Imagino que seja mais avesso a responder a perguntas difíceis do que a opinar sobre o que desonhece de todo. Prometo, por isso, que não lhe colocarei mais nenhuma questão prática que o possa embaraçar.
Partindo do princípio de que ambos lemos muitos dos mesmos livros e, quiçá, tivémos alguns professores marcantes em comum, permito-me debater consigo de igual para igual, sem lhe reconhecer nem mais uma virgula de mérito do que aquela que reclamo para mim.
Feito este esclarecimento, devo dizer-lhe que temos, de facto, um único sistema de ensino, altamente centralizado, como é esperável num país socialista (e aqui englobo PS e PSD). E só por utopia quase infantil se pode defender que os professores, enquanto funcionários públicos, têm alguma possibilidade de actuar no sentido de alterar a política educativa legitimada pelos votos da maioria dos cidadãos. Como sabe, não se muda o sistema, ou se permitem vários sistemas, de ensino, sem primeiro se mudar de política e aí, meu caro, não são apenas os professores que têm responsabilidades; são TODOS os cidadãos, incluindo os que agora enxotam a água dos seus capotes e, irresponsavelmente, cantam loas a medidas avulsas e perversas do ME, que, porque não têm como objectivo melhoria da qualidade do ensino das nossas crianças, nos fará continuar a estar alegremente na cauda dos países ocidentais em testes de competências.
Se reparar, quem vai ter a competência final da avaliação dos professores é o presidente do executivo / director, o mesmo que a tinha inteira até ao momento e nunca foi capaz de a usar. Numa escola é relativamente fácil ter-se a percepção de quem são os melhores e os piores professores, é certo. No entanto, todos os professores eram avaliados com a mesma nota, sem que os executivos alguma vez tivessem que responder por isso.
A acrescer a isto, é importante referir que TODA a “avaliação” do actual sistema de ensino é feito pelos serviços do ME, o que, pelo menos, permite interrogasções quanto à sua verdade.
Ora, se os actores são, no essencial, os mesmos, por mais propaganda que se faça, nada de substancial vai mudar. Já se acertam nas escolas, dentro de cada departamento, os anos mais favoráveis à atribuição dos Muito Bons ou Excelentes a cada professor, nomeadamente quando estiverem prestes a mudar de escalão.
Só há, protanto, uma única hipótese justa e isenta: avaliação externa para cartas educativas, escolas e professores, fora da alçada do ME. Nesse caso, poder-se-ia manter uma boa parte dos parâmetros dos quais tanto se fala, inseridos, por exemplo, num BSC.
Quanto à ministra, e se reparar bem, deu ao país em geral e aos professores em particular, um exemplo péssimo. Ao continuar a defender a bondade das suas medidas e a imputar os professores a incapacidade de as compreender sem explicar detalhadamente nenhuma delas, impondo-as apenas pela força, permite que um qualquer professor, crente na bondade da sua (má) prática pedagógica, classifique negativamente todos os seus alunos por incapacidade de o entenderem. Que diriam os pais num caso destes!? E o João Miranda?
João, essa política encontraria maior intransigência ainda. Quer-me parecer.
As posições da FENPROF quanto a isso são bem radicais… http://www.fenprof.pt/?aba=27&cat=226&doc=3119&mid=115
E não encontro agora o link (talvez fosse uma páginazita da revista, que ontem por curiosidade, “folhei” digitalmente: mas demonstram um profundo temor pela possível responsabilização civil e criminal de professores envolvidos na gestão das escolas.
Como tudo (e a pseudo-causa que se avizinha está já na barra lateral!: Contra a Prova de Ingresso na profissão docente) demonstram uma radicalidade que nenhum outro sindicato consegue igualar. Não me recordo de eles serem a favor do que quer que seja. Nem parcialmente! O pior disto tudo é que os professores não percebem dos danos que a FENPROF tem, já desde à vários anos, tendo atingido agora o pico, provocado um desgaste imenso, danificando a imagem e reputação dos professores. Porque ninguém, de boa fé, pode acreditar que tudo é mau, que nada tem sequer uma réstia ténue de positivo.
«Quanto à ministra, e se reparar bem, deu ao país em geral e aos professores em particular, um exemplo péssimo. Ao continuar a defender a bondade das suas medidas e a imputar os professores a incapacidade de as compreender sem explicar detalhadamente nenhuma delas, impondo-as apenas pela força, permite que um qualquer professor, crente na bondade da sua (má) prática pedagógica, classifique negativamente todos os seus alunos por incapacidade de o entenderem. Que diriam os pais num caso destes!?»
Os pais diriam que os professores são maiores e vacinados. Que as leis são publicadas no Diário da República e que os professors a ele podem aceder gratuitamente, mesmo que não tenham internet em casa, na escola. Ajuda ler as leis. Pelo menos aquelas que nos visam directamente.
De facto, dou-lhe razão quanto à política de comunicação do ME. Simplesmente não existe. Apesar de andar aí gente a pensar que existe propaganda do ME, estou plenamente convencido de que nem sequer existe uma política básica de comunicação, com pés e cabeça. A informação não chegou ou chegou tarde (o FAQ só chegou dia 6 de março… quase dois meses depois).
Mas como referi, os professores são maiores e vacinados, sabem ler e são “intelectuais”. O mínimo que podem fazer é informarem-se por sua iniciativa e nas fontes legítimas e fidedignas e não através de panfletos ou de ‘hearsay’. O que os professores demonstraram com isto tudo foi ignorância e irresponsabilidade. A larguíssima maioria das suas dúvidas seriam dissipadas pela mera leitura da lei. Preferiram ler panfletos e confiar nos colegas sindicados. No final, a imagem é que paga.
Olhe, cao JLS,
Não sou sindicalizada. A leitura é uma actividade que cultivo desde a infância.
Há tempos, num “Quadratura do Círculo”, ouvi o Pacheco Pereira defender a importância fundamental dos sindicatos e, confesso, fiquei um pouco chocada.
Hoje, pese embora o reconhecimento de que os sindicatos actuam demasiado pela negativa, percebo o que Pacheco Pereira quis dizer e estou completamente de acordo com ele.
A grandeza intelectual de João Miranda patente neste artigo publicado no DN de 12 de Maio do ano passado:
“Os subsídios à ópera são um caso particularmente perverso de intervenção estatal. O objectivo declarado dos subsídios é criar escolhas de modo a que ninguém possa ficar impedido de ir à ópera por razões económicas. No entanto, dado que a ópera é tendencialmente uma actividade que interessa muito mais aos ricos que aos pobres, existe uma grande probabilidade de serem os que têm menos escolhas a financiar os que têm mais escolhas.”
Palavras para quê? É um investigador de biotecnologia
Leia-se o artigo completo e pasme-se com a tremenda cultura e honestidade intelectual do sujeito:
«Não é possível neste momento criar escolas autónomas. Essas escolas herdariam obrigações para com os seus funcionários e regulamentos de avaliação que lhes retirariam autonomia efectiva. O aparecimento de escolas verdadeiramente autónomas terá que ser precedido de uma nova reforma da carreira docente e do sistema de avaliação.» (JM , in DN)
Não percebi esta parte. Podia estar melhor explicada. De que obrigações fala e de que “nova reforma da carreira docente e do sistema de avaliação” está a falar? E porquê?
««Não percebi esta parte. Podia estar melhor explicada. De que obrigações fala e de que “nova reforma da carreira docente e do sistema de avaliação” está a falar?»»
Existe uma obrigação contratual. Os professores têm um contrato com o ministério e não com as escolas. E existe uma obrigação política: o estatuto da carreira docente acabou de mudar, não vai mudar outra vez. Finalmente, existem dezenas de milhar de professores que abaram de adquirir o estatuto de titular e isso dá-lhes privilégios que não são reversíveis. Esses privilégios transitariam para as escolas autónomas. Agora tente gerir uma escola autónoma que tem um sistema de avaliação que não foi escolhido por si, professores com salários que não foram escolhidos por si e professores com o estatuto de titular que não foram escolhidos por si. Esta escola será autónoma em quê? Só se for na escolha do papel higiénco para as casas de banho.
Não me parece que concorde com um sistema de avaliação em que um professor que nunca ligou o Word possa avaliar outro no capítulo “utilização das novas tecnologias”… Mas nestas coisas, nunca se sabe.
A autonomização das escolas implica que que quer os termos e condições da progressão da carreira dos professores quer o sistema de avaliação destes seria da competência de cada escola. Por isso, parece-me que não faz sentido falar de um novo estatuto da carreira nem de um novo sistema de avaliação. A autonomização quer precisamente dizer que deixa de haver um modo de progressão na carreira único e que deixa de haver um sistema de avaliação único. A autonomização equivale precisamente a transferir o contrato que os professores têm com o ministério para outro com as suas escolas respectivas. Por isso a autonomia das escolas não tem de ser precedida das duas reformas que referiu.
««A autonomização equivale precisamente a transferir o contrato que os professores têm com o ministério para outro com as suas escolas respectivas. Por isso a autonomia das escolas não tem de ser precedida das duas reformas que referiu.»»
Mas não é isso que o Estado tem vindo a fazer na função pública? Não passou de centenas de estatutos de funcionário público para apenas 3? A própria alteração do estatuto da carreira docente não será uma quebra do contrato anterior? Como manter os contratos actuais se não há dinheiro? Não fará parte dos actuais contratos a progressão automática na carreira? A passagem do contrato para as escolas não me parece mais grave do que a quebra de contrato que se materializará com este novo estatuto.
Mas suponhamos então que não quer quebrar os contratos actuais. Não chegou a dizer-me qual nova reforma da carreira docente e que novo sistema de avaliação propõe que melhor conduzam à autonomização das escolas. Não basta dizer que é um preciso um novo modelo. Para discutirmos em igualdade tem de dizer que modelo propõe.
««Mas suponhamos então que não quer quebrar os contratos actuais. Não chegou a dizer-me qual nova reforma da carreira docente e que novo sistema de avaliação propõe que melhor conduzam à autonomização das escolas.»»
1. Simplificar a avaliação (menos regras, ênfase na informação e não na avaliação). Tornar a actual avaliação opcional e permitir às escolas adicionar items se o entenderem.
2. agora vai ser necessário arranjar uma nova maneira de distinguir os titulares de titulares que o mereçam ser.
3. Criar uma nova categoria de professores convidados que permita às escolas contornar os actuais professores.
Sem autonomia, o resultado é deixar de haver avaliação, que é o que os professores querem. Para quê avaliar, se tanto vale avaliar como não avaliar que o resultado é o mesmo? Para haver autonomia, tem de haver consequências: ou prémios do ministério ou cheque-ensino. O novo estatuto e o sistema de avaliação decorrem da autonomia.
«Simplificar a avaliação (…) e permitir às escolas adicionar items se o entenderem.»
Só pode haver simplificação se as escolas puderem eliminar items. Mais items não simplifica o resultado. Na melhor das hipóteses, não complica nem simplifica; provavelmente, complica.
«2. agora vai ser necessário arranjar uma nova maneira de distinguir os titulares de titulares que o mereçam ser.»
Mais complicação e burocracia.
«3. Criar uma nova categoria de professores convidados que permita às escolas contornar os actuais professores.»
Só poderão “contorná-los” se os puderem despedir. E para isso, é preciso autonomia primeiro. Lembre-se que o que estamos a discutir é o que precede o quê.
sou absolutamente contra a autonomia da escolas. não vejo vantagem nenhuma. a escola não serve apenas para formar profissionais. também deve formar pessoas e cidadãos. por isso entendo que o ensino deve ser centralizado. qual a vantagem de de um aluno de bragança e do algarve, por exemplo, terem currículos escolares absolutamente diferentes?
se as políticas da ministra são contrárias à autonomia das escolas, estão estão correctas.
João Miranda e a sua cruzada anti-professores.
Isto até já dá vontade de rir.
Continue, caro comentador, no fim talvez leve uma taça Maria de Lurdes Rodrigues.
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Caro João Miranda,
Imagino que seja mais avesso a responder a perguntas difíceis do que a opinar sobre o que desonhece de todo. Prometo, por isso, que não lhe colocarei mais nenhuma questão prática que o possa embaraçar.
Partindo do princípio de que ambos lemos muitos dos mesmos livros e, quiçá, tivémos alguns professores marcantes em comum, permito-me debater consigo de igual para igual, sem lhe reconhecer nem mais uma virgula de mérito do que aquela que reclamo para mim.
Feito este esclarecimento, devo dizer-lhe que temos, de facto, um único sistema de ensino, altamente centralizado, como é esperável num país socialista (e aqui englobo PS e PSD). E só por utopia quase infantil se pode defender que os professores, enquanto funcionários públicos, têm alguma possibilidade de actuar no sentido de alterar a política educativa legitimada pelos votos da maioria dos cidadãos. Como sabe, não se muda o sistema, ou se permitem vários sistemas, de ensino, sem primeiro se mudar de política e aí, meu caro, não são apenas os professores que têm responsabilidades; são TODOS os cidadãos, incluindo os que agora enxotam a água dos seus capotes e, irresponsavelmente, cantam loas a medidas avulsas e perversas do ME, que, porque não têm como objectivo melhoria da qualidade do ensino das nossas crianças, nos fará continuar a estar alegremente na cauda dos países ocidentais em testes de competências.
Se reparar, quem vai ter a competência final da avaliação dos professores é o presidente do executivo / director, o mesmo que a tinha inteira até ao momento e nunca foi capaz de a usar. Numa escola é relativamente fácil ter-se a percepção de quem são os melhores e os piores professores, é certo. No entanto, todos os professores eram avaliados com a mesma nota, sem que os executivos alguma vez tivessem que responder por isso.
A acrescer a isto, é importante referir que TODA a “avaliação” do actual sistema de ensino é feito pelos serviços do ME, o que, pelo menos, permite interrogasções quanto à sua verdade.
Ora, se os actores são, no essencial, os mesmos, por mais propaganda que se faça, nada de substancial vai mudar. Já se acertam nas escolas, dentro de cada departamento, os anos mais favoráveis à atribuição dos Muito Bons ou Excelentes a cada professor, nomeadamente quando estiverem prestes a mudar de escalão.
Só há, protanto, uma única hipótese justa e isenta: avaliação externa para cartas educativas, escolas e professores, fora da alçada do ME. Nesse caso, poder-se-ia manter uma boa parte dos parâmetros dos quais tanto se fala, inseridos, por exemplo, num BSC.
Quanto à ministra, e se reparar bem, deu ao país em geral e aos professores em particular, um exemplo péssimo. Ao continuar a defender a bondade das suas medidas e a imputar os professores a incapacidade de as compreender sem explicar detalhadamente nenhuma delas, impondo-as apenas pela força, permite que um qualquer professor, crente na bondade da sua (má) prática pedagógica, classifique negativamente todos os seus alunos por incapacidade de o entenderem. Que diriam os pais num caso destes!? E o João Miranda?
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João, essa política encontraria maior intransigência ainda. Quer-me parecer.
As posições da FENPROF quanto a isso são bem radicais…
http://www.fenprof.pt/?aba=27&cat=226&doc=3119&mid=115
E não encontro agora o link (talvez fosse uma páginazita da revista, que ontem por curiosidade, “folhei” digitalmente: mas demonstram um profundo temor pela possível responsabilização civil e criminal de professores envolvidos na gestão das escolas.
Como tudo (e a pseudo-causa que se avizinha está já na barra lateral!: Contra a Prova de Ingresso na profissão docente) demonstram uma radicalidade que nenhum outro sindicato consegue igualar. Não me recordo de eles serem a favor do que quer que seja. Nem parcialmente! O pior disto tudo é que os professores não percebem dos danos que a FENPROF tem, já desde à vários anos, tendo atingido agora o pico, provocado um desgaste imenso, danificando a imagem e reputação dos professores. Porque ninguém, de boa fé, pode acreditar que tudo é mau, que nada tem sequer uma réstia ténue de positivo.
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«Quanto à ministra, e se reparar bem, deu ao país em geral e aos professores em particular, um exemplo péssimo. Ao continuar a defender a bondade das suas medidas e a imputar os professores a incapacidade de as compreender sem explicar detalhadamente nenhuma delas, impondo-as apenas pela força, permite que um qualquer professor, crente na bondade da sua (má) prática pedagógica, classifique negativamente todos os seus alunos por incapacidade de o entenderem. Que diriam os pais num caso destes!?»
Os pais diriam que os professores são maiores e vacinados. Que as leis são publicadas no Diário da República e que os professors a ele podem aceder gratuitamente, mesmo que não tenham internet em casa, na escola. Ajuda ler as leis. Pelo menos aquelas que nos visam directamente.
De facto, dou-lhe razão quanto à política de comunicação do ME. Simplesmente não existe. Apesar de andar aí gente a pensar que existe propaganda do ME, estou plenamente convencido de que nem sequer existe uma política básica de comunicação, com pés e cabeça. A informação não chegou ou chegou tarde (o FAQ só chegou dia 6 de março… quase dois meses depois).
Mas como referi, os professores são maiores e vacinados, sabem ler e são “intelectuais”. O mínimo que podem fazer é informarem-se por sua iniciativa e nas fontes legítimas e fidedignas e não através de panfletos ou de ‘hearsay’. O que os professores demonstraram com isto tudo foi ignorância e irresponsabilidade. A larguíssima maioria das suas dúvidas seriam dissipadas pela mera leitura da lei. Preferiram ler panfletos e confiar nos colegas sindicados. No final, a imagem é que paga.
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Olhe, cao JLS,
Não sou sindicalizada. A leitura é uma actividade que cultivo desde a infância.
Há tempos, num “Quadratura do Círculo”, ouvi o Pacheco Pereira defender a importância fundamental dos sindicatos e, confesso, fiquei um pouco chocada.
Hoje, pese embora o reconhecimento de que os sindicatos actuam demasiado pela negativa, percebo o que Pacheco Pereira quis dizer e estou completamente de acordo com ele.
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Julgo que o RCV não leu o artigo do João Miranda.
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A grandeza intelectual de João Miranda patente neste artigo publicado no DN de 12 de Maio do ano passado:
“Os subsídios à ópera são um caso particularmente perverso de intervenção estatal. O objectivo declarado dos subsídios é criar escolhas de modo a que ninguém possa ficar impedido de ir à ópera por razões económicas. No entanto, dado que a ópera é tendencialmente uma actividade que interessa muito mais aos ricos que aos pobres, existe uma grande probabilidade de serem os que têm menos escolhas a financiar os que têm mais escolhas.”
Palavras para quê? É um investigador de biotecnologia
Leia-se o artigo completo e pasme-se com a tremenda cultura e honestidade intelectual do sujeito:
http://dn.sapo.pt/2007/05/12/opiniao/o_direito_a_opera.html
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“lá vamos cantando e rindo,
levados, levados sim!” pela patriotica organização dos largos dos ratos
“meu Deus mas para quê tanto dinheiro
dinheiro só para gastar* samba
inutilmente pelo desgoverno
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João Miranda:
«Não é possível neste momento criar escolas autónomas. Essas escolas herdariam obrigações para com os seus funcionários e regulamentos de avaliação que lhes retirariam autonomia efectiva. O aparecimento de escolas verdadeiramente autónomas terá que ser precedido de uma nova reforma da carreira docente e do sistema de avaliação.» (JM , in DN)
Não percebi esta parte. Podia estar melhor explicada. De que obrigações fala e de que “nova reforma da carreira docente e do sistema de avaliação” está a falar? E porquê?
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««Não percebi esta parte. Podia estar melhor explicada. De que obrigações fala e de que “nova reforma da carreira docente e do sistema de avaliação” está a falar?»»
Existe uma obrigação contratual. Os professores têm um contrato com o ministério e não com as escolas. E existe uma obrigação política: o estatuto da carreira docente acabou de mudar, não vai mudar outra vez. Finalmente, existem dezenas de milhar de professores que abaram de adquirir o estatuto de titular e isso dá-lhes privilégios que não são reversíveis. Esses privilégios transitariam para as escolas autónomas. Agora tente gerir uma escola autónoma que tem um sistema de avaliação que não foi escolhido por si, professores com salários que não foram escolhidos por si e professores com o estatuto de titular que não foram escolhidos por si. Esta escola será autónoma em quê? Só se for na escolha do papel higiénco para as casas de banho.
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Caro João Miranda,
Não me parece que concorde com um sistema de avaliação em que um professor que nunca ligou o Word possa avaliar outro no capítulo “utilização das novas tecnologias”… Mas nestas coisas, nunca se sabe.
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João Miranda
A autonomização das escolas implica que que quer os termos e condições da progressão da carreira dos professores quer o sistema de avaliação destes seria da competência de cada escola. Por isso, parece-me que não faz sentido falar de um novo estatuto da carreira nem de um novo sistema de avaliação. A autonomização quer precisamente dizer que deixa de haver um modo de progressão na carreira único e que deixa de haver um sistema de avaliação único. A autonomização equivale precisamente a transferir o contrato que os professores têm com o ministério para outro com as suas escolas respectivas. Por isso a autonomia das escolas não tem de ser precedida das duas reformas que referiu.
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««A autonomização equivale precisamente a transferir o contrato que os professores têm com o ministério para outro com as suas escolas respectivas. Por isso a autonomia das escolas não tem de ser precedida das duas reformas que referiu.»»
E quebra os contratos actuais?
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Aos poucos e poucos vai-se lá chegar.
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«E quebra os contratos actuais?»
Mas não é isso que o Estado tem vindo a fazer na função pública? Não passou de centenas de estatutos de funcionário público para apenas 3? A própria alteração do estatuto da carreira docente não será uma quebra do contrato anterior? Como manter os contratos actuais se não há dinheiro? Não fará parte dos actuais contratos a progressão automática na carreira? A passagem do contrato para as escolas não me parece mais grave do que a quebra de contrato que se materializará com este novo estatuto.
Mas suponhamos então que não quer quebrar os contratos actuais. Não chegou a dizer-me qual nova reforma da carreira docente e que novo sistema de avaliação propõe que melhor conduzam à autonomização das escolas. Não basta dizer que é um preciso um novo modelo. Para discutirmos em igualdade tem de dizer que modelo propõe.
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««Mas suponhamos então que não quer quebrar os contratos actuais. Não chegou a dizer-me qual nova reforma da carreira docente e que novo sistema de avaliação propõe que melhor conduzam à autonomização das escolas.»»
1. Simplificar a avaliação (menos regras, ênfase na informação e não na avaliação). Tornar a actual avaliação opcional e permitir às escolas adicionar items se o entenderem.
2. agora vai ser necessário arranjar uma nova maneira de distinguir os titulares de titulares que o mereçam ser.
3. Criar uma nova categoria de professores convidados que permita às escolas contornar os actuais professores.
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«ênfase na informação e não na avaliação»
Não percebi o que quer dizer com informação.
«Tornar a actual avaliação opcional»
Sem autonomia, o resultado é deixar de haver avaliação, que é o que os professores querem. Para quê avaliar, se tanto vale avaliar como não avaliar que o resultado é o mesmo? Para haver autonomia, tem de haver consequências: ou prémios do ministério ou cheque-ensino. O novo estatuto e o sistema de avaliação decorrem da autonomia.
«Simplificar a avaliação (…) e permitir às escolas adicionar items se o entenderem.»
Só pode haver simplificação se as escolas puderem eliminar items. Mais items não simplifica o resultado. Na melhor das hipóteses, não complica nem simplifica; provavelmente, complica.
«2. agora vai ser necessário arranjar uma nova maneira de distinguir os titulares de titulares que o mereçam ser.»
Mais complicação e burocracia.
«3. Criar uma nova categoria de professores convidados que permita às escolas contornar os actuais professores.»
Só poderão “contorná-los” se os puderem despedir. E para isso, é preciso autonomia primeiro. Lembre-se que o que estamos a discutir é o que precede o quê.
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O João Miranda continua sem compreender que há um mundozito lá fora.
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sou absolutamente contra a autonomia da escolas. não vejo vantagem nenhuma. a escola não serve apenas para formar profissionais. também deve formar pessoas e cidadãos. por isso entendo que o ensino deve ser centralizado. qual a vantagem de de um aluno de bragança e do algarve, por exemplo, terem currículos escolares absolutamente diferentes?
se as políticas da ministra são contrárias à autonomia das escolas, estão estão correctas.
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