Mistérios dos arquivos (I)
Como levo boa parte dos meus dias em arquivos tudo isto me parece possível desde que alguém dê ordens para que tal aconteça. Os arquivos são locais com rotinas próprias, onde papel algum se move sem um papelinho a determinar tal movimento. Ainda não há muito tempo na BNP então BNL as fichas de leitura eram em triplicado e existia uma funcionária cuja única função era, à saída da sala de leitura, estender o braço para recolher o triplicado da ficha de requisição. Como dentro da sala já tínhamos entregue o original e frequentemente também o duplicado, um dia perguntei-lhe para que servia aquele triplicado que ela recebia quando saíamos. Respondeu-me: para a estatística. Imagino que dezenas de outros funcionários levavam os anos somando o número de vezes que cada leitor requisitava um livro ou apurando quantas vezes determinado livro viera à sala de leitura. Na própria Hemeroteca temos de indicar a nossa morada, idade e profissão de cada vez que requisitamos um jornal. E se passarmos para arquivos de processos judiciais ou administrativos então muito papelinho se escreve até se conseguir que um funcionário tire os documentos do sítio. Logo tudo pode desaparecer dum arquivo mas alguém teve o tirar de lá com as suas mãos ou madar outro fazê-lo.

Andei por muitos arquivos em busca de documentos para “infernais” processos de delimitação com o Domínio Público Marítimo e era vulgar encontrar processos com folhas roubadas. Os nossos arquivos passaram por processos de expurga ao longo dos tempos. Agora, segundo se noticia, ainda é mais radical.
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Exactamente. O que eu duvido é que os funcionários deitem fora uma folha sequer sem receberem ordens para tal.
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Como todos os documentos desaparecidos se relacionam directa ou indirectamente com o José S., deixa cá ver…
o culpado só pode ter sido… o Santana Lopes ou o Paulo Portas.
Pois tá claro.
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