Aproveitar o tempo
13 Outubro, 2008
O maradona, em vez de andar a perder tempo com entrevistas de Warren Buffett, devia ver este video: The Future Has Always Been Crazier Than We Thought
PS – Por coincidência, na secção de perguntas e respostas, fala-se de Warren Buffett (Pergunta 4)
15 comentários
leave one →

João miranda,
Mas tu acreditas mesmo que a tua opinião é comparavel à do Warren Buffet? Que convencido!
Daqui a bocado, tambem vamos ver o WB a arrotar postas de pescada em relação á tua bioquimica. Felizmente, ele tem o bom senso para não o fazer.
GostarGostar
Bom, aqui até eu, que nem sempre concordo com o JM, tenho que vir em defesa dele. Ele não está a dizer que a opinião dele é mais válida que a do WB; está é a dizer que a opinião do WB serve uma hidden agenda, fazendo parte de uma estratégia velada dele para subir as próprias acções que detem agora. E eu concordo em pleno com o JM nisto, aliás.
GostarGostar
The Future Ain’t the Same as It Used 2 B – Neon Phusion
GostarGostar
O João Miranda, ao invés de andar a perder o seu e o nosso tempo, devia antes ler em detalhe os livros e os videos que recomenda aos outros. A “lecture” do Taleb que JM recomenda a “maradona” ( http://acausafoimodificada.blogs.sapo.pt/198380.html ), é famosa (e ainda bem que a traz aqui) mas sabemos ser afinal de contas sobre o livro que este próprio escreveu entre 2003-2006 (Black Swan). E apesar desse livro ter sido escrito nessa altura e não agora em plena crise, o João Miranda devia ter lido esse livro com mais cuidado, se é que o leu. Se assim tivesse sido, teria encontrado nele passagens que lamentavelmente ignorou, ou pretende ignorar, como:
[…] Globalization creates interlocking fragility, while reducing volatility and giving the appearance of stability. In other words it creates devastating Black Swans. We have never lived before under the threat of a global collapse. Financial Institutions have been merging into a smaller number of very large banks. Almost all banks are interrelated. So the financial ecology is swelling into gigantic, incestuous, bureaucratic banks – when one fails, they all fall. The increased concentration among banks seems to have the effect of making financial crises less likely, but when they happen they are more global in scale and hit us very hard. We have moved from a diversified ecology of small banks, with varied lending policies, to a more homogeneous framework of firms that all resemble one another. True, we now have fewer failures, but when they occur …I shiver at the thought. […]
Ou ainda esta (tudo em 2003-2006):
[…] Banks hire dull people and train them to be even more dull. If they look conservative, it’s only because their loans go bust on rare, very rare occasions. But (…) bankers are not conservative at all. They are just phenomenally skilled at self-deception by burying the possibility of a large, devastating loss under the rug. […] The government-sponsored institution Fannie Mae, when I look at its risks, seems to be sitting on a barrel of dynamite, vulnerable to the slightest hiccup. […]
Aliás, para quem desejar, sobre muito mais escrevi aqui http://chemoton.wordpress.com/2008/10/09/black-swan-financial-markets-part-ii/ (infelizmente em inglês) e aqui http://chemoton.wordpress.com/2008/09/25/on-financial-markets/ . Muitas mais frases como estas poderá por lá encontrar, inegável “serviço público” a todas as pessoas que saltiram pelo Black Swan de modo aleatório. A guerra de Nicholas Taleb ao VAR (value at risk) não é de agora afinal (nada como perguntas específicas e respostas directas): http://www.derivativesstrategy.com/magazine/archive/1997/1296qa.asp , o que só demonstra que faz muito tempo os bancos e grande parte do sistema financeiro está assente em pés de barro. Infelizmente só aqui em Portugal, em terra de cegos, em muitas ocasiões neste blog, fala-se de modo desbaratado das ciências da complexidade, em proveito próprio, passando apenas parte da verdade. Antes disso porêm, devia-se ler mais. Se possível trabalhando na área. Nem que seja para evitar citar alguêm que o contraria a si mesmo.
GostarGostar
Caro Vitorino Ramos,
Não percebi muito bem qual é a relevância dos trechos que cita. Suponho que visa atacar alguma posição minha, mas nao percebi muito bem qual.
GostarGostar
Caro João Miranda. A relevância? Bom, em tudo o que praticamente por aqui defende, faz longos meses, ou anos. Salvo erro, ainda faz poucas horas (para não lhe deixar sem exemplo), a culpa da actual situação estava segundo escreveu, imagine-se, nos clientes irracionais ( https://blasfemias.net/2008/10/13/a-crise-de-confianca/ ). Permita-me a ironia: coitados dos bancos que foram vitímas desta gente iletrada. Já leu mesmo o que em cima lhe passei? Se não tiver pachorra para tudo, pelo menos ou sobretudo aquilo que toca ao VAR. Sendo ambos homens de ciência, porventura o melhor seria discutir-se tais assuntos em contextos de equidade de informação. Como saberá, o livro Black Swan tem fortes ligações a ruídos “pink noise”, assinaturas típicas de muitas das áreas em ciências da complexidade, que tanto sei estimar. Até lá, a única coisa que me ocorre, é pedir-lhe desculpa pela minha interrupção no seu longo (não de agora) discurso de fé, nesta casa que é sua. Foi exactamente por saber da sua estima pela complexidade, que me atrevi a tanto!
GostarGostar
««a culpa da actual situação estava segundo escreveu, imagine-se, nos clientes irracionais »»
Em quem? Percebeu alguma coisa do que eu tenho escrito?
GostarGostar
Mas não foi o JM que escreveu (faz poucas horas):
[…] (bancos) que têm activos que valem muito menos que aquilo que os próprios bancos pensavam que valiam. […]
Será então a culpa de todas aquelas pessoas – milhões delas – que não foram, como designa, “pessoas racionais”?! (logo não-racionais ao seu olhar), ou destes bancos a que se refere e bem, vendendo depois a outros livrando-se do que tinham em mãos (atirando a bomba-relógio para outro lado). Afinal os produtos financeiros tóxicos (sobretudo, Derivatives market, que o plano Paulson agora infelizmente compra, mas não o plano Gordon Brown) foram criados, transacionados e acarinhados durante tanto tempo por quem? Não foi o próprio sistema actual que tanto defende – em puro acto cego de fé – como auto-regulado (quando nao o é – e aqui se quiser discutir o que é realmente sério podemos – sem perguntas retóricas – fazê-lo começando pela própria definição e características de um sistema auto-organizado) que o propagou ad-nauseum?
A sua frase […] Pessoas racionais não confiam em bancos à beira da falência […], nesse mesmo post (isto para falar só deste último) – é nas actuais circunstâncias de uma ingenuidade sem fim. Afinal em que pé está o João Miranda? As pessoas deveriam ter sido racionais, enquanto que os bancos, que trabalham diáriamente sobre o assunto, segundo a segundo, incluindo overnigth, nem sequer sabiam o que tinham em mãos?
Isto mesmo, já de si e vindo de si (para não ir mais longe: todos os links de cima sobretudo a entrevista a Nassim Taleb, o mesmo que JM sugere a “maradona”), abona pouco a favor de um sistema que JM acredita ser de “auto-regulado”.
GostarGostar
««Mas não foi o JM que escreveu (faz poucas horas):
[…] (bancos) que têm activos que valem muito menos que aquilo que os próprios bancos pensavam que valiam. […]
Será então a culpa de todas aquelas pessoas – milhões delas – que não foram, como designa, “pessoas racionais”?! (logo não-racionais ao seu olhar), ou destes bancos a que se refere e bem, vendendo depois a outros livrando-se do que tinham em mãos (atirando a bomba-relógio para outro lado). »»
Caro Vitorino Ramos,
A culpa é um problema de cada um com a sua consciência. Numa economia de mercado, existe responsabilidade, e cada um assume a sua responsabilidade, em último caso com a falência. Em lado nenhum atribuo responsabilidades aos bancos ou à irracionalidade dos agentes.
««Afinal os produtos financeiros tóxicos (sobretudo, Derivatives market, que o plano Paulson agora infelizmente compra, mas não o plano Gordon Brown) foram criados, transacionados e acarinhados durante tanto tempo por quem? »»
Por quem os comprou e por quem os vendeu, em total liberdade. Ninguém foi obrigado a comprar ou a vender activos. Tratou-se de uma actividade normal de mercado.
««Não foi o próprio sistema actual que tanto defende»»
Como chegou à conclusão que eu defendo o sistema actual? O que é o sistema actual? Que partes do sistema actual é que eu defendo?
««como auto-regulado»»
Onde é que eu defendi que o sistema actual é auto-regulado?
««A sua frase […] Pessoas racionais não confiam em bancos à beira da falência […], nesse mesmo post (isto para falar só deste último) – é nas actuais circunstâncias de uma ingenuidade sem fim. Afinal em que pé está o João Miranda? As pessoas deveriam ter sido racionais, enquanto que os bancos, que trabalham diáriamente sobre o assunto, segundo a segundo, incluindo overnigth, nem sequer sabiam o que tinham em mãos?»»
Sinceramente não percebo a lógica das ilações que tira. Eu digo que “pessoas racionais não fazem X”. O Vitorino conclui que eu estou a dizer que as pessoas deveriam ter sido racionais. Nem sequer me pronunciei sobre o assunto. Limitei-me a dizer que o congelamento do crédito é perfeitamente racional e não tem nada de psicológico como defendem os adeptos da teoria da confiança.
GostarGostar
««Isto mesmo, já de si e vindo de si (para não ir mais longe: todos os links de cima sobretudo a entrevista a Nassim Taleb, o mesmo que JM sugere a “maradona”), abona pouco a favor de um sistema que JM acredita ser de “auto-regulado”.»»
Eu sinceramente não percebo onde é que o Vitorino Ramos tomou conhecimento das minhas ideias, mas não foi certamente a ler os meus textos. Pela amostra, vê-se que não percebeu nada do que tenho escrito.
GostarGostar
Senão a frase do mês, esta é pelo menos a FRASE DO DIA!
[…] Onde é que eu defendi que o sistema é auto-regulado? […], João Miranda (JM), in Blasfémias – acerca do sistema financeiro, 14 Out. 2008 (8:53 AM) (https://blasfemias.net/2008/10/13/aproveitar-o-tempo/#comment-79680)
GostarGostar
Caro Vitorino Ramos,
Volto a perguntar: onde é que eu defendi que o sistema actual é auto-regulado?
O facto de ter cortado a palavra “actual” da minha frase original não abona muito em relação à sua honestidade intelectual.
Por outro lado, desafio-o a encontrar um post meu onde eu defenda que o sistema actual é auto-regulado. Encontrará provavelmente muito onde eu defendo precisamente o contrário. O sistema actual é regulado por autoridades públicas.
GostarGostar
Sim, foi lapso meu ao reescrever o que tinha dito. Aliás, até prefiro que ela lá esteja (fui eu, se reparar, que colei “actual” à palavra sistema, pela primeira vez por aqui). Como bem sabe, para mim “actual”, significa antes de mais os inovadores e “sofisticados” mercados de Derivatives, que falei em cima, mas a que infelizmente chutou para canto.
Mas agora sem rodeios, sem que lhe deixe espaço para que brinque retóricamente com palavras a mais ou a menos (por exemplo: sem a palavra “actual” já não mantêm o que disse, e com ela mantêm, é isso?), meu caro JM, não me vai agora dizer, que por aqui nunca defendeu a linha liberal-absolutista, crendo na regeneração do sistema de mercado em modo automático, em toda a linha de Adam-Smith a Hayek.
Sim, o sistema actual é regulado por autoridades públicas. Sim, mas o AGORA sistema actual FAZ UMA SEMANA para cá. Não o sistema actual, dos últimos 10-20 anos, onde os derivatives se propagaram out-of-control, que parece não desejar falar dele. É desse actual que devemos falar, porque foi esse – até aqui – o dominante, e por aqui sempre defendido por si e seus colegas como imaculado. Esse mesmo afinal, como agora se vê, que só descansou do enorme stress e da imensa miséria por si mesmo gerado, ao se auto-estadual-regular graças à mão visível do estado, garantido a fiabilidade do sistema, que este mesmo não possuia. O que não deixa de ser irónico: vermos agora os principais players aplaudindo a mão amiga do estado, quando durante anos, exigiram para que este nada tivesse a dizer sobre produtos inovadores, que agora – senão mesmo à muito – sabemos ser envenenados. Leia-se (tal como começou esta conversa) Nassim Taleb.
Por fim, e em relação ao estilo da conversa, não deixa no entanto de ser sintomático na nossa discussão, e chegados aqui, que o JM não tenha mais nada a fazer do que refugiar-se na presença ou na não-presença de uma palavra. Restando-lhe apenas brincar com diferentes “actuais” mercados, como que atirando-nos areia para os olhos. Dado esse mesmo estilo, olhe… desejo-lhe que vá passando bem.
GostarGostar
««meu caro JM, não me vai agora dizer, que por aqui nunca defendeu a linha liberal-absolutista, crendo na regeneração do sistema de mercado em modo automático, em toda a linha de Adam-Smith a Hayek.»»
E?
««Sim, o sistema actual é regulado por autoridades públicas. Sim, mas o AGORA sistema actual FAZ UMA SEMANA para cá.»»
Antes disso não era? Mas afinal para que servia a SEC e o FED?
E já agora, o que é que o Hayek tem a ver com um sistema em que há emissão monetária descontrolada pelos bancos centrais?
O Vitorino Ramos limita-se a disparar em todas as direcções sem se dar ao trabalho sequer de perceber o que é que os outros defendem ao certo. Ora, se o Vitorino quer defender ao mesmo tempo a minha posição e a sua esteja à vontade e divirta-se. Se, por outro lado, quer saber qual é a minha, então releia os arquivos.
GostarGostar
E ??!!!
Pois…
A disparar em todas as direcções e de fraca honestidade intelectual. Olhe, … como os seus argumentos são parcos, limitando-se a opiniões que tem acerca de mim próprio, quando nunca me viu mais gordo, proponho antes que se divirta com estes dois bacanos bem maduros: http://chemoton.wordpress.com/2008/10/14/economics-101/ .
Garanto-lhe que não vão apenas ser os seus 8 minutos e 28 segundos mais divertidos da sua tarde, como pelo caminho lhe facilito a tarefa de vislumbrar – nem que seja de ânimo leve – que “Something, somewhere went terribly wrong”. Eu pelo menos diverti-me imenso. Oxalá, que faça o mesmo a si.
GostarGostar