Saltar para o conteúdo

“CANALHOCRACIA”

2 Outubro, 2008
by

«…Ao menos, na Primeira República, tudo se fazia em evidente legalidade, dado que a lista dos beneficiários, ditos revolucionários, era publicada no “Diário do Governo”, saindo a última já depois do 28 de Maio de 1926, quando era chefe de governo Mendes Cabeçadas. Também a monarquia liberal, na fase de presúria, em pleno devorismo, utilizava a técnica denunciada por Garrett sobre o “foge, cão, que te fazem barão… mas para onde, se me fazem visconde?”. Mas, logo em Setembro de 1836, com Passos Manuel, Sá da Bandeira e Vieira de Castro, a moralidade fez um golpe de Estado sem efusão de sangue, para poder cumprir-se a Regeneração. E quando a pouca vergonha se instalou com o cabralismo, até se recorreu à guerra civil, à maria da fonte, à patuleia e à carbonária. Nem sequer faltou um rei, como D. Pedro V, que demitiu o governo que ele qualificou da “canalhocracia”.»

José Adelino Maltez, Sobre o Tempo Que Passa, “Entre a fome das assoalhadas e a manutenção da canalhocracia“.

6 comentários leave one →
  1. pica dura's avatar
    pica dura permalink
    2 Outubro, 2008 09:32

    vivemos infelizmente na
    república nacional-socialista dos “Ali há lata”
    no largo dos ratos eles devoram tudo

    Gostar

  2. Desconhecida's avatar
    2 Outubro, 2008 10:54

    E o «Público» em perfeito défice sobre a qualidade de alguns cronistas e articulistas, ainda não se lembrou de JAM para colaborar no jornal? Este senhor tem vivido na sombra, sabe-se lá porquê. Incomoda é isso, e ainda por cima é poeta!

    Gostar

  3. Desconhecida's avatar
    Rex Noster Liber Est permalink
    2 Outubro, 2008 11:09

    A grande tragédia deste país ocorreu em 1834 em Évora-Monte: Nessa hora trágica, ganhou-se um texto constitucional moderado e equilibrado que ajudou muito a desenvolver o país; mas perdeu-se: a Legitimidade, a Honra e o Decoro de séculos de História, que era o que representava a pessoa – não a maioria dos seus apoiantes!- de D. Miguel de Bragança.
    A partir daí quem tivemos nós de valor a dirigir-nos? D. Pedro V (morreu cedo de mais); Fontes Pereira de Melo (um homem honesto que acreditava no fomento público, mas pouco mais); D. Carlos (um Rei cheio de qualidades, num país eivado de defeitos); João Franco (coberto de razão em tudo, mas antes do tempo); Salazar (até 1945 esteve muito bem, depois cometeu erros atrás de erros que atrasaram Portugal).
    Na 3.ª República, descobri no outro dia uma pessoa honesta e honrada: é General porque não quis ser Marechal, é honestíssimo, patriota e coloca a honradez acima de tudo. Chama-se: António Ramalho Eanes!

    Gostar

  4. Desconhecida's avatar
    José permalink
    2 Outubro, 2008 11:14

    Perorar sobres estas banalidades da deliquescência ética e moral, tem sido corrente nos últimos cem anos, sem grande sucesso. Eça e Ramalho fizeram-no bem melhor, mas segundo julgo, Eça tevwe direito a sinecuras várias do Poder.
    Não adianta especular muito mais sobre isso, e ir ao caso, a direito, que se faz tarde.

    O problema com J.A.M. é que considerou por escrito que um indivíduo com o curriculo de Paulo Pedroso era imprescindível ” ao regime político ” que temos. E considerou-o agora, nesta altura deste campeonato que vai iniciar-se até 2009.

    Esse problema, pelos vistos partilhado aqui pelo CAA, é, de facto, um problema.

    Tal como o Batista Bastos que não se enxerga, também os que defendem a imprescindibilidade deste género de políticos, são alvo de curiosidade e perplexidade, por não repararem no óbvio.

    JAM defende que não se devem apôr estrelas amarelas de discriminação negativa em ninguém. E é esse o seu único argumento, para além do oportuno porreirismo que apresenta, explicado por conhecimentos e amizades.

    Pois, na minha modesta opinião, defendo, pelo contrário, que devem apór-se reservas sérias na nomeação de algumas pessoas para cargos políticos. COmo penso, aliás, que toda a gente aceitará. É uma questão de escolhas, pelo critério de um senso comum. E há sempre escolhas, na política, principalmente nos círculos de poder mais intenso.

    O paleio das estrelas amarelas é sempre o mesmo e a gente sabe o que significa: uma espécie de linguagem terrorista, para tornar a contra-argumentação indefensável. Desonesta. Intelectualmente desonesta, portanto.

    Em política, o que parece, é, como se demonstra por estes escritos de JAM e de CAA.
    E em política deve haver limites para a imprescindibilidade de nomeados.

    Gostar

  5. Desconhecida's avatar
    José permalink
    2 Outubro, 2008 11:16

    Subscrevo o comentário do nosso rei e um dia destes, descubro-me monárquico sem sentido algum.

    Gostar

  6. Vicente, A's avatar
    Vicente, A permalink
    7 Outubro, 2010 20:00

    Contesto a frase do texto, que transcrevo, e que se refere a Ramalho Eanes: “Na 3.ª República, descobri no outro dia uma pessoa honesta e honrada: é General porque não quis ser Marechal, é honestíssimo, patriota e coloca a honradez acima de tudo. Chama-se: António Ramalho Eanes!”
    Não pondo em causa as qualidade pessoais e morais do citado, rebato a frase, “não quis ser Marechal”,
    já que, o autor esquece-ou desconhece- que, R.Eanes foi, na noassa instituição militar, o ÚNICO Oficial que, de Major, passou, a General, saltando os postos que se conhecem! Claro que Eanes não tem culpa (?…).já que, sendo Presidente da República e, ausente numa viagem de Estado ao Brasil,
    foi “brindado” pelo então Presidente da Assembleia da República.Por que não Nacional??-Vasco da Gama Fernandes, que “propôs”a sua promoção a General, por distinção! Ramalho Eanes, contra o que se esperava, aceitou, agradecido! Nem Santos Costa, que Salazar promoveu, por imperativo de colocação em Ministro da Defesa, de Capitão a Tenente-Coronel, NA MESMA ORDEM DO EXÉRCITO, mas em páginas distintas-(eu li…) nem este oficial beneficiou desta ilegalidade!
    Para ser Oficial General, manda a lei que, no posto de Coronel, frequente o tirocínio, no Instituto de Altos Estudos Militares, em Pedrouços, o que não aconteceu com Eanes! Repito: Ele não é culpado! Foi “vítima” da ignorância da Assembleia, (??) que o promoveu. Marechal? Não brinquemos com coisas sérias!
    Nota à Margem: Servi no Ministério do Exército, onde “fui obrigado” a conhecer Bem a Instituição Militar e seus fundamentos. Acima de tudo, prezo a legalidade e a transparência!

    Gostar

Deixe uma resposta para José Cancelar resposta