Saltar para o conteúdo

António Borges

27 Agosto, 2013

António Borges era um economista que se lembrava do que tinha aprendido na faculdade. E assim, quando dizia que os salários tinham que descer, ele tinha em mente a curva da oferta e da procura e a forma como estas curvas se interceptam. Quem o ouvia pensava no seu pequeno salário e no grande salário do Borges (great minds discuss ideas; average minds discuss events; small minds discuss people). Eram 2 mundos diferentes e entre os quais não há comunicação possível. Os mesmos que criticavam António Borges por defender descidas de salários defendiam a descida do valor do dinheiro, isto é, saídas do euro, baixa do juros do BCE e desvalorização do euro. O ódio a António Borges era apenas uma manifestação de ignorância. Nunca perceberam o que ele dizia para o poderem odiar com conhecimento de causa.

15 comentários leave one →
  1. 27 Agosto, 2013 12:00

    Isto é tudo por causa do mito do radical: se formos radicais, isto resolve-se. Se desejarmos a morte “deles”, “eles” começam a ter medo e começam a governar o país como deve ser. Ou então vão-se embora e somos nós que governamos o país. E depois vai tudo entrar nos eixos — e eu até vou poder ganhar um ordenado maior que o do António Borges. N’est-ce-pas?

    Gostar

  2. Joaquim C. Tapadinhas permalink
    27 Agosto, 2013 12:06

    Um grande problema da mentalidade portuguesa é a de uma parte da classe pensante bate nos mortos e satisfaz assim o seu ego. Em vez de olhar em frente, aproveitar os ensinamentos da história, cultiva rodriguinhos e paira sobre as nuvens. Agora, com o Borges morto, dissecam-lhe o cadáver como se o país fosse um colossal necrotério. Deixem o Borges na paz eterna, e encaminhem as vossas energias para algo de positivo, porque há muita seara para ceifar e poucas foices interessadas verdadeiramente na tarefa.

    Gostar

  3. Fincapé permalink
    27 Agosto, 2013 12:13

    “Nunca perceberam o que ele dizia…”
    – Talvez não, não sei.
    Mas percebiam rigorosamente porque é que ele o dizia. É aí que reside o problema.

    Gostar

  4. maria permalink
    27 Agosto, 2013 12:24

    clap, clap, clap, clap

    Gostar

  5. FilipeBS permalink
    27 Agosto, 2013 13:06

    Welcome back!

    Gostar

  6. Rui permalink
    27 Agosto, 2013 13:06

    “Quem o ouvia pensava no seu pequeno salário e no grande salário do Borges (great minds discuss ideas; average minds discuss events; small minds discuss people). Eram 2 mundos diferentes e entre os quais não há comunicação possível.”

    Precisamente. O problema é que para quem ganha 700 euros limpos perder o subsidio de ferias e de natal pode significar deixar de poder por os filhos na universidade ou pagar uma qualquer reparação do automovel ou deixar de fazer ferias.

    Para quem ganha 5000 euros, provavelmente significa menos uns euros na conta poupança ou nos investimentos na bolsa e a manutenção do mesmo estilo de vida.

    Para quem ganha 50000 euros, nem sei…

    Ter pessoas que ganham 5000 ou mais euros a decidir cortes de ordenados em pessoas que ganham 700 acho que é algo de profundamente errado, pois como o próprio autor do post diz “são mundos diferentes e entre os quais não há comunicação possível”…

    Eu poria as coisas de outra forma:
    rich people have the time to discuss ideas
    regular people may allow themselves to be distracted by events
    unfortunately poor people are afected so much by some people deciosions that they…discuss people

    Gostar

  7. EMS permalink
    27 Agosto, 2013 13:38

    “great minds discuss ideas”
    Pois, a fantastica ideia de por toda a gente a pão e agua para resolver os problemas economicos, não é nada original. Ceausescu, “great mind”, seguiu-a. Conseguiu assim o resgate economico da Romenia. No final, os romenos agradeceram-lhe com um “event”.

    Gostar

  8. johnas permalink
    27 Agosto, 2013 14:45

    “O ódio a António Borges era apenas”, como direi, não era, se o é ainda em sua plenitude inteiro. Porque o Borges era um homem das nuvens, académico a feito ao trato e serviço de capitalistas que lhe pagaram para cavar essa crise que nos cerca e deu o BPN de costas, loreiros, machetes e cavacos, roubalheira, mais o BPP e o B de Portugal, mais dele e de Constâncio inútil, é certo, que outra coisa. E então esse de Borges foi um grande pedante, a mon avis, e um vaidoso, que não deixa mais obra que a desgraça para que labutou, convictamente, diz o Mendes e o Marcelo, além de Cavaco, como um moiro, mais cego, ai, mais desgraçado …

    Gostar

  9. atom permalink
    27 Agosto, 2013 14:48

    Um “génio” em Portugal… Mas que trabalho científico e de investigação original publicou? Qual o reconhecimento científico que granjeou na comunidade científica internacional da sua área de formação? Quais os prémios que recebeu internacionalmente pela sua atividade de investigação?
    Em Portugal o título de “génio” é atribuído por um grupo de figuras da mesma área que esperam também idêntico por idêntico título atribuído em circuito fechado. Assim quando desaparece um “génio” vemos todos os outros “génios” a despedirem-se a proclamar a condição de “génio” do desaparecido, na esperança de quando também eles desaparecerem os proclamem também “génios”. Até a comunicação social colabora com a miragem de “centenas de pessoas” a despedirem-se do “génio”, na esperança de que o país veja essa miragem…

    Gostar

    • johnas permalink
      27 Agosto, 2013 16:23

      “Assim quando desaparece um “génio” vemos todos os outros “génios” a despedirem-se a proclamar a condição de “génio” do desaparecido, na esperança de quando também eles desaparecerem os proclamem também “génios”. Até a comunicação social colabora com a miragem de “centenas de pessoas” a despedirem-se do “génio”, na esperança de que o país veja essa miragem…” atom

      Ei, um génio, olha, vai lá um génio, diz fulano e o sicrano, que assim, já estou a ver, por certo o serei eu !… 🙂

      Gostar

  10. M.Almeida permalink
    27 Agosto, 2013 17:52

    Há algo que me intriga: até ao momento, passadas quase 48h após o falecimento do Prof. António Borges, ainda não vimos uma reacção do lider ou representante da direcção do 2º partido da coligação do governo, governo do qual António Borges foi colaborador durante estes últimos 2 anos (apesar da sua doença).
    Aliás não só esta posição é de estranhar, como, num País que se acha com maturidade democrática, os representantes dos partidos da oposição deveriam ter uma palavra a dizer no momento em que faleceu uma pessoa com os méritos que conheciamos a António Borges e que representou e muito bem o nome de Portugal lá fora. Como referiu MRS, de António Borges teve influência não só em Portugal mas também, nos EUA, na Ásia e na Europa. De facto é lamentável vermos o comportamento da classe política em geral quando se perdeu uma pessoa com o valor que tinha António Borges. Pois é, António Borges quando falava dizia o que pensava e não andava a vender demagogia dos pobres , dos pensionistas, dos desempregados. Não tinha a habitual conversa socialista aque tantos políticos nos têm habituado. Tinha a noção dos graves problemas herdados de anos e anos de governação em que se cometeram verdadeiras loucuras, mas dizia sem medo, aquilo que ele achava melhor para o País, mesmo que depois fosse insultado de tudo. Nunca se calou por causa das polémicas diárias a que a nossa comunicação social juntamente com a oposição nos tem habituado principalmente nestes últimos 2 anos.

    Gostar

    • Fincapé permalink
      27 Agosto, 2013 19:42

      Seria interessante ler a “Introdução” do livro “O Banco, Como o Goldman Sachs Diirige o Mundo”, de Marc Roche, p. 11, 1.ª Edição, da Esfera dos Livros, prémio Livro de Economia 2010, atribuído pela Associação de Jornalistas Económicos e Financeiros de França.

      Gostar

  11. arredado permalink
    27 Agosto, 2013 18:20

    Realista, verdadeiro e direto … poderíamos definir o professor António Borges. Virtudes estas, inconciliáveis com um povo milagreiro e noveleiro.

    Gostar

Trackbacks

  1. A burrice do João Miranda | perspectivas
  2. A burrice do João Miranda | Bordoadas

Indigne-se aqui.