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A (ausência da) questão turca (nas “Europeias”).

1 Junho, 2009
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Entramos na última semana de campanha para as próximas eleições para o PE e, de facto, há muitos temas que poderiam e deveriam, com propriedade, ser abordados e ainda não o foram.

Um deles refere-se à questão turca.  É certo que é um assunto  da agenda política e estratégica europeia –  o que, nestas eleições, até tem parecido ser o género de temática a despropósito!

Soube-se hoje que o Presidente Sarkozy, também por causa desta questão, anulou a visita que tinha programado para amanhã, dia 2 de Junho, à Suécia . Oficialmente, a justificação terá sido a estafada desculpa das dificuldades de agenda. Porém, referem alguns observadores que um dos motivos (determinantes) terá sido evitar-se o antagonismo de posições que existe relativamente à adesão da Turquia, entre Sarkozy e o primeiro-ministro sueco Fredrik Reinfeldt.

Claro que o assunto é, desde logo, da esfera de atribuições do Conselho, porém, tratando-se, ainda, de uma matéria que requer a unanimidade de todos os Estados-membros, seria importante conhecer-se a posição (pessoal ou dos respectivos partidos) dos candidatos….

Uma mera sugestão :  porque não a criação de um estatuto especial de parceria com a UE, sem integração, para o caso da Turquia? 

 Um estatuto especial com mais envolvimento do que o decorrente dos acordos de associação (e com assento em algumas das Instituições intergovernamentais, como é o caso do Conselho, ainda que sem direito a voto),  porém,  sem os direitos e as obrigações  (pelo menos, sem a totalidade deles, sobretudo, os de caracter político – institucional)  que adevêm da integração propriamente dita? 

Uma semi-integração institucionalizada como tal  – (sobretudo, relativamente ao Mercado Interno, mesmo com reserva relativamente à livre circulação de trabalhadores e também, eventualmente, no que respeita à política monetária ) –   que não afectasse os pontos sensíveis dos equilíbrios existentes, em termos de poder de decisão, no seio das Instituições?

16 comentários leave one →
  1. JB's avatar
    1 Junho, 2009 17:28

    Uma questão de coragem. Democrática.

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  2. Desconhecida's avatar
    1 Junho, 2009 17:31

    Assim de repente (e sem estudo prévio) parece-me provável que essa solução (apesar de boa) possa suscitar problemas a nível dos acordos da OMC.

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  3. Desconhecida's avatar
    1 Junho, 2009 17:40

    Pedro,

    Embora não seja um especialista na matéria, a referida “semi-integração institucionalizada” parece-me dificilmente exequível e potencialmente geradora dúvidas e conflitos.
    Poderia eventualmente servir como período de teste, mas duvido que podesse ter uma carácter definitivo ou mesmo duradouro.

    Quanto hipotética abordagem do tema pelos candidatos ao PE, nem nos nossos mais “loucos sonhos”. Com candidatas como Ana Gomes, a discussão de ideias está completamente fora de questão.

    Ainda a propósito da adesão da Turquia à UE:
    “Por favor, não olhem muito para o que está a ser dito agora na véspera das eleições europeias. Nestes momentos, há sempre uma retórica, muita retórica por vezes”, declarou Cavaco Silva durante uma conferência na Universidade do Bósforo na qual foi abordada a experiência portuguesa de adesão à CEE (Comunidade Económica Europeia, agora União Europeia).

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  4. Piscoiso's avatar
    1 Junho, 2009 17:43

    Devia-se por começar em “dar” autonomia à Trácia, esta sim, europeia.
    Os anatólios não são europeus.

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  5. PMF's avatar
    1 Junho, 2009 17:52

    Caro João Neto supra #3.

    Poderá, com efeito, ser complicada. Reconheço a dificuldade inerente, desde logo, à natureza (diria, naturalmente) provisória da figura. Porém, talvez permitisse, pelo menos, politicamente, evitar-se o que se vai passando: há aproximações, negociações, acordos avulsos que, sem justificação institucional, se prolongam “ad eternum”, provocam meias palavras e inevitáveis tensões (vide o caso Sarkozy e a posição da Suécia).

    Assim, com tal “semi – integração institucionalizada”, pelo menos poder-se-ía, sem dúvidas e sem discussão, fixando um prazo longo (tipo, 20 anos), diminuir o nível de discussão e de equívocos/atritos políticos….digo eu, também sem grandes certezas.

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  6. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    1 Junho, 2009 17:52

    “Os anatólios não são europeus.”
    Até têm um sinal na testa e tudo.

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  7. anti-numenklatura's avatar
    anti-numenklatura permalink
    1 Junho, 2009 17:55

    Os nossos internacionalistas quere afinal tudo e nada.São sempre a favor de tudo mesmo que seja para nos lixar.Foi a descolonização virtuosa, agora a colonização africana enriquecedora, e a cerejinha em cima deste humanismo todo:venham os turcos!
    Depois serão os marroquinos, os argelinos, os tunisinos, os egípcios, os palestinos e por estas vias os primos dels todos.E os palop´s pá!Tudo no mesmo saco que nós precisamos de “mercados” para exportar os produtos que produzimos.As batatas apodrecem, os navios não se vendem(ameaçam ir ao fundo logo á saida do estaleiro…)
    O que é preciso como pão +para a boca é pobres.Muito pobre.É que assim os “cuidadores da pobreza” com os vencimentos conhecidos e mesmo os padres não precisam ir apanhar picadas de mosquito… fazem o serviço completo cá dentro e por nossa conta!Com muito humanismo que trabalhador não tem pátria, pobre é filho de Deus e político é um chico-esperto sempre a ir atrás do que “dá” para ele e para a prole.O resto’ O resto do maralhal?Que vá apanhar no cu que vai ser “legal”…

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  8. anti-numenklatura's avatar
    anti-numenklatura permalink
    1 Junho, 2009 18:01

    Mas acima de tudo cheira-me que já estamos na fase “S.Tomense” essa próspera república do equador onde os dirigentes vendem o seu voto e reconhecimento a quem pagar mais…

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  9. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    1 Junho, 2009 18:13

    #6 – “Os anatólios não são europeus.” Até têm um sinal na testa e tudo.
    querias dizer um sinal na tólia.

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  10. fado alexandrino's avatar
    1 Junho, 2009 18:28

    Já fiz este pergunta em vários sítios, só um blogger (João Gonçalves) respondeu.
    O problema desta pergunta ainda não ter sido feita aos candidatos deve-se ao medo dos jornalistas de a fazerem.
    Se lhes perguntarem eles têm que responder.

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  11. The Studio's avatar
    1 Junho, 2009 19:57

    De facto é estranho que uma das questões mais relevantes que poderiam ser debatidas tenha estado completamente ausente do debate.

    A explicação é a seguinte, os políticos fogem deste tema como o diabo da cruz. Por um lado sabem que a esmagadora maioria da população Europeia não quer sequer ouvir falar na adesão da Turquia. Por outro lado defender a adesão da Turquia é politicamente correcto. Ou seja, manifestar opiniões favoráveis à adesão perde votos, manifestar opiniões contrárias reduz a possibilidade de conseguir tachos lá na eurocracia. Ou seja, o melhor é ficarem calados e falar de baboseiras.

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  12. JJ Pereira's avatar
    JJ Pereira permalink
    1 Junho, 2009 19:59

    Aqui,nesta extremidade e nos dias de hoje, a coisa não parece muito complicada . Mas na outra,temem a abertura da caixa de Pandora (com desculpas pelo lugar-comum).

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  13. Desconhecida's avatar
    Pifas permalink
    1 Junho, 2009 20:52

    A Turquia acabará por ser imposta pelos EUA. Sem referendo, como de costume.

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  14. JJ Pereira's avatar
    JJ Pereira permalink
    1 Junho, 2009 22:07

    #13

    Perdoará,mas suspeito que os EUA já não (se) impôem.
    Levaria as minhas suspeitas ao ponto de (pleonàsticamente) suspeitar que o tipo que está ,passageiramente ,na Casa Branca se arrisca a ser o Gorbachaev dos EUA…

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  15. Desconhecida's avatar
    Ó 14 permalink
    1 Junho, 2009 22:18

    Você acha mesmo que os gajos atiram a toalha se causar mais desordem? Até agora só vemos um recrudescimento da guerra em todos os quadrantes. E veja que o Sarko pede o uso dos satélites ao Pentágono para localizar o Airbus desaparecido.

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  16. JJ Pereira's avatar
    JJ Pereira permalink
    1 Junho, 2009 22:23

    Creio que ainda têm os “ways” – mas duvido muito da “will”…

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