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O ISP

2 Junho, 2008
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A baixa do ISP só faz sentido numa situação de diminuição do peso do estado. Enquanto tivermos um estado que consome e distribui metade da riqueza nacional e que continua a crescer todos os anos, não faz muito sentido discutir medidas pontuais de “corta aqui e põe ali”. Mas um dia, o status quo terá que mudar. A actual situação de estagnação económica só terá reversão num cenário de cortes significativos e estruturais no custo da administração. Só que, se e quando um governo estiver em condições de começar a baixar impostos, terá mais por onde escolher.  Por exemplo,  começar pelos impostos que mais contribuem para inibir a actividade económica. Antes de mexer no ISP, seria bem mais interessante…

1. Extinguir o Imposto de Selo
2. Acabar com o IMT para as revendas de casa, mantendo apenas um imposto para os novos fogos ligado à infra-estruturação das novas habitações.
3. Diminuir os limites máximos do IMI e transferir a responsabilidade de fixação do imposto para as autarquias.
4. Aumentar significativamente os patamares que definem os vários escalões do IRS.

Só depois disto viria o ISP que, como parece óbvio, também é excessivamente alto e cria absurdas distorções no mercado. Mas isso é o normal, no nosso estado que, mais do que um Estado Social é um Estado Fiscal.

18 comentários leave one →
  1. Zarolho's avatar
    2 Junho, 2008 11:46

    venda de carros baixou
    24%, no ano passado

    A gasolina em identico periodos, baixou 10%

    El Mundo de hoje, para quem quiser confirmar

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  2. jcd's avatar
    2 Junho, 2008 11:49

    “venda de carros baixou
    24% no ano passado”

    Não, não baixou.
    Aumentou.
    2006 259.185
    2007 270.315 (+4.3%)

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  3. Zarolho's avatar
    2 Junho, 2008 11:52

    O aumento da eletricidade prevê am aumento em Espanha de 11%

    fonte diario da catalunha

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  4. Luís Lavoura's avatar
    Luís Lavoura permalink
    2 Junho, 2008 12:00

    “mantendo apenas um imposto para os novos fogos ligado à infra-estruturação das novas habitações”

    Não. O imposto sobre a compra de uma casa nova deve ser o IVA, e deve ter exatamente a mesma taxa que o IVA sobre os materiais de construção. Caso contrário, o Estado estará a distorcer o mercado, a favor (se o imposto fôr menor que o IVA) ou contra (se fôr superior ao IVA) a reabilitação de casas antigas.

    Se eu, para recuperar a minha casa antiga, tenho que pagar IVA à taxa de 21%, então ao comprar uma casa nova devo ter que pagar IVA a exatamente a mesma taxa de 21%.

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  5. jcd's avatar
    2 Junho, 2008 12:11

    “Não. O imposto sobre a compra de uma casa nova deve ser o IVA, e deve ter exatamente a mesma taxa que o IVA sobre os materiais de construção.”

    Podemos chamar-lhe imposto, taxa o que entenderes. Mas as casas novas tên custos adicionais que terão que ser suportados pelos compradores. Por exemplo, as extensões das redes de água, esgotos, luz, gás, etc. A construção de novos arruamentos, passeios, iluminação pública, jardins e embelezamento urbano. Por aí fora. Claro que parte disto pode ser pago directamente pelos construtores e incluido no custo das casas.

    Em casas antigas, nada disto está envolvido. É por isso que há IMT e que só se deve aplicar a novas construções. o IVA, em ambos os casos, é um caso à parte. Não deve haver IVA em transacções em segunda mão. Já está integrado no preço das casas uma vez que não é dedutível pelos compradores.

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  6. Luís Lavoura's avatar
    Luís Lavoura permalink
    2 Junho, 2008 12:35

    JCD,

    os custos com o loteamento (a construção de espaços públicos, ruas e jardins, extensões de redes de água e eletricidade, etc) estão incluídos no preço do terreno que o construtor compra loteado, ou na taxa que o construtor paga à Câmara para que esta o loteie. São taxas que portanto ficam incluídas automaticamente no preço de qualquer casa nova.

    Logo, o IMT não é, de forma nenhuma, necessário para compensar esses custos. O IMT deve, portanto, ser pura e simplesmente abolido. É “o imposto mais estúpido do mundo”, como Guterres muito justamente lhe chamou.

    Por outro lado, uma casa nova constitui um valor acrescentado. Tal e qual como a reabilitação de uma casa velha. Ou como um carro novo, ou como a reparação de uma carro velho. Portanto, uma casa nova deve estar sujeita a IVA de 21%, tal e qual como um carro novo, tal e qual como as obras de reparação de uma casa velha, ou tal e qual como uma reparação de um carro velho.

    Portanto, a minha tese – defendida também pelo Movimento Liberal Social – é que o IMT deve ser abolido mas, em compensação, se deve aplicar IVA sobre a compra de uma casa nova. E a taxa desse IVA deve ser exatamente a mesma que aquela que incide sobre uma obra numa casa antiga – sob pena de o Estado estar a distorcer o mercado.

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  7. Zarolho's avatar
    2 Junho, 2008 12:45

    Em Portugal aumentou o nº de viaturas vendidas assim como o indicador da venda de gasolina.

    Em Espanha baixou, conforme a El Mundo nos 2 indicadores.

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  8. Zarolho's avatar
    2 Junho, 2008 12:48

    Ver no El Mundo

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  9. Tonibler's avatar
    2 Junho, 2008 12:52

    Não é exactamente verdade que o status quo terá que mudar, pelo menos em termos fiscais. Isso só é verdade se assumirmos que continuaremos como país independente porque, como região de outros, a administração pública pode continuar a sorver riqueza. E queres uma aposat sobre qual vai ser a escolha quando a questão da independência se colocar?

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  10. jcd's avatar
    2 Junho, 2008 12:55

    “Ver no El Mundo”

    Pensava que se estava a referir a Portugal. Em Espanha não sei.

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  11. jcd's avatar
    2 Junho, 2008 12:57

    “os custos com o loteamento (a construção de espaços públicos, ruas e jardins, extensões de redes de água e eletricidade, etc) estão incluídos no preço do terreno que o construtor compra loteado, ou na taxa que o construtor paga à Câmara para que esta o loteie. São taxas que portanto ficam incluídas automaticamente no preço de qualquer casa nova.”

    Se for verdade, concordo contigo. Mas quando se compra um terreno e se aprova uma construção, dificilmente os custos pagos incluem todos os custos que referi. Pelo menos no caso dos individuais é óbvio que não incluem.

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  12. AS's avatar
    2 Junho, 2008 13:23

    «2. Acabar com o IMT para as revendas de casa, mantendo apenas um imposto para os novos fogos ligado à infra-estruturação das novas habitações.»

    1) Nesse caso o IMI, pago anualmente, serve para quê (se o IMT for para as infraestruturas) ?
    2) E a criativa taxa de saneamento, paga também anualmente, tal como o IMI, e que parece funcionar como uma espécie de complemento de IMI ?
    3) Nos loteamentos, em que são os privados que constroem e pagam as infraestruturas (depois de terem pago licenças e taxas várias e de terem oferecido 50% do terreno ao município a título de “área de cedência”), o IMT justificar-se-ia então a que título ?

    Ainda há a questão mais complexa de saber se as novas infraestruturas são – em face da estagnação demográfica – de substituição mais do que de acréscimo, pelo menos ao nível da sua manutenção (o uso de novas infraestruturas diminui o uso das existentes). Nesse caso, a própria razão de ser do imposto, em termos de conceito, seria fortemente questionada.

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  13. Carlos Duarte's avatar
    Carlos Duarte permalink
    2 Junho, 2008 13:42

    Caro Luís Lavoura,

    Forme uma empresa Luís Lavoura, Empreendimentos Imobiliários, Unipessoal, Lda. e não pague IVA…

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  14. Desconhecida's avatar
    2 Junho, 2008 14:20

    JCD,

    Apesar de andar um pouco às voltas, o essencial que tiro do seu “post” é este:

    – A estagnação económica de Portugal, que tem pelo menos cerca de 10 anos, tem muito fundamento fiscal.

    – Por exemplo, MFL foi a autora do célebre “PEC” que se aplica às micro-empresas e PME’s (com excepção dos táxistas, porque berraram), e Sócrates e os vários candidatos ao poder, nem seuqre falam em acabar com um imposto que causa “porrada” nas empresas, e nem tem sequer peso significativo na receita fiscal total.

    – Aliás, quem cria uma “empresa da treta”, para além dos custso de Notário, Conservatória, Segurança Social, Fisco e afins….pouco tempo depois, arrepende-se e nunca mais tenta criar uma nova empresa. Passa a emitir recibos verdes….

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  15. tina's avatar
    2 Junho, 2008 14:30

    “A baixa do ISP só faz sentido numa situação de diminuição do peso do estado.”

    João, de acordo com Paulo Portas, o ISP subiu 15 cêntimos com esta legislatura. Ao que parece, anteriormente pagava-se 68 cêntimos de imposto por litro de gasolina e agora paga-se 83 cêntimos. Também é sabido que a despesa pública tem sempre aumentado. Isto nunca vai parar a não ser com alguma forma de pressão. Portanto, a atitude certa é protestar contra a subida de impostos e pedir a sua redução.

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  16. jcd's avatar
    2 Junho, 2008 15:59

    “Ao que parece, anteriormente pagava-se 68 cêntimos de imposto por litro de gasolina e agora paga-se 83 cêntimos”

    O preço aumentou, o IVA aumentou.

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  17. Lololinhazinha's avatar
    Lololinhazinha permalink
    2 Junho, 2008 16:29

    “Não. O imposto sobre a compra de uma casa nova deve ser o IVA, e deve ter exatamente a mesma taxa que o IVA sobre os materiais de construção.”

    Luís Lavoura,

    Eu não percebo grande coisa de direito fiscal, mas parece-me que a sua proposta levaria a uma dupla tributação da mesma coisa. Ou seja, os materiais de construção, para as casas construídas de raíz, seriam duplamente tributados. Uma primeira vez quando os construtores os pagam e aplicam e uma segunda vez quando o comprador final adquirisse a casa. Além disso, o preço do IVA dos materiais de construção, no primeiro caso, transmite-se para o preço final das casas. Por isso, não me parece muito correcto dizer-se que quem reconstrói paga IVA e que quem compra construído não paga. Paga, de forma indirecta.

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  18. jcd's avatar
    2 Junho, 2008 18:00

    1) Nesse caso o IMI, pago anualmente, serve para quê (se o IMT for para as infraestruturas)?

    Para manutenção. Deve ser estipulado pelas autarquias para que os contribuintes saibam o preço de viver numa dada localização.

    2) E a criativa taxa de saneamento, paga também anualmente, tal como o IMI, e que parece funcionar como uma espécie de complemento de IMI?

    Exacto. Esta é para manutenção dos esgotos. Devia ser só uma taxa, até porque estão indexadas.

    3) Nos loteamentos, em que são os privados que constroem e pagam as infraestruturas (depois de terem pago licenças e taxas várias e de terem oferecido 50% do terreno ao município a título de “área de cedência”), o IMT justificar-se-ia então a que título ?

    Deveria ser mais baixo ou descontado da permilagem correspondente ao montante do investimento feito pelo promotor/loteador.

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