 2008 10:04

    Se ainda houver forças um dia destes…gostei da metáfora.

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  7. Zé do Vale permalink
    14 Maio, 2008 10:14

    Alguém podia-me informar se uma empresa pode comprar combustíveis em Espanha, e o fornecedor espanhol vir cá colocar o conbustível!?

    É legal??

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  8. gVM permalink
    14 Maio, 2008 10:23

    O jornal Expresso, citando um estudo europeu, citava Lisboa como uma das áreas metropolitanas europeias com maior densidade de vias rápidas e Portugal como um dos países que, por área de superfície, possui também um elevado número de auto-estradas. A conclusão do mesmo artigo concluía que, ao contrário de outros países, como a Irlanda, tal investimento em auto-estradas não era sinónimo de desenvolvimento. O paulatino aumento do preço do barril de petróleo e a correlação da crise da fome associada aos biocombustíveis seriam motivos adicionais para repensar uma estratégia energética para o país. O Livro Verde da Mobilidade publicado pelo IMTT é uma achega a tal orientação que se quer para o país, num sector responsável por consumir uma grande fatia das nossas necessidades de energia: os transportes.

    Além das desvantagens já mencionadas e sem querer resumir Portugal a Lisboa, como faz a jornalista Helena Matos, diga-se que, como habitante nesta cidade e testemunha de todo o circo que é o estacionamento ilegal e a invasão do espaço público por parte do automóvel, medidas que combatam o uso abusivo do mesmo são inteiramente correctas, pecando apenas por serem insuficientemente agressivas. A autora, preferindo não enquadrar o documento do IMTT neste quadro estratégico, reservou grande parte do espaço a que tem direito a uma crítica verrinosa à bicicleta.

    A jornalista falou em relevo e temperaturas como aqueles factores que impediriam um uso generalizado da mesma. Falou em Amesterdão e Bruxelas. Eu poderia enumerar Edinburgo ou Lausanne, com orografias mais desagradáveis que Lisboa. Ou Sevilha, tão ou mais quente que o Alentejo da juventude de Helena Matos. Todas estas cidades têm utilizadores de bicicletas e uma aposta clara na mesma por parte da edilidade. Poderia ainda referir que enquanto trabalhava como bolseiro em Mobilidade Sustentável fazia o percurso da Rua das Pretas até ao Campo Mártires da Pátria e depois até ao Instituto Superior Técnico de bicicleta, todos os dias e mais veloz que um autocarro. E poderia dizer que faltam condições para ciclistas em Lisboa e que os trajectos cicláveis da cidade não se resumem às mudanças de colina. E poderia afirmar claramente que a jornalista tem uma opinião completamente atávica e desinformada.

    O facto, claro, é que Portugal não é só a Lisboa de caricatura da autora e o uso da bicicleta, como meio de transporte local, é uma alternativa viável à febre automobilística apoiada pelo tal progresso e desenvolvimento de betão e alcatrão de sucessivos governos.

    Tiago Mesquita Carvalho

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  9. 14 Maio, 2008 10:27

    Depende do combustível.
    Já espanhois por cá a venderem madeira, por exemplo.

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  10. 14 Maio, 2008 10:32

    Realmente o Luís Lavoura tem razão: a vida nas cidades portuguesas devia ser INFERNAL antes do BRUTAL INVESTIMENTO PÚBLICO em infraestruturas rodoviárias urbanas e inter-urbanas que promoveu o uso do automóvel e nos aproximou do sonho da Helena: 2 milhões de lisboetas, cada um no seu carro com ar condicionado (porque em Lisboa faz calor).

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  11. Anónimo permalink
    14 Maio, 2008 10:49

    Como viverao na cidade aqueles que por causa da idade ainda nao usam automóvel, ou que por outros motivos nao possuem carro. Devem viver no inferno.

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  12. Helena Matos permalink
    14 Maio, 2008 11:12

    Por acaso algum dos comentadors sabe como me desloco em Lisboa? Talvez fizessem bem estar caladinhos. Provavelmente ando mais a pé e uso mais os transportes públicos que qualquer um deles. Passando para a bicicleta propriamente dita não vejo como esta pode ser em Lisboa uma alternativa real a outros meios de transporte tenham eles uma utilização pública ou privada.
    O que está em causa é uma visão muito elitista da bicicleta, em que os arautos da dita se deslocam em carro de serviço e tratam de infernizar a vida àqueles que todos os dias têm de se deslocar para a cidade e dentro dela. Um meiod e trasnporte só é alternativa se funcionar. E ciclovias para afzer bocadinhso de cidade são interessantes mas apenas do ponto de vista recreativo.

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  13. 14 Maio, 2008 11:14

    Ainda não li o texto escondido, por isso tenho uma suspeita sobre quem proferiu a frase: Pureza

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  14. Francisco permalink
    14 Maio, 2008 11:15

    Tudo bem. Mas creio que é mais fácil roubar uma bicicleta do que um automóvel. Aqui em casa, já nos “desapareceram” duas bicicletas.

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  15. 14 Maio, 2008 11:20

    Bruxelas, uma das capitais mais chuvosas e inclinadas da Europa (e no inverno, geladíssima), é realmente mais amiga do peão, do ciclista e do utilizador de transportes públicos do que solarenga Lisboa, cujo espaço urbano deve, segundo Helena Roseta, estar optimizado para ser utilizado por 2 milhões de condutores de carros com ar condicionado.

    E quanto a Amsterdão, se a Holanda fosse habitada por portugueses …

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  16. all-fenos permalink
    14 Maio, 2008 11:24

    O pão e outrs bens de consumo de primeira necessidade vendidos e distribuidos de biclicleta e a pé pelos luizes deste mundo deve ter outro sabor.

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  17. 14 Maio, 2008 11:26

    Será que a Helena já esteve em Bruxelas alguma vez?

    o malta do blogue Menos um Carro já esteve …

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  18. Luís Lavoura permalink
    14 Maio, 2008 11:29

    “tratam de infernizar a vida àqueles que todos os dias têm de se deslocar para a cidade e dentro dela”

    Eu diria que ao longo dos últimos anos os poderes públicos têm feito tudo menos tentar infernizar a vida a quem anda de automóvel. O que não é surpreendente, uma vez que boa parte dos responsáveis por esses poderes públicos andam eles próprios de automóvel (como a Helena bem salienta), tal como todos os seus amigos e conhecidos.

    Eu o que vejo à minha volta é que são os automobilistas quem infernizam a vida uns aos outros (com aquela mania que têm de utilizar todos a estrada ao mesmo tempo, e com a mania que têm de estacionar em segunda fila), e que infernizam a vida a todo o restante pessoal, incluindo à Helena e a mim.

    Parece-me portanto que a frase da Helena é injustificada.

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  19. gVM permalink
    14 Maio, 2008 11:38

    “Passando para a bicicleta propriamente dita não vejo como esta pode ser em Lisboa uma alternativa real a outros meios de transporte tenham eles uma utilização pública ou privada.”

    E porquê? Já fez a experiência para chegar a tal conclusão?

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  20. Alberto Mendes permalink
    14 Maio, 2008 11:38

    Quantos dos defensores da bicla vão para o trabalho na mesma?
    Eu nao conheço Lx muito bem, mas em Braga, se eu fosse para a univerisade e agora para o trabalho de bicla, ao chegar lá teria de tomar um banho.
    Quanto ao comentário do Luis Lavoura nº 4:

    É obvio que era mais complicado. Alias torque o carro por frigorifico ou saneamento e veja que fica parecido.
    Eu hoje já tenho dificuldade em viver sem carro, como tenho em viver se electricidade,sem televisão,etc…

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  21. Helena Matos permalink
    14 Maio, 2008 11:47

    Usando a linguagem do IDT esta paleio da bicicleta no centro de Lisboa é uma coisa de betos. Podemos falar de eléctricos, elevadores, pequenos autocarros, uso restrito de automóveis apenas aos moradores e comerciantes em certas zonas mas não vejo como se pode defender perante a população (ainda por cima frequentemente envelhecida) que deveria andar de bicicleta quando vai da Calçada do Combro à rua da Conceição comprar botões. Para evitar a calçada de São Francisco que mesmo nuuma bicicleta com mudanças não será fácil haveria que descer ao Cais do Sodré ou então subir até ao miradouro a D. Pedro V para depois descer até à avenida. Coisa simples!!!

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  22. balde-de-cal permalink
    14 Maio, 2008 11:47

    todos os dias faço 1-2 horas de bicicleta em frente da tv.
    recordo sempre a frase atribuída a Guerra Junqueiro “o único veículo em que a besta puxa sentada”

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  23. 14 Maio, 2008 11:48

    «Por acaso algum dos comentadors sabe como me desloco em Lisboa? Talvez fizessem bem estar caladinhos»: ora aí temos a Helena Matos no seu esplendor. Estejam caladinhos que ela é que sabe.

    A Helena Matos certamente que já foi a Bruxelas, mas pergunto-me que tipo de orografia da cidade viu. Experimentou ir da Grand Place à Louise? Aquilo não é exactamente plano, como sabe. O mesmo vale para outras partes da cidade.

    Quanto à sua conversa sobre como se desloca em Lisboa, isso é consigo. Esteja descansada que há certamente muita gente que se desloca pelo menos tanto como a Helena em transportes públicos e a pé. Quando vou a Lisboa, mesmoq ue vá de automóvel, deixo-o a um canto e faço todos os meus percursos a pé e de transportes públicos. Claro que não moro na cidade, é verdade, mas isso não inviabiliza nada.

    Quanto aos seus argumentos, foram já desmontados pelos comentadores anteriores. Edimburgo e Lausanne para a orografia e Sevilha apra a temperatura. E, mesmo que não seja todos os dias, garanto-lhe que cidades mais a norte também vão tendo os seus verões, altura em que a temperatura sobe aos 35 graus com alguma facilidade, mesmo que não com a frequência de Lisboa. E olhe que os seus habitantes, coisa estranha, não deixam de andar de bicicleta.

    Se há coisa complica o viajar de bicicleta em Lisboa é apenas o facto de a cidade não estar preparada para isso e os seus habitantes terem a mania de se deslocarem de automóvel para todo o lado. Temperaturas ou orografia (esta menos) são argumentos para desconversar. O argumento da hipocrisia dos governantes, embora real, também o é.

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  24. miguel permalink
    14 Maio, 2008 11:57

    O calor de Lisboa…
    Experimente ir a Pádua, Bolonha, Vicenza, etc… e vai encontrar bicicletas por todos os lados.. e sabe a temperatura que se sente por lá?
    Em Pádua a temperatura máxima média em Junho é de 26º (25º em Lisboa), em Julho 28º (27º), em Agosto 28º (27º) e em Setembro 25º (26º). Mas o mesmo poderia dizer da vizinha Bolonha com 27º, 30º, 29º e 25º, e de tantas outras cidades.

    O exemplo da Rua das Pretas também é hilariante, porque se aplica a 0,00001% dos Lisboetas. Só falando do meu caso pessoal, o meu percurso diário já foi Telheiras – Saldanha (totalmente plano), Laranjeiras – Saldanha (totalmente plano), Laranjeiras – Pr. Espanha (totalmente plano), Av Roma – Pr Espanha (totalmente plano)..

    Ninguém quer por velhotas a subir ao castelo de bicicleta, agora usar um exemplo extremo como argumento é no mínimo ridículo.

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  25. Doe, J permalink
    14 Maio, 2008 11:59

    # Luís Lavoura Diz:
    “Eu diria que ao longo dos últimos anos os poderes públicos têm feito tudo menos tentar infernizar a vida a quem anda de automóvel. O que não é surpreendente, uma vez que boa parte dos responsáveis por esses poderes públicos andam eles próprios de automóvel (como a Helena bem salienta), tal como todos os seus amigos e conhecidos.”

    Andam todos de automóvel mas conduzidos por motoristas ás ordens e têm garagens à disposição ou espaços reservados na rua. Era bom não esquecer desses “pequenos” detalhes.

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  26. Helena Matos permalink
    14 Maio, 2008 12:00

    «a temperatura sobe aos 35 graus com alguma facilidade» – EM LISBOA para não falar de SETÚBAL, ÉVORA, BEJA ou PORTALEGRE o mercúrio sobre com muita facilidade acima dos 35º. E fica lá dias seguidos!

    Todas as cidades têm ruas inclinadas. Pos se até a Bélgica perdeu um rei num acidente de alpinismo naquela planura sem fim não será difícil arranjar uma rua inclinada na própria Amsterdão.
    Mesmo em Portugal cidades como Aveiro ou de Vila Real de Santo António têm condições muito diferentes das de Lisboa para o uso da bicicleta

    Não está em causa que as pessoas andem de bicicleta em Lisboa ou na Calçada do quebra-costas em Coimbra. O que questiono é se é viável apresentar a bicicleta como uma alternativa real a outros meios de transporte em Lisboa. Parece-me muito interessante o seu uso recreativo ou como meio de transporte por aqueles que o conseguem mas não me parece que existam condições em Lisboa e noutras cidades portuguesas para investir na bicicleta como meio de transporte alternativo.

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  27. caramelo permalink
    14 Maio, 2008 12:00

    E a Calçada das Pretas e a Rua dos Mártires de nãoseiquê, e que por cá faz muito calor para andar de bicicleta, ui, ui.. isto é só maçadas. A última de não se poder andar de bicicleta neste país por causa do calor, faz-me impressão. Eu acho que até no Alentejo se anda de bicicleta. Já vi, com estes olhos que a terra há-de comer. Mas deviam ser os holandeses malucos que por lá andam. Quando à Calçada das Pretas Mártires, oucoisassim, nem sei que diga.

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  28. Doe, J permalink
    14 Maio, 2008 12:05

    Curiosamente em Sevilha, cidade que adoro, raras são as bicicletas que por lá se vêm ( Ou então não estamos a falar da mesma Sevilha.

    O que todos por lá têm e aproveitam são as motorizadas, vespas ou motas, com ou sem utilização de capacetes, que em Portugal são fiscalmente consideradas artigos de luxo e coisa para malucos ou “outsiders” quando, essas sim, resolviam muitos dos problemas que hoje se apontam aos carros.

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  29. Cam permalink
    14 Maio, 2008 12:09

    é um disparate justificar o não uso da bicicleta com a temperatura.
    O não uso da bicicleta tem outras razões. Uma das quais é simplesmente o receio de ser atropelado por um automobilista.

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  30. 14 Maio, 2008 12:09

    O grande problema da utilização da bicla em Lisboa, é o prestígio.

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  31. 14 Maio, 2008 12:25

    «se até a Bélgica perdeu um rei num acidente de alpinismo naquela planura sem fim» – a Helena Matos está a falar na mesma Bégica que toda a gente conhece? Ou é alguma Bélgica de um planeta desconhecido? Se calhar é a Bélgica do Hitchhiker’s Guide to the Galaxy. Se não é isso, então há aqui alguma coisa estranha. Ou a Helena Matos está louca ou nunca pôs os pés na Bélgica. Já ouviu falar das Ardenas? Não são os Alpes, mas ainda assim… Não se fie apenas nas músicas do Jacques Brel, tente ver alguma coisa, sob pena de ninguém a vir a levar a sério.

    Já agora, qual a comichão que faz a colocação de ciclovias pelas cidades? Quem queira andar de bicicleta que o faça. Desde que se ofereçam condições, vai ver a quantidade de gente a ultrapassar automóveis, autocarros, a não ter de se preocupar com estacionamento, etc. Até a Helena ainda acaba por decidir dar uma voltinha de bicicleta pela marginal…

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  32. Mialgia de Esforço permalink
    14 Maio, 2008 12:34

    A utilização de bicicletas em grandes cidades tugas saturadas de trânsito é uma treta. Não há ciclovias e o pior de tudo isto é que nas ruas de Lisboa um ciclista adquire rapidamente o estatuto de espécie em vias de extinção.

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  33. caramelo permalink
    14 Maio, 2008 12:34

    Eu acho que isto, mais do que um problema de calor e de Caçlada das Pretas, é um problema de civilização. Eu vi em Paris há trinta anos, gajos de fato e gravata a andar de scooter, com capacete. Aqui isso é, ainda hoje, motivo de riso. Mas falar de civilização e cidadania em Portugal é uma falta de respeito. Bem diz o Pedro Arroja que os “Catholic countries the land of personal freedom, nonconformism and personal independence”. Olé. Tá muito calor para a bicla, né, meninos? Pooooois.. e não e fala mais nisso, que parece mal.

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  34. miguel permalink
    14 Maio, 2008 13:14

    Helena Matos: “Não está em causa que as pessoas andem de bicicleta em Lisboa ou na Calçada do quebra-costas em Coimbra. O que questiono é se é viável apresentar a bicicleta como uma alternativa real a outros meios de transporte em Lisboa.”

    Estamos a chegar a um consenso.
    Ninguém defende a bicicleta como alternativa absoluta a outros meios de transporte. Ninguém mesmo (garanto-lhe que conheço o “meio”). O que é defendido é que sejam criadas condições e seja incentivado o seu uso. Se o seu uso só é uma “alternativa real” para 10% das deslocações, então que isso seja feito para esses 10%. Comparados com os enormes custos (financeiros, de ocupação do espaço público, ruído, poluição,etc..) do automóvel, só essa pequena alteração já seria muito bem-vinda na cidade.

    Quem pareceu ter uma atitude “absoluta” foi a Helena, no seu texto que recusava liminarmente a hipótese bicicleta, seja para 1% ou 100% dos casos.

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  35. Nuno permalink
    14 Maio, 2008 13:36

    Há que respeitar todas as opiniões mas a sua, minha cara Sra., não tem ponta por onde se lhe pegue.
    Revela um egoísmo atroz, o mesmo que mina a sociedade portuguesa e muitas outras neste mundo….
    Como já outros comentadores disseram a utilização do automóvel tem sido impulsionada pelo estado e pelas câmaras municipais, uma vez que parte dos custos da sua utilização são assumidos pelo estado e pelos contribuintes que nem usam carro particular.
    Como a si quando está com o traseiro sentadinha a gozar o seu ar condicionado, não lhe chega o cheiro do tubo de escape do seu carro, e as suas criançinhas vão sentadas no seu carro e não a tentar brincar na rua pejada de carros, não lhe tocam nesse momento os custos ambientais e a degradação do espaço urbano…
    Também não se preocupa que para sustentar o seu hábito de deslocação se ande a tentar arranjar a alternativa dos bio-combústiveis e com isso a encarecer o custo da base alimentar de metade da população mundial, afinal você está na metade priveligiada.
    Podem morrer pessoas à fome que desde que não caiam para o meio da estrada em que o seu carro circula, isso é um problema delas e não seu.
    Quanto ás condições para circular de bicicleta e caso o clima seja um impedimento gostava que tentasse perceber porque é que na Escandinávia usam bicicleta?? Serão pobres, serão burros, serão masoquistas??
    Eu é que estou farto de pagar impostos para sustentar uma cultura de betão, de tirar as pessoas da circulação pedonal nas ruas, de um urbanismo carro-dependente. De vêr automóveis que ocupam quase 20x mais espaço na cidade que 1 pessoa a circular apenas com o condutor!!! Quero os milhões de metros quadrados roubados aos habitantes da minha cidade de volta, até porque a maior parte das pessoas com a sua mentalidade mesquinha nem vive no centro da cidade, por isso faz o mal ao trazer o automóvel e depois covardemente foge ao fim do dia!!!!
    Tenha coragem, integridade e acima de tudo generosidade para com os outros cidadãos, principalmente para com as gerações futuras…
    Se se queixa do urbanismo e dos engarrafamentos e poluição pense o que é que você pode fazer por isso, não espere que o Estado seja obrigado a fazer algo para manter os seus hábitos.
    Pelo seu racíocinio o Estado deve passar a subsídiar os combustíveis quando chegarem aos 200 dólares o barril, ou então diminuir o ISP, isso sim na sua cabeça seria justo – era pôr todos os contribuintes (mais ainda do que agora) a subsídiar as necessidades dos automobilistas.
    Nem todos os cidadãos são automobilistas, e a tendência nas cidades desenvolvidas, é cada vez haverem menos automobilistas.
    Você é uma “Dinossaura” em vias de extinção, evolua ou vai desaparecer….

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  36. Doe, J permalink
    14 Maio, 2008 14:11

    Os bandidos dos automobilistas que financiam, directa e indirectamente, através das múltiplas taxas, impostos, impostos sobre impostos, portagens, parquímetros, inspecções, coimas avulsas e demais eteceteras, grande parte dos consumos dos Estado Português deviam ser “banidos” da paisagem.

    Underground com eles! Já!

    Mas claro que tinham que continuar a pagar para que os “livres-pensadores” deste país pudessem continuar, despreocupadamente, a debater maneiras de os mandar abaixo.

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  37. Doe, J permalink
    14 Maio, 2008 14:18

    Aguardo ansiosamente pelas próximas campanhas eleitorais onde o Camarada Louçã e os seus muchachos se vão movimentar exclusivamente de burro quando forem pregar ás bestas.

    Tal como o Camarada Costa das 7 colinas que, consequentemente com o que pregou na sua campanha, já mandou vender parte da frota automóvel da CML para comprar as novas bicicletas Tandem de 2 e 3 lugares com o devido posto para o motorista de serviço e apoio para as bandeirinhas da edilidade.

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  38. 14 Maio, 2008 14:22

    Cara Helena

    O Inferno continua activo e bem quente (Pelo menos o Alemão).
    O Limbo é que foi extinto!

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  39. miguel permalink
    14 Maio, 2008 14:33

    Doe,J
    O que os automobilistas pagam com isso não chega de maneira nenhuma aos custos que o Estado e todos nós temos com eles. Por outras palavras, o AUTOMÓVEL É QUE É FINANCIADO POR QUEM NÃO O USA.

    http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=267918

    Click to access eea_technical_report_3_2007.pdf

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  40. Doe, J permalink
    14 Maio, 2008 16:20

    miguel

    Não misture as “médias” da UE com Portugal. Cinja-se ás contas de Portugal e terá uma surpresa.

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  41. miguel permalink
    14 Maio, 2008 16:50

    Doe, J

    Mostre lá os valores para Portugal que eu estou curioso… Especialmente porque Portugal tem um nível de gastos com construcção de novas rodovias, que é uma coisa louca (veja-se notícia no comentário 9), custos com a sinistralidade obviamente acima da média, etc…

    Ou será que não tem os números, e mandou a boca só por mandar?

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  42. Doe, J permalink
    14 Maio, 2008 17:38

    miguel:

    A “boca” aqui é sua… ó companheiro,
    “Por outras palavras, o AUTOMÓVEL É QUE É FINANCIADO POR QUEM NÃO O USA.”

    http://dn.sapo.pt/2006/04/28/economia/governo_muda_fiscalidade_automovel_m.html
    “Em 2005, a fiscalidade automóvel rendeu aos cofres fiscais 6,9 mil milhões de euros, 23% da receita tributária.”
    “Mas não haja ilusões: a carga fiscal é para manter. Um grupo de trabalho, recentemente nomeado pelo ministro das Finanças para reformular o IA, já tem as directrizes de actuação financeiras descritas. Diz o despacho de nomeação que a comissão “terá de assegurar o nível de receitas fiscais actualmente geradas a partir do IA, da incidência do IVA sobre o IA, bem como o IMV”. Isto significa que a carga fiscal ao longo da vida do automóvel aumentará.”

    Se era de 23% em 2005 e como não me consta que tenha baixado, antes pelo contrario, tire as suas próprias conclusões, se lhe apetecer.

    PS: Convém ainda relembrar que neste numero penso não entrar o produto das múltiplas “caça à multa”, IVA nas portagens (inevitáveis por falta de vias alternativas credíveis) e parqueamentos, IVA e ISPP nos combustíveis, IVA nos componentes, reparações e serviços conexos, etc, etc, etc.

    Há mais duvidas? 🙂

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  43. 14 Maio, 2008 17:45

    Eu moro numa das encostas de Lisboa e todos os dias vou levar o meu filho a casa de uma das avós, e os transportes públicos ficam a umas boas subidas ou descidas irregulares e cheias de carros nos passeios. De facto não vejo coisa mais prática do que começar a deslocar-me de bicicleta…

    Mas se há tanta gente tão amiga da pedalagem, não entendo porque se vêem tão poucos ciclistas em Lisboa ou nas restantes cidades portuguesas. Desconfio que em alguns casos é mais cómodo teclar umas coisas “bonitas” sobre o uso de bicicletas do que usar as ditas. (Ai as subidas, ai o calor…).

    Eu, sinceramente, gostava muito que muita gente começasse a usar a bicicleta em Lisboa. Juro que nem me imnportava de pagar mais uns euros de impostos se isso significasse ter menos trânsito a estorvar o caminho do meu carro.

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  44. Nuno permalink
    14 Maio, 2008 17:56

    Aos últimos comentadores só vos digo – petróleo a 125 dólares o barril e com previsões de chegar aos 200 até ao fim do ano….
    Se vocês querem continuar a pressionar para uma subida dos preços façam esse harakiri..
    Existem outras formas de circularem pessoas sem gastar petróleo ou gastando menos, e se calhar com essa quebra de procura individual para deslocação, podemos assistir a uma descida dos preços, permitindo que os utilizadores industriais e empresas o possam comprar mais barato. Assim se calhar podemos controlar a subida dos preços de bens e serviços essenciais para todos nós.
    Além disso a opção pelos transportes colectivos, e que não recorrem a combustíveis fósseis permite poupar o ambiente e como bónus oferece a possibilidade de repensar o urbanismo das cidades para servir pessoas e não automóveis…
    Experimentem uma mudança de hábitos de transporte e sejam generosos para com as gerações futuras, ofereçam-lhes a possibilidade de crescerem em cidades mais humanizadas….

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  45. Helena Matos permalink
    14 Maio, 2008 18:05

    As gerações futuras que eu sou acusada de não proteger são aquelas que atulham os parques ao pé das universidades com os seus carritos X qualquer coisa? Mesmo quando essas universidades ficam ao pé do metro?

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  46. Nuno permalink
    14 Maio, 2008 18:27

    São pois, são as mesmas que andam no banco de trás do seu carro para todo o lado, e como vêm o bom exemplo, a primeira coisa que fazem ao chegar aos 18 anos é pedir-lhe um carro para andar.
    Mude o seu exemplo e a sua mentalidade, não seja comodista ao extremo, seja generosa para com as gerações futuras e começe essa generosidade com o exemplo que pode dar.
    Em tempos de crise, económica, ambiental, de disponibilidade de espaço urbano é fundamental a generosidade e espírito de sacríficio dos cidadãos – é necessário que, como um grande homem em tempos disse, se pergunte o que nós podemos fazer pelo nosso país e não o que o nosso país pode fazer por nós!!! Escrevo estas linhas a olhar pela janela e observando a chuva, sabendo que mesmo perante a possibilidade de chuva para hoje saí de casa na minha bicicleta. E nela voltarei em segurança, um pouco molhado é certo, mas feliz por não ter gasto um recurso escasso que é melhor empregue no depósito de uma ambulância, de um autocarro escolar, para fornecer electricidade ou aquecimento, etc…Por mim o preço dos combustíveis desceria, porque a procura desnecessária seria eliminada – é esse neste momento o papel que o estado deve têr – desincentivar o consumo para deslocação individual e com os ganhos desses impostos diminuir a carga sobre a utilização para fins de transporte de mercadorias e indústriais.

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  47. 14 Maio, 2008 18:51

    Srª Drª Helena Matos.

    Resido e sou profissional liberal em Lisboa, não sou beto, faço em média 8.500 Km de bicicleta por ano.

    A minha tensão arterial é 68-108 e pulso 48, valores médios ao acordar.

    Sinto-me muito bem para os meus quase 50 anos de idade.

    Pedalo no meu “cantinho” da vida e não pretendo converter ninguém ao ciclismo. Ainda menos à força ou reclamando a minha “verdade” absoluta.

    A inferiorização que a Srª Drª faz das bicicletas e dos ciclistas em geral, a esmo e por atacado, mete no mesmo saco coisas completamente diferenciáveis como é próprio dos ignorantes de matérias específicas.

    No oposto da atitude equivalente desempenhada por aqueles que vão fumar uma ganza a Amesterdão em low cost, reparam nas bicicletas que passam, pensam que aquilo é eléctrico e regressam em militância furiosa no Bloco, nas bicicletas, no Chapitô e noutros lugares onde a higiene do cabelo não tenha que ser muito rigorosa.

    Todos fazendo lembrar o as velhas que vão a Fátima, choram muito á chegada e regressam convencidas que viram a nossa senhora.
    Ou seja, ao nível dos iluminados que receberam a revelação divina sobre estas matérias.

    Acredite que já havia quem fizesse muitos milhares de Km por ano antes dos politicos socialistas e da Srª Drª descerem á terra com as vossas opiniões (ou falta delas) sobre o uso das bicicletas.

    Mais – e este aspecto é tremendamente importante – a prática regular do ciclismo faz dos homens resistentes amantes e das mulheres melhores ainda. Tudo devido aos optimos sistemas circulatório e respiratório daquele modo potenciados e ao desenvolvimento de específicas zonas musculares, como dorsais, abdominais, e em especial, ancas e gluteos.

    Desculpará a referência, que tentei que fosse de forma elevada, mas já estou naquela idade em que se valorizam estes aspectos de forma muito mais grata. Por isso, se outra razão não houvesse, a bicicleta sempre seria útil para a vida sexual dos portugueses.

    Como costumo dizer: “quem quer ter opinião sobre bicicletas, primeiro dá ao pedal e depois emite sentenças”.

    Mas eu não quero convencer ninguém. Para mim, é bom ponto final.

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  48. Anónimo permalink
    14 Maio, 2008 18:54

    Agora que os chineses começaram a ter possibilidades de usufruirem do conforto do automóvel, os políticos ocidentais pretendem que, os seus cidadaõs regridam a um modo de vida de que os chineses se começam a libertar.

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  49. Nuno permalink
    14 Maio, 2008 19:06

    Além disso os chineses ganharam também a possibilidade de usufruirem do cancro do pulmão, das alergias, doenças respiratórias diversas, e ainda da possibilidade de andarem de máscara na rua.
    Se é essa a sua noção de desenvolvimento prefiro que os chineses se tornem “desenvolvidos” e nós atrasados como os Escandinavos ou Holandeses….

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  50. miguel permalink
    14 Maio, 2008 19:36

    Doe J,

    A discussão era se as receitas cubriam os custos.
    Mostra-me dados que contem EXCLUSIVAMENTE as receitas… mas não fala nos custos!

    Mantenho, o automóvel é financiado pelo Estado.

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  51. 14 Maio, 2008 20:00

    AH AH AH AH AH

    há comentários que me fazem rir até rebolar no chao

    lisboa é uma cidade horrivel para andar d bicicleta ou a pé, q inferno.

    já vivi 10 anos em luanda, que é mais quente que lisboa o ano inteiro e nunca me queixei de andar principalmente de bicicleta

    mas tá bem, cada um tem o direito de ter a sua opinião… já o q o portugues está habituado a andar de carro, q ande!

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  52. Doe, J permalink
    14 Maio, 2008 20:56

    #miguel Diz:
    “Mostra-me dados que contem EXCLUSIVAMENTE as receitas… mas não fala nos custos!”

    Mande lá então para aqui esses números dos custos pois tantas certezas não podem nascer de palpites. Ou podem?

    “Mantenho, o automóvel é financiado pelo Estado.”

    Mantenha à vontade o que quiser. Sem esses tais números, que decerto tem bem presentes, só pode advir duma questão de fé e a religião de cada um ainda é livre. Pelo menos em teoria… 🙂

    PS: Ainda nem mencionei que a carga fiscal portuguesa sobre os combustíveis é das mais elevadas da Europa senão do mundo. Mas presumo que isso também não tenha qq importância para quem se apresenta com um dogma. 🙂

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  53. Nuno permalink
    14 Maio, 2008 22:27

    “Mantenha à vontade o que quiser.”
    Eu mantenho que: – andar na cidade parado em filas de tráfego é estúpido;
    – pagar 1,4 eur por combustível para dar passeios higiénicos ao fim de semana e andar uma só pessoa no carro é estúpido;
    – o petróleo é um recurso escasso e como tal deve ser poupado e usado em actividades produtivas, que não possam ser desenvolvidas com consumo de outra fonte de energia;
    – o espaço urbano é limitado e como tal deve ser bem gerido, dando primazia às pessoas e não a latas com 4 rodas acopladas, que ocupam 20 vezes mais espaço que uma bicicleta;
    – apenas o comodismo e egoísmo levam os automobilistas a usarem desenfreadamente o automóvel;
    – os impostos sobre a posse e uso de automóveis deverão subir ainda mais para que o custo monetário da utilização do automóvel se aproxime do custo para a sociedade e para o ambiente;
    – deverão ser ao mesmo tempo dados apoios ás empresas de transporte e outras para as quais os combustíveis baseados no petróleo são indispensáveis;

    Se eu usasse tanto o automóvel como a maior parte dos portugueses automobilistas também gostaria que o custo da minha utilização fosse repartido por todos os outros, assim como gostava que o estado me subsidiasse a bicicleta, no entanto não há almoços grátis já dizia um célebre economista (os custos tardaram mas estão a chegar no caso do automóvel, aguentem com eles, deixem de comer para andar de carro para todo o lado, ameaçem os gajos da OPEP, sei lá desen-merdem-se….)

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  54. hydrofluoric permalink
    15 Maio, 2008 00:02

    “mas também nos nevoeiros que impedem que se veja o próprio nariz”

    Looks like this fogginess in your head is a permanent and settled state. There is nothing you can do about that, it is genetic. I suggest a hysterectomy.

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  55. Doe, J permalink
    15 Maio, 2008 07:50

    Nuno Diz:

    “(…)andar na cidade parado em filas de tráfego é estúpido;”
    “(…)e andar uma só pessoa no carro é estúpido;”
    “(…)o comodismo e egoísmo”
    (…)sei lá desen-merdem-se….

    Porreiro pá!…
    Mas… e os tais números?

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  56. Cam permalink
    15 Maio, 2008 10:14

    Eu não ando de bicicleta e a razão é muito simples, não quero ser atropelado ao fim de 2 meses. O risco é elevado. Se não fosse esse risco eu andaria bastantes vezes de bicicleta.
    As ciclovias existentes, muito raras, não estão colocadas em locais que sirvam para as deslocações habituais da população, só servem para o passeio domingueiro para diversão.
    Existissem condições para andar de bicicleta sem ser atropelado e aos poucos apareceriam ciclistas.

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  57. 15 Maio, 2008 13:29

    Caro Cam

    Eu ando de bicicleta há mais de um ano, e se me lembro bem, nunca fui atropelado. Ficaram, pelas suas contas, 7 ou 8 atropelamentos por fazer.

    Eu não sou apologista de revoluções nem de manifestações. Acho que a melhoria do ambiente e da qualidade de vida virá, no fim de tudo, de cada um de nós. Por isso ando de bicicleta e não reclamo com quem não anda. A não ser que me invadam o lugar na estrada a que tenho direito.

    Faço em média 7 kms por dia e transporto a minha bicicleta no comboio da CP para fazer o percurso Agualva-Cacém -> Entrecampos (fora das horas de ponta, pois a CP não tem infra-estruturas nem cadencia de comboios mínima para que possa transportar-me a essas horas).

    Cada um transporta-se como quiser, mas com direitos chegam deveres, e é óbvio que se criam desequilibrios, quando alguém ao deslocar-se de bicicleta não polui, não ocupa espaço, não faz barulho e não mata, e quem anda de carro faz tudo isso. Tem de haver maneira de equilibrar as coisas. Nesta nova sociedade, isso tende a fazer-se monetariamente, mas isto dá para muito mais conversa.

    Acho o artigo da Helena Matos, uma miscelânea de sapos engolidos que saltaram cá para fora aos magotes. Chateou-se com o sexismo, com calor, com as elevações, e vinga-se nas bicicletas.

    Não consigo tirar nenhuma opinião coerente do seu artigo. Mas como digo, cada um faz o que quer e transporta-se como quer. E claro, escreve o que quer.

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  58. 15 Maio, 2008 13:46

    Só para pôr o “Sítio” bem. Nunca me habituei a chamar “Sítio” ao endereço dos sites. 😛

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  59. Tiago Mesquita Carvalho permalink
    15 Maio, 2008 14:41

    Quero apontar duas coisas:

    A primeira é que a relevância e o protagonismo mediático de uma autora tão desinformada e retrógada acerca das questões energéticas mundiais, dos passos em falso do desenvolvimento português através do betão e dos péssimos hábitos que a cultura do automóvel tem proporcionado a todos não são de todo justificados e que o seu único mérito é relançar, através do Blasfémias, uma discussão em torno do assunto. As suas respostas a alguns comentários são afectadas, prenhes de preconceitos e não se nota nenhuma vontade sua de vincar a sua posição, por falta de vontade ou por falta de argumentos, escolha a cara jornalista.

    A bicicleta é um meio de transporte viável e não apenas um meio de lazer. O livrete do IMTT não apoia somente a bicicleta mas também defende a implementação de uma maior mobilidade e conexão entre os vários tipos de transporte público. Ora, a autora decidiu, inveterada na sua pseudo-emancipação de um comentário longínquo do Alentejo profundo, resumir o relatório do IMTT a esta posição insustentável de divinização da bicicleta. Minha cara senhora, qualquer medida que prejudique, actualmente, o uso dos automóveis na cidade, não é bem-vinda, é obrigatória. Isto é claro e não me venha com contos do seu direito a deslocar-se como quiser porque não fazem, em si, sentido nenhum. Por isso, mais transportes públicos, mais multas, mais EMEL, menos pilaretes, mais praças, mais ruas pedonais, mais cultura cívica e mais condições para aqueles que querem andar de bicicleta na cidade o possam fazer. Deixe-se de comichões que mais parecem cócegas porque dão vontade de rir.

    Tiago Mesquita Carvalho

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  60. Luís permalink
    15 Maio, 2008 15:38

    Caro José Manuel Fernandes:

    escrevo-lhe a propósito da cronista Helena Matos, que mantém uma coluna no seu jornal, mais especificamente motivado pela leitura do texto intitulado “aí vamos nós montados a cavalo numa bicicleta”.

    Ora, devo desde logo fazer a ressalva que não sou um apreciador da prosa da autora. Creio que o tom crispado, empertigado e conservador (ou, como se dizia dantes, e eu gostava, reaccionário) não é feliz. Mas em geral não me incomoda, limito-me a ler outra coisa.

    Hoje, porém, o assunto até me interessava (ando irregularmente de bicicleta em Lisboa, e gostava de ter condições para andar mais) e por isso li o texto. E voltei a não gostar, claro, e por isso junto alguns comentários.

    A autora faz uma série de confusões sobre o Livro Verde para uma nova Cultura de Mobilidade Urbana, que convém esclarecer. Penso poder fazê-lo por ter estado presente na sessão de discussão e por posteriormente ter lido a sua sucessiva redacção.

    Em primeiro lugar, o Livro Verde não foca exclusivamente a questão da bicicleta, ao contrário do que a articulista quer fazer parecer. Outras questões têm muito maior destaque, como sejam os transportes públicos e as deslocações a pé. Não se percebe por isso a sanha contra as bicicletas. Aliás, as bicicletas são apenas referidas como “alternativa ao automóvel”, não se pretende que o substituam. Suponho que a autora rejeite em absoluto algum dia andar de bicicleta. Jamais! Está no seu direito de ser intransigente. Mas, por favor, dê espaço a quem quer andar mais de bicicleta, quer já o faça ou não. Chama-se a isto democracia, mas porventura não é facilmente compaginável com convicções de que se tem sempre razão. Mas era melhor que fosse…

    Mais à frente, diz a autora que Lisboa não é Amesterdão. Grande verdade. Mas alguém queria que fosse? Por mim, não, gosto de Lisboa, mais do que de Amesterdão, até. Mas o facto de não serem iguais faz com que tenham de ser totalmente diferentes? Faz com que, se se anda de bicicleta com normalidade lá, cá se tenha de ser uma espécie de proscrito? Não creio, e acho mais um caso de alguma falta de flexibilidade mental.

    Noutro trecho, a autora afirma enfaticamente que “espera uma exemplificação prática (…) [da] promoção da cultura da bicicleta para quem vive na R. da Pretas e trabalha no campo dos Mártires da Pátria”. Ora, em primeiro lugar, este argumento, recorrendo a um caso isolado e extremado, pretende ser caricatural, o que não abona a favor da tese da autora. Porém, mesmo assim, penso que tem uma resposta simples e cristalina: bastaria que a Carris instalasse no elevador do Lavra uns suportes para bicicleta. Assim, este putativo trabalhador poderia subir com a bicicleta no elevador e, mais tarde, descer calmamente, desta vez apenas com a ajuda da gravidade. Com mais algumas iniciativas simples como esta poder-se-iam vencer grande parte dos contra-argumentos orográficos que, à falta de melhor, são sempre os primeiros a saltar quando se fala de bicicletas.

    Dirigindo-me de novo ao director, queria pôr em causa esta opção recente do jornal de recorrer, na minha opinião com demasiada frequência, a cronistas vindos ou associados a blogues, como creio ser o caso de Helena Matos. Acontece que me é dado crer que, para ganhar um nome na blogosfera, é necessário assumir um papel exagerado, marcado, truculento e caricatural. Assim se fidelizam os leitores virtuais. Mas será que a mesma estratégia (como claramente assume esta autora) também é defensável num jornal generalista como o público? Quererá um jornal reproduzir o mesmo tipo de opiniões e polémicas inflamadas? Não creio, e por isso penso que esta opção editorial é infeliz.

    Com os melhores cumprimentos,

    Luís Mota

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  61. Nuno permalink
    15 Maio, 2008 16:38

    Ricardo,
    Nesse caso a subida de homicidios que também se verifica também deveria ser encara como uma mudança cultural….ou o aumento da prostituição….

    A destruição do ambiente e do urbanismo das cidades em favor de uma cultura de betão e de extrema dependência do automóvel particular é uma alteração cultural igualmente negativa, como tal não a aceito.

    Nem eu nem os povos mais desenvolvidos da Europa, aliás como nós (dependência do automóvel) até agora só me lembro de vêr em Atenas, e eles não são propriamente muito desenvolvidos….

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  62. céptico permalink
    15 Maio, 2008 21:14

    e assim o eco-fascismo aparece com a sua suposta supremacia moral em nome dos amanhãs em que os passarinhos cantarão e dos milhões e milhões ainda por nascer…….

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  63. Tiago Mesquita Carvalho permalink
    15 Maio, 2008 23:18

    E depois aparece uma opinião avulsa e sentenciosa que mistura alhos com bugalhos. Sr. Dão Céptico, ninguém falou em ambiente e ecologia, o Sr. é que imprimiu essa conotação à bicicleta, à discussão ou aos fantasmas que vê; estamos a falar de alternativas viáveis a um problema concreto que afecta as cidades europeias: o transporte individual e o seu impacto na vida de cada um.

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  64. Curiosamente permalink
    16 Maio, 2008 01:01

    Piscoiso Diz: ” O texto começa por uma frase dita por alguém, que só 22 linhas abaixo se sabe quem é.
    É um suspense terrível, para quem começa a ler, saber quem teria proferido uma tal frase cheia de pressupostos vergonhosos, como ter um marido que a guarde.”

    E curiosamente, o agente da GNR até devia ter razão, chamem-lhe o que quiser.
    O que é um facto, é que HMatos estava perdida, no Alentejo, se calhar com os seus filhos, e nada disso teria acontecido se tivesse o marido ao pé. Que pelos vistos, não era.
    Nestas situações, curiosamente, muitas mulheres reagem assim. Em vez de se culparem a si próprias de andarem perdidas, culpam todos os homens que aparecem à frente, e até os que não estão. E as bicicletas. Até se perdeu do carro dos outros familiares

    Curiosamente, o que salienta dessa história , é o agente da GNR, e as bicicletas.
    Notável texto, HMatos.

    Ja agora, agredeceu ao agente ele lhe ter ajudado ? Ou ficou fula pela evidente razão dele e nem lhe agredeceu indo-se embora qual cavaleira do asfalto, mas perdida e a resmungar

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  65. Nuno permalink
    16 Maio, 2008 01:35

    Caro Céptico, o que existe neste país é um burro-fascismo.
    O meu comentário foi claríssimo, mas provavelmente você ainda não terá visitado a Escandinávia ou a Holanda, nem por outro lado a Grécia e em particular Atenas.
    Quando tiver essa oportunidade há de me dizer se prefere passear e circular em Estocolmo por exemplo ou em Atenas.
    Deixe-me que lhe diga que no centro de Atenas você acorda logo às 06 da manhã com o barulho do trânsito, num calor infernal e até lhe custa a respirar com a poluição. Urbanismo horrível, barulho, carros por todo o lado, engarrafamentos, etc.
    Por outro lado em Estocolmo acordo sem ruído quase nehum da rua (talvez uma campainha de bicicleta ou uma voz de pessoa), saio à rua e vejo pessoas com um ar saudável a circular pelos passeios e ciclovias, turistas maravilhados com a beleza da cidade, enfim…
    A escolha entre estes dois cenários é óbvia para cidadãos inteligentes e bem formados, como vê estamos a falar de uma coisa muito concreta – qualidade de vida (e que eu saiba o bem estar económico e social na suécia é muito superior ao grego ou português).
    O português típico prefere passar horas a se deslocar enlatado, a comer fast food nojenta em centros comerciais de mau gosto ao estilo cantina ou manjedoura de quadrúpedes, e regressar a casa onde se aboseira a vêr futebol e novela. São gostos no mínimo discutíveis e que fazem com que um cidadão da europa desenvolvida nos olhe mais como africanos do que como seus pares na cidadania europeia.
    Eu quero contribuir para mudar isto e você vai fazer o quê??

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  66. céptico permalink
    16 Maio, 2008 02:10

    Caro Nuno,

    eu nem vou entrar pela diferença cultural-religiosa entre nordicos protestantes, latinos católicos e gregos ortodoxos….

    Eu contribuo para mudar isto apenas com as accões que tomo na minha vida e por ela….não pretendo mudar os outros ..nem com cenouras nem pelo pau…..

    A culpa é sempre do português tipico…esse tipo animalesco e rude..que habita nesta piolheira….a sorte que temos são estes seres eleitos..estas elites estrangeiradas que velam pelo nosso querido rectangulo…e que se enchem de perfume e oculos escuros cada vez que tem que sair à rua e interagir com a populaça…

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  67. Nuno permalink
    16 Maio, 2008 03:21

    Caro Céptico,
    Não vai você entrar pela diferença cultural mas vou eu.

    Não tenho nehum pudor em assumir que sou culturalmente inferior aos povos nórdicos, e muito menos por qualquer tipo de recalcamento tenho problemas em reconhecendo essa superioridade me esforçar por que tenhamos uma sociedade como a deles.

    O bem estar social deve ser promovido para toda a população e não como acontece neste país apenas para os ricos. Por isso é que devemos apostar na rede de transportes públicos e nas condições para que as pessoas se possam deslocar da forma mais económica possível.

    Com o ritmo imparável de crescimento dos custos com os combustíveis, só a classe alta irá poder continuar a se deslocar para todo o lado de automóvel, enquanto que a classe média e baixa se o quiserem fazer da mesma forma como o têm feito quando os combustíveis estavam baratos irão têr que passar por graves provações.

    A escolha para os portugueses médios é simples – comer bem, investir em cultura e formação, viajar ou então andar de carro particular para todo o lado como agora e abdicar de quase tudo o resto. Esse é o motivo pelo qual o estado deve apoiar o transporte por bicicleta, transportes públicos, etc.

    É melhor para a sociedade e economia um consumo diversificado de vários tipos de bens do que uma concentração de despesas em combustíveis, chama-se crescimento sustentado e sustentável!!

    Ah e já agora eu por gostar do contacto com os restantes cidadãos do meu país (a tal populaça como você chama) é que ando a pé, de transportes e de bicicleta, não ando enlatado sozinho na minha lata-móvel.

    Não sei se já reparou mas a única forma de comunicar quando anda de automóvel é com a buzina, e essa não é uma forma muito amigável.
    Elitista e anti-sociável é quem se tranca sozinho no carro….

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  68. 16 Maio, 2008 11:02

    Desculpem a prosápia de vir aqui formular conclusões, mas…
    a bicicleta será um meio de transporte citadino natural quando a economia assim o determinar. Pelo preço dos combustíveis, pelo preço dos cuidados de saúde, pelo preço (portagens) da utilização de veículos a combustão dentro das cidades.

    Entretanto, só andam de bicicleta uns gajos mais ou menos desenquadrados do sonho português que é, como se sabe, conduzir diariamente para o emprego um BMW 320D com o cotovelo apoiado, com muita pinta aliás, na janela aberta.

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  69. Catarina permalink
    16 Maio, 2008 11:16

    Eu ando de bicicleta em Lisboa!!
    Mais de 10km por dia e não tenho qualquer problema com isso (:

    A melhor escolha que fiz!!!
    Para a minha sáude e resistência física, para a minha bolsa, para o meu tempo de deslocações de transporte e para a saúde dos restantes habitantes da cidade também.

    Cara Helena devia experimentar! Claro que não convem começar por grandes inclinações, e depois sim dar a sua opinião em como andar em Lisboa é horrível ao que eu discordo com toda a força que tenho nas pernas.
    A cidade fica mais bonita quando se vêm 6 ciclistas em vez de um carro.

    E não tenho problemas quando está mais quentinho porque a deslocação do ar faz uma brisa bastante agradável.

    Não sei se já reparou mas há cada vez mais seres esquesitos(?!) que se deslocam diariamente de bicicleta na cidade maravilhosa de Lisboa.

    E como é bonito ver uma mulher de saltos e óculos de Sol a deslocar-se de bicicleta na cidade.

    Cumprimentos

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  70. Gina permalink
    16 Maio, 2008 11:48

    Nuno “Eu quero contribuir para mudar isto ”

    O que vais fazer é andar de bibicleta e de transportes públicos? Puxa, tanta linha só para dizer isso. Quanto ao ceptico, epá, não andes. Vai de carro que chegas mais devagar.

    Eu então só monto motorizadas, daquelas em triciclo. Gostava era de ver a Helana a não ofender mais agentes e andar de bibicleta pra toda a gente ver.

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  71. céptico permalink
    16 Maio, 2008 14:09

    Caro Nuno,

    O meu comentário sobre a populaça era irónico…mas gostei do seu texto…por vezes é pela polémica e sendo advogado do chifrudo que chegamos ao cerne da questão…

    Desde novo que me questiono sobre a questão das biclas em Lisboa…e confesso que subir quotidianamente por exemplo do largo do rato para campo de ourique (subindo aquela ingreme rua do sol ao rato) criaria pernas, abdominais e gluteos de aço a muitas moçoilas alfacinhas…não nego os inumeros beneficios fisicos da prática…mas basta-me andar 30 minutos de automóvel..ou pior ainda 10 minutos de mota para perceber como se conduz em Portugal…

    Outro grande problema (não só do nosso país) é a questão do que representa o pópó para muitos…de mero mecanismo de mobilidade que deveria ser para simbolo de status e orgulho pessoal…lembro-me quando frequentava um saudoso palácio cor de rosa ali para as beiras da junqueira nos conturbados meandros dos anos 90 e apenas vislumbravamos os pópós dos senhores professores e de alguns colegas mais endinheirados…de repente por volta de 97 98 deixámos de poder usufruir do belo jardim..pois apareceram carros de todas as formas e feitios..em todos os sitios e mais algum….viva o crédito “barato” e a necessidade de arrivismo social…

    não me baralhando mais…a questão passará por mudar a imagem que em geral temos de populações em bicicleta…se substituirmos a imagem mental de magotes de chineses de bicla a sairam das fabricas pela imagem da jovem familia nordica, loira,civilizada e atenciosa a pedalar num belo domingo, talvez cheguemos a algum lado….

    mas isso demora tempo…

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  72. Filipe Ferreira permalink
    16 Maio, 2008 14:40

    Cara Helena,
    Agradeço que me ligue, 962972134, porque o que tenho para lhe dizer , só por telefone ou cara a cara.

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  73. Niagara permalink
    18 Maio, 2008 00:45

    Caríssima Helena Matos:
    Sou uma espécie de ciclista irregular. Ando de bicicleta quando posso, infelizmente não quando quero. Moro na margem sul, e por uma felicidade do destino viajo de transportes públicos (fertagus), mas por uma grandessíssima volta do destino tenho que andar uns 8 kmts de carro até à estação mais próxima – tenho o autocarro a um quarteirão de casa, mas vai para outra estação e demora no mínimo 30 mins a fazer o percurso – já experimentei. Isto porquê? porque NÃO temos uma política metropolitana de transportes COERENTE. Como não posso transportar a bicicleta no combóio dentro do horário de ponta e não tenho como a deixar na estação EM SEGURANÇA, sou forçado a ir de carro.
    Causa-me uma grande perplexidade o esforço e a preserverança de todos aqueles que, diáriamente e num entusiasmo solitário que só eles compreendem, levam o carro para o centro da cidade, enfrentando o trânsito, acidentes, o desgaste permaturo da viatura e o consumo estupidamente elevado de combustível. E ainda compreendo menos a afirmação “horária” de status -“vou lá abaixo meter uma moedinha”…
    A Emel NÃO faz nada pela cidade. Faz sim por alguns dos seus… investigue. A EMEL devia ser EXTINTA e todos os alvéolos erradicados como zona de estacionamento. Sim, se não houver onde estacionar, não se leva o pópó. A Emel é a primeira boa razão (de umas quantas) para não haver uma autoridade metropolitana de transportes. O ISP é outra. And so on…
    Cada um é livre de dizer e fazer o que quiser, mas às vezes a coisa corre mal. Não me parece sensato querer ter todas as pessoas a andarem de bicicleta – mas andar de bicicleta NÃO é meter a bicicleta no tejadilho do carro para ir até Monsanto dar uma volta com os amigos ao domingo – é ir até Monsanto de bicicleta para então dar a tal volta com os amigos, ponto. É fazer da bicicleta um elemento do quotidiano, uma ferramenta útil. E como tal, se não for útil, não se utiliza. Para ser útil, a sua utilização (ciclovias, p ex) tem que ser coordenada com uma rede de transportes públicos funcional e correctamente articulada. E com mudanças de legislação – o peão e o ciclista não deveriam estar na base da cadeia alimentar dos transportes urbanos, como estão. E é óbvio que há zonas em que não parece razoável assumir a circulação em bicicleta como a norma (o Castelo, por exemplo, pela geografia). Mas para não fugir ao mesmo exemplo, o bom-senso recomendar-nos-ia que a circulação automóvel não fosse aí a norma, quer pela traça urbana, quer pela idade avançada de muitos dos seus residentes… Eppur si muove…
    Outra questão pertinente: a Av da Liberdade é, das avenidas principais de todas as Capitais Europeias, a MAIS POLUÍDA. Bem no centro da cidade. O IC19 é a via mais congestionada da Europa…
    Mas para lhe dar uma idéia bem clara do ABSURDO a que chegámos no abuso da utilização do automóvel, pense no cruzamento da Braancamp ou da Alexandre Herculano com a Av da Liberdade. Imagine alguém a tentar atravessar a Avenida com o peão verde. Faça a experiência. Vá lá. Ponha-se no lugar do peão. Ponha-se no lugar de um peão invisual ou deficiente motor. Ou idoso – em Lisboa há muitos. E explique-me porque razão misteriosa deverá ser o peão a aguardar, ou a correr, ou ou. No pino do Verão, sem ar condicionado, é lixado, acredite-me. E no Inverno, à chuva, não é lá muito seguro. Mas… o automobilista, quando sai da sua viatura, não é ele próprio um peão? Perguntei por perguntar…
    Para além da redução drástica do estacionamento dentro da cidade, penso que se deveriam tomar medidas acessórias: diminuição da velocidade máxima para os 30 kmts hora para todos os veículos ligeiros dentro das malhas urbanas; perda de prioridade destes (ligeiros) para os transportes públicos colectivos, peões e velocípedes SEMPRE (em cruzamentos e passadeiras, conforme os casos). Por exemplo. Nada de impostos, nada de desculpas fiscais. Só “a César o que é de César”.

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  74. 28 Maio, 2008 22:03

    Lisboa de bicicleta é do melhor que há. Há vinte anos atrás, era ainda muito mais raro ver malta a pedalar na cidade, e eu subia a Infante Santo, para ir dar aulas no Liceu Pedro Nunes. Nos dias de calor, transpirava mais dentro de um autocarro do que a pedalar Avenida acima, onde o ar sempre corria mais e não suava em bica. E, no regresso, divertia-me com a alucinante velocidade atingida. Nunca fui atropelado, e nunca atroplei ninguém, só uma vez bati num carro ao ultrapassar pela direita, mas logo acabei a ultrapassagem e pedi desculpa. Habituado a andar de bicicleta em Coimbra, e morando bem no alto de Santa Clara, ao ir para Lisboa não me consegui adaptar aos transportes públicos, às esperas nas paragens, aos apertões, ao calor. E lá levei a minha bicicleta comigo. Durante um ano fui muito feliz a pedalar pela cidade. Lembro-me também de num fim-de-semana ter pensado dar um passeio até Cascais, mas nunca mais repeti a façanha, pois de passeio imaginado a um horror de milhares de carros a passarem e a “apertarem-me” para o lado, foi só uma pedalada.
    Os anos passaram, e agora a norma são os autocarros com ar condicionado. Já há mais utilizadores de bicicleta nas ruas. Nunca mais voltei a trabalhar em Lisboa, mas de vez em quando vou lá, para tratar de assuntos pessoais. E, desde finais do ano passado, tenho uma Mobiky Genius, que me permite ir a Lisboa de transportes colectivos, chegar lá e fazer as minhas pequenas deslocações a pedalar, utilizando ao mesmo tempo os transportes colectivos, para deslocações maiores, subidas mais íngremes, chuvas fortes, insolação insuportável, mesmo nas horas de ponta. A minha genial bicicleta encolhe-se tanto que ocupa menos espaço que um carrinho de bebé. Se houver melhores condições para andar de bicicleta em Lisboa, isso só quer dizer que a qualidade de vida na cidade vai aumentar – e aumenta para todos, residentes ou visitantes, automobilistas ou peões. Ainda que não defenda as ciclovias, a não ser para casos em que a ideia seja permitir passeios familiares, em que as crianças possam pedalar à vontade, imagino que para automobilistas ou pessoas que têm fobia às bicicletas, estudos que dizem que se deve melhorar as condições para quem usa bicicleta, faça muitas cócegas.
    Andar de bicicleta em Lisboa é possível, tal como andar de scooter, a gasolina ou eléctrica, e mesmo assim não se vêem tantas como noutras cidades ibéricas. É uma questão cultural, e como tal, passível de evoluir. Num ou noutro sentido. Mas que o custo económico é um factor que ajuda na evolução, sobre isso ninguém tem dúvidas. É pena que tenha que ser assim à força, melhor seria chegarmos lá pela lógica da ecologia global. Mas o importante é ir chegando lá…
    Um dos movimentos mais interessantes em termos de evolução cultural é a bicicletada, ou massa crítica. Um movimento que tende a crescer um pouco por todo o lado, e que ajuda a desmistificar a eternamente divulgada má relação automobilista/ciclista, e a má relação cidade/bicicleta.

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  1. cinco dias » O “status” de andar de bicicleta

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