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Socialismo de mercado II

2 Outubro, 2008

Associações de pais acusam livrarias de enganar famílias na compra de manuais

Albino Almeida, presidente da Confederação das Associações de Pais, considera que muitas vezes as livrarias induzem a compra de cadernos de exercícios e DVD’s, dando a entender que se trata de material obrigatório.
Albino Almeida realça que há famílias que estão a ultrapassar os limites de despesa da acção social escolar, um apoio de 150 euros e a culpa é dos livreiros.

Total descoordenação entre a acção individual e a realidade. Pessoas que compram bens que não precisam e depois culpam o vendedor. Porque é que isto acontece? Porque o Estado paga grande parte da despesa. Quem não paga tem poucos incentivos para verificar se a compra é de facto necessária. Mais um “Moral Hazard“.

PS – Há outra razão para isto acontecer: não existe uma relação perceptível entre a compra de um determinado material escolar e a sua efectiva utilização ou utilidade. Os pais compram material escolar por ele ser obrigatório e não por ele ser necessário.

20 comentários leave one →
  1. Luís Lavoura permalink
    2 Outubro, 2008 15:36

    O Estado não paga nada da despesa. Eu compro os manuais escolares do meu filho, e certamente que não sou ressarcido dessa despesa. Só a posso pôr na minha declaração de IRS, mas não faz grande efeito.

    Logo, este post não tem razão de ser.

    Já me aconteceu, de facto, a professora do meu filho dizer “quero que comprem o livro de exercícios X” e eu depois chego à livraria e dizem-me “só vendemos o livro de exercícios X conjuntamente com o livro de texto Y, não vendemos em separado”. Portanto, as associações de pais têm uma certa razão.

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  2. Luís Lavoura permalink
    2 Outubro, 2008 15:38

    Os pais compram os livros que a professora manda comprar. Sempre assim foi. Os pais não podem saber se de facto cada livro vai ser muito ou pouco necessário. A professora manda comprar, os pais compram. Será que o João Miranda acha que os pais deveriam esperar até meio do ano letivo para descobrir se determinado manual escolar vai mesmo ser regularmente utilizado, ou não?

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  3. rxc permalink
    2 Outubro, 2008 15:39

    Home schooling anyone?

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  4. Anónimo permalink
    2 Outubro, 2008 15:39

    É com base no conteúdo do seu post que os editires contam para editar como editaram este ano.

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  5. JoaoMiranda permalink*
    2 Outubro, 2008 15:41

    Luis Lavoura,

    A frase a bold responde ao seu primeiro comentário:

    há famílias que estão a ultrapassar os limites de despesa da acção social escolar, um apoio de 150 euros e a culpa é dos livreiros.

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  6. JoaoMiranda permalink*
    2 Outubro, 2008 15:43

    Luis Lavoura,

    Nem sequer são os professores que escolhem individualmente os livros. São os grupos disciplinares dentro de cada escola. O professor não tem liberdade de escolher outro livro. Mais, a escola só pode alterar o livro escolhido ao fim de 6 anos, o que coloca a escola nas mãos da editora.

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  7. António Carlos permalink
    2 Outubro, 2008 16:16

    “Os pais compram material escolar por ele ser obrigatório e não por ele ser necessário.”

    Caro JM,
    teorias à parte (e eu concordo consigo em teoria) a realidade é que poucos pais têm conhecimentos suficientes para avaliar a necessidade ou não do material indicado pelos professores ou até, no limite, pelos livreiros. A não aquisição de um determinado manual, ainda que na perspectiva do pai possa não ser necessário, pode ainda conduzir a uma situação de “sentimento de exclusão do aluno na aula” (não se esqueça que estamos a falar de alunos não universitários). Imagine um professor que indica um livro de exercícios não obrigatório mas que depois, no final de cada aula, indica TPCs desse livro e na aula seguinte pergunta pelos resultados.

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  8. rxc permalink
    2 Outubro, 2008 16:54

    Imagine também uma turma da primária (ou 1º ciclo, ou a treta de nome agora usado pelo ME) em que metade recebe sorridente e ansiosa os maravilhosos frutos do avançado tecnológico, sob a forma do lusitano “Magallanes”, e a outra fica a olhar embevecida, porque (e bem feita para eles) os seus pais têm rendimentos, o que os coloca fora do escalão “pobrezinhos-que-não-têm-€€s-para-a-educação-do-filho-mas-para-um-cafe-e-bagaço-sim”.
    No fim de contas, o que interessa é o Estado/governo/canalhada política controlar ao máximo todos os aspectos das vidas dos cidadãos, e continuar a tê-los dependentes desde o berço até à cova.

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  9. rxc permalink
    2 Outubro, 2008 17:36

    E para quando uma posta do Miranda sobre as performances de Palin a solo? Parece que o gás está a acabar-se, vejamos como se comporta hoje contra Biden.

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  10. diz o Roto ao Nu... permalink
    2 Outubro, 2008 17:59

    Total descoordenação entre a acção individual e a realidade. Pessoas que compram bens que não precisam e depois culpam o vendedor

    …pois JM, vou-lhe contar uma estória:

    A minha filha anda num extrenato privado, por sinal nem é barato. Não está na escola publica pois faz anos em Novembro, e como não há poucas vagas, teria de perder um ano, para ser obrigatoriamente incluida no ensino publico ( faz 8 anos dia 23 de Novembro e está na 3ª classe – para a escola publica só teria vaga obrigatóri na 2ª classe).

    Então o externato privado que ela frequenta tem duas modalidades de incrição anual: 1 – com material escolar ou 2 – sem material escolar.

    Eu, tenho optado pela segunda hipotese, obtenho a lista de material que a escola indica, faço uma filtragem pessoal e coordeno com a professora qual de facto é o material necessário e vou adquirindo á medida das necessidades. Asseguro-lhe que a cada ano tenho poupado cerca de 40 Euros, só na lista, e não faltou ainda nenhyum material á minha filha. Mais acrescento que é a minha filha que escolhe o material que prefere (cores, padrão, bonecadas…a parte estetica da coisa!) e adora pois o material fornecido pela escola é todo igual.
    Isto só na lista fornecida pelo proprio colegio… mais acrescento que tenho visto o “pacote” de material fornecido para a opção : matricula com material : e seguramente aquilo é comprado com descontos de quantidade a fornecedores favoraveis, donde deduzo que os preços a que a escola obtem o tal pacote serão mais baixos que o PVP.

    Agora vamos ao livros. Os livros escolares são tb vendidos e facturados pela escola, na sua totalidade e em bloco, e nem tão pouco tenho opção de escolha ou analise do que é ou não de facto indispensavel. Recebo um pacote de X livros escolares, facturado a Y euros e já tá.

    Conclui já tambem que na 1ª e 2ª classe cerca de 30% dos livros que comprei não foram usados.

    Voltando á questão:
    Total descoordenação entre a acção individual e a realidade. Pessoas que compram bens que não precisam e depois culpam o vendedor

    De facto creio que a culpa não é do “vendedor” ou “intermediario”, que no caso é a Escola. A culpa é minha por não conseguir ter a minha filha no ensino publico, e assim ter escolha sobre o que devo ou não comprar.

    De facto a Escola, sendo privada, como é está apenas a maximizar o lucro que gera.

    Por esta minha culpa me penitencio…e bastante…a cada final do mes!!!

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  11. Mais uma... permalink
    2 Outubro, 2008 18:56

    Eu nuncacompro livros ao meu filho. Se ele precisar do livro que o peça emprestado.

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  12. 2 Outubro, 2008 19:27

    Não basta os Manuais “ensinarem” as atoardas que a Sábado (e os blasfemos) publicaram, ainda temos que as pagar bem caras.

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  13. 2 Outubro, 2008 21:35

    Manuais escolares vendidos em «packs enganadores»

    Pais «coagidos» compraram cadernos de actividades que não são obrigatórios

    A Associação Portuguesa de Editores e Livreiros esclareceu esta quinta-feira que os manuais escolares e respectivos cadernos de actividades podem ser comprados em separado, na sequência da denúncia de uma confederação de pais de que alguns livreiros só vendem os manuais em «packs», noticia a Lusa.

    Os manuais e os cadernos que têm sido distribuídos em «packs» «têm códigos de barras próprios, preços específicos e isso está registado na informação clara e objectiva que acompanha aqueles materiais e à qual os pais devem estar atentos», esclareceu a Comissão do Livro Escolar da APEL numa nota enviada à Agência Lusa.

    Esta entidade refere que, no entanto, «muitas escolas recomendam a sua utilização [dos cadernos de actividades] ao longo do ano lectivo», visto que são «reconhecidos por lei enquanto recursos didáctico-pedagógicos».

    Segundo o vice-presidente da Confederação Nacional das Associações de Pais (CONFAP), António Amaral, «são as editoras que fazem os packs» e os pais são «coagidos» a comprar o conjunto por desconhecimento.

    António Amaral garante ainda que «não se pode vender livros que não sejam pedidos» e entende que os livreiros, que se queixam de ser acusados «injustamente», deviam ter um papel explicativo perante os pais.

    http://www.diario.iol.pt/sociedade/ultimas-noticias-iol-packs-apel-manuais-escolares/997913-4071.html

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  14. 2 Outubro, 2008 21:45

    “há famílias que estão a ultrapassar os limites de despesa da acção social escolar, um apoio de 150 euros e a culpa é dos livreiros.”

    Isso só se aplica às familias que beneficiam da Acção Social Escolar (da noticia linkada não há nada que dê a entender que as familias beneficiárias da ASE são mais dadas a comprar tralha do que as não benificiárias).

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  15. 2 Outubro, 2008 21:47

    Agora, talvez o post do JM podesse ter alguma lógica se fosse assim:

    —————————–

    Total descoordenação entre a acção individual e a realidade. Pessoas que compram bens que não precisam e depois culpam o vendedor. Porque é que isto acontece? Porque não existe uma relação perceptível entre a compra de um determinado material escolar e a sua efectiva utilização ou utilidade. Os pais compram material escolar por ele ser obrigatório e não por ele ser necessário.

    PS – Há outra razão para isto acontecer: o Estado paga grande parte da despesa. Quem não paga tem poucos incentivos para verificar se a compra é de facto necessária. Mais um “Moral Hazard“.

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  16. DISTRAIDO permalink
    2 Outubro, 2008 23:48

    1º – “não existe uma relação perceptível (para os Pais) entre a compra de um determinado material escolar e a sua efectiva utilização ou utilidade.”

    2º – “Os pais compram material escolar por ele ser obrigatório e não por ele ser necessário.”

    João os meus parabens!

    Conseguiu em duas frases demonstrar porque o Ensino neste País está como está.

    Só falta acrescentar que o patronato está-se marimbando para a melhoria das qualificações dos trabalhadores, para ter o quadro completo!

    Finalmente percebeu que o problema do Ensino não é a pseudo-liberdade na escolha da Escola Pública.

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  17. 3 Outubro, 2008 10:36

    O João cai no mesmo erro de sempre: avalia os outros pela sua bitola. Ora isso é completamente desfasado da realidade. O João acha mesmo que pais com a quarta classe (ou menos) têm capacidade para saber que material os filhos precisam para a escola?

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  18. 3 Outubro, 2008 10:41

    «Imagine um professor que indica um livro de exercícios não obrigatório mas que depois, no final de cada aula, indica TPCs desse livro e na aula seguinte pergunta pelos resultados.»

    Isso parece-me um contra-senso: dizer que um livro não é obrigatória, mas fazer dele uso constante e rotineiro. Se isso acontece – e não me recordo de alguma vez me ter acontecido a mim (ou quando acontecia, tirava-se, simplesmente, fotocópias das páginas em causa; exceptuando os casos em que é necessário comprar obras literárias) – não devia acontecer e o docente está a pedir problemas, problemas que devem ser (im)pertinentemente levados à sua pessoa, quer por pais, quer por alunos. Acho que no Carolina Michaelis andaram a estudar respostas a essas situações.

    «Conclui já tambem que na 1ª e 2ª classe cerca de 30% dos livros que comprei não foram usados.»

    Uma ideia gira: creio que mais tarde ou mais cedo, se passará para os ebooks/livros digitais, quando isso acontecer, seria engraçado se acontecesse o que acontece (ou existe opção) no iTunes. Preço em cada música individual. Preço por cada página utilizada. Porque se não utilizou 30% dos livros, quase de certeza que 100% das páginas dos outros 70% não terão sido integralmente (nem perto) utilizadas. Olhe que se calhar compensaria pagar x por cada “página” (digital) utilizada…

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  19. Anónimo permalink
    3 Outubro, 2008 11:22

    Claro que as técnicas de marketing “manhoso” nada têm a ver com isto.

    2 ou 3 livros com o mesmo grafismo; o dvd com a capa igual ao do manual adoptado; apresentar aos pais o conjunto devidamente embrulhado em plástico…

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  20. OLP permalink
    3 Outubro, 2008 11:27

    O pack suporta perte da “comixões” que editoras e livreiros tem de pagar aos “recomendadores” dos livros.Com a alteraçao anual do livro recomendado nada disto se passava,….. ficando “amarrados” tiveram de arranjar formas “criativas” para poder continuar a pagar.
    Tipo assim…hummmmm……. delegados de propaganda médica!!!

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