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Paulo Morais : “Corrupção e Poder Local”

24 Junho, 2008
by

Conferência sobre a relação entre a corrupção e o poder local tendo como oradores Paulo Morais e Ricardo Sá Fernandes. O moderador será Eduardo Dâmaso.

Hoje, 24 de Junho de 2008, pelas 21h30 na SEDES em Lisboa.

41 comentários leave one →
  1. MFerrer's avatar
    24 Junho, 2008 19:55

    Não vai estar ninguém do Ministério Público ?
    Nem do Instituto Nacional de Estatística?
    Nem da Reg Autónoma da Madeira?
    Nem o Presidente da Associação Nacional de Municípios?
    Nem ninguém do PSD?
    O tal senhor Preto agora branqueado e eleito para a lista da MFL?
    Então não vou!
    MFerrer

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  2. MJRB's avatar
    24 Junho, 2008 20:07

    Por acaso até nem resido longe da Duque de Palmela, talvez lá vá por algum tempo.

    Estou muito expectante por ouvir indícios, indícios que sejam de nomes e de casos concretos.

    Talvez….talvez….RSFernandes não seja a pessoa mais indicada para o debate.

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  3. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    24 Junho, 2008 20:07

    Estou a ler o livro do Paulo Morais.Talvez lá dê um salto.Ainda não sei.Pode saltar-me a tampa!

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  4. Ritinha's avatar
    Ritinha permalink
    24 Junho, 2008 20:10

    O elenco é fraco.
    Podiam convidar melhores especialistas na matéria.
    Pinto da Costa, Valentim Loureiro, Luis Oliveira, Criolina Salgado, Fátima Felgueiras, Isaltino Morais, Ferreira Torres…
    E estou a ser injusta ao não nomear os realmente bons especialistas, os que não se deixam apanhar…

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  5. MJRB's avatar
    24 Junho, 2008 20:21

    Ritinha,

    Esqueceu LFilipe Vieira, que hoje viu mais um seu projecto urbanístico colocado em causa na Câmara de Lisboa.
    O “tal” caso terrenos da GALP-Mexia-LFVetc&tal.

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  6. MJRB's avatar
    24 Junho, 2008 20:25

    Espero ouvir hoje na SEDES, nomes e casos ! Muitos e sem tibiezas !

    Espero ouvir que um indivíduo, através de intermediários, ande a comprar terrenos e imóveis à custa do estatuto de presidente dum clube !

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  7. MJRB's avatar
    24 Junho, 2008 20:27

    Espero ouvir as reais relações entre autarcas e especuladores !

    Espero perceber –já há muito percebi !– porque é que alguns camarotes de estádios são frequentados, nos jogos, por juízes, autarcas, notários, polícias, ministros e ex-ministros, chefes de gabinete, etc&tal !

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  8. Felizmina's avatar
    24 Junho, 2008 20:44

    Parabéns pelo blog

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  9. Desconhecida's avatar
    Mialgia de Esforço permalink
    24 Junho, 2008 21:11

    MJRB,

    V. saiu-me cá um optimista. Se lá for, depois diga como correu.
    Obg.

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  10. josé manuel faria's avatar
    24 Junho, 2008 21:23

    Vale e Azevedo deu uma lição à justiça portuguesa. Ele só acredita na inglesa. Se o querem prender que o vão buscar.

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  11. Peliteiro's avatar
    24 Junho, 2008 21:31

    E não convidaram ninguém de Braga? Nem da Póvoa de Varzim, nem de Vila do Conde, nem de Famalicão, nem de Esposende?

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  12. tina's avatar
    tina permalink
    24 Junho, 2008 21:35

    Desculpem, não tem nada a ver, só queria deixar esta música para o Ouriço:

    http://www.youtube.com/watch?v=r-QpaFBD6nE

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  13. Desconhecida's avatar
    jorge permalink
    24 Junho, 2008 21:47

    Querem ver que o principal orador é o Bimbo da Costa…um especialista na matéria.

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  14. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    24 Junho, 2008 21:59

    A região Oeste também tem uns bons exemplares. Passem aqui pela terra das cavacas e levem um “turco” que terá muito que contar. O seu vasto património tem crescido a olhos vistos, em proporção directa com o enriquecimento de alguns construtores cá do burgo (gente séria claro…).

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  15. Desconhecida's avatar
    Rxc permalink
    24 Junho, 2008 21:59

    (o autor do post 14. fui eu)

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  16. mafaldinha's avatar
    mafaldinha permalink
    24 Junho, 2008 22:11

    Mas, pelos vistos, esqueceram-se de convidar o Dr. Saldanha Sanches… Ele é que sabe tudo sobre o assunto. Lembram-se da sua inesquecível entrevista na SIC???

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  17. Elephant Hunting's avatar
    Elephant Hunting permalink
    24 Junho, 2008 22:19

    Caro MJRB,
    já o sinto mais optimista!

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  18. tina's avatar
  19. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    24 Junho, 2008 23:09

    Corrupção e poder local? Isso são migalhas:

    “Pinto Monteiro acha que as competências desta nova figura colidem com as do Ministério Público e quer ver tudo muito bem esclarecido. “É preciso ter muito cuidado com este secretário-geral”, declarou aos deputados da 1.ª Comissão da Assembleia da República.”
    (Expresso)

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  20. anahenriques's avatar
    25 Junho, 2008 04:19

    É por essa razão “corrupção e poder local” que a “malta” se embebeve na filosofia da (verdadeira) “autonomie” das ecoles portugueses. Um dos “últimos bastiões de não corrupção”, les ecoles, (claro) pouco dado a “mudanças” e “modernices”, finalmente vai pertencer ao “deviri de designio nacionali”.
    Mas aqui a “coisa” é muito mais “compliqué” pois trata-se do último reduto do “Portugal”.

    Alguém (mesmo) já pensou (mesmo) no “assunté”!?

    A “coisa” é (mesmo) muito “compliqué”. Para “tudis”.
    Os “professozecos” têm estado a “elucidé” o “Portugal”. Mas se o “Portugal” na liga, a coisa vai “compliqué” muito para “tuodos” os portuganheses. Todos.

    Vejam lá se resolvem abrir “os olhitios”.

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  21. Luis Lavoura's avatar
    Luis Lavoura permalink
    25 Junho, 2008 07:56

    Qual a origem dessa corrupcao?

    A origem esta em que em Portugal, ao contrario daquilo que acontece em todos os paises civilizados, o urbanismo e uma tarefa que nao e exclusivamente do Estado.

    Em paises civilizados, por exemplo no Reino Unido, e absolutamente proibido um privado lotear um seu terreno. So o Estado pode fazer urbanismo. Quando o Estado decide urbanizar uma determinada area (para nela construir uma aldeia, um bairro, etc), expropria essa area – ao preco de terrenos rusticos – aos seus proprietarios privados, faz os planos do urbanismo e coloca as infraestruturas, e depois vende essa area – ao preco de terreno urbano – aos construtores civis que queiram construir os predios previamente desenhados e planeados pelo Estado.

    Ou seja, em qualquer pais civilizado as mais-valias urbanisticas – isto e, a diferenca entre o valor de um terreno rustico e o valor de um terreno urbanizavel – sao absorvidas pelo Estado – e nao por privados, como ca se faz desde que uma lei celerada de 1965 permitiu o loteamento por privados.

    So quando em Portugal passar a ser proibido um privado lotear um seu terreno rustico – isto e, passar a ser proibido a um privado construir casas num terreno que antes era considerado de uso rural – e que o urbanismo em Portugal se endireitara e cessarao as ocasioes de corrupcao do poder local.

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  22. Desconhecida's avatar
    honni soit qui mal y pense permalink
    25 Junho, 2008 09:58

    Luis Lavoura .

    Voçê quer destruir o Sistema Bancário Português ? , quer impedir que “na falta dolosa de um regime aceitável de arrendamento urbano ” os portugueses fiquem escravos da Banca por 40 anos ou mais ?
    Quer impedir a BETONIZAÇÃO do resto do litoral português, a desertificação e erosão dos solos , os PINs do Pinho, os 3.254.352.700 de novos resorts , o Alqueva dos ricos , “cuja vertente agricola ” são greens de rega intensiva.

    Voçê quer impedir o prôgresso socrático em curso ? o nosso pîtrôle verde ? cada turista , um poço de €UROS ?

    Como poderia o Goberno construir aerioportos e TGBs sem a dinheirama do tôrismo ?

    Quer ir ainda partir parquimetros dos casinos como na revolução cubana ?

    Não acha que a especulação financeira e a “industria do tôrismo” colam bem com os tugas engenhosos que á falta de fundos comunitários agora arranjaram maneira de lavar o dinheiro da droga e da corrupção atravês destes negócios ?

    é a nova pimenta das indias.

    trabalhar honestamente ? onde ?

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  23. Desconhecida's avatar
    Ant O Opinocrata permalink
    25 Junho, 2008 10:09

    o Dâmaso a moderador? só pode ser piada :->

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  24. Desconhecida's avatar
    Mialgia de Esforço permalink
    25 Junho, 2008 10:37

    “So quando em Portugal passar a ser proibido um privado lotear um seu terreno rustico – isto e, passar a ser proibido a um privado construir casas num terreno que antes era considerado de uso rural – e que o urbanismo em Portugal se endireitara e cessarao as ocasioes de corrupcao do poder local.”

    Ou seja, nunca.

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  25. SMP's avatar
    25 Junho, 2008 11:36

    Quando o Estado decide urbanizar uma determinada area (para nela construir uma aldeia, um bairro, etc), expropria essa area – ao preco de terrenos rusticos – aos seus proprietarios privados, faz os planos do urbanismo e coloca as infraestruturas, e depois vende essa area – ao preco de terreno urbano – aos construtores civis que queiram construir os predios previamente desenhados e planeados pelo Estado.

    Palavras para quê? Não sentiu, sequer, um arrepio de bizarria, ao escrever esta frase?

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  26. RoídodeFundo's avatar
    RoídodeFundo permalink
    25 Junho, 2008 12:44

    21. Luís Lavoura
    Confesso que desconheço os procedimentos a nível urbanístico em Inglaterra, mas a ser verdade o que diz.
    Os arquitectos Ingleses são todos funcionários públicos?
    Quem compra depois os terrenos urbanos, tem que ter amigos no poder?
    Achava justo ser proprietário de um terreno, onde se dedicava á agricultura tirando daí o sustento, e um qualquer vereador, decidir que a sua terra deveria ser urbanizada, para fazer um belo bairro com lindas moradias?
    Também sou da opinião que temos graves problemas, a nivel urbanistico e com ligações menos claras ao poder local e até central. ainda assim optar por um sistema como o que descreveu, parece-me que seria saltar da frigideira para o lume.

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  27. Luis Lavoura's avatar
    Luis Lavoura permalink
    25 Junho, 2008 14:52

    Roidodefundo

    os arquitetos nao sao funcionarios publicos, so os urbanistas o sao. Os urbanistas determinam que numa certa rua ha moradias, numa outra ha predios de 5 andares. Mas depois quem desenha especificamente cada moradia e um arquiteto, que e empregado para isso pelo privado que comprou o lote.

    Um terreno loteado pelo Estado e vendido atraves de hasta publicam como esta bom de ver. Quem paga mais e quem fica com ele.

    Uma expropriacao nao e uma injustica, se o preco pago por ela for justo. Se eu por exemplo tenho um terreno agricola no qual semeio batatas, pode-se estimar qual o lucro que eu extraio desse terreno anualmente. Multiplica-se esse lucro por um certo numero de anos (100, tipicamente) e obtem-se o valor do terreno. E esse o valor que o Estado deve pagar na expropriacao. E isto nada tem de esquisit: ja hoje o Estado expropria terrenos para os mais variados fins. Ate aos anos 60 do seculo passado o Estado portugues exprropriava terrenos para fins urbanisticos. Sempre assim foi, e continua a ser assim na Europa civilizada. So em Portugal e que se permite loteamentos privados.

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  28. Luis Lavoura's avatar
    Luis Lavoura permalink
    25 Junho, 2008 14:56

    SMP, quando o Estado determina que num certo terreno rustico se pode construir, o Estado cria uma enorme mais-valia nesse terreno, uma vez que um terreno no qual se pode construir vale muitissimo mais do que um terreno no qual so se pode semear batatas ou plantar eucaliptos.

    Ora, se o Estado cria uma mais-valia, e normal que seja o Estado a ficar com essa mais-valia. Nada tem de monstruoso ou aterrorizante: o Estado cria um valor e fiica com o valor que criou.

    O que nao e normal nem moral e o sistema portugues, no qual um privado, sem fazer qualquer esforco e sem qualquer merito proprio, pode ficar rico de um momento para o outro apenas porque o Estado decide que umterreno rustico, que esse privado comprou por mil euros, passa a ser urbano, podendo entao o privado vende-lo por cem mil euros.

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  29. Desconhecida's avatar
    honni soit qui mal y pense permalink
    25 Junho, 2008 15:32

    Em Espanha foi um maná.Já há alguns engavetados por trafico de influências.Por cá vão ver as mais valias Pins do Litoral Alentejano em Rede Natura 2000.
    Alguém aí vai á Hasta de Pinheiro da Cruz ?

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  30. Desconhecida's avatar
    honni soit qui mal y pense permalink
    25 Junho, 2008 15:33

    Como é que a malta conseguia os € para andar de cú tremido em mercedes … e outros em autocarros da Rodoviária Sul do Tejo.
    Darwinismo ???

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  31. SMP's avatar
    25 Junho, 2008 15:42

    SMP, quando o Estado determina que num certo terreno rustico se pode construir, o Estado cria uma enorme mais-valia nesse terreno, uma vez que um terreno no qual se pode construir vale muitissimo mais do que um terreno no qual so se pode semear batatas ou plantar eucaliptos.

    Ora, se o Estado cria uma mais-valia, e normal que seja o Estado a ficar com essa mais-valia. Nada tem de monstruoso ou aterrorizante: o Estado cria um valor e fiica com o valor que criou.

    Essa concepção denuncia uma verdade de adesão que lhe subjaz: que o estado tem legitimidade a priori para decidir a seu bel prazer aquilo que um particular pode fazer ou deixar de fazer no seu terreno.

    Infelizmente, a nossa lei faz certas concessões a essa concepção. Todavia, não faz tantas como o Luís pensa: e tanto assim é que, por exemplo, a legislação sobre expropriações contém determinadas disposições destinadas a impedir a chamada classificação dolosa – que, grosso modo, o LL acabou de definir e louvar. Veja, por exmeplo, o art. 26º do Código de Expropriações, que os Tribunais superiores têm defendido com unhas e dentes.

    O que nao e normal nem moral e o sistema portugues, no qual um privado, sem fazer qualquer esforco e sem qualquer merito proprio, pode ficar rico de um momento para o outro apenas porque o Estado decide que umterreno rustico, que esse privado comprou por mil euros, passa a ser urbano, podendo entao o privado vende-lo por cem mil euros.

    Eu diria que o que não é normal nem moral (seja o que for que isso signidfique) é o Estado ter poder para, segundo critérios perfeitamente arbitrários, manipular o valor da propriedade dos particulares. Bem vê, eu centro-me num problema que é anterior ao que a si o aflige. A arbitrariedade da mais-valia não desaparece, nem se torna mais justificada, pela razão de ir direitinha para o erário público, bem pelo contrário.

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  32. Luis Lavoura's avatar
    Luis Lavoura permalink
    25 Junho, 2008 16:07

    SMP, tem que haver uma autoridade publica que regule o direito de construcao, sob pena de casos como o seguinte. Uma prima minha, que vivia isolada perto de uma aldeia, viu o proprietario do terreno mesmo ao lado da sua casa construir-lhe um estabulo para porcos encostado a casa. A casa ficou emparedade, com a parede do estabulo a dez centimeros das janelas da minha prima, e o cheiro dos porcos a empestar-lhe a casa.

    E obvio, para mim, que isto nao pode acontecer, isto e, que as pessoas nao podem ter um direito arbitrario de construirem o que quiserem na sua terra. Ou seja, ha limites ao direito de propriedade privada. Uma pessoa e proprietaria de uma terra mas nao pode fazer com ela o que lhe apetecer.

    Portanto, na minha opiniao, e nisto eu concordo com a grande maioria das pessoas, o Estado tem e deve ter o poder de regular o urbanismo, isto e, de decidir que em certo local se pode construir e noutro nao, que em certo local se pode construir casas de habitacao mas nao pocilgas e que noutro local se pode construir pocilgas mas nao casas de habitacao, que num local se pode construir predios mas nao moradias e noutro local se pode construir moradias mas nao predios.

    Eu nao sei qual e o sistema alternativo que a SMP propoe, suponho que nao seja um sistema de direito de propriedade absoluto, em que cada um pode construir na sua propriedade aquilo que lhe apetecer sempre que lhe apetecer.

    Quanto a classificacao dolosa, esclareca-me a SMP do que se trata.

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  33. SMP's avatar
    25 Junho, 2008 16:33

    Lá está o LL a cair no fait-divers do costume: como eu critiquei o sistema que propõe, vem-me perguntar qual é o que eu proponho. Não se trata disso. Até posso não ter nenhum. As falhas da sua argumentação não dependem dos méritos da minha. De qualquer forma, sempre lhe direi que o facto de concordar com a maioria das pessoas neste assunto é argumento que me impressiona bem pouco.

    Acerca da classificação dolosa, veja por exemplo o Ac. do Tribunal da Relação do Porto de 26 de Fevereiro último:

    Assim sendo, poderá sempre ponderar-se o disposto no artº 26º nº12 C.Exp., nos termos do qual:
    “Sendo necessário expropriar solos classificados como zona verde, de lazer ou para instalação de infraestruturas e equipamentos públicos, por plano municipal de ordenamento do território plenamente eficaz, cuja aquisição seja anterior à sua entrada em vigor, o valor de tais solos será calculado em função do valor médio das construções existentes ou que seja possível edificar nas parcelas situadas numa área envolvente cujo perímetro exterior se situe a 300m. do limite da parcela expropriada”.
    (…)
    E qual a teleologia do preceito? Simplesmente, como refere Alves Correia, Código das Expropriações e Outra Legislação, pg. 23, em referência ao então artº 26º nº2 C.Exp.91, norma equivalente ao actual artº 26º nº12, “aplaude-se o aparecimento desta disposição, já que ao prescrever um método de determinação do valor dos solos classificados como zona verde ou de lazer por um plano urbanístico, corta quaisquer tentativas de manipulação das regras urbanísticas por parte da Administração, que poderiam traduzir-se na classificação dolosa por parte de um município, num plano urbanístico por si aprovado, de um terreno com zona verde, desvalorizando-o, para mais tarde o adquirir por expropriação, pagando por ele um valor correspondente ao do solo não apto para construção”.

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  34. Luis Lavoura's avatar
    Luis Lavoura permalink
    25 Junho, 2008 16:51

    SMP, quanto a classificacao de um terreno como “zona verde”, eu repito que um municipio so deve poder atribuir uma tal classificacao a um terreno que ja pertenca a esse municipio, nunca a um terreno que pertenca a um particular. Isto e, se o Estado quiser classificar um qualquer pedaco de solo como urbanizavel ou, pelo contrario, como zona verde, deve seguir exatamente o mesmo preceito: primeiro expropriar esse solo ao seu valor de uso atual, depois classifica-lo, e depois revende-lo ao novo valor de uso (maior se o solo tiver sido classificado como urbanizavel, menor se tiver sido classificado como zona de protecao da natureza) que ele agora tenha.

    Ou seja, nao pode haver lugar a “classificacao dolosa”, tal como Voce muito bem sustenta – mas tambem nao pode hav er lugar ao contrario, classificacao que aumente o valor de uma
    propriedade em favor do seu proprietario privado.

    A SMP nao propoe nenhum sistema, pois bem, eu proponho um sistema bem concreto: que em Portugal se facam as coisas da mesma forma que elas sao feitas no Reino Unido, ou na Suecia, ou na Republica Checa, ou em qualquer pais civilizado. E tao simples como isso: eu proponho um sistema que funciona comprovadamente. O meu sistema e: o Estado tem o direito de alterar a sua bel-prazer o uso de terrenos, apos te-los expropriado. O Estado nao pode nem beneficiar nem prejudicar privados. E tao simples como isso.

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  35. SMP's avatar
    25 Junho, 2008 17:01

    Eu proponho um sistema que funciona comprovadamente. O meu sistema e: o Estado tem o direito de alterar a sua bel-prazer o uso de terrenos, apos te-los expropriado. O Estado nao pode nem beneficiar nem prejudicar privados. E tao simples como isso.

    Dúvidas:

    1) O que é que entende por «funcionar»? Um sistema funciona quando as coisas se passam de acordo com o legislado, tout court? É que nesse caso qualquer sistema pode facilmente funcionar. Ou é preciso que o legislado esteja de acordo com um ideal extra-jurídico, do qual, neste caso, claramente, o LL e eu temos diferentes concepções – e, neste caso, a sua conclusão de que «funciona» é redundante?

    2) Quando é que se afere esse benefício e esse prejuízo de que fala? É que isso faz toda a diferença. Se o Estado expropria o terreno X como não apto para construção, e no momento seguinte, por passe de mágica, o torna apto para construção e o vende ao preço correspondente (cujo aumento de preço ultrapassará, estou a supor, o preço das infraestruturas aí realizadas), não me parece nada claro que o particular não tenha sido prejudicado.

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  36. Luis Lavoura's avatar
    Luis Lavoura permalink
    25 Junho, 2008 17:49

    SMP, um sistema funciona quando premeia o merito e o trabalho, e quando nao da dinheiro a quem nada fez nem nada produziu. O sistema portugues nao funciona: faz enriquecer individuos que nada trabalharam nem produziram. Basta um individuo comprar um terreno rustico e no diz seguinte ver esse terreno ser reclassificado como urbano para que esse individuo, sem qualquer merito nem trabalho, ficar rico.

    O particular nunca e prejudicado. Um terreno a partida nunca e apto para construcao. No meu sistema, so depois de o terreno ter sido expropriado pelo Estado e que pode ser declarado apto para construcao. No meu sistema, um terreno vale aquilo que o propietario nele produz, independentemente da sua localizacao. Se eu, por exemplo, tiver um terreno baldio e abandonado nas proximidades da cidade, esse terreno nao vale nada – vale zero – uma vez que eu nada produzo nele. Se o Estado mo quiser expropriar nao tera que me pagar nada por ele, uma vez que eu nenhum valor dele extraio e, portanto, o terreno nenhum valor para mim tem. Se, pelo contrario, eu tiver um terreno no Cu de Judas mas nele fizer um grande rendimento com uma plantacao intensiva de milho, entao o terreno vale muito e o Estado, para mo expropriar, tera que pagar cem vezes o rendimento que eu anualmente extraio do terreno em milho.

    Num sistema destes, o proprietario que trabalha e produz com os seus terrenos e premiado: a expropriacao dos seus terrenos rende-lhe uma boa maquia, que lhe da para viver desafogadamente o resto da sua vida. O proprietario que, pelo contrario, tem o terreno abandonado, improdutivo, esse proprietario e castigado: fica sem o terreno e nao recebe nada por ele.

    Espero que a SMP perceba, embora eu conceda que, para uma portuguesa educada no atual sistema, no qual as pessoas sao premiadas sem nada fazerem e castigadaas quando trabalham, isto seja dificil de aceitar. No meu sistema um pedaco de terra vale, em termos de expropriacao, 100 vezes o rendimento (medio) anual que dela e extraido – nada vale pela sua localizacao, mas apenas por aquilo que nele se faz!

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  37. SMP's avatar
    25 Junho, 2008 18:27

    O particular nunca e prejudicado. Um terreno a partida nunca e apto para construcao. No meu sistema, so depois de o terreno ter sido expropriado pelo Estado e que pode ser declarado apto para construcao.

    O seu sistema, do meu ponto de vista, é pouco menos que soviético. Lá está, parte do mesmo pressuposto que partia o nosso Primeiro quando, aqui há tempos, dizia que «é a lei que dá a liberdade». Já nem me refiro à parte em que reclama para si uma teoria de utilidade social da propriedade que eu pensava já ter sido ultrapassada há muito.

    Espero que o LL perceba, embora eu conceda que, para um português educado no atual sistema, em que a própria Constituição da República Portuguesa só a muito custo se vai desfazendo dos laivos da reforma agrária, isto seja dificil de aceitar.

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  38. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    25 Junho, 2008 23:03

    SMP

    Então, se aceita que uma mais valia seja apropriada por quem nada fez para a constituir,tambem aceita a capacidade discricionária da Administração Pública,para a dar a uns e não a outros!É que a verdadeira discricionaridade,ao contrário do que defende,não está na capacidade da Administração Pública de urbanizar.Está,isso sim,de poder atribuir mais valias a uns terrenos e não a outros.Ora essa discricionaridade só desaparece se, tal como defende o LL,a mais valia for apropriada pela AP!

    De outra forma como se poderá urbanizar,quando todos os privados querem a mais valia?

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  39. Euroliberal's avatar
    Euroliberal permalink
    26 Junho, 2008 01:23

    Haja alguém que explique ao Paulo Morais que há um tipo de corrupção camarária, muito generalizado, de que ele se esquece sempre de falar (e, já agora, de combater, quando teve responsabilidades nesse sector na CMP).

    Trata-se do cambão dos 10%, através do qual os técnicos da Câmara, conluiados com o arquitecto do requerente lhe cravam (extorquem), quais arrumadores de cartola, 10% do valor da obra, que dividem a meias (metade para o arquitecto, metade para os técnicos da Câmara encarregados por este último de fazer os desnecessários “projectos de especialidade”, uma cobertura para a extorsão). Tudo isto viola grosseiramente as leis da concorrência (a Ordem dos Médicos pagou 250.000 euros de multa por algo semelhante…), pois a referida “tabela” vale tanto para um Siza como para um arquitecto borrabotas e, excluindo qualquer concorrência, propicia honorários muito superiores aos que resultariam do mercado… De salientar que nos paí­ses da UE, tais “projectos da especialidade” não existem ou se reduzem ao de estruturas, além de não terem que ser feitos na Câmara…Coisas da democracia…

    Ora o Dr. Paulo Morais, de cuja boa fé não duvido, nada fez contra esse cambão de arrumadores que também “riscam carros” (isto é, demoram anos os processos dos que resistem à extorsão causando-lhes centenas de milhares de euros de prejuízo) quando passou pela CMP…. O que é pena…Uma chatice, convenhamos…

    Voce transmite-lhe isto, CAA ?

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  40. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    26 Junho, 2008 01:53

    Sim,sem o conluio dos funcionários das câmaras não há corrupção.E dos técnicos que estão na administração central nos grandes concursos,tambem não!

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  41. SMP's avatar
    26 Junho, 2008 14:16

    Luís Moreira:

    Vejo que não compreendeu nada do que disse, e que julga os meus argumentos segundo as suas premissas filosóficas acerca da propriedade e do poder estatl – que, ja se vê, não são iguais às minhas. É que eu não acho que, quando o Estado transforma um terreno não apto para construção em terreno apto para construção esteja a conceder nenhuma benesse ao proprietário. Está antes a levantar uma restrição (cuja legitimidade daria pano para mangas) ao direito de ptopriedade de que esse proprietário usufrui. Por outras palavras, e posto de forma simples para ver se nos entendemos, está a devolver-lhe e não a oferecer-lhe algo. É que, ao contrário do que o Luís Moreira e o LL parecem acreditar, os terrenos não têm como «estado natural» a inaptidão para a construção (evidentemente não é ao statu quo legal que me estou a referir, mas ao plano do dever ser – que é aquele em que vínhamos discutindo).

    Bem vê que, vistas as coisas desta perspectiva, o particular não está a locupletar-se com nenhuma mais valia ilegítima, está antes a receber de volta algo que devia ter sido sempre seu.

    Pode perguntar-me se não acho injusto que essa aptidão para a cosntrução seja «devolvida» a uns particulares e não a outros. Mas suponho que, quando um cliente lhe paga o que lhe deve, não se nega a receber até que esse cliente lhe comprove que pagou a todos os outros credores junto de quem contraiu dívidas…

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