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Fiascos públicos *

20 Outubro, 2008
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A tese do falhanço do liberalismo económico, conhecido por capitalismo, tornou-se um dogma indiscutível desde que a crise financeira se instalou. O remédio apregoado e aclamado em uníssono pela multidão é o regresso do Estado. Novamente, o Estado é chamado a salvar, a nacionalizar e a controlar.
Muitos dos que ainda há pouco zurziam no excesso do Estado – sobretudo, essa classe extraordinária que são os analistas económicos – por estar ‘a mais’, agora acusam-no de se ter visto Estado ‘a menos’…
Daqui, de Portugal, o Estado nunca saiu. O seu papel permaneceu incontornável. Com raras excepções, o empresariado português confia mais nos favorecimentos públicos do que no seu próprio engenho. E com razão, aliás. Mas não deixa de ser curioso que o alegado fracasso do capitalismo seja brandido pelos fundamentalistas da intervenção pública total.
Esta semana soube-se que ainda há quase dois milhões de pobres em Portugal. Após décadas de impostos desmedidos, mantemos gabinetes, redes, projectos e uma Segurança Social caríssima que pensa mais na sua própria máquina do que nos seus clientes. Destes falhanços poucos se queixam. E ainda pedem mais.

* HERESIAS, CM, 19.X.2008

15 comentários leave one →
  1. Desconhecida's avatar
    20 Outubro, 2008 10:12

    CAA,

    Excelente “post”.

    Os Economistas são como outros, muitas vezes, meros oportunistas, no pior sentido. Se há classe que gosta muito de dinheiro são os Economistas, assim como os Médicos ou os Juristas.

    O que esta crise vem mostrar, é que há muita gente no Estado (Entidades Reguladoras) que gosta de “dormir” com o bom dinheiro do privado.

    Há tanta gente que já não se lembra do Caso Enron e do falhanço da Arthur Anderson.

    As Entidades Reguladoras por todo o mundo (nos USA, a SEC e a FED) gostavam tanto de jogar golf com os banqueiros e afins, que se “esqueceram” de cumprir a sua função.

    O Capitalismo continuará. Mas, para isso, é necessário meter muita gente na cadeia, porque não fizeram a sua função, dado que “fecharam os olhos” a muita criatividade financeira.

    O problema foi apenas e só isso. Depois, houve, como haverá sempre, muita ganância.

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  2. bis coitus interruptus's avatar
    bis coitus interruptus permalink
    20 Outubro, 2008 10:32

    não é para levar a sério a escumalha que vive à dos contribuintes esmagados pelo fisco do conde drácula

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  3. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    20 Outubro, 2008 10:39

    O capitalismo é uma chachada pois existe uma grande número de pessoas que não consegue ganhar o sufiente nem para comprar umas acçõezitas da empresa onde trabalha.

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  4. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    20 Outubro, 2008 10:40

    ..e ao mesmo tempo existem outras que possuem uma dúzia de lugares nas administrações de empresas e nem se sabe o que fazem, porque estão ali e como ali foram parar.

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  5. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    20 Outubro, 2008 10:54

    Suspeito que vamos assistir aos bancos alemães a dizerem que afinal já não precisam da ajuda do governo alemão… lol. Grande Merkel. Aquilo é que é uma ajuda aos bancos. Temos aqui dinheiro mas quem manda nisso somos nós e não há dividendendos para ninguém nem prémios. Aposto que os bancos vão dizer que afinal estão todos muito bem de saúde e foi tudo uma brincadeira.

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  6. Nuspirit's avatar
    Nuspirit permalink
    20 Outubro, 2008 10:59

    “Portugal foi, é e será sempre um estado corporativo e salazarento. Mesmo antes do nascimento de António de Oliveira Salazar, e certamente muito para além da sua morte.” Rui Albuquerque

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  7. Cafe e Chocolate's avatar
    20 Outubro, 2008 11:02

    Acho que o teu post, estas-te a deixar gago. è dificil defender o indefensavel. Pareces o Baía a dar frangos

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  8. Pi-Erre's avatar
    Pi-Erre permalink
    20 Outubro, 2008 11:06

    “Esta semana soube-se que ainda há quase dois milhões de pobres em Portugal.”

    Ou seja:
    Portugal já tem mais de oito milhões de ricos e apenas restam uns meros dois milhões de pobres.
    Estamos no bom caminho!

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  9. jpt's avatar
    jpt permalink
    20 Outubro, 2008 12:57

    Portugal evoluiu imenso desde 74. Temos muito menos pobres, a esperança de vida caíu a pique, a educação democratizou-e. Acham que tudo isso se teria conseguido sem o estado, apenas por iniciativa privada? Desçam à terra…

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  10. MJRB's avatar
    20 Outubro, 2008 14:08

    Mr. CAA,

    …E não há um post sobre o recente livro de Miguel Veiga ?

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  11. Desconhecida's avatar
    Manuel Liberal permalink
    20 Outubro, 2008 17:07

    Os problemas que têm afectado o sistema bancário só existem por causa da própria regulação e isto porque os Bancos não precisam de demonstrar a sua seriedade e solidez perante os Clientes. Apenas têm de o comprovar perante as entidades reguladoras.

    Se não houvesse regulação as instituições financeiras teriam de, frequente e consistentemente, demonstrar perante os seus Clientes a sua capacidade e idoneidade. E nada disto teria acontecido.

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  12. Desconhecida's avatar
    honni soit qui mal y pense permalink
    20 Outubro, 2008 22:18

    Expliquem lá porque é que as auditorias dos balanços dos bancos deram resultados sólidos e positivos ???

    e agora é esta merda que se vê.

    será que as consultoras e esses infaliveis contabilistas , são mas é uns aldrabões vendidos ao valor mais alto da adjudicação ?

    Cada contabilista é um aldrabão . Isso sim .

    A arte da Contabilidade é esconder dividas e defaults em folhas de balanço.

    MAINADA …

    Crise do Capitalismo uma ova .O que há é crise na Matemática .é conforme o fregues.

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  13. anónimo's avatar
    anónimo permalink
    21 Outubro, 2008 10:07

    A tese do falhanço do liberalismo económico

    A tese do falhanço do liberalismo económico?. Nao CAA. A realidade que nao tese. E como f*** ter que reconhelo por aqueis nao suscritos na (antiga) tese.

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  14. Curiosamente's avatar
    Curiosamente permalink
    21 Outubro, 2008 19:19

    Curiosamente, mudei a ordem de algumas das frases de CAA , de maneira a fazer algum sentido.

    CAA ” Esta semana soube-se que
    ainda há quase dois milhões de pobres em Portugal.
    Com raras excepções, o empresariado português confia mais nos favorecimentos públicos do que no seu próprio engenho.

    E ainda pedem mais.
    Destes falhanços poucos se queixam.

    Após décadas de impostos desmedidos, mantemos gabinetes, redes, projectos e uma Segurança Social caríssima . ainda há quase dois milhões de pobres em Portugal porque não tem emprego ou negócio próprio ). O empresariado português confia mais nos favorecimentos públicos do que no seu próprio engenho.

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  15. VFS's avatar
    VFS permalink
    23 Outubro, 2008 23:34

    “Eu sou eu mais as minhas circunstâncias”. Recentemente, esta frase de ORTEGA y GASSET foi evocada numa conferência a que assisti.

    Subordinada ao âmbito da cultura, a qual apesar de toda a sua amplitude não deixa de ser compartimentada, ou involuntariamente desviada, a ligação das circunstancias de hoje com as de outrora foi delineada. Através de um desenrolar de sucessivos elos, simultaneamente, o homem e as suas variadas manifestações culturais foram referidos.

    Estas realizações culturais traduzem uma evolução que preenchem a esfera existencial do homem. Sem excepção, todos os campos de actuação humana – social, civil, político, económico, artístico, religioso, etc, – são abrangidos pelos «ismos» (capitalismo, socialismo, comunismo, cristianismo, islamismo, judaísmo, determinismo, impressionismo, etc).

    Pode não ser linear e/ou consensual desde os primórdios da existência dos nossos antepassados primatas, porém, é inquestionável que, a partir de um determinado momento, o homem foi gerador das circunstâncias. O Estado, moldado num processo gregário, é uma dessas ocorrências. E chegados a este ponto, é crucial notar que essa agregação é fundamentada pelo preenchimento de um vazio que levou a soma dos indivíduos a procurar esse tipo de associação.

    Ora, as eventualidades que nos fazem resultam das que fizeram os que nos antecederam. Não são necessariamente as mesmas mas representam as sucessivas camadas onde assenta o desenvolvimento do homem e o alargar do seu horizonte cultural.

    Por isso somos! Circunstancialmente também! Mas o que hoje somos, somos, na minha opinião, devido à escolha feita por Leónidas e pelos outros duzentos e noventa e nove espartanos. Escolha de verdadeiro carácter. Escolha que não foi fácil. Afinal, se já eram sombrias as circunstancias que os levaram às Termópilas, o ambiente que lá vivenciaram foi muito mais profundo e final.

    E opções como as acima descritas dificilmente são tomadas pelos nossos líderes políticos. Donde, no limite, resulta que o Estado não procura efectivar os fins que fizeram a sua origem. Por outras palavras, o Estado é uma criação do homem que não visa o bem-estar do seu criador mas sim a sua própria sobrevivência e manutenção.

    A relatividade não é apenas aplicada ao binómio espaço-tempo. É incomensuravelmente percepcionada no todo e em tudo que nos rodeia. É particularmente sentida no intangível das circunstâncias, onde a soma do individual não perfaz o resultado da sociedade.

    Como tal, o Estado não é imprescindível e/ou insubstituível. É o imutável mutável através das circunstâncias e dos momentos. Se não for capaz de suprir o vazio entre si e a soma dos indivíduos que o compõem sucumbirá. A bem ou a mal.

    ORTEGA y GASSET também disse: “Eis o que leva ao intervencionismo do Estado: o povo converte-se em carne e massa que alimenta o simples artefacto e máquina que é o Estado”.

    Nestes dias, as circunstâncias circunstanciais do homem português são nebulosas. Num país com o número de cidadãos que o nosso tem, saber que 20% da população vive abaixo do patamar da pobreza é deveras preocupante. E mais ainda é perceber os efeitos que algumas medidas provocam na classe média, principal motor de qualquer economia. Os avisos vêm de vários lados. Mas, os que mais me impressionam são os do Banco Alimentar contra a fome, que relata professores, advogados, psicólogos e afins entre os que frequentemente procuram ajuda para subsistir.

    Circunstâncias circunstanciais do Homem

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