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Fantasias*

12 Abril, 2010

Entre as várias fantasias sobre os bairros sociais impera a convicção de que os seus habitantes não precisam de garagens e de que em cada prédio florescerão variadíssimas lojas de bairro. Em vários bairros sociais de Lisboa e  seus arredores esta última fantasia torna-se num espectáculo grotesco e mal cheiroso: umas futuras lojas que nunca o foram mantêm-se encerradas à espera não se sabe do quê pois os comerciantes não aparecem e as associações rejeitam abrir ali as sedes que as autarquias pressurosamente lhes tentam oferecer. Como é óbvio este encerramento é facilmente contornado por alguns humanos e animais que na hipótese mais benigna transformam aqueles espaços nuns urinóis.
Tendo em conta que existem sempre mais candidatos a casas nestes bairros do que casas disponíveis poder-se-ia pensar que muitos destes espaços poderiam ser facilmente transformados em habitação. Pois poderiam mas não são porque as autarquias desistem de enfrentar a burocracia que elas mesmas criaram para estes casos. Note-se que para um privado que resolva transformar um espaço comercial em habitação ou vice versa o valor das taxas, licenças e demais papéis ultrapassa habitualmente o valor da obra propriamente dita. Aliás cada vez mais a burocracia do licenciamento é uma fonte de rendimento para a máquina estatal seja ela autárquica ou do poder central e menos um procedimento de garantia de qualidade e segurança.
Desconheço se as autarquias têm de pagar a si mesmas a burocracia indispensável  para efectuarem as transformações destes espaços “comerciais no projecto e logradouros na realidade” mas os custos representados por aquelas lojas entaipadas devem ser bem maiores.

*PÚBLICO

7 comentários leave one →
  1. Desconhecida's avatar
    Algarvio permalink
    12 Abril, 2010 10:23

    Cara Helena Matos,

    como crê que as autarquias têm dinheiro para distribuir por associações recreativas e «culturais», oferecer excursões, pagar 15 ou 20 mil euros a artistas «pimba», pagar funcionários a mais, ter gestores de empresas públicas a auferir salários elevadíssimos que não correspondem ao mérito dos seus currículos, construir rotundas gigantes ou estar constantemente a substituir calçada por asfalto e vice-versa?

    Dar-lhe-ei alguns exemplos da gestão primorosa dos dinheiros públicos na minha autarquia natal:

    – milhares de euros por ano distribuídos pelas associações recreativas, columbófilas ou de caçadores, as quais se limitam a organizar jantaradas e bailaricos;

    – ajudas para o arranjo ou construção de edifícios para tais associações;

    – excursões a Fátima;

    – rotundas desmesuradamente grandes;

    – iluminações dignas de uma avenida de Lisboa em caminhos rurais;

    – substituição de asfalto por calçada à portuguesa no interior de aldeias e da cidade;

    – abertura de lugares extra para colocação de desempregados (entrada por cunha, diga-se;

    – distribuição de ajudas «sociais»;

    – actores da TV, figuras VIP e artistas pimba pagos a peso de ouro para animar um clube de praia pago com dinheiros públicos e para as várias festarolas levadas a cabo ao longo do ano.

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  2. Desconhecida's avatar
    Observador da decadência permalink
    12 Abril, 2010 11:16

    Eu conheço espaços desses no Casal Ventoso e no Bairo do Pica-Pau Amarelo no Pragal. São mercearias, supermercados e associações cívicas. Provalvelmente não será assim em todo o lado, ma este post é mais uma vez manipulador e falacioso. Outros usariam outras palavras.

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  3. Desconhecida's avatar
    Anónimo permalink
    12 Abril, 2010 11:24

    Fotos ou não aconteceu.

    Comparação com construções privadas (arranjo-lhe pelo menos umas 4 fotos) ou não interessa.

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  4. Desconhecida's avatar
    O coiso diz que permalink
    12 Abril, 2010 12:19

    Eu sou Observador Da Decadência

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  5. Minhoto's avatar
    Minhoto permalink
    12 Abril, 2010 23:47

    No Aleixo há lá um supermercado.

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  6. André's avatar
    André permalink
    4 Novembro, 2012 09:28

    O seu problema é que o António Costa é do PS não é? Se ele fosse do PNR já não haveria problema, certo?

    P.S. Chamei-lhe neonazi e queria considerá-lo como uma ofensa.

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Trackbacks

  1. Os jornais e as televisões até podiam instalar lá não as redacções por inteiro mas umas secções seria muito educativo « BLASFÉMIAS

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