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O problema é mesmo a objectividade

9 Outubro, 2009

«O Ministério Público determinou a abertura de um inquérito para investigar a autoria e circunstâncias em que nasceu a carta anónima recebida, há pouco mais de um mês, pela Polícia Judiciária, envolvendo um primo de José Sócrates nas suspeitas de corrupção no licenciamento do outlet de Alcochete. Perante a confirmação de que as informações dadas são “objectivamente falsas”, a carta foi remetida para o Departamento de Investigação e Acção Penal (DIAP) de Lisboa “para o devido procedimento penal. » – PODEMOS ENTÃO CONCLUIR QUE EM MÊS E MEIO O MINISTÉRIO PÚBLICO CONSEGUIU DAR COMO PROVADO QUE AS ACUSAÇÕES FORMULADAS NA DITA CARTA SÃO FALSAS. AO MENOS ALGUMA COISA SE INVESTIGOU RAPIDAMENTE EM PORTUGAL E CHEGOU A CONCLUSÃO CLARAS: AS ACUSAÇÕES FORMULADAS NA CARTA SÃO FALSAS. AINDA BEM.

Mas se continuarmos a ler a notícia deixamos de peceber o que é falso:

« A denúncia anónima visava directamente José Paulo Bernardo Pinto de Sousa, primo de José Sócrates, apontado como uma espécie de “entreposto financeiro” no alegado esquema de corrupção. Na carta eram feitas referências à Mecaso, uma sociedade criada em 1999 pela mãe de José Sócrates e detida maioritariamente pelo tio paterno, António Pinto de Sousa, da qual José Paulo é gestor. Apesar de a recente carta anónima não ser considerada válida para a investigação, não são novas as suspeitas em relação a este primo de Sócrates e à empresa Mecaso. Já em Abril os investigadores procuravam, numa das deslocações a Londres, transferências eventualmente suspeitas para a empresa e admitiam que o primo do primeiro-ministro pudesse ser o parente que o arguido Charles Smith apontou como receptor de luvas. Segundo noticiou na altura o semanário “Sol”, José Paulo Bernardo estará referenciado noutro processo que corre, desde 2001, no Departamento Central de Investigação e Acção Penal (DCIAP) e envolve a Câmara da Amadora. Em causa estão indícios de tráfico de influências, corrupção, financiamento a partidos e branqueamento de capitais. » – OU A NOTÍCIA ESTÁ MAL REDIGIDA OU A BOTA NÃO BATE COM A PERDIGOTA.

AFINAL A QUE INFORMAÇÕES SE APLICA A EXPRESSÃO “objectivamente falsas”?

26 comentários leave one →
  1. Desconhecida's avatar
    Seneca permalink
    9 Outubro, 2009 10:24

    VERGONHA !!!!!!
    LISBOA ROUBA O PAÍS !!!!
    ATÉ QUANDO VAMOS FICAR PARADOS ???

    O Governo mudou, há três semanas, o regulamento do FEDER e do Fundo de Coesão, viabilizando o desvio de verbas das regiões mais pobres do país para as dar a Lisboa.
    Possibilita-se, então, que dinheiro destinado às regiões de convergência possa ser usado em Lisboa.
    A região de Lisboa não teria direito às verbas destinadas às regiões de convergência, uma vez que os seus indicadores – PIB (Produto Interno Bruto) per capita e qualidade de vida – já estão acima da média europeia.

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  2. Lionheart's avatar
    Lionheart permalink
    9 Outubro, 2009 11:02

    Posso deduzir que a partir de agora todas as denúncias anónimas são “objectivamente falsas”, ou são só as que visam políticos do PS?

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  3. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    9 Outubro, 2009 11:14

    há quem goste de cartas anónimas e deteste anónimos.

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  4. Erik's avatar
    Erik permalink
    9 Outubro, 2009 11:47

    A primeira parte da notícia esclarece que a carta é falsa.
    A segunda parte da notícia esclarece que tipo de suspeitas eram lançadas pela carta.
    O final da notícia associa o nome do primo do PM a outro caso que já decorre nos tribunais, onde o mesmo é indiciado numa série de crimes.

    O que a Helena não percebe, ou finge que não percebe, já são outros 500. É um soprar desesperado a ver se a fogueira não se apaga… é um baralha e volta a dar. Fala por todos e tudo “deixamos de perceber o que é falso…”

    Para ser honesta intelectualmente teria agora de perguntar: se esta notícia tem saído há exactamente uma semana atrás, que efeitos teria sobre as eleições? Mas para jornalismo isenção, consultam-se outros orgãos de comunicação.

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  5. Desconhecida's avatar
    José permalink
    9 Outubro, 2009 12:20

    O problema, aqui, continua a ser o mesmo:

    Partidarizou-se a investigação criminal. Provavelmente não está partidarizada no DCIAP e DIAP, mas a aparência disso já
    e tão grande que só quem teima em tapar o sol com uma peneira não quer ver.

    A imagem que está a passar da investigação criminal do DCIAP de Cândida de Almeida é de uma falta de isenção e objectividade.
    Terão razão os que assim pensam?

    Provavelmente não. Mas o que a mesma tem feito para essa imagem, é como dizia o outro: sibi imputet.

    E isto é grave, claro que é grave, porque nunca existiu assim esta imagem tão degradada.

    De quem é a culpa disto?

    Provavelmente de ninguém em particular, mas apenas daquele velho ditado: à mulher de César não basta parecer; tem de ser. Ou… será ao contrário?

    É esse o problema.

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  6. Desconhecida's avatar
    José permalink
    9 Outubro, 2009 12:25

    O caso da investigação à licenciatura de José S. foi o pontapé de partida, para esta degradação da imagem que se deveria exigir de isenção acima de toda a suspeita.

    O despacho de arquivamento é de uma insustentável leveza. É isso é de uma gravidade que os responsáveis nem se deram conta.

    Enfim, sibi imputet.

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  7. Desconhecida's avatar
    JMLM permalink
    9 Outubro, 2009 12:37

    #4 Erik
    Apresento os meus parabéns pelo seu comentário.
    Fico contente por saber que não sou só eu a falar da “honestidade intelectual” de Helena F Matos.
    VIVA PORTUGAL

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  8. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    9 Outubro, 2009 12:42

    #6 – pelos vistos quem passa a vida a queixar-se és tu, e do teu próprio veneno. só não sei dizer esta merda em latim para dar mais espessura ao argumento. muda de assunto, arranja outro, inventa cartas anónimas ou recorta e cola cerejos. be creative, man!

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  9. zedeportugal's avatar
    9 Outubro, 2009 12:57

    Não concordo de modo nenhum com denúncias anónimas, excepto nos casos em que o denunciado está em posição de causar dano grave e imediato no denunciador, como é o caso de denúncias de violência doméstica, por exemplo.
    Já no presente caso só é compreensível porque a nossa prática judicial o permite – deveria dizer mesmo, favorece.
    A justiça portuguesa tem o seu quê de medievo, muito de acordo também com a mentalidade popular. Como não protege quem denuncia e costuma tomar decisões favoráveis à parte mais poderosa, o cidadão não denuncia ou denuncia anonimamente – o que tem sido amplamente aceite – sob pena de ver a sua vida literalmente destruída.
    Uma advogada minha amiga dizia-me há uns anos atrás, numa conversa a propósito de um caso que aceitou patrocinar contra um juiz: – Meu caro, os tribunais não fazem justiça, vendem cara uma decisão a seu favor; cara em dinheiro e em tempo.
    O cliente dela ganhou a acção mas, a prazo, perdeu o emprego (era motorista de autocarros) e teve que se mudar para novas paragens. A minha amiga permaneceu, mas a sua relação com os juízes do tribunal daquele tribunal passou a ser cada vez mais difícil. O juiz-réu foi transferido para uma comarca longínqua qualquer, mas por pouco tempo. Em apenas meia dúzia de anos estava de volta àquele tribunal.

    Mas a questão, no caso presente, não é nem deveria ser a tal carta anónima. O uso da tal carta só serve mesmo para efeitos mediáticos. A questão reside na própria investigação: se existem já suspeitas fundamentadas sobre um determinado indivíduo sobre questões semelhantes a investigação anterior deve estender-se a essas novas suspeitas sem precisar de fazer qualquer menção a qualquer tipo de denúncia.
    E o problema da justiça portuguesa está bem evidenciado na frase: “José Paulo Bernardo estará referenciado noutro processo que corre, desde 2001”.
    Desde 2001 e ainda nada se concluiu?

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  10. Romão's avatar
    Romão permalink
    9 Outubro, 2009 14:11

    “A cidade arde e alguns socorrem o palheiro.” – o que é absolutamente clarificador da hierarquia de valores de cada um, assim como das suas prioridades.

    As denúncias na carta são objectivamente falsas: Helena pergunta, e bem, quais?
    As denúncias “não são novas”, correspondem a assuntos sob investigação e envolvem uma pessoa que tem o seu nome associado a mais que um processo.

    Se “não são novas” e dizem respeito a factos que levam pessoas a Londres em busca de provas ou indícios sólidos, como podem ser objectivamente falsas?

    Ou a notícia está mal redigida, como a comentadora sugere acertadamente, ou de repente algumas regras elementares da lógica estão ao nível das acções do Sporting.

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  11. ASSilva, o tal's avatar
    ASSilva, o tal permalink
    9 Outubro, 2009 14:32

    A justiça de “esquerda” anda viçosa…

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  12. ASSilva, o tal's avatar
    ASSilva, o tal permalink
    9 Outubro, 2009 14:33

    Até estou admirado do Santana não ter tido um processo até às eleições…

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  13. Desconhecida's avatar
    José permalink
    9 Outubro, 2009 14:48

    ferreira:

    Já que nada mais tens a dizer, porque não te dedicas um pouco a pensar na tua própria obsessão?

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  14. Desconhecida's avatar
    José permalink
    9 Outubro, 2009 14:49

    O esteto não te permite?

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  15. ASSilva, o tal's avatar
    ASSilva, o tal permalink
    9 Outubro, 2009 14:55

    mas quem é este “ferreira”?

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  16. Desconhecida's avatar
    zazie permalink
    9 Outubro, 2009 15:05

    Este Ferreira da Carvalhosa é um qualquer doente mental que fez ninho no Blasfémias com a única intenção de perseguir o José e insultar toda a gente que não vá nas aldrabices socialistas.

    Mas tem carta branca do Gabriel para dizer todas as ordinarices e, como é mentecapto, nem um palavrão é capaz de escrever sem dar erros de palmatória.

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  17. Desconhecida's avatar
    zazie permalink
    9 Outubro, 2009 15:09

    Mas, por caridade, até se compreende que lhe dêem abrigo.

    O gajo não tem vida própria. A qualquer hora do dia ou da noite çestá aí o gajo à espera que apareça o José para vomitar imbecilidades e assediá-lo com grunhices nojentas.

    O tipo nem dorme. Vive aqui dentro das caixas de comentários, com a única finalidade de perseguir outro homem.

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  18. Desconhecida's avatar
    anónimo permalink
    9 Outubro, 2009 16:07

    OU A NOTÍCIA ESTÁ MAL REDIGIDA OU A BOTA NÃO BATE COM A PERDIGOTA

    “O candidato social-democrata a Lisboa, Santana Lopes, anunciou esta sexta-feira que o ex-presidente da Câmara Carmona Rodrigues o apoia na campanha autárquica. No entanto, o próprio negou que lhe tenha manifestado qualquer apoio político.” tsf – hoje

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  19. Desconhecida's avatar
    Tribunus permalink
    9 Outubro, 2009 16:13

    As reverencias com os primeiros ministros e familias! conseguem ganhar ao Berlusconi…..

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  20. Eduardo F.'s avatar
    Eduardo F. permalink
    9 Outubro, 2009 19:24

    Li esta “notícia” hoje de manhã. Caracteriza, com rigor, a jornalista(?!) que a assina.

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  21. Desconhecida's avatar
    justiça de Fafe permalink
    9 Outubro, 2009 20:40

    Com a cultura de abuso, amiguismo, fráfico de influências e perseguição instalada…só mesmo cartas anónimas poderão denunciar a corrupção ao mais alto nível!

    Esse despacho do MªPª é + um frete e um empurrão á liberdade de corrupção.

    Em todo o país se escrevem cartas anónimas com denúncias fundamentadas contra Instituições, direcções Regionais, Câmaras, etc…

    O caso saco azul de Felgueiras começou assim….

    e mostrou a evidência da corrupção.

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  22. ALberto's avatar
    ALberto permalink
    10 Outubro, 2009 00:29

    Não sei se viram hoje, aquela espécie de campanha pró-PS (e sobretudo anti-PSL), que tem vindo a dar na SIC depois do Jornal da Noite, mas foi o próprio Bastonário da Ordem dos Advogados, que pedido para definir a justiça em Portugal numa só palavra, optou por “FUJAM!”.

    Longe de mim, defender tal criatura… que entre tantas outras coisas bem mais graves, teve a lata de chamar tendencioso ao Jornal de Sexta da TVI e a MMG, e elogiar aquela coisa mais do que tendenciosa, que passa agora na SIC (não digo que não tenha ás vezes alguma piada, mas isso não chega).

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  23. anónimo's avatar
    11 Outubro, 2009 02:27

    Notícia TVI: Procuradores do Freeport

    Os dois procuradores estavam acusados de alegada parcialidade no processo

    Os dois procuradores do processo Freeport foram constituídos arguidos por um único dia. Os magistrados Vítor Magalhães e Paes Faria foram ouvidos, na quarta-feira, no âmbito de um processo-crime aberto pelo colega Procurador-Geral da República, a partir de uma queixa apresentada por Carlos Guerra, um dos arguidos do processo Freeport.

    A decisão de os constituir arguidos por um dia foi tomada pelo Procurador Varela Martins, que assumiu, esta quinta-feira, a prática de erro.

    Carlos Guerra, um dos antigos dirigentes do Ministério do Ambiente constituído arguido no processo Freeport, denunciou ao Procurador-Geral da República a alegada parcialidade dos procuradores do processo, alegando ainda que os mesmos poderiam ser responsáveis por fugas de informação.

    Pinto Monteiro decidiu abrir um processo disciplinar, entregue ao ex-director da Polícia Judiciária, Orlando Romano, e um processo-crime.

    Por força da lei, os dois procuradores só podem ser investigados por um Procurador-Geral adjunto. O processo foi distribuído a Varela Martins.

    Este magistrado tornou-se conhecido por ter arquivado as suspeitas de corrupção de que foi alvo José Luís Judas, ex-presidente da Câmara de Cascais. Em 2006, este magistrado foi objecto de uma manchete do semanário «O Independente». Afinal, anos antes de arquivar o processo, Varela Martins tinha participado num jantar do PS, da comissão de honra da candidatura de José Lamego ao município, lado-a-lado com o próprio José Luís Judas.

    Na quarta-feira, este mesmo magistrado chamou os procuradores do Freeport, Vítor Magalhães e Paes Faria, para os ouvir formalmente no processo-crime instaurado a partir da queixa de Carlos Guerra. E decidiu constituí-los, a ambos, arguidos.

    A decisão punha em causa a continuidade de Vítor Magalhães e Paes Faria à frente do processo Freeport. Apesar de terem sido recentemente confirmados no cargo por Cândida Almeida, seria difícil que magistrados formalmente suspeitos de parcialidade pudessem agir livremente no processo.

    Porém, esta quinta-feira, o antigo procurador de Cascais corrigiu o «tiro» e levantou a constituição de arguido dos colegas. Varela Martins explicou que a situação se deveu a um lapso, não se tendo lembrado que, com a mais recente reforma das leis penais, a constituição de arguido já não é um acto automático, quase sem significado.
    http://www.tvi24.iol.pt/sociedade-nacional/freeport-arguidos-procuradores-justica-processo-tvi24/1094476-4555.html

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  24. anónimo's avatar
    11 Outubro, 2009 02:28

    Freeport: procuradoria garante escolha aleatória de magistrado
    Polémico Varela Martins tornou-se conhecido da opinião pública por ter arquivado o processo contra José Luís Judas

    A Procuradoria Distrital de Lisboa garante que o magistrado que está a investigar os colegas do processo «Freeport» foi escolhido aleatoriamente. Varela Martins tornou-se conhecido da opinião pública por ter arquivado o processo contra José Luís Judas, ex-presidente socialista da câmara de Cascais.

    A polémica estoirou quando o jornal «Independente» publicou uma fotografia dele, na mesa de honra de um jantar do PS, ao lado de Jorge Coelho, Alberto Costa e do próprio José Luís Judas. Que mais tarde viria a declarar-se inocente.

    «Adivinhem quem veio para jantar», perguntava o semanário «O Independente» em 26 de Maio de 2006. A notícia, que fez a manchete dessa edição, tinha uma explicação simples: o procurador de Cascais que acabara de arquivar as suspeitas de corrupção contra José Luís Judas fora fotografado na mesa de honra da candidatura de José Lamego ao município.

    Na mesa estavam vários dirigentes do PS, como Alberto Costa, hoje ministro da Justiça, Jorge Coelho, que chegou a ser alvo de buscas nesse processo, Edite Estrela e o próprio José Luís Judas. Vestido de azul, separado de Judas apenas por Joaquim Raposo, presidente da câmara da Amadora, aparecia José Alberto Varela Martins, procurador que chamou a si o processo contra o ex-presidente de câmara e tomou a decisão de arquivar.

    Varela Martins voltou agora a ser notícia por ter em mãos o mais sensível, em termos políticos, dos processos judiciais. É ele quem vai instruir o inquérito criminal aos procuradores do processo Freeport, instaurado pelo Procurador-Geral da República a partir de uma denúncia de Carlos Guerra, antigo dirigente do Ministério do Ambiente arguido no processo.

    Como a TVI avançou, Varela Martins entrou no processo de forma no mínimo confusa. Na quarta-feira, constituiu arguidos os colegas Vítor Magalhães e Paes Faria, facto que podia pôr em crise a sua continuidade à frente das investigações ao negócio de Alcochete. Mas no dia seguinte, com o argumento que ponderou melhor as novas leis penais, Varela Martins anulou a sua decisão.

    Questionada pela TVI, a Procuradora-Geral Distrital de Lisboa garante que Varela Martins não foi uma escolha pessoal sua para dirigir este inquérito.

    A distribuição dos inquéritos na Procuradoria-Geral Distrital de Lisboa efectua-se de acordo com critérios pré-definidos de rotação pelos vários procuradores-gerais adjuntos com total garantia de aleatoriedade.

    Varela Martins é procurador-geral adjunto e não se afastou voluntariamente, nem foi afastado do sorteio. Vários magistrados consultados pela TVI afirmam que essa teria sido a melhor opção, tendo em conta a velha história do jantar socialista. O procurador disse ao seu secretariado que não atende jornalistas.

    http://www.tvi24.iol.pt/sociedade-nacional/freeport-varela-martins-justica-carlos-enes-tvi24/1094734-4555.html

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  25. anónimo's avatar
    11 Outubro, 2009 02:51

    Mãos sujas na justiça

    Aos olhos dos cidadãos, há dois pesos e duas medidas na prática judicial

    O país nem reagiu à notícia de uma semana, anestesiado pelos sucessivos casos que têm
    abalado a confiança dos portugueses na Justiça. Concluído o inquérito ao suposto
    favorecimento de Fátima Felgueiras por um juiz do Supremo Tribunal Administrativo,
    chegou-se a um relatório com quase uma centena de páginas de transcrições de escutas
    telefónicas entre a foragida presidente da Câmara Municipal de Felgueiras e o magistrado,
    onde este transmite instruções à autarca para fugir à acção judicial que sobre ela impede
    por suspeitas de corrupção enquanto responsável máxima do executivo concelhio. Mais: o
    insigne jurista promete-lhe interceder junto de outros magistrados para os pressionar a
    abafar o processo. Quanto à acção movida a Felgueiras com vista à perda do mandato em
    consequência do processo de corrupção, o mesmo juiz pede-lhe que ela o avise do envio dos
    autos para o Tribunal Administrativo do Porto, para que ele accione logo influências
    junto do Ministério Público (e a verdade é que a autarca foi aí absolvida, com base no
    decisivo depoimento do magistrado em audiência, como sua testemunha de defesa). Vem a
    saber-se ainda que, já como vereadora em Felgueiras, 10 anos antes, a autarca vira ser
    arquivado semelhante processo contra si, também no mesmo tribunal portuense e
    aparentemente após diligências do mesmo magistrado. Como se tudo isto não bastasse,
    apurou-se agora que, no espaço de uma hora antes de a autarca fugir para o Brasil, há ano
    e meio, aparentando saber por antecipação que ia ser detida nesse dia, houve dez chamadas
    telefónicas do Tribunal Tributário do Porto, onde o magistrado disporia de gabinete,
    supostamente para Felgueiras (e mais uma para o seu ex-marido). Note-se que não estamos a
    falar de um magistrado qualquer, mas de um juiz-conselheiro. Em que outros processos terá
    sujado as mãos, ao longo de uma carreira que o levou ao topo? São situações como esta que
    levam a concluir que algo está podre no reino da Justiça e que, aos olhos dos
    portugueses, existe definitivamente uma prática judicial (implacável) para os cidadãos
    anónimos e outra (com inúmeras escapatórias) para quem pode dispor de influência social.

    In Grande Reportagem de 9 de Outubro de 2004 – OS PASSOS EM VOLTA de Joaquim Vieira”

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  26. maria albertina's avatar
    11 Outubro, 2009 03:13

    Momentos de lucidez (I)

    É a lei da vida. Chegamos a uma altura em que perdemos a lucidez. Ficamos senis. Velhos.
    Acabados.
    Aquela que outrora foi a sua grande qualidade, a lucidez, Mário Soares perdeu-a.
    A lucidez que lhe permitiu escapar à PIDE e passar um bom par de anos, num exílio
    dourado, em hotéis de luxo de Paris.
    A lucidez que lhe permitiu conduzir da forma «brilhante» que se viu o processo de
    descolonização.
    A lucidez que lhe permitiu conseguir que os Estados Unidos financiassem o PS durante o
    seu primeiro Governo minoritário.
    A lucidez que o fez meter o socialismo na gaveta durante a sua experiência governativa.
    A lucidez que lhe permitiu governar sem ler os «dossiers».
    A lucidez que lhe permitiu não voltar a ser primeiro-ministro depois de tão fantástico
    desempenho no cargo.
    A lucidez que lhe permitiu pôr-se a jeito para ser agredido na Marinha Grande e, dessa
    forma, vitimizar-se aos olhos da opinião pública e vencer as eleições presidenciais.
    A lucidez que lhe permitiu, após a vitória nessas eleições, fundar um grupo empresarial,
    a Emaudio, com «testas de ferro» no comando e um conjunto de negócios obscuros que
    envolveram grandes magnatas internacionais.
    A lucidez que lhe permitiu utilizar a Emaudio para financiar a sua segunda campanha
    presidencial.
    A lucidez que lhe permitiu nomear para Governador de Macau Carlos Melancia, um dos homens
    da Emaudio.
    A lucidez que lhe permitiu passar incólume ao caso Emaudio e ao caso Aeroporto de Macau
    e, ao mesmo tempo, dar os primeiros passos para uma Fundação na sua fase pós-presidencial.
    A lucidez que lhe permitiu ler o livro de Rui Mateus, «Contos Proibidos», e ter a sorte
    de esse mesmo livro, depois de esgotado, jamais voltar a ser publicado.
    A lucidez que lhe permitiu passar incólume às «ligações perigosas» com Angola, ligações
    essas que quase lhe roubaram o filho no célebre acidente de avião na Jamba (avião esse
    carregado de diamantes, no dizer do Ministro da Comunicação Social de Angola).
    A lucidez que lhe permitiu, durante a sua passagem por Belém, visitar 57 países («record»
    absoluto para a Espanha – 24 vezes – e França – 21), num total equivalente a 22 voltas ao
    mundo (mais de 992 mil quilómetros).
    A lucidez que lhe permitiu visitar as Seychelles, esse território de grande importância
    estratégica para Portugal.
    A lucidez que lhe permitiu, no final destas viagens, levar para a Casa-Museu João Soares
    uma grande parte dos valiosos presentes oferecidos oficialmente ao Presidente da
    República Portuguesa.
    A lucidez que lhe permitiu guardar esses presentes numa caixa-forte blindada daquela
    Casa, em vez de os guardar no Mseu da Presidência da República.
    A lucidez que lhe permite, ainda hoje, ter 24 horas por dia de vigilância paga pelo
    Estado nas suas casas de Nafarros, Vau e Campo Grande.
    A lucidez que lhe permitiu, abandonada a Presidência da República, constituir a Fundação
    Mário Soares. Uma fundação de Direito privado, que, vivendo à custa de subsídios do
    Estado, tem apenas como única função visível ser depósito de documentos valiosos de Mário
    Soares. Os mesmos que, se são valiosos, deviam estar na Torre do Tombo.
    A lucidez que lhe permitiu construir o edifício-sede da Fundação violando o PDM de
    Lisboa, segundo um relatório do IGAT, que decretou a nulidade da licença de obras.
    A lucidez que lhe permitiu conseguir que o processo das velhas construções que ali
    existiam e que se encontrava no Arquivo Municipal fosse requisitado pelo filho e que
    acabasse por desaparecer convenientemente num incêndio dos Paços do Concelho.
    A lucidez que lhe permitiu receber do Estado, ao longo dos últimos anos, donativos e
    subsídios superiores a um milhão de contos.
    A lucidez que lhe permitiu receber, entre os vários subsídios, um de quinhentos mil
    contos, do Governo Guterres, para a criação de um auditório, uma biblioteca e um arquivo
    num edifício cedido pela Câmara de Lisboa.
    A lucidez que lhe permitiu receber, entre 1995 e 2005, uma subvenção anual da Câmara
    Municipal de Lisboa, na qual o seu filho era Vereador e Presidente.
    A lucidez que lhe permitiu que o Estado lhe arrendasse e lhe pagasse um gabinete, a que
    tinha direito como ex-Presidente da República, na… Fundação Mário Soares.
    A lucidez que lhe permite, ainda hoje, receber quase 4 mil euros mensais da Câmara
    Municipal de Leiria.
    A lucidez que lhe permitiu fazer obras no Colégio Moderno, propriedade da família, sem
    licença municipal, numa altura em que o Presidente era… João Soares.
    A lucidez que lhe permitiu silenciar, através de pressões sobre o director do «Público»,
    José Manuel Fernandes, a investigação jornalística que José António Cerejo começara a
    publicar sobre o tema.
    A lucidez que lhe permitiu candidatar-se a Presidente do Parlamento Europeu e chamar dona
    de casa, durante a campanha, à vencedora Nicole Fontaine.
    A lucidez que lhe permitiu considerar José Sócrates «o pior do guterrismo» e ignorar hoje
    em dia tal frase como se nada fosse.
    A lucidez que lhe permitiu passar por cima de um amigo, Manuel Alegre, para concorrer às
    eleições presidenciais uma última vez.
    A lucidez que lhe permitiu, então, fazer mais um frete ao Partido Socialista.
    A lucidez que lhe permitiu ler os artigos «O Polvo» de Joaquim Vieira na «Grande
    Reportagem», baseados no livro de Rui Mateus, e assistir, logo a seguir, ao despedimento
    do jornalista e ao fim da revista.
    A lucidez que lhe permitiu passar incólume depois de apelar ao voto no filho, em pleno
    dia de eleições, nas últimas Autárquicas.
    No final de uma vida de lucidez, o que resta a Mário Soares? Resta um punhado de momentos
    em que a lucidez vem e vai. Vem e vai. Vem e vai. Vai… e não volta mais.

    http://www.contraasinjusticaslutasemprefilhinha.blogspot.com/2008/12/momentos-de-lucidez.html

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