A Economia Pimba
Há jornalistas e comentadores que, tendo formação noutras áreas, de tempos a tempos, se aventuram a escrever ou a falar de temas económicos. Os exemplos são muitos e todos divertidos. Lembro-me de um sociólogo a explicar que o aumento do preço dos livros faria vender mais livros, dum debate em que uma artista “ensinava” a um professor os méritos da economia planificada, das divertidas incursões de Mário Soares pelo tema e de inúmeros artigos publicados na imprensa cujo conteúdo só pode ser classificado como ‘economia pimba’ – pouco conteúdo, superficiais, mas vendem bem. Hoje, encontra-se no Público um excelente exemplo desta ‘economia pimba’. Atente-se nesta explicação de São José Almeida:
“… por outro lado, as críticas que a Standard & Poor’s fez à actuação do governo português são claramente orientadas por princípios de organização de sociedade e de economia assentes em pressupostos orientados pelas teses neo-liberais que predominam na economia mundial e em particular na União Europeia.” – A S&P apenas avalia a capacidade do estado fazer face ao seu serviço de dívida e o risco associado aos empréstimos a cada país, mas para SJA, uma entidade que faz esta avaliação está assente em pressupostos neo-liberais. A matemática sempre foi inimiga do povo. E a Europa, com os seus estados gigânticos que absorvem metade da riqueza produzida pelos seus cidadãos e empresas, é orientada por teses neo-liberais. O que seria que não fosse… Continua a São:
“Será que a diminuição de despesa pública tinha de passar pela redução drástica do número de funcionários públicos, que se reformaram nos últimos 4 anos sem serem substituídos? Por que razão é que o caminho para o chamado “crescimento económico” e para o sucesso económico do país tem que passar pela diminuição das estruturas estatais de apoio aos cidadãos?“ – Já nem dá para estranhar que ainda haja quem acredite que nos últimos 4 anos houve uma diminuição de despesa pública em Portugal. São efeitos da propaganda e da terrível facilidade com que o governo passa a mensagem de que pôs as contas em dia. Uma imprensa dócil que papagueia como verdadeiras tudo o que sai das centrais de informação, dá nisto.
Pergunta a São, depois:
“Já agora, por que razão é que o apoio estatal e o produto dos impostos que são pagos pelos cidadãos não podem servir para a prestação de serviços a esses mesmos cidadãos e são usados antes para subsidiar e beneficiar empresas? Será que a lógica tem de ser a de que o que manda é o mercado e o lucro, em vez de serem as pessoas e o seu bem-estar a razão primeira da organização e funcionamento da economia?” – Para lá da confusão filosófica sobre o funcionamento da economia, valerá a pena explicar-lhe que subsídios a empresas e mercado, na mesma frase, não jogam? Se há subsídios, quem manda é o governo, não é o mercado. Os cidadãos apenas pagam e não bufam.
E depois: “E por que razão é que o primado do bem-estar e da redistribuição da riqueza pelos que mais precisam, que pautou a vida da Europa durante décadas, é considerado hoje uma receita sem mérito? Será que o recente estoiro do capitalismo financeiro não pode servir de lição?” Mas quem é que ela imagina que pagou o ‘primado do bem-estar e da redistribuição de riqueza” durante décadas e ainda hoje e sempre? De onde é que a São pensa que vem a riqueza que é redistribuída? Cai do céu? A São quer retirar uma lição da actual crise? Recomendo-lhe uma história infantil: A Galinha dos Ovos de Ouro.

A São José Almeida é uma incógnita adepta do Bloco de Esquerda e portanto tudo o que escreve deve ser lido tendo em conta isso.
É uma Diana Andringa secreta.
GostarGostar
E blogs? Esses possuem formação em todas as areas.
GostarGostar
O meu preferido é o Miguel Gaspar. Ex.aequo com o cretino Ricardo Costa.
Estes indivíduos não se enxergam, pura e simplesmente.
GostarGostar
Muito próximo, anda um tal Pedro Marques Lopes ou assim que nem sei bem o nome. Fala sobre futebol e política, do mesmo modo.
GostarGostar
Vídeo prova pagamento de ‘luvas’ a ministro português no Caso Freeport
Por Felícia Cabrita
Uma gravação vídeo da conversa entre um administrador inglês da sociedade proprietária do Freeport e um sócio da consultora Smith & Pedro refere o pagamento de luvas a um ministro português. É um novo episódio do caso iniciado na semana passada
http://sol.sapo.pt/PaginaInicial/Sociedade/Interior.aspx?content_id=123188
GostarGostar
Fazer gravações video a dizer que deram luvas a este e aquele deve ser giro… lol
O video prova mesmo o que?
Esta porcaria tem é de ser investigada e provada a verdade. Mais uma vez parece que querem fazer julgamentos nos jornais e depois nada de nada. A justiça é mesmo um atraso de vida. Anos e anos e anos e nada!!
GostarGostar
Ajustiça investiga pilha galinhas e se já esqueceram o caso do anterior PGR…
Quanto a jornalistas estes já sabem:quem está com o poder come.Quem não está cheira…
GostarGostar
A senhora está mesmo a pensar que a Europa e especialmente Portugal, vivem hoje sob a batuta do neo-liberalismo. Valha-me Deus! E nós a termos que financiar instituições financeiras falidas, pequenas e médias empresas a viver a balões de soro e a “validar” a sobrevivência de uma classe de cidadãos que não puderam ou não quiseram assegurar o seu futuro em devido tempo.
Agora:
«Já nem dá para estranhar que ainda haja quem acredite que nos últimos 4 anos houve uma diminuição de despesa pública em Portugal»
É possível que não tenha havido diminuição da despesa pública, sobretudo se tivermos em conta o aumento a pique das prestações sociais, por força do tal Estado (neo-liberal) a que a senhora se refere.
Agora, que existiu uma reforma ao nível da optimização do quadro de pessoal da administração pública, lá isso existiu, e questionar o óbvio é fazer demagogia.
GostarGostar
“Ajustiça investiga pilha galinhas e se já esqueceram o caso do anterior PGR…”
O anterior PGR, Souto Moura, foi o maior, o mais isento, o mais competente, o mais imparcial procurador geral que a democracia portuguesa já teve.
Aceito debate para comprovar isso mesmo. Escolham as armas.
GostarGostar
Obrigado pelo post, porque leitor ainda que irregular do Público, passo sempre a página de Sua Santidade sem ler o conteúdo perdendo pérolas como as que o jcd assinala.
O facto desta senhora continuar a assinar artigos de opinião num jornal que se toma por sério, só abona em favor do Público e da liberdade de expressão. Sugiro no entanto à Direcção do mesmo jornal, que de certeza lê este blog, que os seus artigos passem a sair à quinta feira integrados no Inimigo Público onde têm mais cabimento.
GostarGostar
mas o que é que o jcd sabe de economia, que lhe dê qualquer autoridade, moral ou outra, para criticar este texto?
GostarGostar
O mais estranho nisto tudo é ninguém escrever neoliberal correctamente. Antes da Economia, as regras básicas da Gramática. Por favor.
GostarGostar
Essa sãozinha não é jornalista? Então porque vos incomodais? Jornalista é jornalista, não dá mais.
GostarGostar
“E por que razão é que o primado do bem-estar e da redistribuição da riqueza pelos que mais precisam, que pautou a vida da Europa durante décadas, é considerado hoje uma receita sem mérito? Será que o recente estoiro do capitalismo financeiro não pode servir de lição?”
A Dama ainda não percebeu que o “Estoiro do Capitalismo Financeiro” está de Mãos dadas com o ” Estoiro do Primado do bem Estar” ou Socialismo Democratico, aliás esta última bolha é bem maior. O “Primado do Bem Estar” é uma verdadeira bolha especulativa onde quem ganha são os burocratas e políticos Estatistas e as clientelas ás custas das próximas gerações sem falar de quem produz no presente. É nada mais nada menos que um roubo geracional.
Como exemplo:
A Republica “Popular” da Califórnia já está a atrasar o reembolso de impostos porque o estado não tem dinheiro.
Não admira num sítio onde os Funcionários Publicos se reformam com 90% do ordenado aos 50 anos.
Para se perceber como a Social Democracia está dependente de um alto crescimento nos mercados financeiros e da economia:
…”Chiang says his office must continue education and debt payments but will defer money for tax refunds, student aid, social services and mental health programs.
A severe drop in revenue has left the state’s main bank account depleted. The state had been relying on borrowing from special funds and Wall Street investors; those options are no longer available.”…
http://apnews.myway.com/article/20090116/D95OF36O0.html
Sem o crescimento proporcionado pelo capitalismo financeiro e não financeiro adeus Estado Social ou do “Bem Estar”. Não resta muito para redestribuir.
Por isso é que agora em pânico os Políticos Sociais com Obama á cabeça querem um corte de impostos algo que recusaram não há 1 ano atrás.
GostarGostar
“Por que razão é que o caminho para o chamado “crescimento económico”….do país tem que passar pela diminuição das estruturas estatais de apoio aos cidadãos?“
Há quem se recuse a aceitar a realidade. Entenda-se por “estruturas estatais de apoio aos cidadão” o empreguismo eleitoreiro e as centenas de incompetentes que vagueiam pelas repartições públicas a tomar café e a tratar mal os utentes, como estivessem a fazer um favor por estar ali.
GostarGostar
é verdade, não só os jornalistas, mas quase toda a gente fala sobre economia, sem ter formação nessa área. mas também, veja lá que existindo tantos com tanta e boa formação nessa área, a economia mundial está como está, e não derem por sinal da crise até ela nos cair em cima.
portanto a credibilidade é a mesma. com tantos comentadores de economia em tudo o que é meio de comunicação, acabamos nisto.
mas não é só na área da economia que isso acontece. qualquer comentador que se preze, tudo há-de comentar. veja-se o caso da avaliação dos profesores. conhece algum que não tenha dado opinião?não me diga que não escreveu sobre o assunto?
GostarGostar
16 # CC
“é verdade, não só os jornalistas, mas quase toda a gente fala sobre economia, sem ter formação nessa área.”
É como em relação à educação: toda a gente dá palpites. Sem nunca lá terem estado.
O problema dos palpites dessa jornalista, é a matemática. A matemática em economia é fatal.
Quando diz: “Será que a diminuição de despesa pública tinha de passar pela redução drástica do número de funcionários públicos, que se reformaram nos últimos 4 anos sem serem substituídos?”
Cá a está a matemática a puxar as coisas à razão. Com uma política de redução do número de funcionários, como pano de fundo e que é alias aceite pela generalidade dos partidos, substituir um reformado por outro funcionário implicaria duas coisas: não reduzir o número dos funcionários e não reduzir a despesa, porque passaria a ter mais um reformado, sem ter reduzido o numero de funcionários. Eu sei que por cada refomado que entra, deve haver um x que morre, mas se se quer diminuir o numero global, há que parar as admissões.
“E por que razão é que o primado do bem-estar e da redistribuição da riqueza pelos que mais precisam”
Como é que se define quem é que mais precisa? E se os que mais precisam, o forem eternamente, oque se deve fazer? E se os que mais precisam, preferirem continuar a “ser os que mais precisam” e não quiserem agarrar as oportunidades de formação e de trabalhos que lhes oferecem. Nada disto é respondido.
GostarGostar
Dois pontos a propósito.
1- A ignorância da São (ou a minha) não são para aqui chamadas. A economia faz parte das nossas vidas. Faz parte da res publica e como tal deve ser discutida, seja por quem for. Este argumento é de uma idiotice a toda a prova: como de economia só percebem os economistas logo ninguém mais pode falar de economia. O pior é quando são os economistas a falharem todas as previsões. Que argumento é que se pode utilizar então? Desculpem lá isto não correu como prevíamos, mas não se preocupem, que a gente remenda já o problema, foram só umas contazitas mal feitas.
2- Que ela diz algumas idiotices diz. Mas não é por não ser economista. É por ser burra.
GostarGostar
“Por que razão é que o caminho para o chamado “crescimento económico”….do país tem que passar pela diminuição das estruturas estatais de apoio aos cidadãos?“
As “estruturas estatais de apoio aos cidadãos(EEAC)” gastam muito mais do que produzem. Logo os recursos têm de vir de quem produz mais do que gasta. Logo as EEAC gastando muito fazem diminuir o investimento e assim contribuiem para uma economia onde há menos especulação/inovação(toda a inovação começa por ser especulação).
GostarGostar
“Este argumento é de uma idiotice a toda a prova: como de economia só percebem os economistas logo ninguém mais pode falar de economia.”
Quem é que utilizou tal argumento?
GostarGostar
Um tipo chamado Jota CÊ DÊ.
O tipo poderia ter ido directo aos argumentos da São José, que não têm pés nem cabeça.
Mas dedicou todo um parágrafo introdutivo a enunciar as parvoíces que os leigos não iniciados por vezes proferem.
Faz-me lembrar os treinadores de futebol, que quando um dos papalvos que gostam de bola e que lhes paga o salário, comenta alguma opção táctica, a clássica resposta é de que o fulano não percebe nada de futebol.
GostarGostar
Esse tipo não usou tal argumento. Uma coisa é brincar com o que se diz, outra bem diferente é sugerir que “a” ou “b” não podem falar dum determinado assunto. Para um liberal, a asneira também deve ser livre.
GostarGostar
Peço desculpa de não perceber de Economia. Sei que é bom para todos nós o Sr. Vara ter sido promovido a título póstumo, perdão, após ter saído da CGD. Estou certo que foi pelo excelente trabalho de Economista que lá realizou, após a sua licenciatura pela Universidade (gaita esqueci-me do nome, mas é aquela que dá licenciaturas ao Domingo). Isso é que é ser Economista, que deverá querer dizer:” Espertalhaço que já não precisa de trabalhar, que de bem encostado que está há-de conseguir um ordenadito e uma reforma do caraças, á nossa custa que os pusemos lá em cima mas não temos meios legais para os correr de lá, a não ser ao fim de 4 anos. Felizmente temos agora o dinamismo, a argúcia cínica e a resposta rápida e contundente da Drª Manela que vai já parar o TGV e provavelmente voltar ao comboios a carvão, lenha e água. Isto sim, é que é Economia, que nem o Conde de Abranhos teria coragem de apostar.
GostarGostar
Não me parece substancialmente diferente do governador do banco de portugal, por exemplo. Isto de economia pimba não se cinge a gajas com falta de homem.
GostarGostar
enquanto aquilo que, pouco, se vai produzindo e fazendo por esta terra, servir para pagar remuerações milionárias de gestores de empresas publicas e privadas, reformas princepescas a dobrar e a triplicar a quem já encheu a mula, a ser desviado por muita gente do alto a baixo das hierarquias do estado e autarquias, mais as fraudes fiscais praticadas a torto e a direito por empresários e profissões liberais…
com tudo isto poderíamos ter um estado social e eficiente como a Suécia, por exemplo!
não há volta a dar-lhe, foge-vos sempre o pé para o chinelo e os comentários para o pimba!
GostarGostar
Um homem tinha uma galinha, que Juno bela por desenfado tinha fadado. Vivia ela dentro do côvo e punha um ovo de oiro luzente em cada dia, que valeria, seguramente, dobrão* e meio… Mas o patrão um dia, cheio de ambição, foi-se à galinha, degolou-a, examinou-a, porque supunha que em si continha rico tesoiro, visto que punha ovos de oiro. Mas nada achou e por avaro se despojou do rico amparo que nela tinha, Outra galinha jamais topou com tal condão; e assim pagou sua ambição.
* O dobrão é uma antiga moeda de 20 mil réis do tempo de D. João V que está hoje avaliada em cerca de 4 mil euros a peça. Veja-se, por exemplo aqui: http://www.forum-numismatica.com/viewtopic.php?f=4&t=23950
GostarGostar
#22
Está esclarecido.
Você não quis dizer o que disse e eu não percebi o sentido do que escreveu.
Não se fala mais nisso.
GostarGostar
As pessoas que produzem e pagam impostos se estivessem bem informadas, emigravam. Admitindo que tem um salário médio quantos meses trabalha durante um ano para o estado? O que obtém desse mesmo estado?
Por mero exercício intelectual poderíamos dividir o país em duas metades, numa ficariam os que defendem um forte papel social e de intervenção na sociedade (empresas) por parte do estado o que exige a manutenção da carga fiscal , na outra
os que prezam o empreendedorismo e as dinâmicas da sociedade civil. Seria interessante verificar qual a percentagem de funcionários públicos em cada um dos grupos.
GostarGostar
e-ko said
“(…) mais as fraudes fiscais praticadas a torto e a direito por empresários e profissões liberais… (…)”
Grandes malandros! Penhoras para todos os responsáveis, já!
http://dn.sapo.pt/2009/01/13/economia/empresas_publicas_devem_milhoes_irs_.html
“As razões apresentadas para o endividamento são essencialmente quatro. A mais importante são os “atrasos consideráveis na disponibilização das verbas por parte do Estado”. Ou seja, o principal responsável pela situação de incumprimento é, por assim dizer, o “patrão.”
Desculpas de maus pagadores…
Está-se mesmo a ver que foram comprar ferraris com os impostos do trabalhadores!…
Estes patrões incultos e etc., etc., (acrescentar algaraviada standard q.b.) …
Patrão pr’á cadeia, já!… 🙂
GostarGostar
“Há jornalistas e comentadores que, tendo formação noutras áreas, de tempos a tempos, se aventuram a escrever ou a falar de temas económicos. Os exemplos são muitos e todos divertidos.”
Na minha modestíssima opinião, os biotecnólogos são particularmente divertidos.
GostarGostar