Saltar para o conteúdo

Sete anos*

6 Novembro, 2009

Há sete anos o país mudou. Começou então o processo Casa Pia. Ainda dura. Desde aí os processos, os casos e os escândalos sucedem-se. O arguidismo e o alegadismo tomaram conta de nós. A dimensão ética e a responsabilidade política deixaram de existir. O que conta é ser ou não constituido arguido. E sendo, se o caso não é posteriormente arquivado. Os erros processuais tornaram-se uma espécie de neocertificados de bom comportamento moral e civil. E a Justiça não condena mas também não absolve. Mói.

Há sete anos ainda nos espantámos quando alguns dos nossos mais importantes líderes e mesmo importantes figuras do Estado foram envolvidas num caso de pedofilia. Agora já nem ligamos e muito menos percebemos se vai haver mais algum responsável por aqueles crimes além de Carlos Silvino.

Depois começou a sucessão de casos. A cada um deles acreditava-se que daquela vez é que se ia apurar tudo. Até agora tem-se apurado menos que nada. E, pior ainda, ficam-nos colados na memória os nomes grotescos dos casos e as declarações cada vez mais constrangedoras daqueles que dirigem as investigações. Entretanto trucidou-se um Procurador Geral da República. A PJ perdeu prestígio – ainda se lembram quando, ingénuos e parolos, díziamos que era das polícias mais eficazes do mundo? – e dá-se como adquirido que não se acredita na Justiça.

Aprendemos também a falar com cuidado ao telefone, passámos a dar de barato que as investigações podem ser politicamente condicionadas e arreigou-se-nos a miserável convicção de que a Justiça não é igual para todos. Foi só há sete anos que começámos não só a deixar de ser ingénuos mas sobretudo a tornarmo-nos cínicos. Nunca mais fomos os mesmos depois do processo Casa Pia.

*PÚBLICO

25 comentários leave one →
  1. Piscoiso's avatar
    6 Novembro, 2009 09:59

    É todo um discurso feito no plural, não se sabe representando quem.
    Os seus filhos?
    Os seus netos?
    Os seus bisnetos?

    Cá por mim, apesar das falhas que possa ter a Justiça, não vou acusar ninguém sem ela condenar primeira. Ela, a Justiça, e não a Helena Matos.

    Gostar

  2. balde-de.cal's avatar
    balde-de.cal permalink
    6 Novembro, 2009 10:12

    nesta republiqueta nacional-socialista

    «o polvo unido
    jamais será vencido»

    Gostar

  3. helenafmatos's avatar
    helenafmatos permalink
    6 Novembro, 2009 10:13

    1. As condenações nos tribunais são uma coisa. A nossa responsabilidade ética é outra.

    Gostar

  4. Erik's avatar
    Erik permalink
    6 Novembro, 2009 10:23

    E a ética, quem diz o que é ético ou não? É a Helena?

    Talvez tivessemos todos um pouquinho a aprender com o Dalai Lama em “Ética para o novo milénio”. Não tem nada de religioso e tem muito de profundamente humano. É ler.

    Gostar

  5. Erektus's avatar
    Erektus permalink
    6 Novembro, 2009 10:33

    Como diria Óscar Wilde: “O mais difícil de ver é o óbvio”.

    Gostar

  6. Paulo Nunes's avatar
    Paulo Nunes permalink
    6 Novembro, 2009 11:30

    Concordo plenamente com a Helena o que já é mais que suficiente para justificar o uso do plural.

    E se algumas pessoas que por aqui andam parassem de olhar para as suas contas bancárias para ver quanto é que o PS lhes tinha depositado este mês, talvez se apercebessem do país real em que vivemos em vez do país imaginário que lhes vai na cabeça.

    Gostar

  7. Piscoiso's avatar
    6 Novembro, 2009 11:37

    O Paulo Nunes anda a ver as contas bancárias dos comentadores.

    Gostar

  8. Desconhecida's avatar
    José permalink
    6 Novembro, 2009 11:49

    Não foi apenas há sete anos. Estas coisas são bem mais antigas do que isso. Provavelmente esta nova imagem da justiça começou com o caso do fax de Melancia e com o Indy que apareceu em Maio de 1988. Foi esse jornal, com Paulo Portas e Miguel Esteves Cardoso que inaugurou o “novo jornalismo judiciário”, em Portugal. Notícias com meias verdades, mentiras completas por vezes,( mas sem maldade porque inventadas a partir de meros palpites plausíveis)e com um objectivo: mostrar que somos um país onde vicejam os oliveiras da figueira, os aldrabões, os sabujos de todo o tipo, os sectários de toda a cor.
    O que o Independente mostrou nesses anos foi o nosso retrato mais fiel, do que temos de pior na nossa sociedade. Foram os anos do cavaquismo, é certo e essa marca de água não passou de todo, antes se aprimorou e fortaleceu. E foram por isso os anos do caldo de cultura que nos legou depois estes José S. e outros malabaristas.

    Em 1994, é bom que se diga, já havia esta discussão à volta da corrupção. Foi nessa altura que se fixou em lei especial o famoso “combate” e tiveram a palavra por causa disso, o antigo PGR CUnha Rodrigues (um indivíduo com a classe de saber a retórica toda) Laborinho Lúcio ( outro igual) e um ou outro freelancer da consciência moral.

    As leis penais nessa altura já não permitiram que Leonor Beleza fosse julgada, por causa da prescrição declarada no Trib. Constitucional depois de anos e anos a proclamar publicamente que tinha desejo disso e de Proença de Carvalho e Freitas do Amaral andarem a acusar o MP de ignomínias.

    Podia continuar porque tenho tudo documentado e poderia fazer um livro com essas histórias, mas chegaria a uma conclusão: quem manda no país político não quer ser julgado por malfeitorias e tem ao seu serviço objectivo aquilo que os marxistas chamavam de “superestrutura do Estado”. Neste caso, inclui os professores universitários de Direito Penal, principalmente os de Coimbra, com grande destaque para Costa Andrade, Faria Costa e agora os de Lisboa, com a Fernanda que leva a Palma ao seu marido Pereira.

    Estamos assim. Poderíamos comparar-nos com a Itália, mas somos uns pindérico que nem isso podemos fazer.

    Gostar

  9. Desconhecida's avatar
    anónimo permalink
    6 Novembro, 2009 11:52

    os expedientes legais, a instrumentalização e a irresponsabilidade dos investigadores são uma refórmula que a cardona introduziu na justiça para limpar e vingar o portas do caso moderna. o método teve sucesso e até hoje tem-se mantido em número 1 do top ten, em eficácia e vendas. autora asilou no mealheiro nacional como compensação dos brilhantes serviços prestados à pátria.

    Gostar

  10. Desconhecida's avatar
    José permalink
    6 Novembro, 2009 11:54

    É preciso talvez precisar que a primeira tentativa de legislar a sério contra a corrupção, foi em 1984, com a criação de um Alto Comissariado…

    Era o tempo do Mário S. um político que foi sempre rico de bens. Foi, não foi? E está acima de toda a suspeita, como todos sabem.

    Gostar

  11. Desconhecida's avatar
    José permalink
    6 Novembro, 2009 11:55

    A Cardona pode ter outros defeitos ( foi do PCP e acabou na CGD indicada pelo CDS…) mas esse não tem de certeza.

    A revisão das leis penais não é dela.

    Gostar

  12. Desconhecida's avatar
    José permalink
    6 Novembro, 2009 11:58

    O caso moderna foi uma luta entre facções rivais da Maçonaria, como o próprio José Gonçalves explicou já por duas ou três vezes. Deu em quê, judicialmente? Na condenação do Gonçalves. O caso da Univ. Independente é bem pior e nem por isso se resolveu de modo diverso.

    Gostar

  13. Romão's avatar
    Romão permalink
    6 Novembro, 2009 11:59

    A maior parte dos atiradores furtivos que aqui comentam, especialmente nas entradas de Helena Matos, comporiam uma belíssima orquestra que não se escusaria a tocar no naufrágio do Titanic desde que os “inimigos” fossem à frente.

    Nem percebem que o critério pelo qual dividem o correcto do errado é a própria Helena Matos e as posições que ela toma. Eles gravitam à volta dela, por oposição.

    Especialmente o rapaz das obras…

    Gostar

  14. Desconhecida's avatar
    anónimo permalink
    6 Novembro, 2009 14:39

    a culpa é sempre do legislador e nunca de quem aplica. quem não quer ir preso vai para polícia ou magistrado. em caso de dúvida, favor consultar o cagasentensas, que explica tudo até d. amélia.

    Gostar

  15. Desconhecida's avatar
    José permalink
    6 Novembro, 2009 14:45

    ferreira:

    Não tenho pachorra para te aturar nem explicar o que nunca entenderás. É assim a natureza das coisas.

    Gostar

  16. Desconhecida's avatar
    anónimo permalink
    6 Novembro, 2009 14:56

    também já tive a sensação que o mundo girava em torno da dona matos, mas afinal a moça trabalha de ventoínha. para informações adicionais sobre naufrágios, favor contactar o comandante azevedo, d’al cunha “o cacilheiro”.

    Gostar

  17. Romão's avatar
    Romão permalink
    6 Novembro, 2009 15:04

    “também já tive a sensação que o mundo girava em torno da dona matos, mas afinal a moça trabalha de ventoínha. ”

    Ventoinha. A tentativa de humor, ainda que ao nível do melhor dos mini-malucos do riso, não dispensa um bom prontuário ortográfico.

    Da próxima vez facturo-te.

    Gostar

  18. Desconhecida's avatar
    zazie permalink
    6 Novembro, 2009 15:09

    Romão- aproveita e ensina-o a escrever sentença.

    Ele caga muito mas nem o que caga sabe escrever, quanto mais entender o que rosna aos outros.

    Gostar

  19. Desconhecida's avatar
    anónimo permalink
    6 Novembro, 2009 15:10

    #15 – eu compreendo, já me tinham dito que era uma questão de adn e que só funciona com iluminados. portantos que se fodam os iluminados e arranjem gajos normais para aplicar a justiça. quanto menos entendível mais caro, pior qualidade e maior irresponsabilidade, estilo prof. mas com melhor ortografia.

    Gostar

  20. Desconhecida's avatar
    anónimo permalink
    6 Novembro, 2009 15:21

    bué de asaes ortográficos. tás a confundir humor com comichão, estes iluminados são uns chatos.

    Gostar

  21. Desconhecida's avatar
    zazie permalink
    6 Novembro, 2009 15:21

    Não- não é nada que só funcione com génios. Mas é o suficiente para não ser entendido por mongos que vivem para rosnar e morder os outros-

    Para mongos que, passado mais de 40 anos, acham que estão a fazer serviço pela Pátria ao combaterem o salazarismo nas janelinhas do Blasfémias.

    Está visto que um mongo vivo não entende coisas simples. Mas um mongo fossilizado, nem sabe o que faz.

    Gostar

  22. Desconhecida's avatar
    zazie permalink
    6 Novembro, 2009 15:24

    Mas ele ainda se lembra do facismo da Universidade de Coimbra e das cenas macacas que o novo Ministro da Justiça por lá fez ao Américo Tomás.

    Resta saber o que faria lá ele, sendo analfabeto.

    Gostar

  23. Piscoiso's avatar
    6 Novembro, 2009 17:57

    É pedir o curriculo.

    Gostar

  24. a governação's avatar
    a governação permalink
    7 Novembro, 2009 18:38

    o ps e um pouco o psd fazem o sistema judiciário que temos.
    o ps e o psd agora até poem juizes fora dos tribunais a fazer mestrados e doutoramentos, para atrasar os processos.

    Gostar

  25. incógnito's avatar
    incógnito permalink
    8 Novembro, 2009 05:58

    21.zazie disse
    6 Novembro, 2009 às 3:21 pm
    .
    Desde o malfadado 25 de abril de 1974 -há 35 anos- a degradação tem grassado progressivamente em Portugal. Os meninos nasdidos nessa data são hoje – espera-se – homens de mais de 35 anos, que imagine-se, bem podem ter a nossa vida nas suas mãos e nas de outros médicos, das quais depende uma cirurgia ou uma terapia; gente capaz para ensinar e formar jóvens que venham a abarcar profissões mais ou menos complexas, como as de engenheiros que constróem trabalhos de que depende muito do nosso progresso e segurança; gente que julga (ou devia) julgar o nosso comportamento social por forma a dar equilíbrio e tranquilidade à sociedade em que vivemos. Precisamos de toda esta gente que está no início da sua vida profissional.
    A abrilada cortou cerce as pernas a um país, o Nosso, que já era anão.
    Estou longe de Portugal e com um desgosto imenso que se poderá adivinhar. Porém, vendo bem, é impossível ou muito difícil viver ao pé dessa gente e eu não sei ou não suu capaz.
    Cumprimentos.

    Gostar

Deixe uma resposta para Romão Cancelar resposta