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O TGV do Álvaro

18 Agosto, 2011

O Álvaro quer impingir-nos o TGV travestindo-o de linha férrea para o transporte de mercadorias, uma forma de estimular as exportações e de colocar os nossos produtos na Europa Central via bitola europeia. A propósito disto, convém ter em conta o seguinte:

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1. Para que é que um país com frente para o mar e a milhares de quilómetros do centro da Europa quer mandar mercadorias por comboio? Deve ainda ter-se em conta que a Iberia é uma península e que a própria Europa é uma península, com portos por todo o lado.

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2. Grande parte das empresas exportadoras estão no Norte do país, a 600 Km do porto de Sines, a 300 da futura linha férrea para Madrid e a uns 50 km do porto de Leixões. Que exportações é que o ministro Álvaro imagina que serão servidas pela nova linha?

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3. Actualmente as empresas seguem metodologias “just in time”, de stock próximo de zero, em que as mercadorias começam a ser produzidas no momento em que o cliente faz a encomenda. Esta metodologia requer o transporte frequente de um número reduzido de unidades. Por outro lado, o comboio é competitivo para grandes quantidades e baixas frequências. Que tipo de empresas, que tipo de produtos e que tipo de metodologias é que o ministro tem em mente quando fala na aposta no comboio para estimular as exportações?

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4. O comboio é competitivo no transporte de grandes quantidades entre o ponto A e B. Não tem flexibilidade para fazer redes de distriibuição com elevada capilaridade nem tem facilidade em responder à necessidade de transportes frequentes de pequenas quantidades.

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5. Não é por acaso que o transporte de mercadorias por comboio tem uma quota de mercado muito baixa em Portugal (2%) e Espanha (1%). O comboio só é competitivo em nichos muito específicos.

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6. O porto de Sines tem duas componentes que o podem tornar competitivo: é um porto ibérico e é um porto de Transshipment. Poderá servir para abastecer a Espanha central e para escoar produtos da Espanha central, mas em concorrência com mais uma dezena de portos, incluindo os de Aveiro, Lisboa e Leixões. O que o porto de Sines nunca será é um porto com vocação para abastecer a Europa central. Para isso existem portos franceses, belgas e holandeses em melhor posição. Em qualquer dos casos, a linha Sines-Madrid não serviria as exportações portuguesas mas as espanholas.

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7. O ministro fez este anúncio sem ter apresentado qualquer análise custo-benefício, pelo simples facto que a decisão é puramente política e baseia-se na narrativa que o próprio criou de que se mete exportações então é bom.

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8. É inevitável que em breve se comece a argumentar que para rentabilizar a nova linha são necessárias sinergias com o transporte de passageiros. Ou seja, em vez do TGV complementado com transporte de mercadorias vamos ter o transporte de mercadorias complementado com o TGV. A mesma coisa, o mesmo buraco.

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9. Acho estranho que o ministro só tenha falado do estímulo às exportações, sem ter referido o estímulo às importações. Será que os comboios só vão circular numa direcção?

41 comentários leave one →
  1. 18 Agosto, 2011 10:31

    Vê-se bem que o ministro não sabe o que se passa à sexta-feira nas PMEs do Norte.
    .
    São milhares de empresas que à sexta-feira tentam a todo o custo terminarem os carregamentos para daí a 2 dias úteis estarem em casa dos clientes na Europa do Norte.
    .
    Durante a semana não há exportações desta gente, até porque recebem as encomendas cada vez mais em cima da hora.

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  2. 18 Agosto, 2011 10:34

    Já vem sendo prática comum mascarar a verdade ou manipula-la. Descobriram que funciona e é o novo filão de ouro a explorar pelos políticos. Estão a fazer o mesmo com a RTP. Ao longo dos anos sempre teve que se injectar cerca de 200 milhões de euros por ano para sustentar os prejuízos da RTP…
    agora e do nada surge das cinzas uma RTP com lucros de 24 milhões?
    http://apodrecetuga.blogspot.com/2011/08/parasita-n1-dos-portugueses-e-rtp.html
    E muito convenientemente, numa altura em que se pretende preparar a opinião publica.
    Esta estratégia visa preparar-nos para o que for mais conveniente ao governo … sabe-se lá qual delas eles irão achar mais conveniente… privatizar? Ou não?

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  3. Eurico permalink
    18 Agosto, 2011 10:46

    Muito bem observado.

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  4. trill permalink
    18 Agosto, 2011 10:56

    É ASSIM: qq engenheiro não reconhecido pla ordem – qq suposto licenciado – ou até qq ser pnsante não certificado – sabe que não há TGV de mercadorias devido ao atrito que obrigaria um reforço de tal ordem – e um traçado com curvas ainda menos acentuadas do que para o TGV normal – que o empeemdimento seria uma coisa elefantesca condenada ao fracasso.

    FOI BEM MIS GRAVE terem fechado as pequenas linhas, como Régua Chaves, que, essas sim, serviam o trnsporte de mercadorias de forma ecológica, perservando ao esmo tempo o bom estado das rodovias. Claro que quando os administradores da CP se auto-aumentam de forma indecente e escandalosa, só há que cortar custos nos serviços prestados. Mas isto é um crime público, se não é deveria ser.

    NESTE PAÌS só se cometem barbaridades, não confio nos gestores portugueses nem nos políticos, por isso eu quero o governo da Merkel a controlar isto tudo.

    psicanalises.blogspot.com

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  5. Lisboeta e Sulista permalink
    18 Agosto, 2011 11:33

    Há uns anos o Estado Português, através de um governo PSD, comprometeu-se formalmente, vou repetir a palavra, comprometeu-se, a fazer uma linha de TGV, juntamente com o Estado Espanhol para ligar as duas capitais. O Estado Espanhol respeitou o acordo, assinado formalmente, e fez a sua parte levando uma linha de TGV bem até à fronteira, ficando a aguardar que o Estado Português fizesse o mesmo.

    Se o Estado Português der o dito por não dito e roer a corda, como qualquer bom troca-tintas, o Estado Espanhol fica com uma linha de TGV que liga Madrid ao Caia , ou seja, no meio de coisa nenhuma, com os correspondentes e avultados prejuizos.

    Agora vem o bom do Ministro das Obras Públicas, com uma lata de todo o tamanho, propor ao Estado Espanhol, o seguinte: a gente vai roer a corda, vocês ficam com uma linha de TGV que fica a meio caminho e no meio de coisa nenhuma, mas agora vamos propor-vos o seguinte acordo: vocês fazem uma linha de bitola europeia de Madrid até à fronteira francesa para nós podermos levar as nossas mercadorias até ao centro da europa, e quanto ao TGV não se fala mais nisso.

    Não me parece que o Estado Espanhol vá nisso, e não me parece que se resigne a ficar com uma linha de TGV inutil, depois de lá ter enterrado muitos milhões, sem exigir contrapartidas.

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  6. 18 Agosto, 2011 11:37

    “Governo pode adiar em dois meses anúncio de cortes na despesa”

    Para quem, na oposição, dizia ter tudo bem estudado e preparado e que era fácil, muito fácil, cortar nas gorduras do Estado, a coisa não está nada mal.
    Sempre é mais fácil cortar nos bolsos do povo. E para quem, quando estava na oposição, dizia que não ia cortar mais nos bolsos do povo, a coisa começou bem.
    É caso para dizer é muito mais fácil falar, criticar, propôr, do que fazer…

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  7. 18 Agosto, 2011 11:42

    Não tenho conhecimentos económicos que me permitam avaliar da justeza da medida,todavia não tenho dúvidas da falta de rentabilidade do tgv,transporte de ricos.Também não me parece que sirva só para exportações,então e as importações?Já agora,se o mar é assim tão eficaz nas ligações de carga,porque é que há tantos tires a circular dia e noite nas estrdas com os consequentes acidentes e desgaste das mesmas?

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  8. jose silva permalink
    18 Agosto, 2011 12:52

    na empresa onde trabalho no vale do Ave as exportaçoes saem de facto `a 6ª feira

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  9. António permalink
    18 Agosto, 2011 13:25

    se o estado espanhol quer rentabilizar a absurda e política linha de tgv de Madrid a badajoz prolongando-a até Lisboa que a pague ele ou aqueles que em Lisboa se deslumbram com ela.

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  10. tric permalink
    18 Agosto, 2011 13:27

    ainda este assunto!! eu quero vêr é o CDS a dar a cambalhota sobre este assunto!!! Mas estava-se mesmo a ver que este Governo Abortista de Passos ia continuar com os seu famoso cluster…agora vamos fazer um cluster para o transporte ferroviario de mercadorias!!! Passos, é mesmo o Socretino II .

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  11. Lisboeta e Sulista permalink
    18 Agosto, 2011 13:48

    Por outro lado, se a linha do TGV fosse para ligar o porto a madrid, de certeza absoluta que não veriamos nenhum dos escribas deste pasquim a verberar contra a dita. Ou se a linha de tranporte de mercadorias saisse de Leixoes em vez de Sines então já era dinheiro bem gasto.

    Eu já conheço esta gentalha do BLASFÉMIAS o suficiente para dizer o que digo.

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  12. António permalink
    18 Agosto, 2011 13:50

    Muito que tá neste post não é verdade… Qualquer especialista em transportes o sabe. nomeadamente os pontos 1 – a vantagem mete-se como sendo o primeiro porto à chegada da Europa, materiais fabricados na china e oriente poderiam facilmente ser despejados em Sines, e transportados em comboio que é muito mais rápido que por navio. (e tempo é dinheiro…).
    2. Colocava-se em vantagem os baixo custo dos portugueses para fabrico de componentes finais, ou montagem de produtos (é olhar para as industrias em Roterdão ou outro grande porto)
    3. Errado e uma afirmação tirada completamente do ar… Se fosse assim os volumes dos barcos não vinham a crescer como têm vindo e o aumento da capacidade do canal de Panamá não seria necessário.
    5. Mais uns dados tirados completamente do ar. Não é por acaso não. Sistema funciona mal, não está feito para ser intermodal, há elevados problemas de linha, erros de prioridade, falta de interligação europeia. Se o comboio fosse só para niches, seria para niches no mundo ou pelo menos na europa. Se calhar na Italia e Reino Unido os niches são uma % de mercado muito maior do mercado? (sim, até no Reino Unido, uma ilha!)
    6. Dizer que Sines concorre com Aveiro, Lisboa ou Leixões é… completamente errado e de quem nada percebe de portos ou transportes. E sim sines pode ser usado para abastecer europa em produtos que vêm de fora da europa e que dão maior importância ao tempo de transporte. O comboio (bem feito) é muito mais rápido que o barco, e pode valer muito dinheiro para alguns produtos. (isto está mais que estudado e provado).
    7. Este ponto é bom, faz todo o sentido e não podia concordar mais. Se fosse só isto era um bom post…
    8. Portanto é o mesmo ter uma pão, barrado a manteiga e uma barra de manteiga coberto de migalhas de pão? Aconselho leitura do ponto 7 do post.

    Volto a frisar que concordo completamente com o ponto 7 (agora o resto, era escusado…)

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  13. Lisboeta e Sulista permalink
    18 Agosto, 2011 13:53

    Uma coisa é certa: nenhum governo deste país de abéculas vai ter tomates para se chegar ao pé do Governo do Estado Espanhol e dizer assim : a gente vai roer a corda, vamos dar o dito por não dito, vamos desdizer tudo o que assinámos e vocês vão ficar com uma linha de TGV de Madrid até ao meio dos chaparros.

    Portanto, o TGV vai-se fazer quer os bimbos queiram quer não, porque senão para além das indemnizaçoes aos operadores ainda vão ter de desembolsar outro tanto para os Espanhóis porque, meus amigos, o Estado Português, personalizado pelo governo PSD da época, assinou um compromisso, com base no qual o Estado Espanhol gastou muitos milhões.

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  14. Lima permalink
    18 Agosto, 2011 14:03

    Ok, estou de acordo que não deve haver nenhuma linha de alta velocidade com Espanha, mas só por uma razão: estamos tesos.

    Não sei se já reparou, mas o ponto 1 da sua argumentação colide frontalmente com o ponto 3.
    “Por outro lado, o comboio é competitivo para grandes quantidades e baixas frequências.”
    O seu ponto 4 é uma falácia pura e simples. Assim como o JM diz sem justificar que isto é verdade, eu digo que não o é. Um comboio pode transportar uma multiplicidade de produtos em pequenas quantidades, e fazê-los chegar a múltiplos destinos, servidos por ferrovia, como é evidente, ou em última instância poderá ser servido de transporte rodoviário local no destino, que funciona plenamente em pequenas quantidades.
    A via marítima, não é rápida, e por isso, não responde ao “just-in-time”. A via aérea responde muitíssimo bem, mas é dispendiosa. E não me venha dizer meu caro JM que a via rodoviária é:
    – é barata: sabemos todos que os transportes rodoviários só funcionam por serem fortemente subsidiados. Retirem-lhes os apoios e a maioria desaparecerá.
    – serve o nosso pais, tendo em conta a sua localização na Europa: Todos sabemos muito bem que sempre que um grupo de camionistas na Espanha ou França cortam as estradas nos seus países (como tem acontecido e irá acontecer com mais frequência no futuro, seguramente), os camionistas portugueses ficam impedidos de chegar a qualquer destino que seja. Como sabe, o comboio não esta sujeito a essas vicissitudes.

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  15. lucklucky permalink
    18 Agosto, 2011 14:28

    “1 – a vantagem mete-se como sendo o primeiro porto à chegada da Europa, materiais fabricados na china e oriente poderiam facilmente ser despejados em Sines, e transportados em comboio que é muito mais rápido que por navio. (e tempo é dinheiro…).”
    .
    Continua o lugar comum, de muito repetido pelo complexo Estatista-Transportador sem sentido de que Portugal pode ser um porto para a Europa. Mentira. Portugal está numa extremidade a mais de 3000km , nunca será um porto para Europa. Só a descarga/carga é um dia ou mais.

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  16. Fredo permalink
    18 Agosto, 2011 14:33

    Antigamente a palavra era abracadabra. Para fazer a mesma coisa, ou seja, aldrabar o digníssimo público agora usa-se exportação. A grande diferença é que a segunda entra muito mais fundo nos bolsos do excelentíssimo público.

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  17. 18 Agosto, 2011 14:38

    Até que enfim alguém coloca o dedo na ferida.
    Acrescento apenas que Sines não tem (e dúvido que venha a ter, pelo menos no curto prazo) capacidade de competir com os portos mais próximos como Lisboa ou Algeciras. Analisem-se as rotas do comércio marítimo oferecidas pelos armadores nos referidos portos e facilmente chegamos a esta conclusão.
    Há algum tempo fiz uma posta onde referi este assunto:
    http://cronicasdealemtejo.blogspot.com/2011/06/uma-cidade-ver-passar-navios-e-o-pais.html

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  18. Ricciardi permalink
    18 Agosto, 2011 14:55

    Helena, vamos por parte, não é atacando os mérito (evidentes) das linhas ferreas para transporte de mercadorias, nomeadamente o ‘TGV mercadorias’, que obtemos mérito na análise. Não, o transporte de mercadorias por comboio é excelente e devia ter sido a aposta há muito tempo. No passado optou-se e mal pelos meios rodoviarios.
    .
    A análise do problema deve apenas centrar-se no mérito económico (ou não) do prjecto, isto é, se o investimento a ser feito justifica os proveitos esperados, neste caso, se a poupança face aos meios de transporte alternativos é útil e rentavel, tendo em conta a potencia instalada (investimentos) por outras vias. Pessoalmente, creio que não. O investimento não é recuperavel num prazo inferior a 50 anos.
    .
    Do ponto de vista racional, o ponto 2 que referiu é o mais importante. Isto é, o tgv mercadorias ficaria a uma distancia consideravel das empresas exportadoras. Assim, se o projecto avançar só para mercadorias o governo deve substituir o troço para lisboa e dirigi-lo para o norte que é responsavel por 80% da quantidade exportada do país.
    .
    Rb

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  19. Carlos Dias permalink
    18 Agosto, 2011 14:57

    a- Portugal nunca aproveitou (antes combateu) a sua situação estratégica na Europa graças à política provinciana e medrosa existente nos portos portugueses (mas o PS e o PC devem saber da história).
    b- As mercadorias inter-continentais exportadas/importadas por camião normalmente vem com defeito (deve ser por entrar muita água).
    c- Os comboios não estão sujeitos às medidas (muito restritivas ) de tempos e dias de circulação. Não sei como mas viajam 24 sobre 24 h.
    d- Para manutenção das estradas há cada vez mais países a onerar a passagem de camiões (pergunte a um turista alemão o que quer dizer MAUT).
    e- Os portos estrangeiros estão a ficar congestionados.
    f- Há outras razões, mas agora vou almoçar.

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  20. Carlos Dias permalink
    18 Agosto, 2011 15:01

    Já me ia esquecendo.
    Claro que a Merkel está escandalizada com os gastos supérfluos dos portugueses.
    Mas como qualquer boa gestora e amiga, também nos quer impingir o TGV alemão (e mais submarinos se possível).
    Quanto aos espanhóis se estouraram dinheiro com o TGV não me surpreende.
    Que se »odam.

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  21. 18 Agosto, 2011 15:55

    Aqui está um tema sobre o qual nunca emiti opinião, porque suspeitava haver informações a que os cidadãos não tinham acesso. O teor dos acordos feitos com Espanha no tempo do Durão Barroso era um ponto fundamental dessa minha dúvida. O montante das verbas recebidas para esse fim, era outro. No entanto, sei por experiência própria que a dependência do transporte por via aérea tem os dias contados. Não sei se muitos se poucos, mas tem os dias contados, já que a tendência será para uma subida do preço do petróleo que tornará o transporte de mercadorias por essa via quase inacessível. Pensar numa alternativa, não me parece errado.
    PS: A história da cobertura do país com serviço ferroviário, é uma opção completamente diferente, onde me parece estarmos a fazer tudo mal.

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  22. Qlido permalink
    18 Agosto, 2011 16:11

    1. Para que é que um país com frente para o mar e a milhares de quilómetros do centro da Europa quer mandar mercadorias por comboio? Deve ainda ter-se em conta que a Iberia é uma península e que a própria Europa é uma península, com portos por todo o lado
    —-
    Desta vez não concordo consigo JM. Procure por exemplo no google por Autoeuropa Ferrovia e encontra muitos links que contradizem vários dos seus pontos.

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  23. 18 Agosto, 2011 16:24

    Estádios (ex: Leiria, Algarve, etc), transportes (ex: TGV) de luxo… mas não rentáveis… alguém lucra com a construção… o contribuinte que pague a factura.

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  24. 18 Agosto, 2011 16:38

    Muito bem observado. Sines é uma fraude! Construímos infraestruturas para resolver problemas das importações espanholas e das exportações chinesas. O Estado Central só investe naqueles locais para prestar vassalagem ao “hermano” e ao “mandarim”. Chega! Este governo, como outros governos só têm o raio da cornadura virada para lisboa. São governos que se comportam como ditaduras colonialistas que têm uma visão de postigo do país real. Estamos fartos. Estamos com o copo quase cheio. Não se admirem, pois, se qualquer dia a população Nortenha, desprezada e alvo de constante esbulho pelo poder central se revolte. Afinal, valerá a pena pertencer a um país designado Portugal que só pretende desenvolver a sua capital, que sem nada produzir, sem nada acrescentar ao PIB, engorda enquanto as demais regiões ficam mais pobres, mais desertificadas? Afinal o Norte pertence a uma EuroRegião. Porque não um novo Euro estado, limpo de atitudes coloniais, limpo da podridão da corte e seus vassalos e lambe-botas. Chega do eixo lisboa-cascais, de aventais e outros grupinhos de fulanos balofos, corrutos e que desonram a outrora orgulhosa pátria portuguesa!

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  25. Arlindo da Costa permalink
    18 Agosto, 2011 17:01

    Mas algum dia este «novo» Governo de «Portugal» tem capacidade de empreender esse investimento estruturante e modernizador, que é a linha de TGV que nos ligará à Europa de «maior cilindrada»?
    Com esta pelintragem e mentalidade sub-desenvolvida o nosso horizonte próximo é a Baixa da Banheira….

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  26. 18 Agosto, 2011 17:12

    O TGV é um facto consumado.
    Voltar atrás ainda ficaria mais caro do que conclui-lo.
    O curioso é que os primeiros contratos que viabilizaram a coisa,
    foram assinados com tinta laranja.

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  27. A. C. da Silveira permalink
    18 Agosto, 2011 17:31

    Alguem sabe quanto é que cada portugues já meteu no Porto de Sines desde 1970? E quanto é que o investimento já rendeu? Eu não sei, e acho que ninguem sabe. Mas uma vez que criamos o elefante branco, e o temos fartamente alimentado, acho muito bem que se arranjem soluções para minorar tanto quanto possivel o desastroso investimento. A linha de mercadorias Sines-Badajoz-França destina-se a isso mesmo.
    Quanto ao TGV, convinha tambem conhecer a opinião do PP espanhol, porque vão ocorrer eleições em Espanha brevemente, e o PP parece que está bem posicionado para ganhar. Por outro lado o PS espanhol parece não estar farto de TGVs ruinosos como é o caso do Madrid-Valencia, que se está a tornar um cancro nas já depauperadas finanças publicas espanholas. Querem outro cancro, mas desta vez têm um socio para pagar uma parte dos prejuizos: nós, os portugas chicoespertos!

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  28. Mário Fernandes permalink
    18 Agosto, 2011 20:04

    A refeência à quantiade de mercadorias que uilizam o comboio em Portugal e em Espanha só por si é elucidativa o que se poderá atribuír à qualidade dos comboios actuais.Poderá admitir-se, em teoria, que com a melhoria dsa qualidade destes, as percentagens vão duplicar, o que também não é significativo,
    . Acresce que o TGV ,pelas suas próprias caracteristicas não tem a chamada distribuição de percurso Embora a Espanha seja um grande cliente das nossas exportações, não podemos esquecer que também não podemos por de parte os clientes do resto da Europa, com a qual não existe ligação ,isto é, as redes de TGV de Espanha e Fránça não estão ligadas, os Pireneus são um obstáculo muito sério,Esta é uma realidade que não será fàcilmente superável nos próximos anos. E os produtos perecíveis só têm um recurso de transporte , o avião .
    Mais importante do que o TGV é a bitola da via. Essa é uma tarefa técnica ingente a que teremos de fazer face pelo menos nos traçados principais, tornando possivel a entrada no nosso país dos combóios europeus .Alguém terá pensado nisso ?
    Mário Fernandes – BI 780 453 Lisboa. Rua da Quinta das Palmeiras 2 A, 2780 -144 Oeiras

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  29. jorge fliscorno permalink
    18 Agosto, 2011 21:15

    João, sobre este assunto é de ler/ouvir esta entrevista, onde, a certo ponto, a questão do comboio é abordada.

    António de Melo Pires sobre a Autoeuropa e a economia portuguesa

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  30. Regina Nabais permalink
    18 Agosto, 2011 21:27

    A mais-valia de se estabelecer um nó de transferência de mercadorias em Sines resulta do facto de ser o único lugar do país com um porto de águas profundas. Já anda por aí muito boa gente a querer alterar o percurso do “tgv.tuga”, outra vez… somos canasativos.
    Declaração de interesses: Não sou política, vivo “cá em cima” e, se dependesse de mim, o combóio de alta velocidade (só o de mercadorias) construir-se-ia quando tivessemos condições… e, também, as mercadorias para exportarmos… ou seja, lá para nunca.

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  31. 18 Agosto, 2011 21:47

    O TGV é um facto consumado.
    Voltar atrás ainda ficaria mais caro do que conclui-lo.

    .
    O TGV não é um facto consumado coisíssima nenhuma!
    Estádios (ex: Leiria, Algarve, etc), transportes (ex: TGV) de luxo… são coisas não rentáveis!
    Fica MUITO MAIS BARATO arcar com os prejuízos dos estudos… do que avançar para a sua construção!

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  32. lucklucky permalink
    18 Agosto, 2011 21:47

    “Portugal nunca aproveitou (antes combateu) a sua situação estratégica na Europa”
    .
    Portugal não tem situação estratégica nos transportes em tempo de Paz.

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  33. Lisboeta e Sulista permalink
    18 Agosto, 2011 22:16

    Mas alguma destas baratas tontas se convence que os Espanhóis se vão deixar enrolar por uns ministrozecos tugas que num dia dizem que fazem, no outro dizem que não fazem e de permeio não fazem nem deixam fazer, assinam acordos internacionais para depois roerem a corda, e vão ficar a arder com uma linha de TGV que começa em Madrid e acaba…. no Caia, sabe-se lá no meio de quê ?

    Ganhem juizo, isto não passa de paleio de bimbalhocos com um unico leit-motiv: o TGV parte de Lisboa e, pior ainda, vai ter de se fazer uma nova ponte na capital do Império com a agravante de ser maior do que qualquer uma das que existe na lá Bimbalheira. E isso é insuportável para aquelas mentes bimbalhocas.

    Viesse o ministro dizer que ia fazer 20 linhas de electrico-rapido, na Bimbalheira ou uma ponte curva, por mar, a ligar aquilo a Viana do Castelo e já não havia problema nenhum.

    E é por isso que o pançudo do CAA, anda para aí a parir posts no facebook, não é por mais nada.

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  34. Paulo Barros Vale permalink
    19 Agosto, 2011 08:38

    É claro que há vantagens e inconvenientes, como em tudo na vida. Devemos aproveitar a s vantagens competitivas de Sines. Ao que sei é um dos poucos Portos de Águas Profundas da Europa, com capacidade para crescer, pq os outros estão sobrelotados. Há no entanto que ter em conta a existência do Canal do Suez para os navios que podem utilizar aquele instrumento, tendo assim maior proximidade a alternativas no mediterraneo mais px do centro europeu. Para mts rotas Sines pode no entanto ser uma boa opção, mas falta-lhe uma ligação barata ao centro da Europa, que pode ser a ferrovia. Não tem lógica no entanto apostar nessa ligação de Sines e esquecer que Leixões é o Porto mais próximo das nossas unidades exportadoras e o que mais crece. TGV é um poço sem fundo. Os espanhois já fizeram o seu investimento, pelo que tal situação é incontornável, qt a dar-se alguma utilização aquele investimento. Tudo isto deve ser equacionado, na constução de uma nova solução para o problema, que deve ser pensada com abertura, mas simultaneamente com realismo, coisa que até agora não tem sido feita.

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  35. castanheira permalink
    19 Agosto, 2011 17:35

    NÃO li quase nada.
    Falta de educação ? falta de curiosidade?
    De tanto que se tem escrito, apoiado e contestado, o importante do assunto fica sempre de fora. Afinal, estamos por aqui apenas para mandar bocas.

    primeira pergunta: um AUTOMÓVEL de Faro ao Porto quanto tempo demora?

    Segunda: um CAMIÃO de Faro ao Porto quanto tempo demora?
    A distancia claro que é variável assim como a velocidade de ponta. Por autoestrada ou nacional? e tempos de repouso ( também)

    Terceira pergunta: quanto tempo demoram ambos por autoestrada em reparação, onde como é óbvio NÃO SE PODE ULTRAPASSAR ?

    ultima ( por agora): quanto tempo demora a travar um veiculo com 500 quilos e outro com 40 MIL quilos ?

    arrisco mais uma: se as travagens forem de metal contra metal (como é o caso de comboios), qual é a distancia em travagem?

    Pronto vou mesmo acabar: se um um veiculo com QUINHENTOS quilos e outro com OITOCENTOS M I L quilos travarem, qual é a distancia percorrida por cada um, se ambos viajarem a 150 quilómetros hora? ( por carril)
    Caças e bombardeiros foi assunto que ficou definido durante a segunda guerra: CAÇA tem de ser ligeiro e rápido, BOMBARDEIRO, pesado pelas circunstâncias e mais lento, sempre muito mais lento que um CAÇA.
    Que não venha para aqui ninguém vender ignorância nem mentira. Oportunismo, talvez a gente aceite.
    TGV de MERCADORIAS ? é para rir ou é para chorar?

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  36. Francisco Colaço permalink
    19 Agosto, 2011 17:41

    «O TGV é um facto consumado. Voltar atrás ainda ficaria mais caro do que conclui-lo.»
    .
    Pensem nisto: se me oferecerem um telemóvel, terei de arcar com as mensalidades. Estas em um ano ou dois perfazem o custo do dito aparelho e ultrapassam-no.
    .
    Eu necessito de saber, após a construção, quanto dinheiro irá para tapar os sucessivos buracos da gestão. Ninguém no seu perfeito juízo acha que o TGV será rendível, e o break-point nunca será atingido. E ninguém pensa que 1/60 da população de Lisboa se deslocaria diariamente para madrid a 125 euros por sentido. Permitam-me o jogo de palavras, mas não faz sentido.
    .
    Se eu necessito de 12300 × 2 × 125 × 365,25 por ano para equilibrar as contas do TGV, isto quer dizer que o buraco financeiro será qualquer coisa como mil, cento e vinte e três milhões de euros</i≳ anuais, subtraído das comissões da RENFE por cada passageiro não transportado abaixo dos 12300 diários. tenho o número 12300 de memória como aquele que era dado nos estudos de pessageiros ente Lisboa e Madrid para que o TGV fosse viável. Posso estar errado, e nesse caso agradeceria uma pequena correcção. As contas são, no entanto, proporcionais ao número de passageiros estimados.
    .
    Ora 1 123 milhões de euros por ano são dois submarinos e uma frota de corvetas, ou, numa comparação mais socialista, o suficiente para quase um bilhete de TGV de ida a cada português para Madrid (aproveitava isso não pagando o bilhete de volta aos responsáveis pela construção daquele elefante alvo). Cada português vai ter de pagar, utilize-o ou não, quase dez euros mensalmente para aquela abrenúncia, fora serviço de dívida na construção.
    .
    Não sei se o custo de construção são os 3.500 milhões de euros que se anunciam, porque sempre haverá derrapagens (os orçamentos são feitos sempre sobre um filme de óleo). O que me quero crer é que em três anos teremos duplicado os custos, porque acredito que o TGV vai estar quase sempre vazio. Indo de automóvel é, paradoxalmente, mais barato que ir no TGV, mesmo se for apenas uma pessoa.

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  37. Francisco Colaço permalink
    19 Agosto, 2011 17:46

    Lisboeta e Sulista,
    .
    Creia-me que Lisboa deveria pedir a independência de Portugal. Só pela fuga do IVA e da respectiva derrama, que neste momento se situam em Lisboa, onde estão as sedes fiscais das diversas empresas industriais que até fabricam e têm o grosso da sua actividade fora da Capital, Portugal ficava a ganhar.

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  38. 20 Agosto, 2011 17:45

    Caro Francisco Colaço, pena o governo não saber fazer contas e andar sempre a subtrair em vez de somar ao erário público.
    Pena o srº não ter feito também as contas para o descalabro do aeroporto de Beja.
    http://apodrecetuga.blogspot.com/2011/07/governo-mete-33-milhoes-no-lixo.html
    Pena os nossos governos padecerem todos de uma doença qualquer que os impede de saber gerir o mais básico dos projectos.
    http://apodrecetuga.blogspot.com/2011/07/como-falir-um-pais-em-5-minutos-de-ma.html
    E já nem exemplifico com mais casos, pois são demasiados e o resultado, per si, mostra a grandiosidade da incompetência que gere o nosso país… a crise

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  39. Carlos Oliveira permalink
    25 Agosto, 2011 16:41

    A Europa (Continente) tem um ponto de entrada de mercadorias gigante em Roterdão. A este porto chegam navios oriundos da Ásia, África e América de Sul (até da América do Norte). Com a deslocalização de produção, esta tendência de transporte aumenta. De tal forma que hoje o canal da Mancha é na práctica um torniquete que limita o número máximo de navios, e o porto de Roterdão está a triplicar de área de “docas” para permitir o acesso a mais navios. Portugal está numa posição geo-estratégica priveligiada para ser a porta de entrada na Europa. Ao evitarem o canal da Mancha, navios com carga poderiam poupar até 2 dias de trânsito ao chegarem a Portugal (Sines), e descarregarem as mercadorias para transporte por comboio. Mercadorias que chegam de barco, não precisam de um TGV, precisam de um transporte em bitola europeia, ou seja, de acederem aos vários países europeus de destino sem que tenha de haver “transfegas”, ou “transbordo”.
    Talvez tudo isto seja uma utopia, mas o que é que Portugal vai conseguir exportar com o TGV? Turistas de Madrid a fazer praia em Lisboa? (Já alguém comparou o preço de um bilhete TGV com um voo low-cost?).
    A questão das encomendas em cima da hora é interessante. E aí concordo, seria interessante fazer uma análise custo vs tempo de transporte entre o a ferrovia e a rodovia. A rodovia permite maior flexibilidade, mas por outro lado um motorista tem um número máximo de horas que pode viajar, a que acrescem os custos de combustíveis e portagens. Uma solução de complementaridade que passe por ter hubs regionais ou nacionais, a que os bens cheguem por rodovia (capilaridade), e que estejam ligados entre eles por ferrovia (exemplo Sines – Frankfurt) permitia perfeitamente levar as encomendas na sexta à noite até aos destinos na Europa Central no Domingo.

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