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Autoridade e hierarquia

10 Março, 2008

No artigo de ontem, António Barreto diz o seguinte:

É de bom-tom dizer que se é “a favor da avaliação, mas contra esta avaliação”. Para todos, ou quase, é uma espécie de santo-e-senha de honorabilidade. Acontece que não é. A palavra, o conceito, o mito e o tique nasceram há vinte ou trinta anos. Em Portugal e na Europa. Criado por burocratas e tecnocratas, os defensores da avaliação acreditam que um sistema destes promove a boa educação, melhora o ensino, castiga os maus profissionais, detecta os talentos, permite corrigir erros e combate o desperdício. Na verdade, o sistema e a sua ideologia, que infestaram o ministério da educação, são próprios de uma educação centralizada, integrada e uniforme. Na impossibilidade humana de “gerir” milhares de escolas e centenas de milhares de professores, os esclarecidos especialistas construíram uma teoria “científica” e um método “objectivo” com a finalidade de medir desempenhos e apurar a qualidade dos profissionais. Daí os patéticos esquemas, gráficos e grelhas com os quais se pretende humilhar, controlar, medir, poupar recursos, ocupar os professores e tornar a vida de toda a gente num inferno.

O que faz muito sentido. Só que em seguida diz o seguinte:

O sistema de avaliação é a dissolução da autoridade e da hierarquia.

O que é estranho. Sem avaliação não vejo como pode haver autoridade num sistema burocrático. E se a dissolução da hierarquia é uma coisa má, não percebo como é que a descentralização pode ser uma coisa boa.

A avaliação só é necessária em sistemas burocráticos em que não existe outra forma de distinguir quem tem qualidade de quem parasita o sistema. Um sistema burocrático sem avaliação tende para a arbitrariedade e para a ineficiência. Sem avaliação o sistema implode. Seria como ter um exército sem disciplina militar e tribunais marciais. Claro que a avaliação tem que ser burocrática porque não existe outra forma de a fazer. Isso é muito bem explicado neste post do Rabbit’ Blog.

Um sistema não burocrático e descentralizado não precisa de avaliação formal porque tenderá a ser avaliado pelo mercado. O que é interessante é que os professores se agarram a este artigo de António Barreto para contestar a avaliação, mas são os primeiros a rejeitar a alternativa a este modelo burocrático de avaliação que é o modelo da escola descentralizada.

Quanto à autoridade, parece que António Barreto sonha com a autoridade perdida que tinha a sua origem e sustentação numa sociedade ordenada por princípios religiosos. Essa autoridade deixou de ser possível. Tal como deixaram de ser possíveis sistemas hierárquicos. Num mundo democrático, a autoridade tem que se conquistar. Para além disso, o modelo descentralizado que António Barreto defende é incompatível com um modelo hierárquico. Não é portanto a avaliação que mina a autoridade. A vida moderna é que é incompatível com autoridades que não conquistam a sua posição pelos seus méritos.

55 comentários leave one →
  1. piscoiso's avatar
    piscoiso permalink
    10 Março, 2008 18:27

    Cumprimentos.

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  2. José Manuel Dias's avatar
    10 Março, 2008 18:38

    Um post oportuníssimo…
    Cumps

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  3. Zé Bonito's avatar
    10 Março, 2008 18:39

    Descentralização não significa, obrigatoriamente, dissolução da hierarquia. Apenas cria hierarquia descentralizadas.

    Mas, embora não tenha lido o artigo do António Barreto, tenho que lhe dar razão no que defende na citação. Aliás, muito próximo do que também escreveu Vasco Pulido Valente que, tal como Barreto, conheceu outros sistemas educativos. De facto, que sentido faz avaliar profissionais de um serviço que não seja, ele próprio, avaliado. Ora, só com muito boa vontade é que podemos admitir que o sistema educativo português é avaliado. Isto, devido à sua excessiva centralização que impede uma definição de objectivos racionais, para além das banalidades das faltas, notas atribuídas, etc. De facto, não é hoje possível ir para além disto, se quisermos definir objectivos iguais e avaliar do mesmo modo, professores que trabalhem em escolas de meios sociais e culturais completamente diferentes.

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  4. Desconhecida's avatar
    José Barros permalink
    10 Março, 2008 18:40

    O que é interessante é que os professores se agarram a este artigo de António Barreto para contestar a avaliação, mas são os primeiros a rejeitar a alternativa a este modelo burocrático de avaliação que é o modelo da escola descentralizada. – JM

    O JM continua a falar dos professores como uma entidade única.

    Qualquer dia, começo a falar do JM como o Mário Nogueira do terrível lobby dos investigadores em biotecnologia.:)

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  5. Luis Rainha's avatar
    Luis Rainha permalink
    10 Março, 2008 18:43

    Na frase anterior vem a menção a “este sistema”, que clarifica a sua objecção. É desta avaliação que se fala: excessivamente complexa e com demasiados níveis de participação, incluindo de quem não tem tempo ou conhecimentos para a fazer.

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  6. Luis Rainha's avatar
    Luis Rainha permalink
    10 Março, 2008 18:45

    Já agora, quais são, neste caso, as “autoridades que não conquistam a sua posição pelos seus méritos”?

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  7. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    10 Março, 2008 18:48

    Por falar em autoridades, grande bronca em New York City. O governador é chulo

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  8. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    10 Março, 2008 18:52

    ««Na frase anterior vem a menção a “este sistema”, que clarifica a sua objecção.»»

    “este sistema” refere-se a qualquer forma de avaliação num sistema burocrático. Aquilo que destrói a autoridade num tal sistema é a propria burocratização. Não pode haver autoridade respeitada num sistema de ensino em que os agentes seguem as ordens da hierarquia.

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  9. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    10 Março, 2008 18:52

    ««Já agora, quais são, neste caso, as “autoridades que não conquistam a sua posição pelos seus méritos”?»»

    Actualmente todos os agentes em posição de liderança nas escolas atingem essa posição graças a imposições burocráticas.

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  10. Desconhecida's avatar
    10 Março, 2008 19:01

    JM,

    Você que gosta de “domgatizar”, diga lá o que é “mérito” em Portugal. Na teoria. Na prática, já sabemos!

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  11. Saloio's avatar
    Saloio permalink
    10 Março, 2008 19:02

    Não compreendo como é que se poderá manter o sistema de “passagens automáticas” premiando os incompetentes, os faltosos e os “requisitados” noutras tarefas. Terá sempre de ser determinada uma qq avaliação, mesmo diferente desta.

    Quanto à descentralização, também não vejo qual é o seu mal – a chusma burocrata que infesta o ministério está sediada em Lisboa, desconhecendo as realidades interiores e os próprios professores.

    Digo eu…

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  12. JLS's avatar
    10 Março, 2008 19:04

    Bem notado. A esquizofrenia paira no ar.

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  13. Desconhecida's avatar
    10 Março, 2008 19:09

    dogmatizar

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  14. tt's avatar
    10 Março, 2008 19:14

    Pegar numa frase, soltá-la do contexto e criticá-la com o objectivo de validar teses pessoais é, no mínimo, questionável do ponto de vista da honestidade intelectual. E se a frase é escrita por alguém como António Barreto, a acção coloca-se no plano do utilitarismo mais básico, aquele que qualquer liberal genuíno abomina.

    A frase de António Barreto que transcreve refere-se a este sistema e não a um qualquer sistema de avaliação.

    Tem muita razão António Barreto. E a razão não se tem porque sim, nem apenas porque se leu determinado número de livrinhos e autores. Para ter razão, é preciso conhecer, querer ver, analisar, ir aos locais, e só depois teorizar.
    Na verdade, o modelo de avaliação proposto pelo ME arrasa com a autoridade e com a hierarquiade uma penada, porque os avaliados não reconhecem autoridade aos avaliadores promovidos sem qualquer mérito à função, nem aos executivos que sempre tiveram a responsabilidade inteira da avaliação e nunca a souberam exercer.
    Se, como termina o seu texto, “a autoridade tem que se conquistar”, só dá razão a António Barreto.

    E mesmo que se discorde aqui e além de Barreto, sempre lhe digo, JM, que lhe faltam uns aninhos para se aproximar da clarividência e do respeito intelectual que Barreto conquistou.

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  15. josé Manuel Faria's avatar
    10 Março, 2008 19:16

    “Actualmente todos os agentes em posição de liderança nas escolas atingem essa posição graças a imposições burocráticas.”

    Não, graças a eleições. O Executivo é eleito pelos docentes, discentes , pessoal da secretaria, encarregados de educação e funcionários. Os coordenadores eleitos pelos colegas.

    O governo quer nomeações. Acabar com a democracia nas escolas.

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  16. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    10 Março, 2008 19:24

    ««Não, graças a eleições. O Executivo é eleito pelos docentes, discentes , pessoal da secretaria, encarregados de educação e funcionários. Os coordenadores eleitos pelos colegas.»»

    O que não tem nada a ver com autoridades naturais. As autoridades naturais não precisam de eleição.

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  17. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    10 Março, 2008 19:26

    Ainda não perceberam? O João Miranda está a ironizar e a gozar com os leitores.
    Eu tenho-me rido muito.
    Desde os tempos dos posts sobre o BCP que não me ria tanto.

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  18. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    10 Março, 2008 19:26

    ««A frase de António Barreto que transcreve refere-se a este sistema e não a um qualquer sistema de avaliação.»»

    Nope. A frase do António Barreto aplica-se a qualquer sistema burocrático.

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  19. tt's avatar
    10 Março, 2008 19:27

    José Manuel Faria,

    Os executivos em exercício foram eleitos, ou nomeados pelas DRE nos casos em que nenhuma lista apresentou candidatura.

    Quanto aos coordenadores, a maioria dos que desempenham o cargo no presente ano lectivo não foi eleita; foi nomeada pelos executivos com base no critério definido pelo ME: serem titulares.

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  20. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    10 Março, 2008 19:30

    ««Na verdade, o modelo de avaliação proposto pelo ME arrasa com a autoridade e com a hierarquiade uma penada, porque os avaliados não reconhecem autoridade aos avaliadores promovidos sem qualquer mérito à função, nem aos executivos que sempre tiveram a responsabilidade inteira da avaliação e nunca a souberam exercer.»»

    Isso é verdade para qualquer sistema de avaliação burocrático. Os pontos do post são dois:

    1. não adianta clamar contra esta avaliação quando quem o faz não concorda com um sistema descentralizado. Todos os sistemas de avaliação num sistema centralizado têm as mesmas características essenciais.

    2. Os sistemas descentralizados são os que menos respeitam hierarquias.

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  21. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    10 Março, 2008 19:33

    Anónimo Diz:
    10 Março, 2008 às 6:48 pm
    Por falar em autoridades, grande bronca em New York City. O governador é chulo

    Correcçao: Nao é chulo. Sorry. Pensei que a gravidade fosse essa.

    Foi apanhado numa investigaçao federal a recorrer aos serviços de uma prostituta vip e a noticia foi para ao NYT. Até parece em Portugal. E assim se destruiu a vida familiar e política de um governador de NYC.

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  22. Luis Rainha's avatar
    Luis Rainha permalink
    10 Março, 2008 19:35

    Mas porque é que as “imposições burocráticas” não resultarão de méritos dos nomeados? Ou acha que os inspectores escolares e quejandos são todos filhos do nepotismo? É impossível ascender num sistema burocrático graças a mérito próprio? Já viu que exércitos há que fazem depender todas as promoções a partir do grau de capitão da nomeação por mérito? E quer coisa mais burocrática que a tropa?
    “autoridades naturais não precisam de eleição”; vai daí, temos é de reverenciar o carisma e deixarmo-nos de eleições.
    Por fim, não me parece mesmo que o AB estivesse a generalizar; mas enfim a interpretação é mais ou menos livre…

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  23. Luis Rainha's avatar
    Luis Rainha permalink
    10 Março, 2008 19:39

    Pegando no exemplo da tropa portuguesa, ainda menos entendo a sua frase: “Sem avaliação não vejo como pode haver autoridade num sistema burocrático.” Quer sistema mais autoritário e burocrático?

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  24. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    10 Março, 2008 19:40

    ««Mas porque é que as “imposições burocráticas” não resultarão de méritos dos nomeados?»»

    Eu estou a falar de mérito enquanto autoridade. O mérito enquanto autoridade não se mede por critérios burocráticos. Resulta da livre escolha dos indivíduos. Quem desempenha posições de autoridade numa burocracia não pode alegar ser uma autoridade livremente reconhecida.

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  25. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    10 Março, 2008 19:42

    ««Pegando no exemplo da tropa portuguesa, ainda menos entendo a sua frase: “Sem avaliação não vejo como pode haver autoridade num sistema burocrático.” Quer sistema mais autoritário e burocrático?»»

    O Luís Rainha confunde poder com autoridade. Quem tem poder não tem necessariamente autoridade.

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  26. tt's avatar
    10 Março, 2008 19:43

    Isso é verdade para qualquer sistema de avaliação burocrático. Os pontos do post são dois:

    1. não adianta clamar contra esta avaliação quando quem o faz não concorda com um sistema descentralizado. Todos os sistemas de avaliação num sistema centralizado têm as mesmas características essenciais.

    2. Os sistemas descentralizados são os que menos respeitam hierarquias.

    Apresentados assim os pontos fundamentais do post, obviamente eles tornam-se incontestáveis do meu ponto de vista.

    Mas, reconheça, não foi apenas isso que o João quis dizer…

    É verdade que um número muito maior de professores do que o desejável abomina a desentralização e recusa-se mesmo a actuar sem que tudo chegue explicadinho do ME, até porque a IGE existe para garantir que assim seja.
    Há, no entanto, um cada vez maior número de professores que anseia pela autonomia e pela liberdade de organização interna das escolas. Curiosamente, entre estes professores, uma boa parte tem larga experiência de ensino privado.

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  27. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    10 Março, 2008 19:44

    ««vai daí, temos é de reverenciar o carisma e deixarmo-nos de eleições.»»

    Reverencia quem quiser, quem não quiser não reverencia. Num sistema descentralizado a autoridade resulta da livre escolha de agentes livres. Numa burocracia há pessoas com poder na estrutura hierarquica mas que não são livremente reconhecidas.

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  28. JB's avatar
    10 Março, 2008 19:45

    «O “sistema de avaliação” é a dissolução da autoridade e da hierarquia»

    Quanto mais elaborados, matemáticos e ‘científicos’, pior.
    Deles resultam em grande parte, a «desresponsabilização» dos avaliadores.
    Dispensados de «pensar», perante uma lista de habilitaçõs/qualidades/resultados, atribuem-lhes uma valoração resultante das suas observações. Que pode até dar um resultado matemático. Que há-de escalonar os avaliados.
    Não hão-de faltar avaliadores que se limitem a descarregar as suas impressões, mais ou menos ligeiras ou profundas, sem ir ao âmago da questão.
    Fossem as avaliações no ensino, da responsabilidade primeira e última do director da escola, mesmo que sujeitas a reapreciação em caso de recurso, talvez valesse a pena haver um processo/sistema de avaliação.
    Com o peso e a responsabilidade do mais e melhor interessado na qualidade do ensino em cada escola. O seu director.

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  29. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    10 Março, 2008 19:46

    ««Pegando no exemplo da tropa portuguesa, ainda menos entendo a sua frase: “Sem avaliação não vejo como pode haver autoridade num sistema burocrático.” Quer sistema mais autoritário e burocrático?»»

    Já agora, a tropa portuguesa tem um sistema de avaliação bastante eficaz.

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  30. simon's avatar
    simon permalink
    10 Março, 2008 19:59

    Treta e mais treta,
    é dar-lhe, praí, malta,
    que professor nenhum houve,
    alguma vez, que não fosse avaliado.
    Mas é já um como falar à toa da sinistra
    e do primeiro socretino, à falta de coisa mais nobre.

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  31. ana luz's avatar
    ana luz permalink
    10 Março, 2008 20:06

    Oh, professores são bons, do que há de melhor no mundo, quando nos tomam conta dos crios (em espanhol) e lá se bem calam na toca, cum carago.

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  32. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    10 Março, 2008 21:04

    JoaoMiranda Diz:
    10 Março, 2008 às 7:24 pm

    ««Não, graças a eleições. O Executivo é eleito pelos docentes, discentes , pessoal da secretaria, encarregados de educação e funcionários. Os coordenadores eleitos pelos colegas.»»

    O que não tem nada a ver com autoridades naturais. As autoridades naturais não precisam de eleição.

    Assim, para um futuro não muito remoto, só há duas possibilidades: ou o mundo será governado nos moldes de nossas modernas democracias e então o fiel da balança decidirá a favor das raças numericamente mais fortes, ou o mundo será – governado segundo as leis da ordem natural e vencerão então os povos de vontade brutal e, por conseqüência, não a nação que se limita a si mesma
    (…)
    trazida do berço. Essas noções a que me refiro têm sempre a sua explicação em causas intuitivas. Isso quer dizer que o homem não deve nunca cair no erro de acreditar que surgiu para ser o senhor da natureza – concepção que o regime da meia educação tanto facilita mas, ao contrário, deve compreender a necessidade fundamental do poder da Natureza e também que a sua própria existência está dependente das leis da eterna luta natural. Sentiremos então, que, em um mundo em que planetas e sois andam à roda, no qual a força sempre domina a fraqueza e submete-se à escravidão ou elimina-a, não podem existir outras leis para os homens Podemos tentar compreende-las mas nunca delas nos libertarmos.
    (…)

    A administração do Estado e o poder das nações representado pela sua capacidade guerreira são dominados pelo princípio do valor pessoal. Nesse setor domina a idéia da personalidade, a autoridade desta em relação aos que estão embaixo e a responsabilidade dos que estão em cima. A vida política de hoje tem cada vez mais abandonado esse princípio natural. Enquanto toda a cultura humana não passa de uma conseqüência da atividade criadora do indivíduo, na comunidade em geral e especialmente entre os líderes da mesma, o princípio da maioria pretende ser a autoridade que decide e começa gradualmente a envenenar a vida da nação, isto é, a arruiná-la.
    (…)
    Aqui também, pela ordem natural das coisas, certamente será o mais forte que será escolhido para cumprir a grande missão; apenas os outros só muito tardiamente reconhecem o fato de ser este o único eleito. Ao contrário, todos se julgam com os mesmos direitos e predestinados a resolver o problema, sendo que a coletividade geralmente é que menos sabe distinguir quem dentre eles é capaz de realizar a mais alta missão, quem merece o apoio de seus semelhantes.

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  33. Desconhecida's avatar
    henrique permalink
    10 Março, 2008 21:06

    JM pelos vistos é um bom bocado cego…
    Só entende o que lhe apetece

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  34. All-facinha's avatar
    All-facinha permalink
    10 Março, 2008 21:11

    Ah, mas os apparatchiks sempre têm possibilidades de ingressar na nomenklatura. A avaliação é só para os outros…

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  35. johansson's avatar
    johansson permalink
    10 Março, 2008 21:30

    A avaliação é só para os outros…

    Ora aí é que está a coisa… e é preciso vir um alfacinha descortinar o busílis, que avaliações sempre as houve, mas esta de se apurar só meia-dúzia do PS e logo do PSD, entre os mais ordeiros e bufos, é a novidade desta sinistra de socrates.

    Semelhante à que só no outro tempo vigorou, ca outra senhora.

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  36. tina's avatar
    10 Março, 2008 21:49

    Que ridículo o paleio todo de António Barreto, até parece que nunca teve filhos a estudar numa escola pública portuguesa e por isso para ele não é importante que um professor seja avaliado quanto à sua assiduidade, ou sobre a relação com os alunos, em como com alguns profs a aula é uma bagunça completa e com outros ninguém se atreve a falar, ou sobre a concretização das actividades lectivas, se não deixou metade da matéria para dar, etc.

    Aliás a equivalência que ele faz entre avaliar e humilhar, diz tudo.

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  37. tina's avatar
    10 Março, 2008 21:57

    “O sistema de avaliação é a dissolução da autoridade e da hierarquia.”

    Esta frase então é incrível!… Mas que pais é este em que a ideia de avaliar profissionais causa tanto transtorno? Em que tanto faz ser-se bom como mau que a progressão na carreira é a mesma? Quantos professores não se queixam eles próprios de outros professores que não querem saber de nada? E acham bem que esses sejam igulamente promovidos?

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  38. ana luz's avatar
    ana luz permalink
    10 Março, 2008 22:01

    Quantos professores não se queixam eles próprios de outros professores que não querem saber de nada?

    É, os tais bufos, minha senhora.

    Que não há maus professores, só professores diferentes, diga-me quais são melhores!

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  39. ana luz's avatar
    ana luz permalink
    10 Março, 2008 22:04

    Mas esta gente está amarrada à visão de antigamente, incluso a vinda d’América, donde não há esperto nem besta que não traga canudo atempado, e quer instaurar aqui o que lhe enxofra uma sinistra despeitada… Eh, qual Yacinthe de Cuidado com as Apar~encias, a tipa é doida chapada.

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  40. jotabil's avatar
    jotabil permalink
    10 Março, 2008 22:30

    “Nas escolas, que tanto orgulho incutiam no século passado (Sec XIX), não se pode fazer mais que ensinar às massas as técnicas da vida moderna, mas não se logorou educá-las. Deram-se-lhe instrumentos para viver intensamente , mas não a sensibilidade para os grandes deveres históricos; inoculou-se-hes atabalhoadamente o orgulho e o poder dos meios modernos, mas não o espírito” Ortega e gasset em “A rebelião das massas”.
    Esta citação apenas para servir como referência à realidade social, ou sociedade, onde os professores actuais se integram. O homem-massa europeu está inscrito numa lógica mercantilista e perdeu as referências e os fins da espiritualidade humana.
    No entanto, as aristocracias que pressistem para além desse homem-massa, tendem através da propaganda, longamente pensada, prolongar o staus quo, servindo-se de artifícios que alienem e condicionem o livre pensamento.
    Contudo, a emergência de novas tecnologias, exigem uma nova racionalidade, uma nova fé que fundamente essa racionalidade e sobretudo uma evolução da organização politico-social do homem que não se pode resumir na passagem do estado-nação para a existência de grandes espaçoes económicos como requer o ambiente social actualmente existente…mas, também, abrangendo novas formas de organização que priveligiem o carácter autárcito de regiões-comunidades, integrando organicamente, valências complementares.
    Nesta última forma de organização político-social as necessidades de formação são orgânicas e deixam de ser feitas em massa. Os professores existem em face das necessidades de formação que a comunidade exige. Nesta, a educação básica é feita pelos pais e a formação especial é adquirida na vivencia com a comunidade qua apropria o dons e os talentos dos formandos à vida da prória comunidade.
    Veremos então o sucessivo desaparecimento de jardins de infância, de lares de terceira idade, de escolas fábricas, de grandes e pequenas empresas…etc. A individualidade humana sumamente respeitada tende à solidariedade e ao aproveitamento racional de todos os meios, onde não pode haver desperdícios além dos determinados pela entropia que as leis da física determinam.
    A fabricação e a produção de energia será a adequada e dimensionar-se-á a necessidade da comunidade.
    Este aparente beco, sem quase saída, dos professores, julgo, inserir-se nesta mudança de paradigma social, cujos primeiros sinais parecem adensar-se no nosso mundo.
    A descentralização do poder político não se verificará. Parece poder dizer-se que os actuais regimes políticos sofrerão uma rotura em vista da sua aniquilação e surgirá então um outro centrado nas unidades autárcitas emergentes…que poderão solidarizar-se por motivos fundados em tradições culturais.
    A lógica que preside às actuais determinações governamentais é agendada pela europa….que segue ainda linhas de rumo mercantilistas e liberais……e nós …todos já estamos noutros tempos…como diz o tecnico do Idreams…..se desejar ..posso vir a fabricar qualquer objecto em casa.
    As empresas temdem a acabar….essa coisa de fazer mil fatos sabendo que 10% não servem a ninguém e por isso são desperdício…acabou.
    A Singularidade humana vai ser respeitada….e com ela também a sua formação…cada homem é um mundo…e não o podemos julgar porque não sabemos qual é…só se fossemos deuses.
    Estamos a iniciar a mudança…..os professores têm lugar nessas comunidades….os que realmente tenham a arte de ser professores……ensinar é uma arte e uma ciência…..a pedagogia não pode ser uma ciência…por mais grelhas, feed’s Back e novas grelhas….e objectivos….que se idealizem…..haverá sempre os inadaptados ao determinismo que queremos impor nas escolas.
    são estes os factos…..bem situados no drama humano que todos devemos viver.

    cumps

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  41. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    10 Março, 2008 22:33

    Hoje está a Tina de serviço aos blogues.
    O Teresa e o Piscoiso estão a preparar a contra manif.

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  42. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    10 Março, 2008 22:38

    O que AB refere é tudo o que se deseja afastar!A avaliação negociada e aceite por todos motiva e tras justiça, não compara e não humilha!

    O que se pede á avaliação é i )assegurar que o que se faz é o que é preciso fazer e não um trabalho inútil.ii)assegurar que o trabalhador seja elemento informado do que se passa na sua organização iii)perceber em que medida é que o seu trabalho é apreciado iiii) ter expectativas sérias e realistas para a sua vida.

    Gosto muito do AB mas desta vez fala como um académico, sem conhecer a vida diária das organizações que têm que apresentar resultados!Esses resultados são o somatório do trabalho das pessoas (mais que o somatório)que tem que ser medido sem o que ninguem poderá orientar a nau!

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  43. Fafe's avatar
    10 Março, 2008 22:38

    É interessante observar os burocratas em pânico, não é? Ler “As Farpas” dava um certo jeito para entender o que nunca muda – As Farpas do Ortigão e do Eça, e já agora por vezes também as do Fafe.

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  44. dragão azul's avatar
    dragão azul permalink
    10 Março, 2008 23:41

    A minha questão resume-se em saber como é possível um professor estar habilitado a avaliar um aluno, sem ele próprio estar sujeito a uma avaliação, com critérios bem definidos, para que se evitem a subjectividade e o amiguismo, tão enraízados no nosso país. É que não basta dizer que o professor já possui a licenciatura, pois a aprendizagem é um processo contínuo e, como tal deve ser posto á prova. Os critérios previstos por este governo são certamente discutíveis e podem ser contestados, mas então porque não serem os próprios professores a proporem a melhor metodologia para serem avaliados, para além de se manifestarem como até aqui?

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  45. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    10 Março, 2008 23:44

    ” Esses resultados são o somatório do trabalho das pessoas (mais que o somatório) que tem que ser medido sem o que ninguem poderá orientar a nau! ”

    Curiosamente, penso que esta frase não faz sentido.

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  46. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    10 Março, 2008 23:46

    ” Gosto muito do AB mas desta vez fala como um académico, sem conhecer a vida diária das organizações que têm que apresentar resultados! ”

    Curiosamente, e para ver se começamos a fazer sentido nesta conversa toda, quais são esses resultados que se pretende ?
    (nem pergunto se conhece as escolas, pois já vi que não – mas ficamos pela pergunta de cima , aberta a todos )

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  47. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    10 Março, 2008 23:55

    “O que se pede á avaliação é
    i )assegurar que o que se faz é o que é preciso fazer e não um trabalho inútil.”

    Que trabalho é esse ?
    Como se avalia se esse trabalho é útil ou não , depois de avaliar qual é o trabalho em causa

    ” ii)assegurar que o trabalhador seja elemento informado do que se passa na sua organização ”

    Bem isto é curiosamente, chamar burros aos professores, e dizer que eles não sabem o que se passa nas escolas. Não creio que isto faça qualquer sentido. Quem não sabe o que se passa nas escolas, são os pais, e por vezes o ME (por razões apontadas no artigo e outras de outros comentadores e blasfemos)
    Os únicos interessados, e conforme até implicitamente confirma JCD, são os professores e o ME.
    Portanto, este ponto não faz qualquer sentido no caso dos professores. Seria o completo desastre. Devia estar mais atento e não ser tão académico, mas como não frequenta a escola, está desculpado.

    ” iii)perceber em que medida é que o seu trabalho é apreciado ”

    Bem, depois de explicar qual é o trabalho em si, tem que explicar como é que um professor vai saber como é que o trabalho é apreciado.
    Houve tempos em que alguns alunos deixavam uma maça na mesa. Penso isso estar ultrapassado.
    Como vão os professores saberem se são apreciados ?
    Pelo actual ou proposto modelo de avaliação ? Por parabéns dos pais ou dos alunos ? Pelas explicações que alguns alunos lhes pedem ?

    ” iiii) ter expectativas sérias e realistas para a sua vida.”

    Os professores ? Isso parece que eles têm.

    Volto a perguntar qual o trabalho dos professores, e estendo a pergunta a todos.

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  48. tacci's avatar
    11 Março, 2008 01:09

    O João Miranda disse:
    “As autoridades naturais não precisam de eleição”.
    Repararam bem?
    O João Miranda disse mesmo, lá em cima, no comentário número 16:
    “As autoridades naturais não precisam de eleição”!
    Não acreditam?
    Vão lá ver.

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  49. José Chouriço's avatar
    11 Março, 2008 02:26

    «A vida moderna é que é incompatível com autoridades que não conquistam a sua posição pelos seus méritos.» Caro JoaoMiranda quero lembrar-lhe que já há muito estamos no pós pós-modernismo, nesta coisa que agora se ousa chamar o pós 11 de setembro. A vida moderna? Está-se a referir ao séc XVIII? Ao modernismo?
    O que o senhor quer para este país não tem que ser necessariamente o que eu quero! E então quem merece ficar com ele? O que melhor argumentar ou o que melhor se adaptar? O mais forte ou o mais inteligente?
    Quando o sr perceber que os chineses há muito sabiam que iam mandar nisto (quase) tudo, mas que apenas aguardavam, com a sua conhecida paciência de chinês, claro está… então aí, meu caro JM vai ser tarde. Mas depois já não basta aprender mandarim, ou cantonês, porque de tão dificil que é (falo por experiência própria) só o podemos avaliar, a si, Sr JM como mediocre.
    Recomendo-lhe um estudo sobre o sistema de ensino em Hong Kong. A china no seu melhor ao jeito anglo-saxão. Ah e por favor não me fale em Macau!

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  50. tina's avatar
    11 Março, 2008 08:29

    ana luz Diz:
    10 Março, 2008 às 10:01 pm
    Quantos professores não se queixam eles próprios de outros professores que não querem saber de nada?

    É, os tais bufos, minha senhora.”

    Bem esta Ana Luz não bate bem da cabeça mas eu vou dar promenores para os outros que queiram saber.

    Conheço 2 professoras que, independentemente, desabafaram comigo sobre colegas. Num caso, sobre um colega que só dá parte da matéria porque não era obrigado a dar mais (!!!) Outra, admitiu que muitos professores precisavam de um processo de avaliação.

    Bem se eu conheço só 2 professoras, e ambas têm razão de queixa de colegas, então daqui já se pode ver o cenário geral.

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  51. Desconhecida's avatar
    António Lemos Soares. permalink
    11 Março, 2008 09:11

    Propostas:

    3 Exames Nacionais por ano lectivo desde o Básico até ao 12.º ano para todas as disciplinas;
    Correcção dos mesmos Exames através de Professores Especializados (apenas em correcção de Exames e sem leccionar aos alunos avaliados) e respectiva publicação de resultados das diversas escolas;
    Adequação dos Programas Escolares à realidade do ano lectivo, através da diminuição do número de horas semanais leccionadas;
    Manutenção dos mesmos manuais escolares por um período mínimo de 5 anos por disciplina;
    Empréstimo dos mesmos manuais aos alunos, por ano lectivo, até ao fim da escolaridade obrigatória;
    Obrigatoriedade do ensino da Música, de Teatro e de Educação Física, desde o Básico até ao 12.º ano

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  52. Stor marreta's avatar
    Stor marreta permalink
    11 Março, 2008 12:07

    Sr Tina, conhece a história da estatistica e das galinhas? Se a senhora tiver 2 galinhas e eu nenhuma em média ambos temos cada um 1 galinha, mas ambos sabemos que não é verdade. Eu por mim já não posso dizer que também conheço 2 professores e que são meus amigos. Na minha profissão eu conheço centenas de professores e já trabalhei com essas centenas. Assim, com um pouco mais de autoridade, mas só um pouco mais, lhe digo que já vi de tudo. Professores que não interessavam nem ao menino Jesus. Professores excelentes que tiravam do seu tempo para dar aos alunos. Professores médios, uns mais outros menos. E como é óbvio não me cabe a mim julgar onde me incluo, apenas lhe digo que NÃO SOU CONTRA A AVALIAÇÃO, mas avaliações destas só servem para uma coisa, NADA. Ou melhor para que alguns se tornem mais alguns que outros.

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  53. C. Medina Ribeiro's avatar
    11 Março, 2008 18:23

    As crónicas mais recentes de António Barreto (as que saíram no «Público», mas não só) estão disponíveis no SORUMBÁTICO (http//sorumbatico.blogspot.com).

    Para lhes aceder, basta ir a qualquer uma delas (de preferência à mais recente) e clicar nas iniciais ‘AMB’ que se vêem em rodapé.

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  54. tina's avatar
    11 Março, 2008 22:35

    “E como é óbvio não me cabe a mim julgar onde me incluo, apenas lhe digo que NÃO SOU CONTRA A AVALIAÇÃO, mas avaliações destas só servem para uma coisa, NADA. Ou melhor para que alguns se tornem mais alguns que outros.”

    Eu tenho os questionários da avaliação comigo e aquilo que diz respeito a assiduidade, concretização de objectivos e relação com alunos são os pontos essenciais que os pais querem ver avaliados.

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  55. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    11 Março, 2008 23:44

    Anónimo

    As suas perguntas mostram bem que você não está interessado na avaliação.Há aqui comentadores que lhe respondem.

    Tenho um amigo que face á sua própria e evidente degenerência física diz:

    Quando um gajo é velho até os tomates atrapalham!

    É assim que você está perante a avaliação!

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