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Boicotes III

25 Março, 2008

Vale a pena ler a ridicula história do boicote do governo português aos jogos de Moscovo:

Em Portugal o COP [Comité Olímpico Português] vota pela presença em Moscovo, um comunicado da Presidência do Conselho de Ministros informa: «O Governo compromete-se apoiar todos os que recusarem participar nos Jogos de Moscovo.» Mas, a 15 de Maio, a assembleia plenária do COP ratifica a posição da comissão executiva, apesar do voto contrário de algumas federações, sobretudo daquelas que não tinham atletas em condições de estar presentes e, curiosamente, das ligadas às modalidades de índole militar, como tiro, esgrima e hipismo. A 24 de Maio é extinta, pelo Governo, a Comissão de Preparação Olímpica e de seguida é criada a Comissão para a Alta Competição para funcionar até Setembro, oferecendo ao prof. Moniz Pereira a liderança. Em consonância com esta sua actuação são publicadas no Diário da República de 26 de Junho as benesses para os atletas pré-seleccionados que voluntariamente renunciassem aos Jogos, determinando-se ainda que as provas internacionais em que esses atletas interviessem, no âmbito da preparação, seriam consideradas de interesse nacional. Simultaneamente a Direcção-Geral dos Desportos comunicou que não emitiria autorizações para a saída do País aos membros da missão olímpica, quem fosse a Moscovo iria na condição de… comum cidadão. Fernando Mamede, depois de afirmar que nem sequer sabia onde era o… Afeganistão, hesitou. Alcançara, entretanto, a melhor marca mundial dos 5000 metros (13.20) e uma das melhores nos 10 mil (27.37,9). Por mais ou menos passiva influência de Moniz Pereira — opta pelo boicote, essencialmente em instinto de defesa, para que pudesse conti-nuar a ter dispensa do banco e um subsídio de alimentação de cinco contos!!! Cruel ironia do destino — não muito tempo depois ficou a saber-se que as promessas do Governo de Sá Carneiro aos atletas do boicote caíram em saco roto. Utilizando verbas de reserva do COP, beneficiando dos descontos da Aeroflot, partiria para Moscovo uma delegação de 11 atletas — mas as estrelas não. Carlos Lopes por lesão, outros por sedução! O COP, apesar das dificuldades financeiras, e no sentido da maior isenção política, recusou 450 contos provenientes da subscrição pública para apoio ao envio da delegação a Moscovo. As despesas da estada foram pagas através de verbas do COI, que recebera o dinheiro dos direitos televisivos em rublos não convertíveis — o que criaria óbvia instabilidade financeira. Passada a tormenta, e já sob a presidência do eng. Lima Belo, os 450 contos creditados na conta do COP foram paradoxalmente canalizados para a preparação da equipa que se deslocaria a Los Angeles.

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  1. Pi-Erre's avatar
    Pi-Erre permalink
    25 Março, 2008 20:46

    O João Miranda prepara-se para ganhar uma medalha de ouro na modalidade de lançamento de postas sobre boicotes.
    Postas de pescada, bem entendido…

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