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O retorno dos africanos*

27 Junho, 2008

A última utopia que faz o temível consenso entre os conservadores de boa vontade e os progressistas sonhadores passa pela eleição de um negro para presidente dos EUA. Farto de ver falhar todas as suas utopias para o continente africano, o mundo ocidental concentrou nestas eleições norte-americanas muito do imaginário que, durante décadas, garantira o que seria a mudança numa África dirigida por negros.
Tudo o que agora se augura de bom e de novo a propósito da provável entrada de Obama na Casa Branca não é tanto o início de uma nova era nos EUA, onde os negros têm os seus direitos assegurados e onde já chegaram ao poder (o azar de Condoleezza Rice é ser republicana, pois, sendo mulher, negra e solteira, só lhe falta ser do Partido Democrata para, antes de Obama, se ter tornado num ícone da mudança).
Obama candidato presidencial e fortemente presidenciável nos EUA pode vir a ser o início de alguma coisa, embora não se saiba necessariamente de quê, mas o entusiasmo quase universal em torno da sua candidatura é também a expressão visível do fim dum ciclo de século e meio em que europeus e norte-americanos proclamaram a sua paixão por África.
Esse ciclo começou precisamente sob os auspícios dos EUA, no século XIX, quando o Presidente Monroe patrocinou a criação da Libéria. Aquela que é a mais antiga república independente de África nasceu, em 1847, graças às verbas e à vontade da American Colonization Society, que acreditava piedosamente que a condição dos negros americanos se resolveria comprando-lhes terras em África, reembarcando-os e entregando-lhes uma república “chave na mão” no continente africano.
Os nobres intuitos da American Colonization Society acabaram a dar origem a um Estado falhado onde os massacres e desmandos se sucedem. Hoje, os descendentes dos escravos retornados à Libéria, na impossibilidade de reivindicarem o direito a retornar aos mesmos EUA donde os libertadores dos seus avós os mandaram para África, sonham tornar-se jogadores de futebol algures na Europa ou mais prosaicamente arriscam a vida nas travessias que os deixam primeiro a apodrecer nuns campos do Norte de África e depois nuns barcos que demandam as costas de Itália e de Espanha. Nessa viagem não estão só os liberianos. Fazem-lhe companhia muitos milhares doutros homens, mulheres e crianças nascidos noutros países libertados de África. Aí a libertação não chegou pela via da compra de terras e pelo desembarque dos ex-escravos. Antes pelo contrário, a libertação passaria por fazer retornar à Europa os portugueses, franceses, belgas, ingleses, espanhóis… que se tinham instalado em África.
Tal como os membros da American Colonization Society acreditavam, no século XIX, estar a repor uma espécie de justiça perdida ao devolverem os negros a África, subestimando e ignorando provavelmente muitos deles que a escravatura já ali existia antes da chegada dos brancos, também na saída de África dos descendentes dos europeus a partir da década de sessenta do século passado se viu uma espécie de oportunidade para que aquele continente recuperasse a identidade e o tempo perdidos. Centenas e centenas de milhares de pessoas de todas as cores deixaram África. A versão oficial do seu retorno não é muito diferente daquela que foi fixada no estribilho da canção do cantor dito de vanguarda que garantia que eles fugiam “da fogueira ateada pelos outrora cativos/ e debandou à nossa costa a transbordar de remorsos/ mas a rejeitar a culpa e ainda a pedir reforços“.
Naturalmente que, tal como nos tempos da American Colonization Society, os ocidentais faziam questão de continuar a entregar “chave na mão” o modelo político que os países libertados deviam adoptar: agora era o marxismo que se exportava para terras de África, frequentemente com a bênção do Vaticano, do arcebispo de Cantuária e de igrejas cristãs várias que, sobretudo no caso dos católicos, ao mesmo tempo que se reforçavam em matéria de dogma religioso, reforçavam o seu poder terreno ao colocar-se ao lado dos libertadores do colonialismo, com a mesma sagacidade que outrora os levara a estar ao lado daqueles que enterravam os padrões dos descobrimentos.
O europeu trocou a utopia colonial pelo poder do nuclear (a França abandonou a Argélia quando De Gaulle se rendeu à evidência que o átomo dava poder e as colónias problemas) e sobretudo pela grande aposta de fazer não só a Europa mas também de fazer da Europa uma grande potência. Em Portugal o slogan “Nem mais um soldado para as colónias!” só ficou completo quando se lhe acrescentou o rapidamente e em força para a Europa. Não é simples coincidência que os nossos líderes se batam pelo Tratado de Lisboa com o mesmo sentimento de inevitabilidade com que no passado nos mandaram matar uns aos outros por uns punhados de terras e minas em África. Simplesmente agora a solução é mais Europa. África parece-lhes dispensável. O que considerarão dispensável amanhã?
O colonialista deu pragmaticamente lugar ao homem CE, depois CEE, agora UE e que se define a si mesmo como cidadão comunitário. O cidadão comunitário quer acreditar que África pode ser apenas aquele palco onde os nossos políticos vão fazer caridade e propaganda. E que de lá à excepção do artesanato e dos inevitáveis dançarinos nada mais virá. Ou pelo menos não virá nada nem ninguém que nós não convidemos.
Agora que temos o Obama, a Oprah e muitos prémios literários para exaltar a negritude, mais nenhuma África nos interessa. Os únicos africanos que consideramos existir são aqueles negros que para não designarmos como tal dizemos africanos, pese nunca terem saído de Almada ou da Amadora. (Por contraste, nunca vemos ser chamado africano um dos muitos brancos que nasceram naquele continente e para aqui se mudaram.)
A utopia para África do cidadão comunitário é fechá-la hermeticamente. E como sempre que temos uma utopia para África propomo-nos fazer mais uma leva de retornados. Para o efeito, Bruxelas criou a directiva do retorno que permitirá fazer mais ou menos tudo o que for preciso para impedir que os nascidos em África aqui aportem. E nós, portugueses, que nem nunca fomos capazes de chamar refugiados aos portugueses que fugiram de África naquele processo a que chamámos a descolonização, somos certamente dos que menos se interrogam sobre o que está por trás da palavra retorno e retornado.

*PÚBLICO

40 comentários leave one →
  1. Anónimo permalink
    27 Junho, 2008 08:33

    Xiça! Qual África qual carapuça. Obama é americano.
    Rasparta que é sempre a mesma coisa.

    Também parece que somos todos africanos. Africa também tem brancos.
    É só blá blá.

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  2. Anónimo permalink
    27 Junho, 2008 08:33

    Africana é a Helena Matos, ou nao é?

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  3. Anónimo permalink
    27 Junho, 2008 08:40

    ..é mesmo isso. Anda tudo o mundo a preferir Obama a MacCain a pensar em Africa. É mesmo por isso.. aliás os americanos nem devem pensar outra coisa, sem ser em Africa… xiça. Isto é cada lirismo.

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  4. Anónimo permalink
    27 Junho, 2008 08:43

    O mundo parece mesmo racista. Que tristeza. Olham para a eleiçao americana e parece que só olham para a cor dos candidatos… fogo. Dá-me uma náusea que nem imaginam. Se vos disser que só reparei que de facto o candidato era negro ou deixava de ser depois de ler os titulos nos jornais. Foi coisa que nem considerei relevante. Realmente devo estar fora deste mundo.

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  5. caramelo permalink
    27 Junho, 2008 09:28

    Mas alguém está a pensar em Africa quando pensa no Obama? É a primeira vez que leio isto.

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  6. Zé da Serra permalink
    27 Junho, 2008 09:36

    Muito bom texto.

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  7. Saloio permalink
    27 Junho, 2008 10:03

    Estou consigo, estimada HM.

    Também penso que há uma esperança exageradamente grande na figura do Obama, que até parece a equipa de futebol de Portugal antes do europeu começar – já era a campeã.

    Pessoalmente, mais simpatizante de Hillary, acho que o Obama é um produto típico das empresas de propaganda, sendo muito melhor actor que político. Caso ganhe, irá fazer como os demais: meter as promessas na gaveta.

    Quanto aos negros que aportam à Europa, só um cego voluntário é que não verá que, no meio deles, vem gente com propósitos duvidosos. Essa ladaínha de que eles são todos “coitadinhos” e que a sociedade e o modo de vida europeu é que os estraga, é própria de quem com eles não vai ter de contactar ou conviver.

    É própria dos bem instalados na vida mas com complexos de esquerda-caviar, que são a favor deles desde que eles se mantenham longe do quintal deles, bem longe de preferência…

    Há muita gente desta, sobretudo “jornalistas”…

    Digo eu…

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  8. António permalink
    27 Junho, 2008 10:03

    O Helena, cuidado com o politicamente correcto.

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  9. Anónimo permalink
    27 Junho, 2008 10:08

    Lá aparecem os de sempre com a historinha do politicamente correcto. Sabiam que é politicamente correcto dizer numa frase politicamente correcto?

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  10. Cromo permalink
    27 Junho, 2008 10:52

    “É a primeira vez que leio isto.”
    Só lhe fazia bem ler outra vez. Talvez agora percebesse.

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  11. Ritinha permalink
    27 Junho, 2008 11:02

    Já tinha saudades de um bom post.
    Tinha que ser da Helena.

    Quer então dizer que, se Obama ganhar, fica provado que nós, os ocidentais, afinal sempre fizemos, e continuamos a fazer, um bom trabalho com os Africanos.
    As Amadoras e os Mugabes explicam-se facilmente pelos pequenos desvios, culpa do outro.

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  12. 27 Junho, 2008 11:54

    Curioso, este post reduz o Obama a um negro!
    Pode parecer preconceito, e é. Mas não é, de todo, racista. A escolha da Helena Matos de desconsiderar a “política” de Obama não é nada inocente. Enquanto centra e reduz o comentário à questão étnica, avança com a sugestão de que Obama não tem nada para oferecer que não o “yes we can!” (como se fosse pouco). Vendem o preconceito e não contestam as ideias.

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  13. António permalink
    27 Junho, 2008 12:05

    Sofia será que a preconceituosa não é você??;-)

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  14. António permalink
    27 Junho, 2008 12:07

    sou africano branco. porque é que eu sou branco e não posso dizer que os outros africanos são pretos. porque será que tenho que derivar para´”é um africano de cor”. eu também sou. afinal quem é aqui o preconceituoso. começa a ser “merdoso” esta istória de que eu é que tenho de dobrar as costas. porra………

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  15. António permalink
    27 Junho, 2008 12:08

    história

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  16. António permalink
    27 Junho, 2008 12:08

    ainda não aderi ao acordo ortográfico.

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  17. Elcaseiimunitates permalink
    27 Junho, 2008 12:09

    O engraçado é que se hoje dão relevancia ao facto de Obama ser o canditado negro, porque o silencio quando a esta administração teve e tem dois dos seus mais influentes “actores” também negros?
    Por tentativa e erro a sociedade americana foi até aos dias de hoje a que melhor conseguiu promover o olhar menos racista sobre as diferentes origens, talvez por ser composta por uma variedade imensa delas.
    Muito mais que estes supostos “não racistas” europeus que á conta dos seus superiores designios de igualdade escamoteiam distorcem e até promovem a descriminação entre diferentes culturas e raças (mesmo que supostamente de forma positiva).
    Quanto á história foi de tom maquiavélico que o marxismo conseguiu transmitir a ideia e “fazer” a dita cuja como tendo sido os europeus (e ocidentais) a criar a escravatura e principalmente a negra africana, quando 99% dos escravos já o eram e foram comprados (abominavelmente) pelos europeus, sendo que também era abominavel que o já o fossem antes da chegada destes, mas que ignoram, esquecem e omitem propositadamente.
    Ao invés foi a europa doutras eras ( a única) essa sim do iluminismo, que permitiu promoveu e quase conseguiu acabar com a escravidão,nos territórios proprios e por eles colonizados, ainda que eles já tivesem tomado o seu proprio rumo. Ao contrario destes “iluminados” de agora que querem construir muros de Berlim para não os deixar entrar na europa.
    Entretanto vamos ouvindo e lendo que aqui mesmo no norte de Africa, seculos depois e depois de se auto-culpabilizarem, fecham os olhos ás varias s sociedades que mantem centenas de milhares de escravos (Argélia Tunisia Sudão), sob o manto diáfano do respeito cultural.

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  18. 27 Junho, 2008 12:21

    “Sofia será que a preconceituosa não é você??;-)”

    Se calhar, sou. Imposta-se de demonstrar? É que não estou a ver como é que retira isso do que escrevi. Limitei-me a desconsiderar o facto do Obama ser negro (e não africano) e salientar que a valorização da étnia do condidato democrata é uma maneira de fugir ao debate político.
    Mas estou curiosa acerca da sua resposta.

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  19. Elcaseiimunitates permalink
    27 Junho, 2008 12:32

    Quem tem centrado a questão na cor ou raça do Obama são precisamente os andaram a fazer vista grossa ( por serem republicanos) ao mesmo facto de Powel e Condoleezza também o serem.
    No real não sei qual a importancia que a sociedade americana dá a tal facto já que Obama ganhou primarias em estados “essencialmente brancos” mas sei que os bem pensantes europeus deram sempre importancia e desmesurada a tal facto.
    Assim como deram oa facto de o ouro candidato ser “uma ela”.
    Não havia despacho reportagem ou cronica que não fizesse a “eterna” pergunta de que se a “america” estaria preparada para ter um presidente negro ou mesmo uma mulher como tal.
    Isso sim foi reduzir “ambos os dois”.
    Curiosamente agora tentam saltar da barricada.
    Saltarão também doutra “barricada” quando semanas depois de e se Obama for eleito, tomar as suas primeiras decisões em função do interesse próprio, não tarde nada.
    Foi assim com Carter e com Clinton.
    Ainda me lembro do “simples” agricultor de amendoins que consultava académicos por ter lido noticias de ovnis, agora retornado e novamente aproximado das posições desses mesmos bem pensantes.

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  20. António permalink
    27 Junho, 2008 13:02

    o Sofia, sempre que se fala neste blog de “outros” leio-a sempre a acenar com a palavra “preconceito”. as ideias brancas ou pretas são para ser discutidas e não catalogadas e é isso que eu leio dos comentários da Sofia.

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  21. 27 Junho, 2008 13:12

    António Diz:
    27 Junho, 2008 às 1:02 pm

    Dá uma no cravo e outra na ferradura, António. Não será advogado, não? (piadinha).

    Em minha defesa, devo dizer que deixei claro que não acho que se trate de um post racista. Não é isso que está em causa é, isso sim (quer-me parecer) um post, deliberadamente, condescendente.

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  22. 27 Junho, 2008 13:26

    Este texto da Helena é um verdadeiro desastre.

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  23. 27 Junho, 2008 13:32

    Da família que tenho na América (Massachusetts), vem-me notícia de que a escolha de Obama não tem nada a ver com a cor da pele.
    Mas se a dona Helena acha que deve ganhar algum, escrevendo sobre a cor da pele de Obama, pois que bom proveito lhe faça. Mas olhe que há muita gente dessa coloração pelos altos cargos, sejam republicanos ou democratas.
    Voltamos à discussão de Santo Amaro de Oeiras ?

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  24. PLus permalink
    27 Junho, 2008 13:36

    “Limitei-me a desconsiderar o facto do Obama ser negro (e não africano) e salientar que a valorização da étnia do condidato democrata é uma maneira de fugir ao debate político. ”

    Fugir ao debate político? estará a falar de quem ? Do próprio Obama,certo? ou dos seus apoiantes ?

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  25. 27 Junho, 2008 14:19

    “Fugir ao debate político? estará a falar de quem ? Do próprio Obama,certo? ou dos seus apoiantes ?”

    Por acaso, estava mais a falar dos apoiantes/simpatizantes de McCain.

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  26. Anónimo permalink
    27 Junho, 2008 14:24

    Os africanos libertados pelo comunismo passados que são e no nosso caso 34 anos devem andar satisfeitíssimos.Primeiro porque correram os brancos sem as bagagens, depois porque nalguns casos fizeram desaparecer os mulatos, essa demonstração de infecção da negritude,depois porque esperam alcançar lá para o fim do milénio o desenvolvimento humano que tinham…quando se libertaram
    Mas eis que os pecados antigos se transferiram de África para a Potência colonizadora para onde estranhmente fogem os libertados a pedir de volta a NACIONALIDADE para reganhar os “benefícios” inerentes…
    Quem cuida deste menú completo?Não advinham?As vanguardas das classes operárias e camponesas, isto é os comunistas e seus derivados…sempre ocupadíssimos a “cuidar”, umas vezes em libertação, outras em colonização…
    Em praticamente nenhum país africano existe hoje estado de direito e só na África do Sul é que ainda existe algum vestígio de civilização.Porque será?

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  27. 27 Junho, 2008 14:28

    Quem já esteve nos últimos meses nos EUA é que tem a real noção do efeito Obama. Este democrata conseguiu o que poucos conseguiram, mobilizar os jovens, os negros, os brancos, mostrar que no território americano existe um espaço grande para uma nova esperança, uma nova fé, uma nova liberdade.

    Obama teve o maior comício dos últimos 30 anos, mais de 75 mil pessoas se juntaram para o ouvir. Ele é um orador nato, sabe transmitir a palavra e é um verdadeiro político com muita experiência em Washington como senador e antes no seu distrito onde fez um excelente trabalho.

    Obama é esperança que o que se passou no Iraque não se repita, que o que se passou em Guantanamo seja mote para uma ampla discussão interna e que os erros cometidos sejam uma lição para o futuro.

    Muitos europeus (e pelos vistos portugueses) falam dos americanos sem terem a noção do que se passa internamente.

    Comecei a passar grandes temporadas nos EUA a partir de 2002, tenho um pequeno T0 em West Hollywood e em 2002 senti o clima de medo imposto pelas autoridades americanas aos próprios americanos. Se houve uma explosão a culpa era logo dos terroristas e assim por diante. As pessoas ainda hoje andam na rua com medo, as televisões também não ajudam e parece que o tecto do mundo caíu em cima de todos.

    Al Gore era a esperança, mas Barack Obama é a realidade. O homem tem sofrido da parte dos republicanos ataques que não lembram ao diabo, praticamente já o mandaram matar e por ser negro, tenho a certeza que alguns americanos anormais o gostam de o fazer.

    Obama é a melhor forma de entrar no debate político, de mostrar ao mundo que existe esperança. Eu voto nele.

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  28. Anónimo permalink
    27 Junho, 2008 14:36

    Quanto ao Obama esperemos pelo voto secreto…

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  29. caramelo permalink
    27 Junho, 2008 14:41

    Não vale a pena fingir que o facto de o Obama ser negro não tem importância. Tem, imensa: a nomeação de um negro para presidente dos Estados Unidos tem uma importância simbólica que ultrapassa em muito o significado da nomeação da Condolezza, que já não foi pouco. Nomear um negro presidente dos Estados Unidos é permitir aos negros chegarem ao Poder. O resto, são nomeações de altos funcionários, até à vice presidência ou estado maior das forças armadas. Não vale a pena escamotear isto. É de facto o início de uma nova era, ao contrário do que diz a Helena. E isso, a elevação de um negro ao mais alto cargo da nação, é “politica”, Sofia, embora, e aí dou-te razão, o Obama não se resuma a isso. Há quem o reduza à sua cor, sem sequer se dar ao trabalho de conhecer as suas propostas, e o homem tem um site onde tem tudo explicadinho, e qualquer um também pode ver os seus debates com os outros candidatos no youtube. Mas é mais fácil reduzi-lo a uma cor e a um slogan.

    Muitos americanos, sobretudo negros, votarão no Obama, de forma decisiva, porque ele é negro, um dos “deles”, pura e simplesmente. O Guardian fez uma série de reportagens video na América profunda sobre as eleições americanas (ainda deve estar no site do jornal), onde isso é claríssimo, para quem ainda tem dúvidas. É claro que outros tantos, apoiam-no por ser democrata, ou pelas suas propostas concretas.

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  30. António permalink
    27 Junho, 2008 14:58

    Sofia, das causas perdidas. mas gosto da sua escrita.;-)

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  31. 27 Junho, 2008 18:11

    A parte das causas perdidas, não concedo. A outra, concordando ou não, nada a apontar. Obrigada.

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  32. Anónimo permalink
    27 Junho, 2008 21:59

    )Leia o resto deste artigo »”

    Não! Não leio!

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  33. 28 Junho, 2008 03:05

    “Obama. Este democrata conseguiu o que poucos conseguiram, mobilizar os jovens, os negros, os brancos, mostrar que no território americano existe um espaço grande para uma nova esperança, uma nova fé, uma nova liberdade.”

    Uma nova esperança, uma nova fé, uma nova liberdade significa o quê? Eu vou-me rir é quando ele não retirar as tropas do Iraque, mantiver as políticas relativas ao Irão e Afeganistão, manitver o incondicional apoio a Israel… santa ingenuidade.

    “Obama teve o maior comício dos últimos 30 anos”

    Só é pena não ser ele a descrever os discursos.

    “Ele é um orador nato, sabe transmitir a palavra”

    Os Alemães votaram no Hitler por causa disso e da “nova esperança” que depositavam nele e viu-se o resultado.

    “é um verdadeiro político com muita experiência em Washington como senador ”

    Já não está a falar do Obama??

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  34. 28 Junho, 2008 08:22

    Se Hitler foi um grande orador, Jesus de Nazareth também foi.
    Mas Obama nem veste como Jesus, nem usa o bigodinho de Hitler.

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  35. Justiniano permalink
    28 Junho, 2008 09:59

    Anónimo Diz:
    27 Junho, 2008 às 2:24 pm
    Na Africa do Sul!!??? Cada vez menos!!! O último será provavelmente o Botswana!!! Não sabemos é até quando!!!

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  36. Catara permalink
    28 Junho, 2008 13:12

    Obama não é Negro mas sim Mestiço, filho de um Negro Keniano e de uma Branca Americana.
    Em termos vulgares é Mulato.Não dá para entender a teimosia.
    Sou Branco e nasci em Africa com muito orgulho…

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  37. Isabel permalink
    29 Junho, 2008 02:24

    Olá

    O OBAMA pode ser o que finge que é, mas é a versão bronzeada do Bush!
    Continuamos na mesma hipocritamente!
    Eles são todos grandes actores de teatro! Parabéns aos macacos……….

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  38. Curiosamente permalink
    29 Junho, 2008 11:45

    por helenafmatos em 27 Junho, 2008
    ” onde os negros têm os seus direitos assegurados e onde já chegaram ao poder (o azar de Condoleezza Rice é ser republicana, pois, sendo mulher, negra e solteira, só lhe falta ser do Partido Democrata para, antes de Obama, se ter tornado num ícone da mudança). ”

    Este bocado do post, vale o post inteiro.
    E ainda se esqueceu de Madeleine Albright. E do Colin Powel.

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  39. Mariana permalink
    29 Junho, 2008 18:11

    Isabel

    Tenho raízes cem por cento transmontanas e nasci em África assumidamente com muito orgulho. Orgulho pela terra sofrida que amo, por grande parte do seu povo que é humilde e amável e porque ter lá nascido e vivido 23 anos me proporcionou o sublime privilégio de conhecer o Paraíso. Para quem só conhece o lado triste da história de África, sei que este discurso se torna incompreensível, mas a mim só me resta lamentar que nem todos possam ter passado por essa inigualável experiência. Vivenciar apenas o dito 1º mundo é redutor…acredite. Quanto aos macacos…refere-se a si?! É que também os há brancos como nós!

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