Voto obrigatório IV
O eleitor vai votar quando os incentivos para votar superam os incentivos para não votar.
Os incentivos para não votar podem ser um belo dia de praia, pura preguiça ou desilusão com o estado geral da política.
Os incentivos para votar podem ser:
1. Probabilidade elevada de o eleitor decidir a eleição.
2. Existência de uma luta renhida entre propostas muito diferentes.
3. Identificação do eleitor com uma facção.
4. Poder do cargo em disputa para interferir com a sociedade civil.
Os incentivos para votar são maiores quando o peso do Estado na economia é maior, quando a sociedade está dividida em facções, quando os programas políticos das facções são muito diferentes, quando a base eleitoral das facções têm a mesma dimensão e quando existe um risco efectivo de o Estado controlar a sociedade civil. Os incentivos para votar são menores quando o crescimento do Estado está limitado, quando o vencedor já está decidido, quando existe um consenso político na sociedade, quando os programas políticos das facções são muito parecidos e quando o controlo do Estado sobre a sociedade civil já não pode aumentar.

Pois eu vou à praia e depois vou votar, mas não por qualquer dos 4 pontos apresentados.
Vou votar como um contributo para a Democracia.
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E’ uma analise do cidadao racional. No entanto muita gente devera’ votar por reflexo, como que um ritual – acto que nao estara’ sujeito a uma analise fria de custo-beneficio. Imagino que seja sobre esse impulso a que se referem ao voto como um “dever de cidadania” e que apelam ao respeito pela democracia e instituicoes.
O post nao deixa de estar certo, os factores referidos sao de facto incentivos que influenciam a abstencao. Mas e’ um modelo que nao explica por inteiro o comportamento dos cidadaos perante o voto.
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O picoiso e’ um cidadao maravilhoso 🙂
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esqueceste o motivo principal, o ódio ao gajo.
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Pois… só não percebo se existe interesse em que todos votemos…ou seja: será que a abstenção não favorece este “pantanal” em que navegamos?
A própria Lei não prevê a possibilidade de um considerável numero de cidadaos exercerem o seu direito de votar quando ausentes no estrangeiro em missões oficiais do Estado.
E porque não considerar a obrigatoriedade de votar, como um principio básico de cidadania? Assim à primeira vista parece-me bem…mas será que convem a todos?
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“Os incentivos para votar são maiores quando o peso do Estado na economia é maior”.
Eis uma proposição quase interessante. Disse quase interessante porque a introdução do conceito de “incentivo” torna-a um pouco nebulosa. Eu posso ter muitos incentivos para votar e não ir votar por que decido não o fazer. A proposição de JM, tal e qual está expressa, só propõe a correlação entre o “peso do Estado na economia e o incentivo para ir votar”. Nada nos diz sobre a relação entre a participação eleitoral efectiva e o peso do Estado na economia. A corroboração da tese passaria por estudos empíricos e comparativos entre sociedades com graus diferentes de intervenção do Estado na economia e aquilo que incentiva os indivíduos, nessas sociedades, a votar. Se o JM tiver esses estudo, podia referir o link para o pessoal ir ler em vez de estar a especular sobre aquilo que a ciência política poderia esclarecer.
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JCM,
Não são necessários estudos empíricos para saber o que constitui um incentivo. Se tudo o resto for igual, é evidente que quanto maior o poder do Estado maior o incentivo ao voto.
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Eu vou votar para contribuir para “colocar” o palhaço de serviço no olho da rua, seja já (pode ser que fuja), seja no próximo Outono.
Só isso me interessa, neste momento, no que respeita a eleições “europeias”.
Obviamente vouvotar “útil”.
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Senhor professor
Posso fazer uma pergunta ????
Posso votar ou há algum problema ????
É assim tão difícil ???
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É perfeitamente igual ao litro que vão votar ou não. O sistema de controle mantém-se. Bom, bom era que os votos nulos fossem afixados para consulta pública. Sempre era uma razão para ir lá desabafar. Quanto ao voto útil ele é-o sim mas para quem controla.
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“Não são necessários estudos empíricos para saber o que constitui um incentivo. Se tudo o resto for igual, é evidente que quanto maior o poder do Estado maior o incentivo ao voto.”
Não são necessários estudos empíricos para saber o que constitui um incentivo. Mas não é inútil uma definção do conceito. Mas eu não disse que era preciso um estudo empírico para saber o que é um incentivo. Disse outra coisa: disse que é preciso fundar a proposição que relaciona inventivo ao voto e intervenção do Estado na economia em estudos empíricos. Existem? Existe evidência empírica, admitindo a igualdade dos outros incentivos, que nos países onde o Estado tem mais poder sobre a economia que aí as pessoas se sentem mais incentivadas a votar? Se não existe evidência empírica, a sua proposição não passa de um acto de fé, ou de uma afirmação meramente ideológica.
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«« disse que é preciso fundar a proposição que relaciona inventivo ao voto e intervenção do Estado na economia em estudos empíricos.»»
Porquê? Se a acção humana é motivada pelos potenciais ganhos, então quanto maior o ganho do voto maior o incentivo ao voto. Dado que o ganho do voto é tanto maior quanto maior for o poder que ele conquista, segue-se que quanto maior o peso do Estado na economia maior é o incentivo ao voto. Não fiz um único estudo empírico e fiquei a saber imenso sobre a realidade.
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Eu não tive incentivo para votar, contudo, voto PS, sabendo de antemão, que o ppd, dá incentivos e muitos, para já, desde que tenha cartão laranja, sem bichesa, altos rendimentos futuros, para quem tenha experiencia bancaria. Topam
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Epá votar? Só digo isto.
A votar, ao menos votar em quem trabalha e justifica o salário que recebe.
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A MINISTRA – MIGUEL REAL
“Uma mulher seca, que nunca conheceu o amor, de passado trágico e futuro marcado pelo desejo de auto-afirmação; uma mulher de mentalidade despótica, adversa à espiritualidade dos valores, crente de que a única dimensão do bem reside na sua utilidade social; uma mulher cuja especialização académica consiste na manipulação de estatísticas, moldando a realidade à medida dos seus interesses; uma mulher que usa o trabalho, não como forma de realização, mas como modo de exaltação do poder próprio, criando, não o respeito, mas o medo em seu redor; uma mulher ensimesmada, arrogante, feia e triste, que ama a solidão e despreza os homens; uma mulher autoritária e severa consigo própria, imune ao princípio da tolerância; uma mulher que ambiciona ser Ministra”. [Miguel Real, A Ministra, Quid Novi – via LER]
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O grande problema é que o JM parte de uma proposição puramente especulativa:
“Se a acção humana é motivada pelos potenciais ganhos”. Esta é uma assunção que eu não me atrevo a fazer. Diria que há acções humanas que são motivadas pelos potenciais ganhos e outras que não, por exemplo, aqueles que executam uma acção pelo mero dever de a executar. Mesmo o conceito de “ganho” é coisa nebulosa.
Esta sua proposição, que funda de facto o seu raciocínio desde o início, com o grau de universalidade que lhe atribui, é uma proposição metafísica. Como tal indemonstrável. Aquilo para que quero chamar a atenção é o facto de coisas que parecem tão evidentes não o serem de todo.
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««Esta sua proposição, que funda de facto o seu raciocínio desde o início, com o grau de universalidade que lhe atribui, é uma proposição metafísica. »»
O que é uma proposição metafísica? Que os seres humanos agem? Que têm interesses?
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Não, Que toda a acção humana. Ao universalizar a acção humana retira-a da dimensão em que ela pode ser testada. É toda a polémica de Hume e Popper contra a indução. Eu não posso induzir de algumas acções particulares uma proposição universal. Só isso.
Mesmo o conceito de interesse é complexo. Há o interesse material. Mas posso votal pelo interesse de realizar o dever que a razão me impõe, ou posso votar por que sendo cristão tendo o dever de partcipar na vida social, etc. O conceito de interesse é muito mais metafísico do que parece. Veja só interesse da razão em Kant.
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Desculpe, aquilo saíu truncado no início. A metafísica está na expressão “toda a acção humana”…
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e agora “saiu” saiu com um acento a mais.
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Se “isto” fosse uma democracia eu até era capaz de ir votar.
Mas “isto” não é uma democracia, é uma ditadura da maioria. E não me estou a referir à maioria parlamentar, mas sim aos eleitores em geral que, imbecilizados e inconscientes, encaram a política como uma campeonato de futebol ou outro divertimento qualquer e que acabam por permitir que os políticos demagogos se perpetuem no poder e se governem à custa dos contribuintes, carregando-nos de impostos que depois gastam a seu bel-prazer.
Não gosto disto.
Por isso não voto.
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««Diria que há acções humanas que são motivadas pelos potenciais ganhos e outras que não, por exemplo, aqueles que executam uma acção pelo mero dever de a executar.»»
Está a dizer que o cumprimento do deve não é um ganho?
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Eis como o Ps convence a votar nele…
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««Mesmo o conceito de interesse é complexo. Há o interesse material. Mas posso votal pelo interesse de realizar o dever que a razão me impõe, ou posso votar por que sendo cristão tendo o dever de partcipar na vida social, etc.»»
Mas o interesse de realizar o dever que a razão impõe deixa de ser um interesse? Participar na vida social deixa de ser um interesse? Algum destes interesses diminui de forma relevante com o peso do Estado na economia?
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Por que não fazer sorteios de Ferrari, barras de ouro e casas de praia para atrair votantes.
afinal estamos numa sociedade neoliberal que apenas se interessam se o mercado funciona por si mesmo…então porque NÃO APLICAR O MESMO CONCEITO AS ELEIÇÕES…?Estou em crer que o abstencionismo seria muito mais baixo…
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É um interesse, mas um interesse desinteressado. Um interesse radicalmente não egoísta. E claramente em oposição à ideia de que se vota por um ganho qualquer devido à intervenção do Estado na economia.
Por exemplo, se eu execro a classe política, se não gosto da democracia, não sinto inclinação por questões políticas ou comunitárias, e mesmo assim eu vou votar, porque esse é o meu dever, eu realizo um interesse, mas não o meu. Realizo o interesse da razão que se manifesta no dever de participar na vida cívica. Isto é a velha teoria kantiana do dever. As acções morais são incondicionadas: realizam-se apenas porque são deveres e mais nada.
Outro exemplo: participo na vida cívica não por que ela me interesse, mas pq fazendo parte de uma dada confissão religiosa acho que o caminho da salvação da alma me obriga a participar na vida cívica. Então voto
O que eu pretendo desligar é a relação automática, que o JM faz, entre participação cívica, eleitoral, etc., e a economia ou, melhor, o peso do Estado na economia. Para mostrar que há ligação, tem de ser mostrar empiricamente, o que demonstra também que, a haver essa ligação, ela é conjuntural e não necessária. Só isso.
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Há quem confunda interesse pessoal e condicionamento mental.
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Bulimunda
É curioso que tenha mencionado esse facto porque o sistema em vigor é exactamente esse.
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««É um interesse, mas um interesse desinteressado. Um interesse radicalmente não egoísta. E claramente em oposição à ideia de que se vota por um ganho qualquer devido à intervenção do Estado na economia.»»
Não percebeu o argumento. Não estou a defender que toda a gente vota por interesse económico. Estou a dizer que, sendo tudo o resto igual, o interesse económico (de todos, ou de alguns, é pouco relevante) determina que quanto maior o peso do Estado na economia maior o interesse no voto. Repare que as pessoas podem ter muitos interesses altruístas, mas esses são, no máximo, tendencialmente neutros em relação ao peso do Estado.
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««Por exemplo, se eu execro a classe política, se não gosto da democracia, não sinto inclinação por questões políticas ou comunitárias, e mesmo assim eu vou votar, porque esse é o meu dever, eu realizo um interesse, mas não o meu. »»
Peso do Estado tem um efeito neutro nesse tipo de pessoas. Basta que paralelamente existam pessoas com interesse económico para que a abstenção diminua com o aumento do peso do Estado.
««Outro exemplo: participo na vida cívica não por que ela me interesse, mas pq fazendo parte de uma dada confissão religiosa acho que o caminho da salvação da alma me obriga a participar na vida cívica. Então voto»»
Peso do Estado tem um efeito neutro nesse tipo de pessoas. Basta que paralelamente existam pessoas com interesse económico para que a abstenção diminua com o aumento do peso do Estado.
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JM não percebeu aquilo que eu contra-argumentei. Eu não acho que vc tenha dito “que toda a gente vota por interesse económico”. Acho que vc estabelece uma relação que precisa de ser provada empiricamente entre «peso do Estado na economia» e «incentivo ao voto». Eu não digo que é assim ou não é assim. Digo apenas que precisa de provar com dados, pois não há nenhuma relação necessária entre os dois conceitos que o JM liga. Essa relação a existir é meramente conjuntural. Um contra-exemplo: os cidadãos da pólis grega participavam na vida cívica com intensidade. Que peso tinha o Estado na economia fundada no esclavagismo?
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Um outro possível, digo possível, contra-exemplo. Nas eleições constituintes de 1975, o que terá determinado o nível de participação? As nacionalizaçoes e o peso que o Estado estava a adquirir na economia, ou um profundo sentido de dever nascido da novidade de poder escolher segundo a sua consciência? Este exemplo é mais arriscado. Mas ele só poderia ser esclarecido por estudos de campo. Duvido que tenham sido feitos na altura.
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JCM,
Não percebeu aquela parte “se tudo o resto se mantiver igual”? É que os seus supostos contraexemplos são em situações em que tudo o resto é diferente.
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««pois não há nenhuma relação necessária entre os dois conceitos que o JM liga. »»
A única forma de não haver uma relação necessária é se não existirem pessoas em número significativo sensíveis a factores económicos. Mas isso nós sabemos que existem.
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O “se tudo o resto se mantiver igual” é também ele nebuloso. Em primeiro lugar, essa conjectura nunca pode suportar a consequência que o JM pretende tirar. Pode ser um exercício da imaginação, mas no mundo empírico onde se passam as eleições, as outras condições, para além da intervenção do Estado na Economia, nunca são, como bem sabe, iguais.
Eu posso conjecturar que mantendo-se o conjunto de motivações e de situações idênticas, então o peso do Estado na economia implica necessariamente uma maior participação. Mas não posso provar, pois nunca tenho essa igualdade de tudo o resto. É uma suposição interessante, mas não testável empiricamente. Desculpe-me, mas acho que hoje o JM está com demasiada propensão para a metafísica. Aparentemente faz sentido o que diz. Mas também aparentemente fazia sentido dizer que o Sol girava em torno da Terra.
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««Mas não posso provar, pois nunca tenho essa igualdade de tudo o resto. É uma suposição interessante, mas não testável empiricamente.»»
Esse só é um problema para os empiristas puros. Felizmente a ciência não se esgota no empirismo, sendo possível conhecer muitos aspectos relevantes da realidade através de dedução lógica a priori.
Se tudo o que sabemos sobre a realidade tivesse que ser provado empiricamente, não saberíamos nada sobre a realidade.
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Dá-me vontade de perguntar se de facto sabemos alguma coisa sobre a realidade, apesar de conhecermos algumas relações estáveis entre fenómenos.
O curioso é que não sou empirista e muito menos empirista puro. Mas há coisas que precisam de ser provadas, ou então assumidas claramente como ideologia. Se me disser que as suas proposições são ideológicas, eu aceito, fazem parte do debate de ideias, mas não pretendem ser uma descrição verdadeira dos fenómenos sociais. Se pretendem este estatuto, então que sejam provadas.
É um facto que no contexto da modernidade, tanto na tradição liberal como na marxista, há uma contaminação do político pela economia, o que está sintetizado no conceito de economia-política. Mas essa contaminação, tal como está a ser vista num mero acto eleitoral, não é automática nem obrigatória. Por outro lado, a dedução lógica a priori não lhe dá conhecimento algum, mas uma mera conjectura que precisa de ser testada. As Físicas estão cheias disso, julgo.
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http://bulimunda.wordpress.com/2009/06/01/abre-amanha-em-bruxelas-museu-margritte/
E que tal fugirmos da realidade e entrarmos numa de surreal…? Vejam o novo museu de Magritte…em Bruxelas..+e que com todos os defeitos que os belgas podem e se calhar têm..d
ao importância á cultura e não ao futebol, rotundas, shoopings e afins…clip delicioso…
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“Se tudo o que sabemos sobre a realidade tivesse que ser provado empiricamente, não saberíamos nada sobre a realidade.”
Se há um assunto em que é melhor não insistir nesse ponto é na Economia. Toda a gente sabe que, por exemplo, os fundamentais têm um lugar desprezável na avaliação que os jogadores fazem do interesse das acções. O melhor mesmo é voltar por momentos ao empirismo. Até porque o capricho e o cálculo oportunista costumam dar-se melhor com raciocínios “dedutivos”.
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Empiricamente digo, mas é facilmente demonstravel, estatisticamente pelo menos, que a abstenção diminui em razão da proximidade geográfica dos cargos a eleger. As europeias são as que registam maior abstenção enquanto que as autárquicas é o inverso. E isto parece enquadrar-se na lógica de JM, no entanto, ele não aborda aqui a questão específica do tipo de eleição, o que tornaria a teoria menos abstracta ….
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««O curioso é que não sou empirista e muito menos empirista puro. Mas há coisas que precisam de ser provadas, ou então assumidas claramente como ideologia.»«
O opção é entre prova empírica e ideologia? Tudo o que não tem prova empírica é ideologia? Consegue provar isso empiricamente?
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««Por outro lado, a dedução lógica a priori não lhe dá conhecimento algum, mas uma mera conjectura que precisa de ser testada.»»
Um exemplo: teorema de Pitágoras. Precisa de ser demonstrado empiricamente? Pode sequer ser provado empiricamente?
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O JM não terá por aí um gráfico com os pesos dos Estados europeus, em toneladas, mais outro com as percentagens de abstenção, em quilolitros, para a gente comparar?
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O teorema do bro pitágoras prova-se empiricamente com uma estaca enterrada no chão e um rolo de cordel.
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Eu não disse isso. Disse que era conjectura que precisava de ser testada.
Por outro lado, tem proposições científicas sobre o mundo que são testadas ou que esperam ser testadas. Tem proposições científicas que não precisam de ser testadas, pois fazem parte das matemáticas puras e da lógica e basta que estejam de acordo com as leis da razão. Tem proposições ideológicas sobre a realidade, onde se inclui o senso comum, e tem proposições metafísicas, que pode incluir ou não na ideologia, conforme a sua sensibilidade. Aquilo que o JM faz no blogue, aliás como eu faço no meu, é o que os gregos chamavam dóxa (opinião) e esta é oposta à episteme (ciência). Aliás, a doxa é o regime em que se enquadra o debate político e social. Para mim isso não é um crime. É uma virtude, pois todas as nossas afirmações são relativizadas e não se apresentem como sendo verdades, mas apenas conjecturas mais ou mens verosímeis. São meros pontos de vista. Isto é ser de facto liberal, relativizar as nossas opiniões sobre um mundp complexo e sempre mutável como o das relações sociais e políticas.
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«« A única forma de não haver uma relação necessária é se não existirem pessoas em número significativo sensíveis a factores económicos. »»
Isso não é verdade. Pode haver uma relação de causalidade entre o aumento do peso do estado e um factor que desincentive o voto. Se este factor for mais forte que o incentivo gerado pelo maior poder que depende do voto, o aumento do peso do estado desincentiva o voto.
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Teorias aplicadas à realidade:
Referendo ao Aborto 11/02/2007:
1. Probabilidade elevada de o eleitor decidir a eleição. verifica-se (sociedade dividida sobre o tema)
2. Existência de uma luta renhida entre propostas muito diferentes. – verifica-se (pró ou contra)
3. Identificação do eleitor com uma facção.verificado(ou pró ou contra)
4. Poder do cargo em disputa para interferir com a sociedade civil. (neste caso não havia um cargo, mas estava em causa uma lei que interferiria com a sociedade civil) – verificado
Abstenção em 2007 – 56%
As teorias do JM falham sempre quando se chega à parte pratica.
Há algo mais para além desses 4 incentivos.Acreditar na Democracia e nos seus representantes? Acreditar que vale a pena votar? Que as promessas vão ser cumpridas e não ouvir dizer que desculpas para não as cumprir?
Se por absurdo só uma pessoa votar, teremos uma Democracia com apenas um partido no parlamento (ou Autarquia)?
A abstenção é democrática em opção, mas ada democrática nos resultados práticos.
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«« 1. Probabilidade elevada de o eleitor decidir a eleição. verifica-se »»
Não se verificou nesse referendo e não se verifica nunca, numa votação com milhões de pessoas.
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O Pifas e o Pi-Erre, sem grandes rodeios e de forma clara, disserem quase tudo de relevante para a discussão (IV) do tema.
Só gostaria de acrescentar que a ideia peregrina (e aqui poderiam entrar mil e uma razões «prós-e-contras») da imposição do voto (isto chamo-lho eu, e cada um chama o que quiser) revela os primeiros sinais de preocupação (a coisa começa a ficar preta) perante a não credibilidade dos políticos (que se estende, depois, às instituições) e, sobretudo, à incompetência com que os paladinos do mito chamado democracia tem (des)governado este país. E há que pôr travão nisto (de deixar de haver apoio ao circo), senão não estará para muito longe o despontar de uma nova forma de governo…
Mas cada um é (ou julga ser) livre! — mesmo para levar as «marteladas» que quiser!…
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A hipótese levantada pelo JM é interessante e possivelmente verdadeira, mas a prova é, de facto, difícil. Há porém outro aspecto que ainda não vi focado. Quando um grupo político propõe o voto obrigatório (ou o inverso) creio que parte de um raciocínio custo/ benefício. Se prevê vantagens propõe, caso contrário recua. Foi o caso do Afonso Costa na 1.ª República: evitou quanto pôde dar voto às mulheres porque temia que lhe fosse adverso. No Brasil o voto obrigatório deu origem aos famosos “currais eleitorais” que favoreceram quem o propôs. Mas como reagiria, neste início de século, o português médio? Conformava-se? Consideraria uma violência e reagiria? Aproveitava para “gozar”? Em suma: beneficiaria a direita ou a esquerda? Que vos parece?
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««4. Poder do cargo em disputa para interferir com a sociedade civil. (neste caso não havia um cargo, mas estava em causa uma lei que interferiria com a sociedade civil) – verificado»»
No caso do aborto não estava em causa nada de relevante para a maior parte das pessoas. Nem havia capacidade de interferência do Estado na vida da maior parte das pessoas. Por incrível que possa parecer a alguns militantes, as pessoas que imaginam que possam ter necessidade de um aborto ou que querem impedir os outros de fazer abortos não são tão numerosas quanto isso.
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««Pode haver uma relação de causalidade entre o aumento do peso do estado e um factor que desincentive o voto.»»
Qual? Existe algum plausível?
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««3. Identificação do eleitor com uma facção.verificado(ou pró ou contra)»»
No caso do aborto só os militantes é que se identificaram com facções. A maior parte das pessoas até estava indecisa ou indiferente. Não se deve tomar como amostra o grupo de pessoas que se interessou pelo referendo.
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«« Qual? Existe algum plausível? »»
O aumento do peso do estado aumenta a pobreza e a pobreza desincentiva o voto.
http://en.wikipedia.org/wiki/Voter_turnout#Socio-economic_factors
(Incluo os links só para mostrar que é plausível)
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