«O que vivemos já é fantástico»
Ninguém lhe disse nada? Ou fez de conta que não sabia? Esta pergunta impôs-se-me ao longo da leitura do artigo que o “Sol” dedicou ao escritor angolano Manuel Rui a propósito da sua participação nas Correntes d’Escritas, um encontro de escritores que tem lugar na Póvoa do Vazim. O artigo em questão tem os rodriguinhos e as complacências habituais nas entrevistas às pessoas identificadas com o mundo da cultura. Por exemplo, nem uma pergunta sobre os critérios de selecção que levam a que alguns escritores como Manuel Rui sejam convidados todos os anos – não digo que o critério não seja bom mas sem dúvida que seria interessante perceber o porquê desta opção.
Mas para lá desta incapacidade de tratar a cultura duma forma que não seja propaganda – incapacidade essa que está longe de ser exclusiva do “Sol” – outra questão muito mais séria é colocada por este texto. Manuel Rui além de romancista e poeta, foi também dirigente político. Mais precisamente fez parte do governo de Angola num dos seus períodos mais sanguinários, tendo mesmo integrado a denominada Comissão das Lágrimas, orgão que presidiu a algumas das purgas dentro do MPLA e que, a par doutras odiosas funções, designava, entre aqueles que lhe passavam pelas mãos, quem seria entregue aos torturadores.
O próprio Manuel Rui de alguma forma alude a esse tempo quando declarou à jornalista do “Sol”: “Os intelectuais eram poucos e tínhamos de estar metidos em tudo.” De facto intelectuais como ele, como Pepetela e Luandino estiveram “metidos em tudo” sendo que “tudo”, em Angola, no pós 27 de Maio de 1977, é algo que dificilmente se consegue descrever. Mas que se pode entrever lendo obras como “Purga em Angola” de Dalila Cabrita Mateus e Álvaro Mateus, “Holocausto em Angola” de Américo Cardoso Botelho ou “Repensar Angola” de Carlos Pacheco. Mas nada disto sabia ou queria saber a jornalista do “Sol”, empenhada que estava em fazer o retrato típico do escritor dos PALOPS’s para consumo do mundo branco a expiar culpas coloniais. Retrato esse que tem os tópicos obrigatórios do passado antifascista em Coimbra, mais a poesia ‘comprometida que não renega’ e, a rematar, umas teorizações sobre o que Manuel Rui designa como “literatura fora dos lugares-comuns da Europa” que a sociedade angolana gerará e umas graçolas sobre a liamba que em “Angola era chá ou medicamento.” Felizmente que a entrevista acabou aqui pois ainda acabaríamos com o “n guelelu” – uma espécie de garrote usado em Angola, nos interrogatórios aos detidos nos tempos em que “os intelectuais estavam metidos em tudo” – transformado, qual batuque, numa peça étnica de decoração.Recordo que recentemente o país se interrogou com a razão de ser do desfile de ditadores que a cimeira UE-África trouxe a Lisboa. Aquilo tinha de facto algo de grotesco. Mas não só a cimeira era necessária como as cimeiras estão longe de passar certificados de bom comportamento aos dirigentes que nelas participam. Ora nada disto acontece com os encontros culturais cujos participantes têm inevitavelmente a condição de pessoas não só interessantíssimas como exemplares. Pessoalmente não veria com agrado que se erradicasse a figura de Manuel Rui dos encontros literários da Póvoa do Varzim ou de quaisquer outros. Mas isso não quer dizer que se tenha de tornar mediaticamente apresentável a sua biografia e implica simultaneamente reconhecer o direito aos outros a não terem de o ouvir. Pois convirá não esquecer que alguns dos escritores que vêm a encontros como as Correntes d’Escritas visitam também as escolas da região onde é suposto que troquem impressões com os alunos. Como é óbvio espero que se reserve aos pais o direito de recusarem deixar os seus filhos participar nessas sessões.
*PÚBLICO, 26 de Fevereiro

esta republiqueta nacional-socialista está cheia de torcionários e contorcionistas.
simbolo máximo desta republiqueta
2 milhões de pobres (20 %)
MEIO MILHÃO DE DEZEMPREGADOS
lixo humano na politica
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Há passados nos quais se tem de colocar uma enorme pedra em cima e nao levantar nunca mais. Ou desconfiariamos de todos os que estiveram em Angola e noutros locais Africa.
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Manuel Rui: “Para Angola, rapidamente e em força!”
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O “Correntes d’Escritas” é particular, e como tal, convidam quem querem, e quem não quer ir não vai.
É um exercício de liberdade.
A Comissária Helena acaba de lhes fazer propaganda.
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POr acaso o Correntes d’escritas é em parte pago pela autarquia.
Mas como terá reparado se ler o texto todo eu não defendo que deixem de convidar este senhor ou outro qualquer. Critico sim a forma como ele foi apresentando no trabalho do SOL. E como é natural o defendo o direito dos encarregados de educação a não deixarem os filhos conviver com tal criatura.
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Lá porque vc não gosta do Manuel Rui, quer que os pais das criancinhas também não gostem.
Faça uma lista das pessoas que não quer de visita às escolas.
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Conheci pessoalmente Manuel Rui.
Seria bom que se publicasse uma biografia dele indicando as razões porque foi proibido, durante anos, de entrar em Portugal. Informo que foi por ter insultado, com muita frequência, Portugal. E foi depois do 25 de Abril
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Magopi, diga aí um dos insultos dele. (com link)
Por mim, trago-lhe alguma poesia dele:
E é bom verificar as mãos. Principalmente
as nossas mãos umedecidas pelo mar.
As mãos que tocam as coisas
As mãos que fazem as coisas
As mãos. As mãos terminal de carga
e de descarga do nosso pensamento
As mãos mergulhadas sob a água.
na (re)descoberta tímida das essências
no pulsar submarino de uma nova esperança.
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“mãos umedecidas” ????
“mãos mergulhadas “sob a água”????
O que é umedecer?
Como é que sob a água se mergulha?
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“A Europa jaz, posta nos cotovelos…” – Fernando Pessoa.
Onde são os cotovelos da Europa ?
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É o normal, estimada Helena Matos: os seus colegas jornalistas, esqueceram-se de referir estes atributos democráticos aos amigos angolanos torcionários.
Mais uma vez se demonstra que os jornalistas portugueses são esquerdóides e muito a soldo dos vermelhos, cá e lá.
Lamento que o júri dos prémios Pessoa também se tenha “esquecido” do pequenino “pormenor” que liga os 2 vencedores angolanos à denúncia pidesca, à arbitrariedade, à tortura e ao assassinato.
Que dirá disto a Dra. Fernanda Câncio, a Dra. Sá Lopes, o Dr. Adelino Gomes, o Dr. Carlos Narciso, o Dr. Furtado, o Dr. Medeiros Ferreira, a Dra. Amaral Dias, a Dra. Clara Ferreira Alves, o Dr. Daniel Oliveira, o Dr. Portas mais velho, o Dr. Sousa Tavares e outras luminárias de esquerda, que ganham as suas sopas a “comentar” a democracia – será que a de Angola é diferente da dos EUA, da GB ou, até, de Portugal?
Digo eu…
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“Passado anti-fascista em Coimbra”?
Conheci, de facto, esse Manuel Rui em Coimbra, numa reunião sindical de preparação do 1º de Maio, imediatamente a seguir ao 25 de Abril. Sem ter nada a ver com os sindicatos —onde eu trabalhava há alguns anos—, apareceu de para-quedas na reunião, com uma arrogância descabelada, a insultar e apodar de “provocador” quem quer que se desviasse um milímetro da cartilha e das ordens do PC. Um estalinista do mais primário, pelo que quanto ao percurso seguinte em Angola, se foi esse, não me espanta nada…
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“E é bom verificar as mãos. Principalmente
as nossas mãos umedecidas pelo mar”.
Ele apenas confundiu o mar com o sangue dos melhores dos seus compatriotas. Eu sei, eu sei, errar é humano, mesmo no caso do Manuel Rui.
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“Ora nada disto acontece com os encontros culturais cujos participantes têm inevitavelmente a condição de pessoas não só interessantíssimas como exemplares.”
Não sei porque é que os participantes de encontros culturais têm necessariamente de ser exemplares. Acredito que seja mais fácil pensar que o autor daquela obra que gostamos tanto é ‘exemplar’ mas de facto existem alguns artistas com uma obra fenomenal que definitivamente não eram candidatos ao Nobel da Paz.
Quero com isto dizer, que tendo em conta a ‘fome’ que a imprensa portuguesa tem por este género de escândalos (dirigente sanguinário em escolas…) parece-me que mais do que criticar a jornalista por tentar tornar a biografia apresentável pode-se-lhe criticar a falta de preparação e interesse. Até porque a presença deste autor poderia ser uma boa forma de o dar a conhecer (obra e passado).
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Para se falar do Manuel Rui é necessário retrocedermos no tempo em que depois de ter sido o Comandante de Castelo mais vaidoso qu e Nova Lisboa conheceuaté o Comandante de Bandeira mais arogante que os putos da M.P daquele tempo conheceram. Não tenho duvidas em o classificar como um dos melhores escritores de lingua portiuguesacontemporâneos, mas também não tenho rebuço nenhum em classificar a sua personalidad com a alcunha que tinha no Huambo . Cantinflas . O Manuel Rui é o mulato mais complexadfo que alguma vez conheci! Não vou cntar episódios ,da sua conduta para os colegas de Liceu, qundo regressou a Luanda para o Governo de Transição. Já nessa altura deixava perceber tudo o que seria capaz de fazes dois anos depois, em Maio de 77, com os novos colegas de poder do MPLA. Há pessoas que são sempre C antinflas
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Por falar em Dirigentes da Mocidade Portuguesa. . . e desse Manuel Rui que não conheço.
ARROGANTE, INTRATÁVEL e IMPIEDOSO era um dos *revolucionários* de estimação do regime, que dava pelo nome de Carlos Fabião (que chegou a General(!!!) da Cravinosa República).
Posso garantir , fui testemunha presencial como aluno do Liceu Gil Vicente (Lisboa), que o referido Carlos Fabião foi. nos anos 40, Arvorado em Comandante de Castelo da Mocidade Portuguesa.
Também consta do seu historial o ter pertencido à Maçonaria.
Daqui se pode ver a excelência em contorcionismo da emérita figura que,
está atestado, proferiu a frase imortal *Não há Revolução sem sangue *. DISSE.
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