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Dador de Esperma (m/f)

28 Fevereiro, 2009
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Em Portugal é proibido publicar um anúncio de emprego em que se diga que a escolha recairá sobre determinada faixa de idade ou género. Como as empresas só escolhem quem querem, esta é daquelas proibições absolutamente ridículas. Uma empresa que pretenda, por exemplo, um auditor júnior, deve poder escrever no anúncio que pretende alguém com menos de 30 anos. Doutro modo, terá dezenas de candidatos a concorrer cujas respostas nem sequer serão consideradas. Escrever a verdade só tem vantagens, a principal das quais é evitar falsas expectativas a quem nunca será escolhido. Mas o politicamente correcto impede-o, no corpo da lei. Muitas empresas ignoram esta proibição e publicam a verdade sobre os candidatos pretendidos, o que, segundo o socialista Fausto Leite, citado pelo Expresso, “é uma infracção muito grave feita reiteradamente à vista de todos”. Gravíssima. Bom deve ser mentir, para deixar as consciências tranquilas.

20 comentários leave one →
  1. Desconhecida's avatar
    Zenóbio permalink
    28 Fevereiro, 2009 19:02

    JCD,

    Você arranjou um belo problema à ILGA e restantes GLS. lol

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  2. MJRB's avatar
    28 Fevereiro, 2009 19:13

    Mr. JCD,

    Ora !, mentir, corroborar ou servir-se da mentira (o tal FLeite não a descura e muito menos a rejeita), já é normal neste país.
    E se vinda de quem detém o poder (qualquer grande poder), é revalorizada até entrar na cabecinha dos incautos e dos apparatchiks.

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  3. Luis Moreira's avatar
    Luis Moreira permalink
    28 Fevereiro, 2009 19:15

    É pá, desculpe lá, mas dizer a idade para quê? os boys e as girls têm idade quando são candidatos a emprego?

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  4. MJRB's avatar
    28 Fevereiro, 2009 19:43

    E as girls, se têm uma tatuagem ao fundo das costas e quando se agacham o garanhão/empregador a vê, têm futuro promissor…

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  5. Desconhecida's avatar
    Joao Branco permalink
    28 Fevereiro, 2009 19:49

    Que eu saiba, o caso do título é um daqueles em que é possível fazer a descriminação, porque é uma das poucas actividades que requer de facto diferenciação de sexo (suponho que se a prostituição fosse legalizada, anúncios para prostitutas/prostitutos poderiam descriminar o sexo).
    Por outro lado, não se impede pedir um auditor e indicar que desempenhará funções de iniciação à profissão, se à empresa interessar alguém para essas funções. A questão principal aqui, que o jcd não explicita, é se a proibição constitucional de discriminação se deve ou não aplicar. Aparentemente o jcd não concorda com essa proibição (e indica que as empresas vão de facto descriminar, mesmo que o façam de forma encoberta). Eu pessoalmente concordo com a proibição da descriminação, e acho que se for determinada a descriminação as empresas deverão ser punidas.

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  6. jcd's avatar
    28 Fevereiro, 2009 19:52

    “Eu pessoalmente concordo com a proibição da descriminação, e acho que se for determinada a descriminação as empresas deverão ser punidas.”

    Se a escolha de quem contrata é livre, o que é exactamente a discriminação?

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  7. C. Medina Ribeiro's avatar
    28 Fevereiro, 2009 20:28

    Ainda tenho guardados 2 recortes de anúncios:

    «Precisa-se de cozinheira (M/F)»

    «Precisa-se de rapaz (m/f) com moto»

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  8. Toovias's avatar
    Toovias permalink
    28 Fevereiro, 2009 20:53

    Jericos no poder,
    Espera-se o quê?

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  9. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    28 Fevereiro, 2009 21:32

    Olha!! falando de dadores de esperma. Li para aí num lado qualquer que um só dador tinha “dado” 55 filhos. Parece que vamos ter casos de meioincesto não tarda , ainda que não os topemos. Ou então convém deixar cair a cena do anonimato do dador. Ou “proibir” os bébés proveta de se casarem com outros bébés proveta.

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  10. Desconhecida's avatar
    Joao Branco permalink
    28 Fevereiro, 2009 22:54

    jcd escreveu:

    Se a escolha de quem contrata é livre, o que é exactamente a discriminação?

    A escolha de quem contrata num mercado de trabalho de uma sociedade ocidental não é livre: não pode fazer contractos que violem a lei, direitos, liberdades e garantias dos indivíduos… Para quem como eu acredita no conceito do “contrato social”, isso é uma contrapartida que a empresa tem de dar à sociedade em troca de ter um ambiente em que pode fazer negócios. Para quem (como por ex o J. Miranda e possivelmente o jcd) não acredita nesse conceito, é mais um exemplo de que as sociedades ocidentais “não são livres”.

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  11. jcd's avatar
    28 Fevereiro, 2009 23:21

    “A escolha de quem contrata num mercado de trabalho de uma sociedade ocidental não é livre: não pode fazer contractos que violem a lei, direitos, liberdades e garantias dos indivíduos…”

    É verdade, não é livre. Nem sempre é possível contratar livremente, de acordo com a vontade de ambas as partes, porque um legislador qualquer entendeu que a vontade de duas partes num contrato não é suficiente. Mas nada disso tem a ver com a opção de quem contrata. O empregador pode não ter toda a liberdade para contratar quem quer, nem de resolver um contrato desfuncional, mas tem sempre a liberdade de não contratar quem não quer. Daí o ridículo de não poder informar correctamente os candidatos dos critérios de escolha.

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  12. Desconhecida's avatar
    28 Fevereiro, 2009 23:25

    “Dador de Esperma (m/f)”

    Qual é o problema de o dador de esperma ser F?
    É obrigatório ser directamente do produtor ao consumidor?
    Porque é que um receptor (m/f) não há-de poder ser dador?
    Que que explique mais?

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  13. Desconhecida's avatar
    Impresário permalink
    28 Fevereiro, 2009 23:27

    Somos um(a) jovem e dinâmico(a) empresa do Norte e recrutamos colaboradoras de ambos os sexos para serviço que exige falta de pudor. Oferecemos óculos de visão nocturna.

    Local: Espinho, Portugal
    data: 27/28 de Fevereiro

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  14. Pi-Erre's avatar
    Pi-Erre permalink
    1 Março, 2009 11:33

    Só M ou F?! Então e os outros sexos? São excluídos? Isso não é discriminação?

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  15. fado alexandrino's avatar
    1 Março, 2009 12:24

    Porque é que um receptor (m/f) não há-de poder ser dador?
    Que que explique mais?

    O senhor deve ter visto este filme

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  16. Alfredo's avatar
    Alfredo permalink
    2 Março, 2009 23:22

    « porque um legislador qualquer entendeu que a vontade de duas partes num contrato não é suficiente.»

    O legislador poderá ter feito muito bem se, sem prejuízo das liberdades fundamentais, foi mandatado pelo povo para esse efeito. A liberdade contratual tem – e deve ter – limites. Não ser descriminado por motivos raciais, por exemplo, deve ser um deles.

    O Luís Aguiar Conraria explica muito bem a necessidade destas limitações: http://aguiarconraria.blogsome.com/2008/11/14/uma-lanca-na-america

    Cito parte:

    «Os professores Roland Fryer, Jacob Goeree e Charles Holt levaram a cabo um jogo que ilustra as causas e consequências de tais injustiças. Repartiram os alunos entre empregadores, trabalhadores verdes e trabalhadores roxos. Cada trabalhador começa cada round com um nível de educação zero e tem a opção de comprar, ou não, educação. Os custos dessa compra variam de trabalhador para trabalhador e de forma aleatória. De seguida, cada trabalhador faz rolar dois dados de seis faces. Com base nos dados, é-lhe atribuída uma classificação. Quem tiver adquirido educação tem 25% de hipóteses de ter nota alta, 50% de ter nota intermédia e 25% de ter nota baixa. Para quem não investiu, as probabilidades são de 3, 28 e 69%, respectivamente. Finalmente, o empregador decide se contrata o trabalhador ou não. No entanto, apenas observa duas variáveis: a cor do trabalhador e o resultado do teste. O empregador ganha dinheiro se contratar alguém com educação e perde se contratar alguém sem educação. O procedimento é repetido 20 vezes. A única constante ao longo dos 20 rounds é a cor de cada trabalhador.

    Numa dessas experiências, por mero acaso, os custos do investimento em educação foram maiores para os trabalhadores roxos nos três primeiros rounds. Esses custos acrescidos induziram estes trabalhadores a investir menos. A partir do quarto round, os empregadores deixaram de contratar trabalhadores roxos, enquanto os trabalhadores verdes eram quase sempre contratados. De nada servia aos roxos investirem em educação. Eram pura e simplesmente rejeitados. No fim do jogo, os ânimos estavam exaltados. Os roxos queixavam-se de discriminação. Os empregadores acusavam os trabalhadores roxos de serem de pouca confiança e de não investirem em educação. Um dos roxos retorquiu que deixou de gastar dinheiro a adquiri-la, porque raramente era contratado.

    Ou seja, num ambiente absolutamente controlado, em que verdes e roxos partiram em igualdade e em que no início de cada round todos voltavam a estar nas mesmas circunstâncias, rapidamente se criou uma sociedade segregacionista com trabalhadores verdes educados e a trabalhar e com trabalhadores roxos, sem instrução, revoltados e desempregados.

    Se isto acontece neste ambiente, imagine-se a realidade, com condições desiguais causadas por séculos de História de discriminação racial. É um ciclo vicioso da baixa instrução, baixos salários, elevado desemprego e alta criminalidade. »

    Ou seja: o mercado não corrige sozinho estas injustiças. O povo faz muito bem em, através do legislador, limitar a liberdade contratual para criar uma sociedade mais justa.

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  17. roídodefundo's avatar
    roídodefundo permalink
    3 Março, 2009 00:22

    Alfredo disse
    2 Março, 2009 às 11:22 pm

    “Ou seja: o mercado não corrige sozinho estas injustiças. O povo faz muito bem em, através do legislador, limitar a liberdade contratual para criar uma sociedade mais justa.”

    Concordo consigo quando diz que o mercado não corrige certas injustiças, e também sou apologista de algum intervencionismo, porêm prefiro medidas não proibicionistas.
    Indo ao encontro do seu exemplo, se em vez de obrigar os empregadores a admitir 30% de trabalhadores roxos, porque não facultar a estes eduçação gratuita, equiparando-os aos verdes?

    “A liberdade contratual tem – e deve ter – limites. Não ser descriminado por motivos raciais, por exemplo, deve ser um deles.”

    Em abstracto concordo, e na prática, em geral também, mas o diabo esconde-se nos pormenores.
    Vamos supor que o senhor era realizador de cinema, e ia realizar um filme sobre a captura de Gungunhana em chaimite, para tal necessitava de contratar uma centena de figurantes para representarem os vátuas, se no casting lhe aparecessem uns quantos suecos loirinhos e de olhos azuis, para não ser acusado de discriminação, sentir-se-ia na obrigação de os contratar?

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  18. Alfredo's avatar
    Alfredo permalink
    4 Março, 2009 10:58

    roídodefundo:

    Aquilo que escrevi no meu texto é que aceito que o legislador limite a liberdade contratual. À partida não o fará de forma ridícula como essa. Por exemplo, em Portugal o tal realizador é livre de descriminar na situação que descreve, tal como seria na situação que o JCD satiriza (dador de esperma).
    Mas há situações em que não é livre de descriminar, em que a liberdade contratual é limitada. E há situações em que ainda bem que é assim mesmo.

    O ideal seria que nenhum desses esforços fosse necessário, e que fossem aliás em geral contraproducentes como por vezes se defende. Mas creio que ainda não estamos nessa situação. Sobre esse assunto, veja-se o resto do texto que citei, com a experiência relativa aos currículos iguais com nome diferente – aí se vê que a educação gratuita não foi suficiente para corrigir injustiças sem fundamento.

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  19. Desconhecida's avatar
    honni soit qui mal y pense permalink
    4 Março, 2009 11:04

    Fantochada xuxa.
    Isto , mais “certificações energéticas para edificios ” para sacar mais uns euros , dar impostos ao Estado , e empregos IDIOTAS a uns desgraçados licenciados que não sabem onde cair mortos da area das engenharias e arquitectura … uma palhaçada vergonhosa , só possível num País QUE NADA PRODUZ a não ser SERVIÇOS PARA SACAR EUROS e onde não há capacidade de indignação que consiga parar estas CAGÁDAS simplex …

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