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Complemento atrativo

2 Julho, 2008

A ministra da Saúde defende que o sector privado deve funcionar como complemento do serviço nacional de saúde (SNS). Disse-o no mesmo dia em que reconheceu que o serviço nacional de saúde está a perder médicos para o sector privado. Há algo de errado no mundo de Ana Jorge. Creio que é o seguinte: a dinâmica da realidade não se coaduna lá muito bem com os seus desejos. Felizmente, falta a Ana Jorge a capacidade financeira para transforma os seus desejos em realidade. O orçamento de Estado não é tão elástico quanto o necessário. Falta ainda a Ana Jorge, e a toda a catrefada de burocratas que a seguem, a capacidade para tornar o SNS tão eficiente do ponto de vista financeiro como o sector privado.

22 comentários leave one →
  1. anónimo's avatar
    anónimo permalink
    2 Julho, 2008 12:22

    Corresponde ao JM averiguar se isto acontesce mais nos hospitais públicos ou privados de USA; eu simplesmente deixo aquí:

    http://www.elmundo.es/elmundo/2008/07/02/videos/1214994802.html

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  2. caodeguarda's avatar
    2 Julho, 2008 12:24

    pois… mas andamos a perdoar dívidas de centenas de milhões de euros a países terceiros… afinal o estado anda ou não a nadar em dinheiro?

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  3. Desconhecida's avatar
    Doe, J permalink
    2 Julho, 2008 12:44

    “afinal o estado anda ou não a nadar em dinheiro?”

    Mais concretamente… a afogar-se.

    Tanta choradeira que fizeram os Sr. Ministros pelo enorme sacrifício da coisa publica com o reles 1% de IVA a menos nas receitas e afinal ele corresponde quase à totalidade de mais este perdão que ontem, magnanimamente, lá resolveram conceder.
    Ainda a tinta da oferta de Cahora Bassa não está bem seca e toma lá mais uma pró rol.
    É lindo! E a gente paga!… 🙂

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  4. Desconhecida's avatar
    ana permalink
    2 Julho, 2008 12:56

    ATRACTIVO ou ATRATIVO??

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  5. lucklucky's avatar
    lucklucky permalink
    2 Julho, 2008 12:59

    Desde há décadas que o Romantismo manda naqueles que têm dinheiro para isso. A UE é uma prova evidente do tomar os desejos por realidades por várias gerações de políticos.

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  6. Desconhecida's avatar
    Serei eu?... permalink
    2 Julho, 2008 13:16

    “A ministra da Saúde defende que o sector privado só deve funcionar como complemento do serviço nacional de saúde (SNS).”

    E defende muito bem, do meu ponto de vista (e, decerto, do da maioria dos cidadãos com tino).

    “Falta ainda…tornar o SNS tão eficiente do ponto de vista financeiro como o sector privado.”

    E quem lhe diz que não é?
    O seu “feeling” ou algum tipo de estudos crediveis?

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  7. Desconhecida's avatar
    ourição permalink
    2 Julho, 2008 13:29

    A senhora ministra ainda não foi julgada pelo que deixou os mellos cobrar a mais no amadora sintra.
    A senhora ministra está cega por uma ideologia ultrapassada.
    Teoricamente tudo poderia estar certo, mas para ter um SS a funcionar bem é preciso profissionais dedicados, actualizados e moralizados de mãos dadas com políticos sérios e competentes. A realidade é bem diferente e ela não quer ver a realidade. Quem manda nas instituições de saúde são appparathiks, os autênticos profissionais de saúde passaram a ser vistos como um mal necessário. Os raros médicos que dão a cara quando a senhora se passeia titubeante pelas instituições são uns vendidos com cartão rosa ao peito. Os outros anseiam pelo dia da reforma.
    Se fosse possível fazer algumas auditorias ao SS a mando de Bruxelas muita gente teria o que merecia e o estado teria que pagar pesadas multas o que de resto de quando em quando já vem acontecendo. Só que as multas somos nós mais uma vez que as pagamos. A seu tempo veremos como evolui esta miséria se continuarmos na UE por muito mais tempo. Nem nos hospitais se consegue saber a razão da causa de morte dos doentes.
    Entretanto continuaremos com o actual desperdício, na ausência do trabalho em equipa, na actualização médica feita diversão turística, a esconder a iatrogenia silenciosa, a desprezar o registo da informação.
    Quando vai a população tomar conhecimento dos custos astronómicos por quanto ficam ao Estado as consultas nos centros de saúde (80 a 100 euros)? Para onde vai o dinheiro?
    Não se pode fazer melhor e mais barato?

    As sociedades querem-se abertas mas não distraídas.
    Uma das questões encapotadas do nosso sistema de saúde reside no facto dos médicos ditos de família, pela legislação oficial, serem detentores de poder quase ilimitado sobre os doentes. Daí se podem retirar outros dividendos. Os utentes economicamente desfavorecidos que são a maioria, cedo se apercebem que nada poderão fazer para se libertar desse jugo, sob pena de não obter respostas prontas às múltiplas burocracias de que dependem no Estado Providência.
    A patranha já não oculta a realidade: fazem muita medicina preventiva, preocupam-se deveras com a qualidade, seriam os principais responsáveis pela 12ª posição em cuidados de saúde que Portugal ocupava na estatística. Valha-nos Deus! Não têm nada a ver com a escalada da SIDA, da tuberculose, dos acidentes rodoviários, das mães solteiras, do alcoolismo, da obesidade, da toxicodependência. Muito menos com erros de diagnóstico, protelamento de situações críticas por detectar que nunca são referenciadas e eventualmente corrigidas.
    Se milhares de doentes ousassem falar verdade sobre o atendimento a que são sujeitos nos centros de saúde, se perdessem o medo – a sua dependência relativamente às comparticipações nas análises, obtenção de baixas e reformas antecipadas com custos astronómicos – descobertos os atrasos dos diagnósticos, o sofrimento que poderiam ter sido evitados, então seria possível tomar medidas. Será apenas de estetoscópio ao peito, sentados numa secretária, agarrados ao telefone, chegando tarde, que se escutam e examinam as pessoas, se cuida das suas idiossincrasias, se raciocina em termos clínicos, se esclarecem as dúvidas? Vamos admitir que são verdadeiros génios e nem precisam de ajuda? Andam há anos a falar nas USF, mas as desinteligências são mais que muitas, os melhores colaboradores da famigerada unidade de missão já se foram e agora já não vai haver dinheiro para mandar tocar os céguinhos. A assitência é uma verdadeira palhaçada a maior parte das vezes e os doentes só vão lá porque não têm outra alternativa, até para passar um atestado t~em que se subjugar a ir lá porque os médicos fora do sistema não são considerados competentes para o efeito. Na URSS era asssim, há muito que tenha saudades.
    Não nos venham com a falácia das excepções que confirmam a regra. Sem quebrar com o monopólio iníquo dos centros de saúde face à população desfavorecida e menos informada, sem estabelecer concorrência leal, o sistema não funciona.
    A mesma receita para os hospitais. Só assim o SNS, o Social e o Privado, podem e devem funcionar lado a lado. Tudo devidamente regulamentado e com a garantia de auditorias a funcionar em permanência.
    Comecemos por exigir qualidade no dia a dia, demonstremos dedicação e competência, reduzamos drasticamente o tempo com os delegados de propaganda e criemos critérios rigorosos para a ida a congressos.
    O dia dos doentes poderem optar de facto pelo seu médico acabará por chegar. Com estes governantes nunca acontecerá.
    Os tugas morram felizes, ao menos no momento da morte arreganhem um sorriso, a tortura de viverem no sítio acabou.

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  8. Piscoiso's avatar
    2 Julho, 2008 13:53

    JM, veja o “SICKO” do Michael Moore. A gente já sabe que MM busca os extremos, provoca-os mesmo, para conseguir efeitos na película.
    Mas não deixa de ser uma realidade do sistema de saúde nos States… pelos privados, onde o doente só é tratado quando dá lucro.

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  9. Desconhecida's avatar
    2 Julho, 2008 14:02

    É com satisfação e deleite que constato a rendição de JM aos encantos do novo acordo ortográfico. Espero e desejo que não de trate de uma paixão exaltada e efémera, mas de um amor seguro e duradouro. Amém.

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  10. Nuspirit's avatar
    Nuspirit permalink
    2 Julho, 2008 14:05

    O sistema nacional de saúde é das poucas coisas que Portugal se pode orgulhar. Poucos países no mundo têm um sistema tão bom como o nosso. O problema é que com o envelhecimento da população, muito dificilmente teremos condições de manter esses padrões de qualidade. Está bom de ver que esta ministra não tem rasgo algum. Serve apenas para fazer a gestão corrente do dia-a-dia. Correia de Campos, sim. Esse sabia da poda. Mas não tinha tacto politico.

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  11. Zé Bonito's avatar
    2 Julho, 2008 14:16

    O problema da realidade do João Miranda é que o cidadão comum está-se nas tintas para a “viabilidade financeira” do SNS. O que ele quer é que vá progressivamente respondendo às suas necessidades e se for necessário desviar para lá impostos, é para isso que são pagos (e não ´subsidiar sectores privados com a corda no pescoço). Ora, os dados da OMS, parecem concluir que foi dos sectores que mais evoluiu desde o 25 de Abril. Com todas as perversões, disfuncionamentos, etc., passou a taxa de mortalidade infantil para o que de melhor existe e o SNS no seu todo, para o 12º lugar a nível mundial. Pode não conseguir competir com o privado nos vencimentos oferecidos a certas especialidades médicas (não todas!), mas fá-lo com vantagem nos serviços (sobretudo, no que às doenças mais graves diz respeito).

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  12. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    2 Julho, 2008 14:17

    ««Poucos países no mundo têm um sistema tão bom como o nosso. O problema é que com o envelhecimento da população, muito dificilmente teremos condições de manter esses padrões de qualidade.»»

    Como é que um sistema de saúde que responde mal ao envelhecimento da população pode ser considerado bom? Se eu gastar milhares de milhões de euros também consigo fazer um sistema de saúde que parece bom. Não garanto é que ele resista a mudanças na conjuntura ou que seja sustentável.

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  13. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    2 Julho, 2008 14:24

    ««O que ele quer é que vá progressivamente respondendo às suas necessidades e se for necessário desviar para lá impostos, é para isso que são pagos»»

    O único sítio de onde o Estado desvi impostos é do bolso dos contribuintes. O dinheiro que é necessário para a saúde não virá de outros serviços mas de um aumento de impostos. O contribuinte não parece disposto a pagar mais.

    ««Ora, os dados da OMS, parecem concluir que foi dos sectores que mais evoluiu desde o 25 de Abril. »»

    Claro. Só que o problema do SNS é financeiro, não é operacional. Se continuar a evoluir da mesma forma, quem paga?

    ««Pode não conseguir competir com o privado nos vencimentos oferecidos a certas especialidades médicas (não todas!), mas fá-lo com vantagem nos serviços (sobretudo, no que às doenças mais graves diz respeito).»»

    Claro que o SNS compete bem com os privados. Presta serviços gratuitos e tem financiamento garantido pelo orçamento de estado. Era o que mais faltava se não competisse. O problema do SNS é que a sua competitividade não é sustentável no modelo actual.

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  14. Nuspirit's avatar
    Nuspirit permalink
    2 Julho, 2008 14:52

    “Como é que um sistema de saúde que responde mal ao envelhecimento da população pode ser considerado bom?” JM

    O sistema foi bom e ainda o é. Mas, com o advento das diversas alterações conjunturais e estruturais, se nada se fizer entretanto o sistema que é bom, muito rapidamente deixará de o ser. A crença de que a privatização total é a única forma de ganhar eficiência, é isso mesmo: uma crença. Eu tenho uma crença diferente: no sector público também é possível obter ganhos de eficiência e diminuir os desperdícios.

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  15. Zé's avatar
    permalink
    2 Julho, 2008 14:58

    Não é porquê?
    É certo e sabido que os “privados” não movem uma palha sem subsídios (em liberalês chamam-lhes tax cuts) e que rejeitam logo à partida as especialidades pouco lucrativas como a Oncologia.
    Ficamos então com uns “privados” que a única coisa que vão fazer é simplesmente retirar ao SNS as áreas mais lucrativas ficamdo para este ultimo os tratamentos das doenças “pouco lucrativas” onde os gastos são maiores.
    Desta maneira a médio prazo a saúde deixará de ser para todos e passará a ser para quem tem dinheiro. E a avaliar pelos custos médicos, nem mesmo um “investigador” poderá pagar a sua saúde sem recorrer “ao pai” ou a uma nova hipoteca. Justíssimo, claro.
    Do egoísmo à crueldade vai um simples saltinho, mas claro, sob o olho analítico de um “investigador” não deve haver muita diferença entre um ser humano e um qualquer fungo numa placa de petri.
    Sinceramente este liberalismo desumano é angustiante.

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  16. Desconhecida's avatar
    Doe, J permalink
    2 Julho, 2008 16:02

    Nuspirit Diz:
    “O sistema nacional de saúde é das poucas coisas que Portugal se pode orgulhar.”

    Pois é um motivo de orgulho desde que não precise dele. Se nunca se tiver de dirigir a um hospital, um centro de saúde ou mesmo a uma maternidade móvel, aka ambulância, é tudo uma maravilha.
    No dia em que, doente ou acompanhante, precisar de entrar no sistema bem que perde logo o “orgulho” e a paciência para ouvir os cantadores de hosanas e leitores de powerpoints.

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  17. Nuspirit's avatar
    Nuspirit permalink
    2 Julho, 2008 16:18

    Doe, J

    Não tenho dúvidas que ao nível de gestão há ainda muito a melhorar. De facto há ocorrências que são de bradar aos céus. Mas também já há casos em que a gestão de estabelecimentos públicos de saúde é cinco estrelas. Apenas tem que se irradiar essa gestão profissionalizada pelos restantes.

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  18. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    2 Julho, 2008 16:21

    “…a capacidade para tornar o SNS tão eficiente do ponto de vista financeiro como o sector privado”
    Eficiência em meter dinheiro no bolso de uns quantos chulos.

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  19. Zé Bonito's avatar
    2 Julho, 2008 16:45

    João Miranda:
    Isso da insustentabilidade dos serviços, é treta. O que não faltam, são provas de dinheiros mal gastos, fugas ao fisco, privilégios indevidos (veja-se a banca, por exemplo), serviços inúteis (vejam-se as instâncias intermédias do ministério da Educação e quanto custam). Talvez seja de perguntar aos cidadãos o que efectivamente querem que seja financiado pelos impostos que eles pagam.

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  20. Desconhecida's avatar
    ourição permalink
    2 Julho, 2008 20:14

    Nuspirit Diz:
    “O sistema nacional de saúde é das poucas coisas que Portugal se pode orgulhar.”
    Tenha paciência, o SNS de hoje é muito pior do que há 10 anos, por exemplo. Quase tudo se está a degradar rapidamente, não vê?
    Público ou privado é uma falsa questão. No mínimo os profissionais têm de se sentir bem onde trabalham, percebe?
    Pensa que estão? Imagina quantos doentes morrem sem justificação plausível? Nusprit, você não anda neste sítio, ainda bem, vá sonhando até um dia acordar assarapantado no corredor de um desses maravilhosos hospitais do SNS onde pode estar horas sem fim à espera de um galego cordato.

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  21. ordralfabeletix's avatar
    ordralfabeletix permalink
    3 Julho, 2008 00:49

    “Corresponde ao JM averiguar se isto acontesce mais nos hospitais públicos ou privados de USA; eu simplesmente deixo aquí:”

    “Kings County Hospital Center is a hospital … It is under the umbrella of the New York City Health and Hospitals Corporation (HHC), the municipal agency which runs New York City’s public hospitals.”

    “Kings County hospital has paid out more than 1/3 of all malpractice claims against the New York City Health and Hospitals Corporation (over $60 million). Since there are 11 city hospitals, this indicates that Kings County hospital has a very high amount of malpractice claims compared to other city hospitals. Kings County hospitals has been the most sued hospital of the city’s health care system[4].”

    O hospital em causa é público e já é habitual ser mau. O que é comum nos USA. Aos hospitais públicos apenas recorrem os desgraçados que não têm seguros de saúde. Por outro lado os melhores médicos são recrutados pelos privados, na lógica de mercado tão cara ao JM. E que se vai instalando em Portugal.

    Quando os privados abrem um Hospital pesquisam no mercado quem são os melhores especialistas nas áreas que lhes interessa e fazem-lhe propostas que podem atingir 10 vezes mais do que ganham nos Hospitais públicos. É fácil de perceber que com melhores salários, melhores condições de trabalho , melhores equipamentos e mais respeito da entidade empregadora, os melhores profissionais vão abandonar o SNS. Essa debandada já começou e vai continuar.

    No Grande Porto nos próximos 3 anos vão abrir vários Hospitais Privados. Que irão contratar perto de 400 médicos. Muitos deles virão dos SNS.

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