Dois pesos e várias medidas*
Sai-se de casa com o saquinho do papel mais o das embalagens e parte-se em busca de um ecoponto. Chega-se ao ecoponto e o dito está transformado numa espécie de instalação que, não fosse o mau cheiro, até se suporia fazer fazer parte de algum daqueles projectos artísticos que alegadamente formarão novos gostos e novos públicos. Mas não é o caso, embora mais ou cedo ou mais tarde seja certo que alguém há-de vender um destes equipamentos a algum museu desejoso de passar por moderninho. Voltemos porém ao ecoponto que se avista em várias das ruas deste país. Um sistema de recolha insuficiente a par dumas configurações desajustadas levam a que frequentemente se acumule lixo e mais lixo em seu redor. Enervadas com este mau aspecto algumas autarquias optaram não por aumentar o números de vezes em que os ecopontos são esvaziados, muito menos procuraram adaptá-los ao formato das embalagens que as pessoas pretendem aí despejar. Muito mais prosaicamente decidiram multar aqueles que, na impossibilidade de colocarem o lixo no ecoponto, o deixam ficar ali ao lado. Digamos que a multar-se alguém as autarquias deviam começar por multar-se a si mesmas pois não é aceitável que se apele a que os cidadãos separem os lixos, carreguem com eles até um determinado sítio e uma vez aí chegados não o possam deixar. Mas isto, que já por si é aberrante, coloca outros problemas muito mais sérios pois acontece que para passar a multa há que saber de quem é o lixo. E é aí que caímos na bizarra figura duma espécie de pides do lixo. Ou seja, umas criaturas que abrem os sacos e lá dentro procuram recibos ou qualquer papelinho que identifique o proprietário do dito lixo. Daí a passar a multa é um instante. Para não pagar a multa há que provar que ou o ecoponto estava cheio – situação que às autarquias não parece mal – ou que alguém mexeu no nosso lixo, retirando-o do ecoponto, coisa como se sabe facílima de provar pois isso apenas implicaria manter guarda dias a fio ao ecoponto e nós não temos mais nada para fazer. Tudo isto daria vontade de rir caso não estivéssemos perante a habitual complacência dos serviços públicos perante o seu mau funcionamento, a que se junta um nítido abuso de poder pois não só não se mexe assim nos papéis alheios como nada garante que aquele lixo é da pessoa a quem pertencem os recibos de multibanco ou os exames médicos que estão no saco ao lado do papelão.
Curiosamente, no mesmo país onde isto acontece e não parece chocar ninguém, a Comissão Nacional de Protecção de Dados (CNPD) não autoriza os proprietários de estabelecimentos comerciais a usarem as câmaras de videovigilância para identificar os autores dos roubos efectuados nas suas lojas, roubos esses que no ano passado atingiram o valor de 177 milhões de euros.
*PÚBLICO
Tenho contactado a Cãmara de Lisboa para a necessidade de os ecopontos serem despejados com maior regularidade. Nesse ponto concordo com o post. Contudo,o que se está a passar junto dos ecopontos tornando-os “ecotrampas” é da inteira responsabilidade dos utentes mal formados civicamente. Colocam junto aos mesmos tudo que lhes dá na real gana. Por vezes tenho dificuldade em chegar junto dos mesmos porque à sua volta encontra-se uma montanha da mais variada “porcaria”
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Note que aquilo que abordo neste texto é apenas o depósito de papel junto aos papelões. Aliás no lixo comum dicilmente se encontram documentos que permitam arranjar um ‘multável’
Helena Matos
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Não havendo espaço para o lixo no meio urbano, aos pobres cidadãos vítimas das elucubrações dos mandantes desta civitas de burocras idiotas encartados, resta uma solução: engolir o lixo! Por mim a penalidade é a pena de morte, aproveitando os fiscais da EMEL para arredar da frente seja viaturas seja lixo humano.
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Muito mais prosaicamente decidiram multar aqueles que, na impossibilidade de colocarem o lixo no ecoponto, o deixam ficar ali ao lado
É verdade que há ecopontos que estão cheios e é impossível despejar lá mais lixo, mas na grande maioria dos casos há uma clara falta de civismo das pessoas. Veja mesmo o caso das fotografias dos artigos que apresentou como exemplo. Há claramente espaço nos ecopontos, mas as pessoas preferem deitar o lixo para o chão. Alguém o há-de apanhar, é o que vai na cabeça de muita gente. E este, quanto a mim, é o maior problema no caso dos ecopontos em Portugal. A mentalidade de quem não gosta que os façam de criados, mas que adoram fazer de criados os outros.
Quanto à Pide do lixo, faça-se como no Japão. Os sacos do lixo têm que ter identificação. Se não tiverem, então entra em acção a Pide do lixo deles.
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No ‘Anónimo’ de 31 Outubro, 2009 às 10:07 leia-se Paulo Nunes.
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4. Se reparar os papéis não cabem nas aberturas dos papelões. Extiste também um problema que decorre do desajustamento entre as campnhas a incentivar à recicagem e aquilo que realmente se recicla. Os papelºoes estão vocacionados para receber papel e não tanto cartões de embalagens.
Helena Matos
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#4,
Sacos do lixo com identificação? Não chega. Não acha melhor juntar também uma foto de corpo inteiro?
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percebi peva, mas não deixa de ser interessante a maneira carinhosa com que a dona matos trata o lixo. se o lixo aceitasse ser filmado, umas câmaras de videovigilância resolviam o problema.
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Não estão já fartos desta hipócrita gente que adora tudo controlar e fiscalizar arvorando-se em sininhos de G3? Metam-se na vossa vida e consciência … e tentem ser felizes!
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UM LIXO LIXADO
Há, como se sabe, e no que toca aos ecopontos, há os dois casos opostos: o que não é esvaziado atempadamente, e o que, embora não estando cheiro, é desprezado por munícipes que deixam o lixo no chão.
Neste último caso, e no que toca a “saber de quem é o lixo”, tenho assistido a cenas continuadas de comerciantes que, não só colocam no chão as embalagens vazias à vista de toda a gente, como as mesmas têm bem escarrapachados o nome e até a morada da loja! E isso dia após dia, tal é a sensação (ou certeza?) da impunidade.
Uma famosa loja de modas das avenidas novas dá-se até ao luxo de usar sacos com o respectivo logótipo…
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#10 – o cartão das lojas é depositado ao lado para evitar que os gajos que fazem a ronda do papel revirem os contentores. sabes muita merda, mas percebes pouco de lixo.
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nada como uma trituradora de papel para reduzir a fitas todos os recibos e afins que deitamos fora… é fácil, barato e a não ser que a câmara tenha maniacos dos puzzles ao serviço, fica completamente de mãos atadas…
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#7 Sacos do lixo com identificação?
No Japão, meu caro, no Japão.
Não chega. Não acha melhor juntar também uma foto de corpo inteiro?
Não lhes dê ideias. Com a fama que os turistas japoneses têm com as máquinas fotográficas…
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A morada nos sacos do lixo era giro.
Um gajo em Lisboa pôr o lixo com uma morada do Porto.
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Por vezes vejo coisas ao lado dos ecopontos, ou dos prosaicos caixotes de lixo, aquilo que tanto incomoda o primeiro comentador, e pergunto: onde colocar essas coisas?
Um problema acrescido que encontro na minha zona é que as tampas, além de minúsculas, têm uma mola. Assim, seguro a mola para manter a tampa aberta, com a outra meto lá uma coisinha que lá caiba, largo a tampa para voltar ao saco, tiro mais uma coisinha, etc, até que chegue ao fim. Entretanto, vou pensando na idiotice nacional e no problema dos utentes que têm que ir aturando isto. Quanto à PIDE, que não conheci, creio que face à existente de sofisticados meios, está mais que perdoada.
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OS ‘PONTOS’ DOS ECOPONTOS
Atrás, refiro que não faltam casos de comerciantes que colocam o lixo fora dos lugares apropriados.
Veja-se, p. ex., [aqui] e [aqui], até que ponto pode ir o sentimento da impunidade.
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#9 Causavossa
Não estão já fartos desta hipócrita gente que adora tudo controlar e fiscalizar arvorando-se em sininhos de G3?
Farto, farto é de ver constantemente lixo à frente de casa.
Claro que ninguém gosta de ser controlado, mas hipocrisia é culpar constantemente as câmaras por um mau serviço e não reconhecer que uma das principais razões para haver lixo à frente dos ecopontos é a falta de civismo das pessoas. Claro que não é a única, mas é a principal.
Vivi muitos anos frente a um ecoponto. E não é nada agradável sair todos os dias de casa e ver constantemente lixo na frente dos mesmos. Vi, durante anos, pessoas a chegar ao pé dos ecopontos com sacos na mão e atirá-los simplesmente para o chão. Os outros que os apanhem.
Exemplos? Se calhar a passarem por lá, vejam os Ecopontos em Lisboa na rua Almeida e Sousa, no cruzamento da Sant’Ana à Lapa com a Infante Santos, ou nos dois ecopontos da Azedo Gneco. Nesta última, num dos ecopontos, até lixo ‘normal’ se vê no chão com muita frequência, lixo esse que acaba por ser espalhado pelos cães.
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Quanto aos roubos que ficam impunes por causa da não identificação em nome dos santos direitos nem é de admirar.Infirma aquela máxima: canos serrados e colarinhos brancos unidos vencerão…e não é que estão?
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Por exemplo os condomínios pagam a taxa de audio-visual, os motores de rega também…os ricos(que são aqueles que não têm direito a casa social de borla)por exemplo poluem muito mais que um pobre(o tal que não paga alojamento)e vai daí paga a taxa dos esgotos ao preço de ouro…
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Eu quando me pagarem como pagam aos socialistas e afins também passo a defender o socialismo, as novas oportunidades, a nacionalização do mundo por nossa conta,os pigmeus do Congo, etc.
Entretanto enquanto essa dádiva não chegar é o azar dos Távoras…
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#6 “Se reparar os papéis não cabem nas aberturas dos papelões”
Agora fiquei com a impressão que a Helena Matos confundiu algum marco do correio com um ecoponto.
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A Helena tem razão! Troquem-se os eco-pontos por Cavalos de Tróia.
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#13 e #17:
A pegar esta “moda” da identificação do lixo, a seguir vamos passar a ter que identificar o que enviamos para os esgotos?
O Japão é, de facto, um modelo de liberdade e qualidade de vida… tudo em rebanho e muito juntinhos.
Isto transformou-se num local frequentado por controleiros e libertinos. Não há bom senso…
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Mudei recentemente para Lisboa e considero que para quem tem a preocupação de reciclar o Porto é uma cidade muito mais fácil.
Nas duas cidades moro no centro.
No Porto estão a colocar a 3 geração de ecopontos (subtarrâneos) e na minha rua há 2, enquanto em Lisboa tenho da andar 2 quarteirões para encontrar 1.
Tenho a impressão que a recolha no Porto é mais frequente (raramente estão cheios) e que o civismo é maior, pois aqui em Lisboa não só estão frequentemente cheios como rodeados do mais diverso tipo de lixo.
Nota:
Tenho familiares a morar na Holanda e a minha mulher morou recentemente 3 anos em Bruxelas. Num caso e noutro se o lixo não for colocado no local certo no dia certo há multas que são efectivamente cobradas.
Em Bruxelas, só aconteceu uma vez, deu direito a notificação da Policia. Deslocamo-nos à Policia fomos informados detalhadamente do motivo da notificação e avisados que na segunda vez seria a doer.
Pode parecer controle a mais, mas seria a melhor forma de mudar a falta de civilidade de grande parte da nossa população.
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Vivemos numa republica de facto! Assim propagou o primeiro ministro!
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