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Educação e o culto da carga

7 Maio, 2008

Não cheguei a perceber exacamente qual é a teoria da (ex-)Ministra da Educação sobre as reprovações, mas aquilo tem aguns elementos de Culto da Carga. Lurdes Rodrigues parte da observação de que os alunos que reprovam têm piores resultados nos testes de aferição. Daqui conclui que as reprovações devem ser evitadas. Se os alunos que reprovam têm maus resultados então a solução passa por acabar com as reprovações. Esta ideia emergiu várias vezes na extraordinária entrevista de ontem a Constança Cunha e Sá. Lurdes Rodrigues revelou outras ideias geniais, como por exemplo a de que a liberdade de escolha deve ser  evitada porque causa desigualdade e não tem (segundo ela) nenhuma vantagem eficientista. Ainda bem que a senhora passou os seus quatro anos no ministério a tratar de questões de gestão de pessoal. Se tivesse dedicado mais tempo à educação propriamente dita, provavelmente o estado da educação seria muito pior do que o que já é.

30 comentários leave one →
  1. Alvaro's avatar
    7 Maio, 2008 12:55

    A senhora Lurdes Rodrigues, que foi professora do ensino básico, não saltou para o superior por nada, não é verdade?

    Quando se diz que os professores portugueses ganham bem devem estar a pensar nestes aqui (e uma avaliação externa e internacional destes, aos quais Lurdes Rodrigues agora pertence, que ganham como os “europeus”?):

    http://www.snesup.pt/htmls/EkppVZElykGBNrnpeG.shtml

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  2. Alvaro's avatar
    7 Maio, 2008 12:56

    E para quando fecharem-se os cursos superiores públicos (os privados não são pagos pelo erário público) desnecessários?

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  3. Alvaro's avatar
    7 Maio, 2008 12:59

    Não será o ensino superior o principal responsável pelo estado do sítio, dado que foi o ensino superior que formou os gestores e os políticos que temos?

    http://criticademusica.blogspot.com

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  4. Filipe Abrantes's avatar
    7 Maio, 2008 13:02

    Esta ministra é uma nódoa.

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  5. Alvaro's avatar
    7 Maio, 2008 13:10

    E os sindicatos deram-lhe uma rica ajudinha c o famoso “Memorando de Entendimento” que lhe deu uma dose decredibilidade inimaginável num país normal. No fundo, no fundo, os sindicatos salvaram foi o próprio Sócrates…

    E o PR teve o papel estúpido do costume – como na Madeira onde teve um “dia perfeito” – em tudo isto… É vergonhoso!

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  6. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    7 Maio, 2008 13:34

    A educação só pode piorar. Um sistema onde não é possível reconhecer onde estão as boas práticas porque não há avaliação discriminatória, que destinga o bom do mau é um sistema condenado ao fracasso. Já para não falar da recompensa com classificação de 0-5 onde o 3 vai da ignorancia á mediania em vez de 0-20.

    Já assim sucede porque desde há vinte anos a esquerda com a cumplicidade do PSD e CDS erigiu um sistema onde o objectivo principal é o igualitarismo admirando-se depois todos da mediocridade que construíram.

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  7. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    7 Maio, 2008 13:36

    A desigualdade é uma coisa boa desde que haja oportunidades iguais para todos! O PS nunca perceberá isto!

    Só aceita a desigualdade quando enfia os seus amigos nas empresas públicas a ganharem milhões.

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  8. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    7 Maio, 2008 14:19

    Se o mundo descobre esta senhora, ainda a contrata para trabalhar na ONU.

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  9. Red Snapper's avatar
    Red Snapper permalink
    7 Maio, 2008 14:31

    “Lurdes Rodrigues parte da observação de que os alunos que reprovam têm piores resultados nos testes de aferição. Daqui conclui que as reprovações devem ser evitadas. Se os alunos que reprovam têm maus resultados então a solução passa por acabar com as reprovações.” JM

    Lurdes Rodrigues não disse nada disso. O que ela nos diz é que a reprovação não funciona como um incentivo a que os reprovados se apliquem e trabalhem mais. Pelo contrário, os dados empíricos mostram que a reprovação conduz á desmotivação e ao abandono. Ou seja, as reprovações são a solução fácil e representam a demissão do sistema perante as dificuldades. Lurdes Rodrigues não se resigna. É mais ambiciosa como devem ser os bons governantes. Por isso concebeu uma forma de, por um lado, detectar atempadamente os potenciais repetentes e, por outro, aplicar programas específicos de recuperação que tão bons resultados têm revelado noutros quadrantes.

    Em jeito de nota pessoal só lamento que este sistema não estivesse implementado no meu tempo de estudante. Seguramente que no lugar de andar carregar paletes também seria hoje um promissor cientista.

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  10. RV's avatar
    7 Maio, 2008 14:37

    «Ainda bem que a senhora passou os seus quatro anos no ministério a tratar de questões de gestão de pessoal.»

    Exacto.

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  11. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    7 Maio, 2008 14:38

    ««Por isso concebeu uma forma de, por um lado, detectar atempadamente os potenciais repetentes e»»

    eh eh, o Red Snapper é dos crentes. Acha mesmo que aquilo que alguém concebe no papel sobre educação tem alguma hipótese de ser aplicado por centenas de escolas e milhares de professores tal e qual como foi planeado?

    ««plicar programas específicos de recuperação que tão bons resultados têm revelado noutros quadrantes.»»

    Quais quadrantes?

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  12. Red Snapper's avatar
    Red Snapper permalink
    7 Maio, 2008 15:09

    Eu já há muito que percebi que o João Miranda é um egoísta a la Ayn Rand. Como a natureza foi generosa com o João Miranda não consegue perceber que indivíduos há que só conseguirão progredir se para tanto tiverem um auxílio, especialmente na adolescência. A Suécia e Dinamarca sabendo disso aplicam programas específicos de recuperação em alunos com maior dificuldade de aprendizagem. Nestes Países o ME define directrizes de como as escolas deverão actuar, ficando a cargo destas a adaptação das directizes às suas circunstâncias especificas.

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  13. Rui's avatar
    7 Maio, 2008 15:35

    Red Snapper, diga-me honestamente:
    Entre namorar, conversar, ler um livro, ver tv, jogar à bola, ou à playstation, ou ao computador, etc, e estudar, o que é que pode levar alguém a estudar, seja criança, jovem ou adulto?
    Obviamente que na grande maioria dos casos (porque há sempre excepções) é apenas o medo de reprovar (a obediência aos pais ou o interesse pelo estudo ou o investimento no futuro também podem ser, mas alguém acredita que seja um número significativo?).
    Portanto, imagine o que vai acontecer quando os alunos descobrirem que, mais do que já acontece hoje em dia, não há qualquer necessidade de estudar para passar de ano…

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  14. Desconhecida's avatar
    observador DOP permalink
    7 Maio, 2008 15:58

    Caro João,

    Há já muito tempo que o avisei de que do Ensino não percebia grande coisa.

    Andava sempre preso a questões menores, como escolha de Escolas, pública vesus privada etc.

    Vejo que finalmente chegou ao cerne que é ver o que se passa realmente lá dentro, para que serve, que soluções para o futuro dos jovens, da sistemática ausência dos encarregados de Educação no acompanhamento do progressos escolares dos Educandos e principalmente como mostruário do que se irá passar nos 10 a 15 anos seguintes em termos de criminalidade (basta estar numa escola sensível)…

    Enfim, participe num dos Órgãos da Escola Pública.

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  15. DA's avatar
    7 Maio, 2008 16:02

    Rui, comentário 13, aplique essa questão aos jovens Finlandeses, Suecos…

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  16. Red Snapper's avatar
    Red Snapper permalink
    7 Maio, 2008 16:22

    “Entre namorar, conversar, ler um livro, ver tv, jogar à bola, ou à playstation, ou ao computador, etc, e estudar, o que é que pode levar alguém a estudar, seja criança, jovem ou adulto? Obviamente que na grande maioria dos casos (porque há sempre excepções) é apenas o medo de reprovar (a obediência aos pais ou o interesse pelo estudo ou o investimento no futuro também podem ser, mas alguém acredita que seja um número significativo?).”

    Tendo a concordar com isto. Só não concordo com a leitura que o Rui faz das políticas educativas desta ministra no que concerne à reprovação. Ou seja, o trecho que se segue é uma distorção dessas politicas:

    “Portanto, imagine o que vai acontecer quando os alunos descobrirem que, mais do que já acontece hoje em dia, não há qualquer necessidade de estudar para passar de ano…”

    O nível de exigência para passar de ano mantém-se igual para todos os alunos. Os exames serão iguais para todos. O que se pretende é apenas auxiliar mais uns que outros. Só isso. Nada mais que isso.

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  17. JCM's avatar
    7 Maio, 2008 17:01

    lucklucky: “Já assim sucede porque desde há vinte anos a esquerda com a cumplicidade do PSD e CDS erigiu um sistema onde o objectivo principal é o igualitarismo admirando-se depois todos da mediocridade que construíram.”

    Está enganado. Faça as contas. Quem construiu este sistema igualitário foi a direita com a cumplicidade e o desvelo da esquerda, de toda a esquerda. Quem regia o país era o Prof. Cavaco e quem pastoreava a educação era o Eng.º (mais um) Carneiro. Aliás, estes delírios são bastante comuns à direita. Por exemplo, em 1975, no auge do PREC, um ministro militar, de esquerda, acabou com o ensino técnico em Portugal. Mas em França, no mesmo ano foi um governo do senhor V. Giscard d’Estaing, de direita, que cometeu a proeza e que pôs o ensino francês no caos que ainda se encontra. O foco difusor deste tipo de ideologia são os EUA. O mundo é muito mais complexo do que parece. Aliás, onde a esquerda governava com mão de ferro não havia, como se costuma dizer, «pão para malucos». Ou será que pensam que nos países da cortina de ferro não havia diferenciação de percursos escolares e que quem não queria estudar era levado ao colo para a universidade, davam-lhe o curso de médico e punham-no a tratar do Brejnev?

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  18. Desconhecida's avatar
    7 Maio, 2008 18:42

    Enquanto a criatura que ministra a educação este país de brincar desancou nos professores, os desatentos do costume aplaudiram-na, alguns de pé.
    Mas agora, que percebem que os seus filhos são as próximas vítimas das estatística da senhora, começam as indignações.

    E no entanto, caros comentadores, não ouvirão um único professor que se preze discordar dessa indignação. Esta postura constitui uma importante lição…

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  19. Desconhecida's avatar
    Taxa de reflexão permalink
    7 Maio, 2008 19:22

    Já se começa a perceber o vazio de ideias…

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  20. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    7 Maio, 2008 19:22

    “Está enganado. Faça as contas. Quem construiu este sistema igualitário foi a direita com a cumplicidade e o desvelo da esquerda, de toda a esquerda.”

    Não me diga que pensa que os Ministros construiram alguma coisa. Desde o fim dos anos 70 que o drama dos Ministros era colocar as escolas todas a funcionar ao Mês certo, na altura em Outubro. Tive um ano em que só em Fev-Março tive professor de Francês com outros só após o Natal. Nesta altura já as criaturas do Ministério andavam a escaqueirar o que restava de positivo do Estado Novo como classificações de 0-20. O problema da Direita(eu prefiro chamar não-esquerda) foi não ter cultura para combater a Esquerda Políticamente Correcta que tomava conta do Ministério. Note-se que na Europa de Leste que não caiu no Políticamente Correcto nada do desastre educativo que se passou no Ocidente aconteceu. Igualitários nas classificações eles nunca foram. Mas por cá até o PC foi atrás.
    Veja-se a Manuela Ferreira Leite. Qual foi a marca dela no Monstro? Nada, Zero, como todos os Ministros o Monstro é demasiado grande e nada de essencial muda, quando muito os burocratas deixam passar uma qualquer ideia simbólica tipo PGA e pouco mais.

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  21. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    7 Maio, 2008 19:25

    “O foco difusor deste tipo de ideologia são os EUA.”

    Estou muito de acordo, mas isso vem da esquerda americana, pós-modernismo, políticamente correcto.

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  22. JCM's avatar
    7 Maio, 2008 19:47

    Lucklucky: “Nesta altura já as criaturas do Ministério andavam a escaqueirar o que restava de positivo do Estado Novo como classificações de 0-20.”

    Mais uma vez está fora de sintonia com a realidade: o problema começou mesmo dentro do Estado Novo. A reforma Veiga Simão abriu o caminho para aquilo que hoje se chama o eduquês. Julgo até, teria de confirmar, que é ainda antes de Veiga Simão, ainda com Salazar vivo, que se unifica o 1.º ciclo dos Liceus (que ainda fiz, talvez tenha sido o último ou o penúltimo ano) com o 1.º ciclo das escolas técnicas, dando origem ao ciclo preparatório, onde julgo já ter havido uma acentuada decadência curricular. A criação do 3.º ciclo unificado do básico com o fim do ensino técnico foi uma tragédia sem fim.A partir de 1975, muitas famílias que encontravam nesse ensino uma promessa de futuro descobriram que a nova escola nada tinha para oferecer aos filhos. Uma parte do abandono escolar nasce aí. Foi também uma tragédia porque roubou o lugar de formação dos quadros médios empresariais e matou um nicho de iniciativa. Quem vive na província, sabe muito bem que dos alunos das escolas técnicas nasceram muitas empresas que estruturaram a vida das comunidades. Isso até hoje não foi reposto.

    Mas mais uma vez a direita foi responsável: ao acabar, com Roberto Carneiro, com o ensino técnico-profissional, iniciado em 1984, e criar cursos tecnológicos (o nome era outra) mais difíceis, ao nível das competências teóricas, que os via de ensino, destruiu-se um experiência que estava a dar frutos

    Sobre a esquerda americana pós-moderna haveria muito a dizer sobre a sua filiação na cultura típica americana, mas ao nível da educação este tipo de utopias nasce do pragmatismo e do liberalismo de John Locke. As considerações de Locke sobre a educação são o fundamento das utopias educativas, embora o que se passou foi um «transfert» de uma educação voltada para o gentleman para a educação de massas.

    As pessoas perdem-se num debate sobre esquerda-direita, mas os problemas educativos nascem no Iluminismo que é o pai da esquerda e da direita modernas. O Iluminismo é a raiz de muitas ilusões, seja o liberal,seja o marxista.

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  23. JCM's avatar
    7 Maio, 2008 20:00

    Comentando a ideia de JM sobre a relação do pensamento ministerial e o Culto da Carga na educação. Neste momento, os computadores, a banda larga, os quadros electrónicos são os novos fetiches que o governo lança sobre as escolas com a perspectiva de os alunos os cultuarem e assim aprenderem alguma coisa. Mas isto é puro pensamento mágico. Aliás, a maior parte das decisões do actual ME, mesmo aquelas que embeveceram certos sectores, não têm outro fundamento do que o puro pensamento mágico. Um exemplo interessante e provocante: a única avaliação que existe da gestão das escolas é feita pelo próprio ME, através da IGE. Constata essa avaliação que não existe problema de lideranças no largo tecido escolar português. Se a análise empírica mostra isso, por que razão, a não ser por pensamento mágica, vai o ME alterar as formas de gestão das escolas?

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  24. MJP's avatar
    MJP permalink
    7 Maio, 2008 21:37

    Ao Red Snapper: então a ministra fecha escolas com 15 alunos e vai abrir aulas para meia dúzia com dificuldades, só para passarem de ano? Essa remediação que pode ser tão proveitosa num ano lectivo, ao ponto de evitar o chumbo, torna-se inútil se oferecida no ano seguinte?
    É verdade que os países nórdicos têm o sistema a funcionar devidamente, mas lá os alunos vão para a escola para trabalhar. Por isso não comparamos com Itália, nem tão pouco com a Grã-bretanha. O empenho da população no trabalho faz toda a diferença. As dificuldades dos alunos não são de inteligência ou compreensão, mas falta de trabalho sério, diário.
    Quem acusa os outros de ter tido oportunidades só pode mesmo desconhecer que é o trabalho sério que promove a pessoa. Todos tivemos contratempos na vida, mas só alguns os souberam superar. Possivelemente os que não se achavam “coitadinhos”. A estes, a desculpa serve-lhes para tudo, para quê esforçar-se?

    AO JM: mais uma vez ao retardador. Os professores não estão revoltados com a avaliação, mas com tudo o que degradou a escola. Mais uma vez transforma o que a sua mente entende em realidade. A Milu, desde o início que espreme as escolas para que passem todos os alunos. Já em tempos, afirmei que a avaliação ia obrigar os professores a ceder ao ME em termos de avaliação dos alunos. JM achou que era uma manifestação contra a avaliação dos professores e publicou essa resposta na pag principal. Resistimos há tempo demais a todas as regulamentações internas. Vir dizer que, o discurso contra os chumbos, é novo, dá vontade de rir. Que tal ir espreitar à DGIDC o que somos supostos fazer no ensino básico? Há quem tenha espreitado, ficado estarrecido e louvado que os professores não tenham desistido de ensinar.
    “Os currículos existem não só como documentos mas, fundamentalmente, como
    exemplificação de um conjunto de acontecimentos e situações em que alunos e professores
    partilham conteúdo e significado. O currículo é o que professores e alunos vivem, pensando e
    resolvendo problemas sobre objectos e acontecimentos tornados familiares.” in Orientações curriculares de C. Físicas e Naturais do 3º ciclo.

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  25. A. R.'s avatar
    A. R. permalink
    7 Maio, 2008 22:32

    Não sei se o problema partiu da esquerda ou da direita. A verdade é que os grandes avanços científicos e tecnológicos partiram da massa cerebral do ocidente. É difícil encontrar qualquer coisa de tecnologia (electrónica, internet, comunicações móveis, medicina) que tenha percursores com educação de índole marxista. A diferença não está na qualidade da massa cerebral entre o ocidente e o leste … disso tenho a certeza.

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  26. Rui's avatar
    9 Maio, 2008 00:14

    DA, comentário 15:
    1º Há uns anos o próprio Sócrates, de acordo com o DN, ficou espantado porque entrou numa sala de aula finlandesa e os alunos, no meio do silêncio geral, mal levantaram os olhos do trabalho que estavam a fazer… Está a ver o mesmo em Portugal?
    2º Na Finlândia, um professor de Educação Física tem até 30 horas semanais de aulas, MAS um professor de ciências tem cerca de 10 (porque se entende que o 2º precisa de muito, muito mais tempo não lectivo – para preparar aulas, corrigir trabalhos, preparar experiências, etc – que o 1º)… Está a ver o mesmo em Portugal?
    3º Na Finlândia, os professores que ensinam não fazem rigorosamente mais nada, concentram todos os seus esforços só em ensinar a sua disciplina (aliás, só no verão têm quase 3 meses de férias, exactamente porque acabadas as aulas, nada mais fazem)… Está a ver o mesmo em Portugal?
    4º Na Finlândia, os alunos passam substancialmente menos horas na escola que os alunos portugueses…
    ETC, etc, etc… e por aqui me fico nas comparações com a Finlândia, para o que quer que elas possam servir.
    Volto a repetir: no caos em que neste momento está o ensino e a autoridade (seja dos professores, dos pais, da polícia, dos políticos, seja de quem for) em Portugal, sem o medo de reprovar (e mesmo assim, nem é para todos), pouquíssimos alunos verão motivo para abdicar de diversão para estudar.

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  27. Pinóquio's avatar
    Pinóquio permalink
    9 Maio, 2008 00:33

    ?

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  28. Ritinha's avatar
    jmn30 permalink
    9 Maio, 2008 00:35

    Pois

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  29. Rui's avatar
    9 Maio, 2008 00:39

    Red Snapper, comentário 16:
    Vou falar-lhe da minha experiência do 2º e 3º ciclos.
    “O nível de exigência para passar de ano mantém-se igual para todos os alunos.”
    Pois é, o problema é que já neste momento é baixíssimo. Sabia que para passar do 5º para o 6º ano, ou do 7º para o 8º, ou do 8º para o 9º, o ministério permite que um aluno possa ter negativa a todas as disciplinas? Foram as escolas que definiram, individualmente, um limite, tal era o absurdo: por exemplo, a minha definiu que um aluno reprovava se tivesse 4 ou mais negativas, outras 3 ou mais, etc.
    “Os exames serão iguais para todos.”
    Pois é, o problema é que os exames são só a Português e Matemática e só têm um peso de 30%, o que os torna praticamente inócuos em termos de efeitos para reprovação numa escala de 1 a 5, que é o que acontece no 3º ciclo.
    “O que se pretende é apenas auxiliar mais uns que outros. Só isso. Nada mais que isso.”
    Sim, isso também. Mas sabe que, no mínimo, cerca de um terço dos alunos a quem é oferecido esse auxílio, recusa-o? Nem os pais conseguem que eles beneficiem dele? Imagine porque é que esses alunos acham que não precisam dele para nada…

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  30. Catarina's avatar
    9 Maio, 2008 15:52

    Red Snapper:
    Há já muitos anos que as escolas têm mecanismos que tentam recuperar alunos que tudo indica que se encaminham para o insucesso. Apoios, aulas suplementares, tutorias… O que a escola não pode é pegar no menino pelas orelhas e ir depositá-lo na sala de aula, até porque, no próprio dia, teria lá o pai, a mãe, o avô, a avó, o periquito, o cão e o gato a pedir satisfações pelos «maus tratos» infligidos ao crianço.
    Não há «mecanismo» que valha enquanto não se passar a mensagem de que:
    1 – as aulas não existem para ser divertidas. Às vezes até podem ser, mas isso é episódico. As aulas são locais de trabalho.
    2 – o professor pode explicar cem vezes, fazer um milhão de exercícios, das seis mil e trezentos esclarecimentos, mas não pode aprender pelo aluno.
    3 – recorda-se e esquece-se o que se quer. Se os meninos gastarem mais energia a esquecer o que aprenderam do que a manter na cabeça as aprendizagens adquiridas, nada feito.
    4 – os países nórdicos têm cem anos de avanço. Lá a alfabetização generalizada começou no século XIX ou até no XVIII. Cá, ainda não começou.

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