fácil de entender
Há por aí um certo desconsolo com o “sucesso” da recuperação económica portuguesa, ao ponto do anterior ministro das finanças, Vítor Gaspar, se mostrar muito preocupado com a taxa de desemprego que teima em persistir elevada.
A coisa não merece, contudo, grande espanto. A economia é uma ciência simples e de elementar compreensão: ela reproduz as escolhas individuais das pessoas, dos agentes económicos e dos protagonistas políticos, pelo que tudo que ultrapasse o entendimento de um homem médio está fora da realidade. Ora, sendo Vítor Gaspar um homem acima da média, não se compreende a sua admiração.
Ainda por cima, porque o que se passa em Portugal é muito simples de perceber: o país mantém, há décadas, um modelo social autofágico, que consome mais recursos do que os que a economia consegue gerar. Perante uma situação de emergência financeira, provocada pelo alarme dos credores que nos dificultaram o acesso ao crédito, os decisores políticos viram-se forçados a aumentar substancialmente a tesouraria para manterem o essencial do modelo social que originou a crise, e que eles, por culpas próprias e alheias, deixaram praticamente intocado. Chamou-se a isto salvar o “estado social”, tendo semelhante proeza sido realizada pela única via possível quando o crédito se esgota e quase não se conseguem cortar despesas: aumentando os impostos.
Ora, só quem acredita que a economia é uma dádiva celestial (ou governamental, o que, para o caso, resulta no mesmo) pode conceber crescimento de riqueza em simultâneo com crescimento de impostos. A riqueza ou fica nas mãos de quem a gera e comprovadamente a sabe aplicar ou vai para os cofres do estado, de onde some inutilmente mesmo antes de lá entrar.
Assim, só numa economia que permita a poupança, isto é, com baixos impostos, poderá haver investimento e criação de empresas e de emprego, o mesmo é dizer, de riqueza. Por outras palavras, enquanto os impostos permanecerem pornograficamente altos, a economia portuguesa continuará a esmorecer. Tudo o mais é conversa fiada.
Compreendo e concordo com o que escreve. Só não entendo é que sendo fácil de compreender, os nossos governantes não expliquem a nós votantes o que se passa, e permitam que demagogos populistas baralhem tudo para confundir, prometendo amanhãs cheias de felicidade e bem estar.
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E quem é que acha que no governo seria capaz de explanar um raciocínio linear, simples e preciso como o que o autor brilhantemente apresenta? Há-os, mas não são ministros e portanto não podem aparecer muito porque são logo rotulados de fedelhos inexperientes que só por terem ido a Harvard “pensam que sabem tudo e que vão mudar o mundo.” Ora a fanfarronice no futebol e a inveja em tudo o resto são, como sabemos, os dois desportos nacionais com mais praticantes.
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Receio que o retrato esteja um bocadinho simplificado de mais… O nosso amigo Estado consegue ser ainda mais tortuoso do que apenas glutão em matéria fiscal… Por outro lado o nosso “estado social” é apenas um arremedo se comparado com outros… Até fiquei grogue quando soube que a água doméstica na Irlanda é à “borlix”. Bom, agora vai passar a ser paga…
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É! As coisas simples são sempre difíceis de entender. Foi também por isso que ontem levámos uma cabazada dos teutões.
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Vai ser mesmo preciso “fazer-lhes um desenho”… Um não, muitos!
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Ha quem explique facilmente o que nao e facil e talvez impossivel. Desde a fundacao da nacionalidade ainda nao percebemos que nao temos quaisquer recursos. Somos um Pais pobre! Como tal nao podemos viver como os paises ricos. Sempre se viveu a custa das riquezas trazidas dos confins do mundo Os navios apenas escalavem Lisboa mas a carga seguia para os centros ricos da Europa, a quem deviamos dinheiro e onde tudo se comprava para manter as elites e o povo estupido na conviccao de que eramos muito ricos e senhores do mundo.
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Meu caro
Isso é que não, Portugal não tem os recursos naturais que tinha com o Ultramar, mas ainda assim possui bastante mais que outros.
Pense no Japão, Israel e até a Alemanha.
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Deve estar a sonhar meu caro Churchill. A Alemanha e um Pais rico e com recursos naturais extraordinarios, Israel domina o mundo financeiro e o Japao sabe comprar sucata, transforma-la e vende-la pelo mundo inteiro. Sao tres povos altamente inteligentes, muitissimo motivados, muito nacionalistas com sentido de honra, etica e dignidade. Sao qualidades que o portuga tem em doses minimas.
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Nao foram uns economistas bancarios (em tao má hora) que inventarao aquilo dos “incrediveis” PIGS ?
http://todossomosgriegos.wordpress.com/category/noticias-piigs/
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Realmente não se percebe como pessoas como o ex-ministro não percebam aquilo que o ilustre Rui A. entende tão facilmente.
A solução parece simples, baixam-se os impostos e os agentes económicos passam a gerir melhor a riqueza.
Ou seja, se as EDP, Sonae, TVI, Galp, BES e outros ficarem com mais riqueza e evidente que não será para distribuir milhões para Porsche e Ferrari dos administradores mas sim para criar mais emprego.
E depois vem o Pai Natal para ir com o coelhinho ao circo!
Que o Estado tem gerido mal estamos quase todos de acordo, que os privados o fazem melhor cada vez tenho mais dúvidas.
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Nesse caso como é que ficamos? O Estado gere mal… os privados, na sua opinião, também… Quem é que gere então? Alguma entidade assim mais hibrida? Temos as PPP’s… que pelos também não gerem lá muito bem… enfim… é complicado…
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Amélia
Infelizmente eu não sou o Rui e não estou cheio de certezas absolutas.
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O amigo compra acções das EDP, Sonae, Galp, BES (do BRES não…) e vai às assembleias gerais votar contra a compensação dos gestores com Ferraris, Porsches e, quiçá Lamborguinnis… Vota para que todo o lucro seja distribuido pelos acionistas e recebe uma cesta de dinheiro proporcional ao capital que tem investido em acções. Pode até propôr que os gestores tenham que pagar para trabalharem lá, ou tenham que ir de cuecas para o trabalho. È assim que funcionam as sociedades livres em que os indivíduos não são encabrestados pelo estado ou por quem acha que pais natais e coelhinos da páscoa existem. Parece que há uns 10% ou menos de portugueses que votam nessas adoráveis figuras que prometem um mundo de permanente ilusão.
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Isso é o mundo ideal.
No real nacional, nos últimos 20 anos, tudo quanto é administrador (dos que administram ou os Ruis Pedros) foi um fartar vilanagem até dizer chega.
Em assembleias gerais nem o Berardo com centenas de milhões conseguia saber o salário do eng.
Não se trata do exagero de irem de cuecas, mas daí até um iluminado ser administrador de 70 empresas vai um espaço considerável de bom senso que não existiu.
Ou está em condições de nos dizer que nas ultimas décadas tivemos por cá algum Champalimaut que usava a riqueza gerada para criar mais industria?
Dos que me recordo, só investiram com subsídios estatais ou empréstimos, os lucros serviram mais para prémios de gestão com que muito boy ficou rico.
Nas sociedades livres os acionistas são compensados, por cá não recebem os dividendos mas ficam com as desvalorizações.
Não sei em que sitio aprendeu a analisar resultados eleitorais, mas parece o camarada Jerónimo. Por cá ninguém defende esse seu mundo ideal, desde o PCP até ao CDS apelam à distribuição e à gestão publica ou patrocinada. Ou acha que algum banco ou grande empresa faz alguma coisa sem consultar o Portas e companhia?
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Se fala de administradoes de empresas publicas, municipais e monopolios paridos pelo estado, tavez concorde. Mas olhe que ha muitas empresas bem geridas, que cresceram, exportam compete em mercados internacionais e ganham. O monstro não está aí.
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Discordo da tese do post. Penso que é fácil encontrar contra exemplos como os países nórdicos com taxas de imposto altas e crescimento económico.
O problema é mais profundo e mais grave e não cabe no espaço de uma caixa de comentários uma explicação. Se calhar seria bom estudarmos o sucesso da Coreia do Sul, um país com a nossa dimensão embora com 5 vezes mais população.
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Impostos altos sobre o trabalho e iva, os restantes são bem menos e com taxas mais baixas.
Por exemplo não têm salário mínimo e as políticas de trabalho são das mais liberais do mundo.
Dve-se analisar o quadro todo e não apenas o bocado que nos interessa.
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Sem Norte
O post compara impostos em geral com crescimento económico e eu fiz exactamente a mesma coisa, apresentando um contra exemplo. É assim, na minha opinião, que se comenta um post. Se não é peço desculpa porque então não sei comentar.
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Concordo integralmente com o post e com a fina análise do autor que põe o dedo na ferida com a clarividência que lhe é conhecida.
De facto, os swaps, o BPN, BPP, Banif e BES, o buraco sem fim do AJJ madeirense, das rendas da energia, das PPPs, dos estádios, da Expo, dos submarinos … tudo somado revela que há estado social em excesso e que o país tem poucos recursos para tão grande despesa.
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A Reforma do Estado que Portugal NECESSITA (não se trata, obviamente, dos sucessivos aumentos de impostos ou dos cortes cegos e transversais que têm vindo a ser implementados) não avança pois significaria uma verdadeira decapitação do regime centralista da capital…
Reforma do Estado. Quem ganha e quem perde?
http://jornalismoassim.blogspot.pt/2013/10/reforma-do-estado-quem-ganha-e-quem.html
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Manda o teu artigo ao sr do guião da reforma do estado e com cumprimentos.
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já mandei…
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Dr Rui A: não chega baixar impostos . Tal como os ministros de Salazar já se lamentavam dos nossos empresários ,hoje ,estamos na mesma.O empreendedorismo é uma treta e a nossa poupança em depósitos (130000 milhões de euros) diz bem da nossa vontade de sermos empresários. O arranque económico das décadas de 60 e 70 com a nossa adesão à EFTA fez-se com capital e principalmente com empresários estrangeiros, é angustiante para quem como eu ,defende a privatização de quase tudo,concluir que mesmo com um estado a gastar 30 ou 40% do PIB ,tal não é suficiente para o arranque da economia. Considero que vivemos uma situação bloqueada, os cortes de reformas e ordenados não resolvem nada , a saída do euro também não e os partidos políticos são problema e não solução,já que não ousam sequer tentar reduzir a estrutura de um estado imperial.
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Deêm vistos gold aos descendentes de judeus que foram expulsos há 500 anos que pode ser que a media melhore.
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É claro que para a esquerda existe sempre uma solução parecida com esta. De resto preconizada tanto pelo Tozé como pelo Costa, devidamente estribados na petição dos 70+4-1:
http://observador.pt/2014/06/17/argentina-beira-da-segunda-falencia-em-13-anos/
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Silveira: infelizmente os caminhos começam a ser muito estreitos e em breve só nos restará
pedir que nos tirem uns 50 % de dívida .No próximo ano os juros andam pelos 8000 milhões ,como é possível?
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E vai haver credores em fila dar os trocos… Ainda há muita tralha para vender e muita gordura para eliminar por lipoaspiração.
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Tiram-nos 50% da divida e depois? pedimos mais 50% emprestados até à próxima bancarrota? O que está a acontecer com a Argentina, são as consequências de uma reestruturação da divida publica como a que a esquerda está a querer impingir aos portugueses.
Há uns tempos falei no assunto aqui no Blasfémias, mas vieram logo uns dótores dizer que não, que estava tudo na paz do Senhor. Neste caso da senhora.
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no brasil,em minas,um tal de tiradentes,organizou uma revolta contra os impostos , que os portugueses exigiam na sua ex-colonia ,que entretanto eram para pagar os emprestimos,que iam pedindo aos ingleses.ha quem diga que foi com o “ouro preto” de minas que os ingleses fizeram a sua revoluçao industrial.entretanto o tiradentes foi morto como “exemplo” do que nao se deve fazer, o brasil alcançou a sua independencia, e portugal ficou a chuchar no dedo.portanto,portugal viver de impostos,e mais impostos,ja nao é defeito,é mesmo feitio(ou mau feitio)
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Bom artigo.
Só ainda não entendi (ou se calhar entendo), porque razão os nossos políticos não conseguem aplicar a mais simples matemática no seu “manual de economia”.
Imagine-se um casal com filhos, gerir a sua casa com o mesmo padrão de estrabismo com que os políticos portugueses o fazem!!!
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