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Leitura recomendada

29 Outubro, 2008

Em defesa do Mercado por Egas Salgueiro no blog da SEDES.

[…]
E se era tão óbvio que caminhávamos para o desastre, se a crise e a correcção bolsista eram tão inevitáveis, porque é que os que assim pensavam não ficaram todos ricos à custa da crise? Porque será que quase ninguém se atreveu a “put their money where their mouth is”? Felizmente, existem vários instrumentos financeiros para ganhar dinheiro quando as cotações descem, ou os juros sobem, até podemos investir na probabilidade de determinada empresas falir. Mas raros foram os que tiveram a ousadia de, antes de Junho de 2007, apostar na quebra dos mercados.

Se todos os que agora sabem que a crise era inevitável tivessem, antes de 2007, investido na descida das cotações (vendendo short, contratando swaps, comprando OTs), até poderiam ter evitado que a bolha crescesse tanto e que a crise fosse agora tão grave. Mas não o fizeram.

Porquê?

Porque não é fácil detectar uma bolha e impossível prever quando vai rebentar. Não é fácil modelizar o risco, especialmente em situações de crise. Só nos Estados Unidos haverá milhares de analistas a tentarem analisar e prever a evolução dos mercados: a esmagadora maioria deles falhou.

Um regulador estatal seria mais bem sucedido? Muito improvável.

Boa parte do que se passou resultou de sinais errados enviados pelas autoridades estatais. Baixas taxas de juro reais impostas pelo FED . Um yuan subavaliado imposto pela R.P.China. Hipotecas de alto risco facilitadas pelo Congresso americano (através da Fanny Mae e Freddie Mac).

O desequilíbrio fundamental que levou a esta crise, o excesso de consumo nos EUA, foi alimentado anos a fio pelos políticos norte-americanos. Nenhum se atreveu a defender que os seus eleitores deviam consumir menos e poupar mais. Nenhum defendeu maiores impostos sobre o consumo (nem mesmo sobre os combustíveis). É a estes políticos que queremos confiar a regulação dos mercados?

Confio mais na resultante das decisões de milhares de agentes económicos, egoístas e ambiciosos, que na decisão de meia dúzia de políticos bem intencionados.

[…]

Sob a bandeira de “refundar o sistema financeiro internacional”, os iluminados, como Sarkozy, pretendem controlar os mercados, evitar as más noticias, ditar onde devemos ou não devemos investir.

Convém lembrar que o Japão era uma das economias mais regulamentadas do mundo, e isso não evitou que, em 1990, entrasse numa das mais graves e prolongadas crises da História recente. O track record das economias muito reguladas é bem pior do que o das economias liberalizadas. Concordo que os mercados financeiros desenvolvidos (NYSE, Londres, Euronext) têm de ser melhor regulados. Mas isso não pode ser feito sob a pressão populista actual, em cimeiras dos G8, ou G12, ou G20.

[…]
A única forma de garantir que crises como esta não voltam a acontecer é acabar com os mercados, é substituir estas crises, que acontecem de 20 em 20 anos (ou mais), por um sistema de ineficiência permanente , em que os sinais dos mercados (preços, taxas, cotações) estejam sujeitos à vontade politica dos decisores e, claro, às suas necessidades de ganhar as próximas eleições.

A não ser que regulemos também estas…

35 comentários leave one →
  1. Desconhecida's avatar
    29 Outubro, 2008 23:02

    Só não percebo como é que essa personagem, aparece aqui, a dizer isto:

    A intervenção de Egas Salgueiro focou os condicionalismos institucionais que influenciam o crescimento económico. Depois de recordar que, entre 1995 e 2000, Portugal teve um crescimento muito rápido, à escala global, assinalou que ele foi mais físico do que humano.

    Os condicionalismos institucionais favoráveis ao crescimento económico são os de uma boa governação:

    a) uma democracia representativa consolidada;

    b) o respeito das liberdades fundamentais;

    c) o Estado de Direito (Rule of Law) que, entre nós, é sensivelmente deficiente.

    Egas Salgueiro propôs um reforço e melhoria das tarefas de Regulação. Alertou para o problema que a Economia Informal representa, com redução das receitas fiscais  face à necessidade do alargamento da base tributária, como indispensável ao financiamento imprescindível.

    http://www.novasfronteiras.pt/index.php?area=intervencoes&id_tipo=COM4451fb5adf35f&id=INT44522b804161a&PHPSESSID=7500f68fe64d72c0a9e68c9fc6299828

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  2. Desconhecida's avatar
    honni soit qui mal y pense permalink
    29 Outubro, 2008 23:13

    alguma sensatez sim.
    afinal regulação sempre houve , não havia era coragem para dizer a verdade aos cidadãos quanto ao seu desenfreado padrão de consumo acima do que produziam , e … ai sim … falsidade e manipulação das contas das instituições de credito por parte dos auditores ( o vulgo contabilista ) que VALIDARAM papeis que não valiam NADA … e as administrações pagavam estas folhas de balanço MANIPULADAS para manter as bolsas sossegadas… e toda a gente caminhava alegremente para o abismo , mas os chineses bancavam o dinheiro para manter o sistema … até há dias .

    agora uns IDIOTAS que pouco percebem destas coisas , mas acham que são o supra sumo da batata vêm com a historieta da falta de regulação para agitar uns fastasmas mal resolvidos de 89 … tá-se a ver o que ( com má fé ) alguns pretendem deter … o poder de manipular o mercado , favorecendo carteis e prejudicando outros grupos

    ora … crise é … mas sim de medos e mentiras

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  3. Pizarro's avatar
    Pizarro permalink
    29 Outubro, 2008 23:15

    Já tinha posto isto num post abaixo, mas ponho aqui outra vez. É um comentário de Luís Campos e Cunha ao texto em questão:

    “# L. Campos e Cunhaa 29 Out 2008 as 15:46
    Estou globalmente de acordo com Egas Salgueiro. A ideia de que se ressuscitou Keynes é de quem pouco sabe de macroeconomia, pois Keynes nunca morreu, foi melhorado. Tal como ninguém esqueceu Einstein, apenas se construiu mais ciência sobre o que ele produziu.
    Quanto a mais regulação fico igualmente preocupado: primeiro, ainda nem sabemos tudo o que passou ou vai passar; segundo, quase ninguém tem estudado porque é que as coisas correram mal. Fazer a prescrição sem ver as análises pode ser a morte do paciente.
    Já agora, há dias um colega de finanças ensinou-me que os CDO (Collateralized Debt Obligations), que tiveram um papel importante no desenvolvimento da crise, tinham um prospecto de 750 mil páginas ! Ou seja, talvez mais regulação não seja o necessário, talvez melhor e mais abragente fosse melhor ideia. A ver vamos.”

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  4. Desconhecida's avatar
    29 Outubro, 2008 23:20

    “auditores ( o vulgo contabilista ) que VALIDARAM papeis que não valiam NADA … e as administrações pagavam estas folhas de balanço MANIPULADAS para manter as bolsas sossegadas… e toda a gente caminhava alegremente para o abismo , mas os chineses bancavam o dinheiro para manter o sistema … até há dias “.

    Meu Caro,

    Se me permite, vou escrevendo por aí, algo parecido com isso.

    Banqueiros, Auditores, Reguladores, Agências de rating, ROC?s e afins, jogam todos bridge e nos intervalos, vão dar umas tacads de golf!

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  5. Desconhecida's avatar
    honni soit qui mal y pense permalink
    29 Outubro, 2008 23:22

    Fannie Mae Eases Credit To Aid Mortgage Lending
    Sobre o credito hipotecário nos EUA , que rebentaram com isto tudo … e da confiança nos papeluchos ver esta noticia no NY Times , e que tem a ver com o tal loiro catita dos fellatios na sala oval

    By STEVEN A. HOLMES

    Published: September 30, 1999

    In a move that could help increase home ownership rates among minorities and low-income consumers, the Fannie Mae Corporation is easing the credit requirements on loans that it will purchase from banks and other lenders.

    The action, which will begin as a pilot program involving 24 banks in 15 markets — including the New York metropolitan region — will encourage those banks to extend home mortgages to individuals whose credit is generally not good enough to qualify for conventional loans. Fannie Mae officials say they hope to make it a nationwide program by next spring.

    Fannie Mae, the nation’s biggest underwriter of home mortgages, has been under increasing pressure from the Clinton Administration to expand mortgage loans among low and moderate income people and felt pressure from stock holders to maintain its phenomenal growth in profits.

    In addition, banks, thrift institutions and mortgage companies have been pressing Fannie Mae to help them make more loans to so-called subprime borrowers. These borrowers whose incomes, credit ratings and savings are not good enough to qualify for conventional loans, can only get loans from finance companies that charge much higher interest rates — anywhere from three to four percentage points higher than conventional loans.

    ”Fannie Mae has expanded home ownership for millions of families in the 1990’s by reducing down payment requirements,” said Franklin D. Raines, Fannie Mae’s chairman and chief executive officer. ”Yet there remain too many borrowers whose credit is just a notch below what our underwriting has required who have been relegated to paying significantly higher mortgage rates in the so-called subprime market.”

    Demographic information on these borrowers is sketchy. But at least one study indicates that 18 percent of the loans in the subprime market went to black borrowers, compared to 5 per cent of loans in the conventional loan market.

    In moving, even tentatively, into this new area of lending, Fannie Mae is taking on significantly more risk, which may not pose any difficulties during flush economic times. But the government-subsidized corporation may run into trouble in an economic downturn, prompting a government rescue similar to that of the savings and loan industry in the 1980’s.

    ”From the perspective of many people, including me, this is another thrift industry growing up around us,” said Peter Wallison a resident fellow at the American Enterprise Institute. ”If they fail, the government will have to step up and bail them out the way it stepped up and bailed out the thrift industry.”

    Under Fannie Mae’s pilot program, consumers who qualify can secure a mortgage with an interest rate one percentage point above that of a conventional, 30-year fixed rate mortgage of less than $240,000 — a rate that currently averages about 7.76 per cent. If the borrower makes his or her monthly payments on time for two years, the one percentage point premium is dropped.

    Fannie Mae, the nation’s biggest underwriter of home mortgages, does not lend money directly to consumers. Instead, it purchases loans that banks make on what is called the secondary market. By expanding the type of loans that it will buy, Fannie Mae is hoping to spur banks to make more loans to people with less-than-stellar credit ratings.

    Fannie Mae officials stress that the new mortgages will be extended to all potential borrowers who can qualify for a mortgage. But they add that the move is intended in part to increase the number of minority and low income home owners who tend to have worse credit ratings than non-Hispanic whites.

    Home ownership has, in fact, exploded among minorities during the economic boom of the 1990’s. The number of mortgages extended to Hispanic applicants jumped by 87.2 per cent from 1993 to 1998, according to Harvard University’s Joint Center for Housing Studies. During that same period the number of African Americans who got mortgages to buy a home increased by 71.9 per cent and the number of Asian Americans by 46.3 per cent.

    In contrast, the number of non-Hispanic whites who received loans for homes increased by 31.2 per cent.

    Despite these gains, home ownership rates for minorities continue to lag behind non-Hispanic whites, in part because blacks and Hispanics in particular tend to have on average worse credit ratings.

    In July, the Department of Housing and Urban Development proposed that by the year 2001, 50 percent of Fannie Mae’s and Freddie Mac’s portfolio be made up of loans to low and moderate-income borrowers. Last year, 44 percent of the loans Fannie Mae purchased were from these groups.

    The change in policy also comes at the same time that HUD is investigating allegations of racial discrimination in the automated underwriting systems used by Fannie Mae and Freddie Mac to determine the credit-worthiness of credit applicants.

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  6. Desconhecida's avatar
    honni soit qui mal y pense permalink
    29 Outubro, 2008 23:27

    sim , sim , o génio do Arkansas , não o bronco do Texas

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  7. cão-tribuinte's avatar
    cão-tribuinte permalink
    29 Outubro, 2008 23:52

    os saloios continuam a querer mostrar que falam línguas de países civilizados
    gostava de ver as traduções em português para avaliar da sua qualidade

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  8. Desconhecida's avatar
    honni soit qui mal y pense permalink
    30 Outubro, 2008 00:01

    Passando a publicidade, a Cambridge school ou outra qualquer escola de linguas pode fornecer os meios de apreender as linguas civilizadas.
    Quanto ao português … outra lingua civilizada , para ser apreendida poderá ingressar … pelos vistos numa escola privada , ou ir para Coimbra para a escola em 17 lugar , enquanto a professora de inglês não se chatear de vez com as fichas do Sistema de Avaliação e zarpar para a reforma ….
    Duvido no entanto que possa sair do estabelecimento criminal onde cumpre pena por lenocinio , mas sempre pode pedir para frequentar a escola na prisão , certamente as Novas Oportunidades lhe certificam o diploma de Inglês Técnico .

    Quando passar pela região saloia traga mais um melão , porque já deve estar com um a esta hora e no preciso momento em que acabar de ler esta frase.

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  9. jose manuel santos ferreira's avatar
    jose manuel santos ferreira permalink
    30 Outubro, 2008 00:15

    A propósito
    Ainda ontem solicitei o livro de reclamações do meu banco
    Exarei, exaltadamente, as minhas reclamações
    Vendas short
    Contrato de swaps
    Compras de Ot’s
    Tudo isto foi feito com grandes atrasos e, portanto, perdas
    E perguntei: E agora ???
    Responderam-me que era a bolha
    A bolha ????
    Então ninguém me informou da bolha ???? Pelo menos teria ido ao dermatologista
    Valha-me deus

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  10. Pedro Sá's avatar
    30 Outubro, 2008 01:18

    Para o CAA:

    Pena que tenha fechado os comentários. Porque foi tudo falar de homossexuais quando o Carlos estava a falar de algo bem mais relevante. Que cabe apenas a cada um decidir da sua vida privada, e que ninguém tem o direito de querer condicionar a vida privada dos outros.

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  11. DESINTOX PI04-XCS 2's avatar
    DESINTOX PI04-XCS 2 permalink
    30 Outubro, 2008 01:38

    Mais uma bela peça de intox que nem deveria merecer comentário. Quem se pretende enganar quando se diz

    “se era tão óbvio que caminhávamos para o desastre, se a crise e a correcção bolsista eram tão inevitáveis, porque é que os que assim pensavam não ficaram todos ricos à custa da crise? ”

    Não só era óbvio como era largamente manipulado e estea a ser sobejamente aproveitado.

    Cumprimentos e juízo

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  12. Desconhecida's avatar
  13. Trinta e três's avatar
    30 Outubro, 2008 07:41

    “afinal regulação sempre houve , não havia era coragem para dizer a verdade aos cidadãos quanto ao seu desenfreado padrão de consumo acima do que produziam , e … ai sim … falsidade e manipulação das contas das instituições de credito por parte dos auditores ( o vulgo contabilista ) que VALIDARAM papeis que não valiam NADA … e as administrações pagavam estas folhas de balanço MANIPULADAS para manter as bolsas sossegadas… e toda a gente caminhava alegremente para o abismo(…)”.

    Ou seja, não houve regulação.

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  14. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    30 Outubro, 2008 08:05

    “Mas não o fizeram.Porquê?”

    Porque há pessoas que trabalham e não ficam todo o dia a seguir a bolsa se sobe ou desce e não podem arriscar perder dinheiro pois um dia alguém se podia lembrar de limpar stops.
    Há pessoas que trabalham e não possuem dinheiro para investir.
    Enfim a sedes sabe que há pessoas que possuem opinião e são pobres.

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  15. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    30 Outubro, 2008 08:22

    Um exemplo: os tramados da VW. Os desgraçados são tantos que até parece que vão ser salvos pelo estado.

    http://www.jornaldenegocios.pt/index.php?template=SHOWNEWS&id=338464

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  16. joão viegas's avatar
    joão viegas permalink
    30 Outubro, 2008 09:05

    Isto é incrivel :

    “O desequilíbrio fundamental que levou a esta crise, o excesso de consumo nos EUA, foi alimentado anos a fio pelos políticos norte-americanos. Nenhum se atreveu a defender que os seus eleitores deviam consumir menos e poupar mais. Nenhum defendeu maiores impostos sobre o consumo (nem mesmo sobre os combustíveis). É a estes políticos que queremos confiar a regulação dos mercados?”

    Eu diria mais ainda : o desequilibrio foi também alimentado pelos responsaveis das empresas, entre os quais nenhum se atreveu a defender que os seus clientes estavam a sobrevalorizar as acções que emitem e que o preço desta não tinha mais nada a ver com a realidade economica que esta por tras.

    Noutros termos : não são so os politicos que estão no poder que são intrinsecamente maus e beras (mesmo quando são ultra-liberais), é também O POLITICO QUE JAZ NO FUNDO DE CADA AGENTE ECONOMICO…

    O João Miranda não vê que a concepção que ele tem do mercado é o espelho exacto da concepção que os comunistas têm do ideal socialista : não pode estar errado…

    Quanto ao fundo, se a pergunta consiste em saber se o mercado deve ser regulado em função de imperativos politicos (ou seja se o mercado deve ser regulamentado) a resposta so pode ser afirmativa (e de resto sempre foi afirmativa, senão ninguém teria prendido a Dona Branca). O contrario implicaria aceitar que o mercado é um fim em si, cujas regras devem ser preservadas na sua pureza pelo simples facto de serem o que ha de superior no mundo. Quem subscreve a essa tese ja não é economista, ou pelo menos ja não esta a raciocinar em termos economicos…

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  17. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    30 Outubro, 2008 09:22

    ««entre os quais nenhum se atreveu a defender que os seus clientes estavam a sobrevalorizar as acções que emitem e que o preço desta não tinha mais nada a ver com a realidade economica que esta por tras.»»

    A responsabilidade pela compra de acções é de quem as vende? Parece-me que não. A compra de acções é um acto voluntário para o qual existe um risco. Compra quem quer e ninguém se pode queixar que não sabia que havia risco.

    ««Noutros termos : não são so os politicos que estão no poder que são intrinsecamente maus e beras (mesmo quando são ultra-liberais), é também O POLITICO QUE JAZ NO FUNDO DE CADA AGENTE ECONOMICO…»»

    A diferença é que os políticos têm poder público e responsabilidades públicas. Tentar desculpar as responsabilidade de quem tem poder público e responsabilidades pública com as supostas responsabilidades de quem é um agente privado sem poder público e não se candidatou a nada só mostra as debilidades do sistema público.

    ««(e de resto sempre foi afirmativa, senão ninguém teria prendido a Dona Branca)»»

    Outra vez com a treta do exemplo da Dona Branca? A Dona Branca falhou os compromissos com os seus clientes. Como é evidente é responsável por isso e deve ser julgada pelos tribunais por isso. Comparar uma fraude envolvendo depósitos bancários com a compra de títulos com risco não faz sentido nenhum.

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  18. joão viegas's avatar
    joão viegas permalink
    30 Outubro, 2008 09:34

    João Miranda, você simplesmente não quer perceber que quando aponta para “a responsabilidade de quem tem poder publico” esta a admitir que ha um problema de regulamentação.

    Não digo que o problema seja simples, nem que as interferências das regras do mercado com regras de outra natureza não devam ser ponderadas. Nesse ponto, concordo com o que disse um comentador mais acima. Começar uma guerra de religião é a ultima coisa de que precisamos. Ha primeiro que procurar compreender o que correu mal e porquê.

    Agora o que não compro é a sua teoria que a regulamentação é um mal em si, porque o mercado é um bem em si. Isto é simplesmente uma inconsequência e não penso que exista um unico economista sério que defenda esse ponto de vista…

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  19. Desconhecida's avatar
    JoaoMiranda permalink
    30 Outubro, 2008 09:44

    ««João Miranda, você simplesmente não quer perceber que quando aponta para “a responsabilidade de quem tem poder publico” esta a admitir que ha um problema de regulamentação.»»

    Estou a admitir que os políticos são incompetentes e corruptos por natureza. Isto, admito que a regulação está condenada ao fracasso porque será feita por políticos corruptos e incompetentes.

    ««Agora o que não compro é a sua teoria que a regulamentação é um mal em si, porque o mercado é um bem em si.»»

    Não percebo porque é que me atribui ideias que eu não defendi. Eu limito-me a defender que, qualquer defeito que se atribua ao mercado não pode ser corrigido por mais regulação porque os defeitos do processo político são maiores. Quem defende a regulação nunca analisa este argumento. Limita-se a constatar que o mercado tem defeitos mas nunca explica como é que esses defeitos podem ser corrigidos por um processo político que tem defeitos ainda maiores.

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  20. Zé's avatar
    permalink
    30 Outubro, 2008 09:58

    “Estou a admitir que os políticos são incompetentes e corruptos por natureza. Isto, admito que a regulação está condenada ao fracasso porque será feita por políticos corruptos e incompetentes.”

    Parabéns! Acabou de descobrir a pólvora.
    Ficamos muito melhor como estamos, em que os gestores, se cometem erros com consequências terríveis que ultrapassam a esfera da empresa privada, são desculpabilizados. Mas os erros dos políticos não.

    Pelo menos os políticos podem ser mudados de 4 em 4 anos e o PR pode dissolver a assembleia se o caso for grave.

    Quem olhou para os gestores quando estes lucravam milhões na venda de créditos sem qualquer garantia? Será que isso também não pode ser considerado uma fraude? Não sabiam de antemão que os “clientes” não poderiam pagar a dívida?

    Ou será que foi isso que o Bill Clinton (a culpa é sempre do outro) ordenou: emprestem a quem não pode pagar…

    Enfim… os outros também dizem que o comunismo é perfeito e não está morto…

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  21. Pedro Fontela's avatar
    30 Outubro, 2008 11:07

    “Ficamos muito melhor como estamos, em que os gestores, se cometem erros com consequências terríveis que ultrapassam a esfera da empresa privada, são desculpabilizados. Mas os erros dos políticos não.”

    Acertou em cheio no alvo Zé! Aqui muito se fala dos abusos do estado (e existem não vale a pena ser autista e não o admitir) mas pouco sobre as implicações sociais e políticas da actividade esconómica e os seus agentes.

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  22. Rute Marlene's avatar
    Rute Marlene permalink
    30 Outubro, 2008 11:15

    O problema destas discussões é que acabam sempre por se desviar do essencial. Tentar justificar, ou desculpar a crise pelo facto de supostamente ninguém a ter previsto, é errado. Por duas razões.
    Primeiro porque de facto ela era expectavel por alguns. Claro que para o investidor comum era impossível saber ao certo o alcance de muitos dos produtos tóxicos que estão na origem da crise. E daí as quebras verificadas.
    E segundo porque o facto de ninguém prever a crise não invalida que não se aprenda com os erros, e mais, que os erros não tenham existido realmente. E um dos factores que mais contribuiram para a extensão e gravidade da crise, foi a não regulação de derivados ao longo da ultima decada, justificada por uma ideologia absoluta de que o mercado se regularia a si próprio.
    Não regulou. Ponto final.
    Insistir na ideia absurda que nada poderia ter sido feito para evitar a crise, e generalizar para uma pseudo-teoria de limitação da acção do regulador por condicionantes imprevisiveis”, é para alem de pouco cientifico, puro nonsense !

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  23. Miguel's avatar
    Miguel permalink
    30 Outubro, 2008 11:18

    Uma pequena questão. Os politicos são corruptos? Podem ser. Mas normalmente “it takes two to tango”.
    Se assim for… quem dança com eles?

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  24. Desconhecida's avatar
    JoaoMiranda permalink
    30 Outubro, 2008 11:33

    ««Ficamos muito melhor como estamos, em que os gestores, se cometem erros com consequências terríveis que ultrapassam a esfera da empresa privada, são desculpabilizados. »»

    São desculpabilizados pelos políticos. Mas a questão é de culpa. Se um empresário cometeu um erro, a punição não é moral. A punição é o prejuízo e a falência. Acontece que aqueles que tanto culpabilizam os empresários e o mercado são os primeiros a subsidiá-los.

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  25. Desconhecida's avatar
    JoaoMiranda permalink
    30 Outubro, 2008 11:34

    ««Uma pequena questão. Os politicos são corruptos? Podem ser. Mas normalmente “it takes two to tango”.»»

    Mas quem é que tem responsabilidades públicas? Não são os políticos? Não são os políticos que dizem que a economia é melhor regulada por políticos do que pelos mecanismos de mercado?

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  26. Desconhecida's avatar
    JoaoMiranda permalink
    30 Outubro, 2008 11:39

    ««Quem olhou para os gestores quando estes lucravam milhões na venda de créditos sem qualquer garantia?»»

    Os tais políticos que dizem que tudo podem regular é que têm essa obrigação. Viu alguma medida séria de regulação tomada pelos políticos que agora pedem mais regulação?

    «« Será que isso também não pode ser considerado uma fraude?»»

    Os lesados devem queixar-se aos tribunais. Mas não me parece que os lesados tenham razão. Comprar e vender títulos na bolsa é uma actividade de risco.

    «« Não sabiam de antemão que os “clientes” não poderiam pagar a dívida?»»

    Se sabiam ou não é irrelevante. A dívidas foram titularizadas para que os bancos pudessem vender risco. Toda a gente sabe que essa é a função da titularização. O comprador é que tem a obrigação de avaliar o risco.

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  27. Zé's avatar
    permalink
    30 Outubro, 2008 11:44

    “O comprador é que tem a obrigação de avaliar o risco.”

    Normalmente esse argumento é muito utilizado pelos réus em casos de fraude.

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  28. Miguel's avatar
    Miguel permalink
    30 Outubro, 2008 12:03

    Mas na questão da corrupção o que interessa a responsabilidade publica? Estamos a falar de um crime. E tanto o politico como o agente privado são responsaveis, a coisa só funciona com os dois.

    Lei da oferta e da procura 🙂

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  29. Desconhecida's avatar
    zig zag permalink
    30 Outubro, 2008 12:19

    o João Miranda vai abandonar a situação profissional e metendo o dinheiro onde tem a boca vai viver de short selling…

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  30. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    30 Outubro, 2008 12:28

    Mais um blogue…este para relativizar o falhanço do modelo neoliberal, sugerindo como remédio o aperto do cinto.

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  31. JoaoMiranda's avatar
    JoaoMiranda permalink*
    30 Outubro, 2008 14:20

    ««Normalmente esse argumento é muito utilizado pelos réus em casos de fraude.»»

    É também um argumento muito usado por quem não é capaz de assumir responsabilidade pelas suas decisões.

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  32. NunoA's avatar
    NunoA permalink
    30 Outubro, 2008 17:18

    As pessoas tomam mtas decisões sem conhecimentos qb para as tomar, mal aconselhadas por vendedores fdp, às vezes em situação de desespero, etc! Portanto o comprador tem a obrigação de avaliar o risco é uma das premissas que nos trouxe à situação actual!

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  33. zé's avatar
    permalink
    30 Outubro, 2008 17:21

    “É também um argumento muito usado por quem não é capaz de assumir responsabilidade pelas suas decisões.”

    Está errado. Quem não é capaz de assumir responsabilidades pelas suas decisões vai de chapéu na mão pedinchar um milhão ou dois dos contribuintes.

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  34. Egas Salgueiro's avatar
    Egas Salgueiro permalink
    30 Outubro, 2008 19:27

    Vamos por partes:
    1 – Os mercados não são perfeitos, nem sempre racionais, nem têm informação perfeita. O Estado pode e deve intervir para regular, evitar excessos, redistribuir riqueza. O Estado é, necessariamente, o garante do funcionamento equilibrado, da legalidade, do valor da Moeda.
    2 – É claro que é necessário melhor regulação, em particular dos instrumentos financeiros “derivados”, que se desenvolveram explosivamente nos últimos 10 anos, e praticamente sem regulação.
    3 – Seria também desejável regular melhor a exposição ao risco por parte dos bancos, e diminuir a possibilidade de fugir à regulação através da “securitização” de créditos e da criação de “veículos especiais de investimento”, instrumentos que serviram para retirar riscos dos balanços, riscos que voltaram “a galope” quando a crise rebentou.
    4 – Penso é que a melhoria da regulação deve ser feita com ponderação, ouvindo todos os intervenientes e interessados, e incluindo a maioria dos Estados e mercados mundiais. A conferência do G20 engendrada por Sarkozy é uma manobra de propaganda política, que pode ser positiva se servir para acalmar os mercados, mas que não pode pretender “refundar o sistema financeiro mundial”, nem garantir que “crises destas não se repetirão”.
    5 – Não tenhamos ilusões; o reforço da regulação do sistema financeiro é extremamente difícil. A capacidade dos intermediários financeiros para fugir à regulação é directamente proporcional à necessidade de rentabilizar os activos sob gestão. Uma regulação eficaz exige o envolvimento de todos os principais centros financeiros. Basta reparar na incapacidade (ou falta de vontade) para controlar as praças offshore e o movimento de dinheiro sujo para ter uma ideia das dificuldades envolvidas.
    6 – Crises graves irão acontecer periodicamente. Por muito bem intencionados que sejam os agentes e os reguladores (e acredito que o tenham sido), novos riscos surgirão, novos erros de avaliação serão feitos, uma nova geração irá esquecer esta crise e assumir riscos que não deveria assumir.
    7 – Apesar das crises, o sistema tem funcionado com notável eficácia, o crescimento dos países que integraram o mercado mundial tem sido enorme, em particular dos que há 30 anos eram menos desenvolvidos.

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  35. Desconhecida's avatar
    1 Novembro, 2008 10:28

    o mercado livre neo-liberal é um embuste: a informação nesse mercado será sempre assimétrica, as grandes empresas dominam o acesso e a emissão da informação, as PME estarão sempre em desvantagem concorrencial e resultaria numa economia de monopolios/oligopolios que é contrária a alguns fundamentos do mercado livre neo-liberal.

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