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Como aldrabar e parecer bem em Copenhaga

16 Dezembro, 2009

Algumas tácticas que podem ser usadas por países que pretendem parecer bem em Copenhaga, mas que não pretendem fazer grande coisa para reduzir as emissões de CO2:

1. Apresentar objectivos ousados para o ano 2050 ou 2100 (e.g. reduzir as emissões em 50% até 2050 em vez de prometer reduzir em 20% até 2020). Estes objectivos parecem sempre quantitativamente melhores que os dos países concorrentes e, de qualquer das formas, em 2050 quem fez as promessas já cá não está. Pelo que percebi, os Estados Unidos preferem usar como referência o ano de 2050 e a União Europeia o ano de 2020.

2. Usar como referência um ano mais favorável. Países que aumentaram as emissões em relação a 1990 preferem usar como referência 2005 enquanto que países que reduziram as emissões em relação a 1990 preferem usar como referência 1990. Pelo que percebi, os Estados Unidos preferem usar como referência o ano de 2005 e a União Europeia o ano de 1990.

3. Anunciar uma redução da intensidade de carbono que parece ousada (em vez de metas de redução de emissões), mas que na realidade não passa do resultado esperado se nenhuma política for alterada. China e Índia são os países a quem esta táctica mais favorece. Redução da intensidade de carbono consegue-se à custa do aumento do PIB. As emissões podem continuar a aumentar.

4. Para países que pertencem à União Europeia, anunciar as reduções da União Europeia e esconder a variação nacional de emissões. É a táctica seguida por Portugal.

Portanto, podemos ter os seguintes anúncios:

Estados Unidos compromete-se a reduzir em 40% as emissões de CO2.
Portugal compromete-se a reduzir em 20% as emissões de CO2.
União Europeia compromete-se a reduzir em 20% as emissões de CO2.
China/Índia compromete-se a reduzir em 25% a intensidade de carbono.

Qual destas propostas contribui mais para reduzir a quantidade de CO2 na atmosfera? Difícil de saber. Estão todos a aldrabar. Estados Unidos usam anos de referência diferentes dos restantes, Portugal nem fala das suas emissões, a União Europeia promete fazer reduções que, de acordo com o Protocolo de Quioto, já deviam ter sido feitas e a China e Índia nem sequer pretendem reduzir emissões de CO2. O único estadista sério em Copenhaga é o Mugabe.

15 comentários leave one →
  1. Co2 permalink
    16 Dezembro, 2009 13:18

    “Portugal compromete-se a reduzir em 20% as emissões de CO2.”
    Será que vão conseguir isso “cortando” as ligações directas que a “diferença” faz nas redes?

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  2. Co2 permalink
    16 Dezembro, 2009 13:20

    Tenham pena pá que a africanidade não está habituada ao frio causado pelo aquecimento global…

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  3. Pi-Erre permalink
    16 Dezembro, 2009 13:33

    Eu só gostava de saber como é que se medem essas tais emissões.
    É a olho?

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  4. Pi-Erre permalink
    16 Dezembro, 2009 13:46

    “A Argélia está a fazer uma linha de TGV em direcção à fronteira marroquina.”

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  5. anónimo permalink
    16 Dezembro, 2009 13:54

    #3 – “Eu só gostava de saber como é que se medem essas tais emissões.
    É a olho?”

    pela excitação que para aí anda, deve ser no olho.

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  6. anónimo permalink
    16 Dezembro, 2009 14:02

    “O único estadista sério em Copenhaga é o Mugabe.”

    então zimba pró bué, estás à espera de low cost directo.

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  7. 16 Dezembro, 2009 14:02

    Mas já trouxe qualquer coisa de positivo. O Miranda já não questiona a necessidade do acordo, já só questiona a atitude do negociantes. Vá lá, alguma coisa se aproveita…

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  8. Anónimo permalink
    16 Dezembro, 2009 14:26

    Ó Tonibler, já pareces a Zazie.
    Tomas uma decisão sobre o que é certo ou errado. Nenhum argumento contra essa decisão interessa, e quem argumenta é parvo, ou tem más intenções.

    Mas concordo que é necessário que eles acordem porque, ou estão todos a dormir ou a adormecer-nos.

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  9. Ridículamente correcto permalink
    16 Dezembro, 2009 15:19

    O título diz bem da Hipocrisia reinante, que as senhoras e senhores, os acólitos do Papa Al Gore, ou será Al Gone? vivem e tentam passar às massas através de propaganda massiva dos meios de comunicação que dominam.

    Ei-lo, “Copenhagen climate summit: 1,200 limos, 140 private planes and caviar wedges”

    Ou seja, os tão amigos e defensores do clima que querem por todos os meios e mais alguns baixar as emissões de gases de estufa, estão a usar 1200 limusines, 140 aviões privados e ainda a desfrutar de iguarias em vias de extinção, o caviar.

    Não nos podemos ainda esquecer da hipocrisia das vedetas de Hollywood, casos como John Travolta com a sua frota de aviões privados bem como a de Tom Cruise também ele um defensor destas políticas, para os outros, não para ele e sua familia.
    http://ovigia.wordpress.com/

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  10. 16 Dezembro, 2009 15:39

    «Estes objectivos parecem sempre quantitativamente melhores que os dos países concorrentes e, de qualquer das formas, em 2050 quem fez as promessas já cá não está»
    Até um clari vidente como George Walker Bush, perante a epopeia do Iraque e suas consequências, se saiu com esta: a longo prazo estaremos todos mortos.

    No fundo, também pode aplicar-se a ‘utilidades’ como as do Euro 2004, Auto-estradas desertas, Magalhães e TGV sem passageiros.
    É que a curto/médio prazo, os que não emigrarem, estarão todos pobres.

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  11. Cirilo Marinho permalink
    16 Dezembro, 2009 16:13

    Fantástico.

    A série Copenhaga tem sido excepcional.

    Pena os tards que só sabem ser do contra.

    Estes são os momentos em que vale a pena ler o blasfemias.

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  12. tina permalink
    16 Dezembro, 2009 17:47

    Em 2050 já o petróleo acabou!….

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  13. Bola,novel e vinhaça permalink
    16 Dezembro, 2009 18:03

    Em 2050 já o petróleo acabou!…mas não a vinhaça,a cerveja,o futebol,a telenovela,etc…a paródia segue em frente.

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  14. Álvaro Mateus permalink
    17 Dezembro, 2009 14:39

    #3: Não é a olho, mas quase. É através dos valores (toneladas-t) dos combustíveis fósseis utilizados (balanços energéticos dos países) e dos factores de emissão t(CO2)/tep em que tep é a tonelada equivalente de petróleo. Todas as energias usadas são0 reduzidas a tep. Por exemplo na produção termoeléctrica a carvão tem-se 3,757 t(CO2)/tep. O grande busislis está em que os factores de emissão dependem da qualidade do combustível (p.e., o carvão não é todo igual, depende da origem) e das características técnicas das instalações (uma central moderna tem melhores factores de emissão). Inicialmente, os burocratas do IPCC queriam fiscalizar todas as inatalações do mundo inteiro. Dada essa impossibilidade aceitaram os valores indicados pelos países. Em Copenhaga, um dos grandes temas de controvérsia é precisamente como fiscalizar o cumprimento dos compromissos. Os americanos não confiam nos cálculos dos chineses, os europeus não confiam nos cálculos dos americanos, etc., etc.

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  15. Fulano_de_tal permalink
    17 Dezembro, 2009 23:30

    O aquecimento global por vias do aumento de CO2 de origem antropológico é uma aldrabice um HOAX a escala global. Não confundam um movimento político com ciência.

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