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Regulação mundial II

29 Janeiro, 2008

A propósito da regulação mundial dos mercados financeiros, Vital Moreira escreve o seguinte:

E eu que julgava que a regulação é um modo de corrigir as “falhas de mercado” do capitalismo

Esta afirmação pressupõe que as falhas de mercado (o que quer que isso seja) são sempre corrigíveis, imagina-se que por reguladores infalíveis. Só que, quando é introduzido um regulador num determinado mercado podem acontecer algumas coisas que não se estavam à espera. O regulador pode criar ainda mais problemas do que aqueles que deviam ser resolvidos. A mera presença do regulador pode desvirtuar os mecanismos de auto-regulação do mercado. Por isso, antes de se pensar num regulador mundial creio que deve ser avaliada a performance dos reguladores nacionais. Há algum problema nos mercados financeiros para o qual um regulador mundial possa fazer mais do que um regulador nacional?


Lembro ao Dr Vital Moreira que actualmente o preço do dinheiro é fixado por reguladores nacionais: os bancos centrais. Se o preço do pão fosse fixado pelo Estado ninguém diria que o mercado do pão é livre. Tendo em conta que o preço do crédito é fixado pelos bancos centrais, porque é que se diz que os mercados financeiros se encontram liberalizados e que quando funcionam mal se está perante um problema do capitalismo? Lembro ainda que os bancos centrais se têm mostrado incapazes de regular o que quer que seja. Antes pelo contrário, as crises nos mercados financeiros têm a sua origem na forma como os reguladores nacionais fixam o preço do dinheiro. Fixam-no, ora demasiado alto, ora demasiado baixo. Ora criam bolhas, ora criam falências.

8 comentários leave one →
  1. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    29 Janeiro, 2008 11:38

    «Tendo em conta que o preço do crédito é fixado pelos bancos centrais, porque é que se diz que os mercados financeiros se encontram liberalizados e que quando funcionam mal se está perante um problema do capitalismo?»

    É a velha questão do copo meio-cheio ou meio vazio. Os liberais acham que está meio cheio e os estatistas que está meio-vazio. E assim andamos…

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  2. Diogo's avatar
  3. Desconhecida's avatar
    José permalink
    29 Janeiro, 2008 12:10

    O diletantismo, tem uma armadilha: de repente, julgamo-nos sabedores.

    Humildade, pá! Podes julgar que isto é discurso invejoso ou seja lá o que for, mas não é.

    Humildade intelectual, pá. Li o que disseste ao O Diabo e concordo. Mas a exposição começa a ser demais para a capacidade intelectual singular.

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  4. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    29 Janeiro, 2008 12:11

    Tão “ingénuo” que vócê é, Miranda.É o mercado a “funcionar” e a malta a entrar.Não se vê que os resulltados da liberalização são óptimos? Cada vez menos pobres, cada vez menos ricos… estamos quase no equilíbrio perfeito.

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  5. panaxginseng's avatar
    panaxginseng permalink
    29 Janeiro, 2008 12:18

    Caro Joao Miranda, eu nao sei por onde comecar, jaa que temo que o sistema de ensino portugues da economia tenha falhado tanto para consigo, mas um argumento simples ee que se queremos um sistema financeiro global, temos que fazer um esforco para colmatar os problemas da supervisao fragmentada por fronteiras, especialmente num sistema que aposta na tomada de risco excessivo e na sua capacidade de o espalhar pelos 4 cantos. Soo quem nao tem estado atento e sem querer aprender o que se estaa a passar por esse mundo fora ee que pode falar em mecanismos de auto-regulacao dos mercado financeiro.

    Quer explicar qual seria este mecanismo de auto-regulacao?

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  6. Desconhecida's avatar
    campeão permalink
    29 Janeiro, 2008 12:54

    A cartilha comunista nota-se nos que tudo querem controlar .Só pensam em controlar ….. os outros ! Para eles a responsabilidade
    pelos proprios actos não existe .Pagar pelos erros que cada um comete não é solução ! Solução é ter uns iluminados a regular os outros , sempre os outros .
    Para estes individuos o Socrates é um liberal .Vejam lá a credibilidade dessa gente!!!

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  7. Desconhecida's avatar
    Red Snapper permalink
    29 Janeiro, 2008 14:42

    A propósito do estudo do LNEC sobre a localização do novo aeroporto, João Miranda escreve o seguinte:

    “O Presidente do LNEC acredita que só os desonestos é que são parciais e acredita que uma instituição pode avaliar a sua própria qualidade científica. Se o presidente do LNEC quer mesmo demonstrar a sua imparcialidade só tem que fazer aquilo que fazem as instituições científicas de topo: sujeite o estudo à avaliação externa. Se o estudo é bom, não tem nada a perder. Mas como não o faz, é legítimo suspeitar que o estudo não é tão bom quanto isso.”

    Esta afirmação pressupõe que as falhas dos estudos (o que quer que isso seja) são sempre corrigíveis, imagina-se que por avaliadores externos infalíveis. Só que, quando é introduzido um avaliador num determinado sistema podem acontecer algumas coisas que não se estavam à espera. O avaliador pode criar ainda mais problemas do que aqueles que deviam ser resolvidos. A mera presença do avaliador pode desvirtuar os mecanismos de auto-regulação do sistema. Por isso, antes de se pensar num avaliador externo creio que deve ser avaliada a performance dos avaliadores internos. Há algum problema na elaboração dos estudos para o qual um avaliador externo possa fazer mais do que um avaliador interno?

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  8. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    29 Janeiro, 2008 14:52

    Red Snapper,

    Vejo que não percebe a diferença entre regulação e avaliação. Num mercado a avaliação é feita pelos pares. Quando é introduzido um regulador, os pares perdem o incentivo para fazer avaliação. Quando é introduzido um regulador mundial, os reguladores nacionais deixam de concorrer entre si e passam a reger-se pelas regras únicas do regulador mundial. O que eu defendi para o LNEC foi a avaliação de forma a impedir que o LNEC fosse o avaliador de último recurso e garantindo ao mesmo tempo que nenhum avaliador seria de último recurso. O que se está a propor para a regulação mundial é que passe a haver um regulador de último recurso e que se acabe com a regulação descentralizada.

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