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sacar mais uns cobres

16 Setembro, 2014
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É no que se resume, no fim de contas, a magna questão da «lei da cópia privada», hoje debatida no «Prós e Contras». Sobre esse ponto reinou unanimidade absoluta entre os presentes, divergindo a doutrina somente sobre quem pagará o pato, se os «contribuintes», se a «indústria», porque, obviamente, alguém o irá pagar. Um senhor da assistência, visivelmente transtornado pelos holofotes, garantiu-nos que só por criminosas práticas de cartel a indústria repassará esse custo para os contribuintes. Outros fizeram extraordinários cálculos que demonstraram que ninguém ficará a perder e que a “Cultura” e os “Artistas” ficarão todos a ganhar. Um dos comensais presentes, que lembrou existirem, em Portugal, artistas que passam fome, garantiu ao povo que 40% da tal receita que não prejudicará ninguém lhes será destinada. Verdadeira obra de beneméritos, portanto! Aplaudido pela quase totalidade dos muitos vultos da cultura presentes, o senhor secretário de estado da dita lembrou a dignidade do cidadão português, que não pode limitar-se a ser um “consumidor”. Tem razão: talvez a expressão “contribuinte involuntário” se nos aplique melhor. A talho de foice, pareceria evidente que a nossa Constituição deveria consagrar, em futura revisão, como princípio estruturante do nosso estado de direito, que qualquer secretário de estado da cultura de um governo de «direita» que fosse vibrantemente aplaudido por uma plateia de artistas imensamente cultos deveria ser imediatamente demitido. Ainda a tempo de não ser apanhada pelo intervalo, uma senhora indignada perguntou quem é que as pessoas que questionam o pagamento do pato «representam» e por que motivo ali estavam no meio de tão sublime assembleia.. Dito de outro modo; como poderá alguém ter o topete de pôr em questão o pagamento forçado da sua renda de casa, a ela que é certamente uma artista e um vulto da cultura. E, do alto do palco, sob vibrantes aplausos da maioria dos presentes, um cavalheiro, também ele certamente muito culto, embora dos cultos que a olho nu se vê que não passam fome, discorreu umas ideias desencontradas sobre as maldades do «mercado» (que é preciso «combater»), o «lobo mau» e o «capuchinho vermelho». Resumindo: hoje à noite, no Prós e Contras, reuniu-se um grupo de cavalheiros predispostos a pôr e a dispor sobre o que não lhes pertence. O argumento de fundo é que passam dificuldades com as profissões que escolheram. Portugal é essencialmente isto e é por isso que isto está como está.

27 comentários leave one →
  1. Pedro Oliveira permalink
    16 Setembro, 2014 02:21

    Por mim bem que se lixam, a partir de agora, compras de material informático só pela net e vindo do estrangeiro.

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    • PiErre permalink
      16 Setembro, 2014 10:38

      Isso é uma ideia para ser aplicada mais uma taxa?

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      • Pedro Oliveira permalink
        16 Setembro, 2014 21:54

        Nope, as coisas são enviadas pelo correio em embalagens não marcadas. Só se agora começarem a verificar tudo o que vem de países da União Europeia pelo correio… Boa sorte!

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  2. JCangaia permalink
    16 Setembro, 2014 03:34

    Rui, não são 40%. Do total da taxa, retiras 10% para o Fundo Cultura, e 30% para despesas de funcionamento. Dos restantes 60% é que são obtidos os valores para distribuir: 40% para os autores (26% do total) e 30% para cada produtores e editoras (18% do total para cada).
    Isto parte do princípio que as despesas da Agecop nunca serão mais de 1/3 da receita total – não existe controlo para isto.

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  3. A. R permalink
    16 Setembro, 2014 08:51

    Ainda há quem critique as conversas em família. A democracia de Abril e a RTP brindam-nos com conversas em família a toda a hora e a todo o momento: os media parecem os de um regime chavista.

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  4. Bolota permalink
    16 Setembro, 2014 08:56

    Um post bem esgalhado.
    Ver o José Jorge Letria, Vitorino, Paulo de Carvalho, Carlos Alberto Moniz entre outros a bater palmas a um secretario de estado Laranjoazulado é no mínimo patego.

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  5. Green Lantern permalink
    16 Setembro, 2014 09:49

    Ontem foi uma vergonha, honestamente enquanto português senti-me envergonhado.

    Viu-se claramente o choro dos Tozés Brito, SPA e restantes artistas que não têm um unico argumento sólido para a aplicação da taxa para além do facto de passarem fome.

    Não vendem? É simples reinventem-se ou trabalhem, se aquilo era gente da cultura, pobre país. A arrongancia de certa gente que acha que tem o direito divino de receber dinheiro por existir choca-me, como se os outros fossem feitos para trabalhar para eles.

    Só tive pena que não se lembrassem do exemplo do Fernando Pessoa que trabalhava e criava, claro que ir beber copos no Bairro Alto para ganhar inspiração à conta dos contribuinte é muito mas muito mais agradavel.

    Fatima Campos Ferreira no registo tipico a defender os amigos artistas á conta do estado afinal no fundo ela também depende do orçamento.

    Cumprimentos

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  6. PiErre permalink
    16 Setembro, 2014 10:30

    Portugal está infestado por uma praga de chulos.
    Ainda se fossem gafanhotos, resolvia-se com Shelltox.
    Assim, não há solução possível.

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  7. 16 Setembro, 2014 10:53

    Toca a cantar o “Vamos brincar à caridadezinha….”

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  8. JP Ribeiro permalink
    16 Setembro, 2014 11:06

    Não vi o Prós e Contras – nunca vejo, mas pela leitura dos ultimos três períodos do seu texto, parece-me que a descrição que fez demonstra, exemplarmente, o que se passou. Não é sempre assim? É. A luta dos que ainda não tem contra os que tem, para no fim ficarem todos mais pobres.

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  9. Castrol permalink
    16 Setembro, 2014 11:27

    Ontem assistimos ao vivo à recriação de um bar de alterne!

    Muitos chulos e algumas putéfias a tentar esmifrar os incautos contribuintes.

    Legalize-se de uma vez por todas a prostituição. Pelo menos passam a pagar impostos…

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  10. manuel permalink
    16 Setembro, 2014 11:38

    Esta maioria tem de ser castigada severamente nas urnas e existem muitos partidos para votar sem ser nos tradicionais . Eu, vou votar nem que seja no PAN ,MRPP ou outra coisa qualquer ,os eleitores de direita deviam transformar o CDS no partido da mota e o PSD no partido do mini autocarro!

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  11. 16 Setembro, 2014 12:02

    Que os dedos não lhe doam quando escreve assim.

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  12. vsantos permalink
    16 Setembro, 2014 13:07

    Portugal 40 anos depois do 25 abril, está mais socialista que nunca.

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    • O Atómico permalink
      16 Setembro, 2014 13:59

      Sofro por perceber que a maioria das pessoas não vislumbra a globalidade obscura do projecto laranja, Seres treinados no “Goldman Sachs” que estratégicamente colocados nos mais altos cargos do governo vendem as conquistas de Abril aos suspeitos do costume. Entre risos e gargalhadas, comentam entre si que para haver vinho na mesa é absolutamente imperioso que não se pare de espremer o sumo que corre nas veias de quem trabalha. Depois é simples, para que o povo não note que a sua pele está branca e sem brilho aplicam-se aos “mídia” as tecnicas de Joseph Goebbels, e “voilà” vende-se uma base para aplicar na pele dos pobres e a ilusão é total. Triste é pensar que ainda assim conseguem ganhar dinheiro com a venda da maquilhagem.

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  13. BEIRAODOS SETECOSTADOS permalink
    16 Setembro, 2014 13:54

    Isto sempre assim foi e, claro, continua na mesma: os chulos vivem a custa das putas e todos eles vivem a custa do trabalhador (ou que ainda trabalha). Legalizem a prostituicao e que passem a pagar impostos. A maioria dos artistas ate sao chulos.

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  14. fgcosta permalink
    16 Setembro, 2014 14:44

    Já em tempos aqui sugeri, e volto a sugerir: fazer uma campanha através das redes sociais de boicote aos artistas portugueses. Basta ganhar visibilidade, para eles começarem a assustar-se..

    Texto proposto:
    A lei da cópia privada considera que à partida todos os portugueses que comprem material com memória informática (tablets, pens, consolas, smartphones, etc) querem piratear obras de artistas portugueses e por isso todo esse tipo de material vai ser taxado e o dinheiro reverter para esse artistas que, na sua grande maioria, se acham no direito de receber uma taxa de todos os cidadãos. Manifesta-te contra esta prepotencia. Boicote durante o mês de Outubro aos artistas portugueses!

    Aos seus Facbooks, tweeters e similares, já!!!

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  15. manuel permalink
    16 Setembro, 2014 15:11

    E pela calada é só taxas: recebi agora a fatura da Nos ,pagava 15,99 ,agora toma lá Taxa Municipal Direitos de Passagem 0,03 euros. Por acaso, na CML. Em breve chega a taxa dos sacos plásticos do Ministro Verde! Mas eu nunca votei nos verdes da CDU! Será que o voto chega para correr com estes larápios?

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  16. PiErre permalink
    16 Setembro, 2014 18:13

    E pensar que os Blasfemos, quase todos, ainda não há muito tempo defendiam acerrimamente este governo… Ilusões frustradas?

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    • manuel permalink
      16 Setembro, 2014 18:54

      Este governo foi melhor que o do inimputável mas, está na hora de ir embora .Aqui neste blog sempre houve vozes discordantes ,isto aqui não é o “câmara corporativa”. Existe direita para além da dupla Passos&Portas.

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      • PiErre permalink
        16 Setembro, 2014 20:47

        “Existe direita para além da dupla Passos&Portas.”

        Existe mesmo? É que eu não a encontro. Se calhar está ali para o lado esquerdo, não?

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      • PiErre permalink
        16 Setembro, 2014 22:08

        “…sempre houve vozes discordantes…”
        .
        Bem sei, mas há vozes que mudam de tom consoante está o tempo. Constipam-se de vez em quando, não é?

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  17. Zé da Póvoa permalink
    16 Setembro, 2014 18:19

    Pobre de mais a defesa dos interesses dos autores, alguns dos quais sempre mereceram uma grande admiração da minha parte. É evidente que a SPA precisa de angariar fundos para sustentar uma máquina pesada, constituída por pessoas amigas dos amigos e quejandos. O fait-divers sobre quem vai pagar a factura, não suscita qualquer dúvida: é evidente que é o cliente final, ou seja, nós consumidores e contribuintes. Aliás são sempre os mesmos, por mais que tentem dourar a pílula. Só não entendo porque é que o AJSeguro ainda não veio dizer que revoga esta lei quando (e se) for 1º- ministro!!!

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  18. Carlos Dias permalink
    16 Setembro, 2014 19:46

    Prós & Contras? Parvoíces?
    Nem vê-lo, aquela gaita ainda tem o cheiro do Sócrates.
    Lobbies dos “artistas”?
    Já bastou o do BES (mau)

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  19. permalink
    16 Setembro, 2014 20:49

    Não acho justo o contribuinte português pagar para fazer os filmes portugueses e depois não ficar dono desses direitos.

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  20. Pedro Oliveira permalink
    16 Setembro, 2014 21:57

    Como se alguém fosse gastar nem que seja um gigabyte para copiar a porcaria que os ‘artistas’ portugueses gravam…

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